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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 2 - N° 95 – 22 de Fevereiro de 2009

KATIA FABIANA FERNANDES
kffernandes@hotmail.com
Londres, Inglaterra (Reino Unido)
 

Cristina Latini: 

“Há muito trabalho pela frente, mas estamos avançando sempre” 

Dedicada e bastante ativa em seu trabalho na Noruega, a dirigente
diz que para ela o Espiritismo é o mapa, o roteiro, o cinto de
segurança, o Consolador prometido, a pedra fundamental
da revelação que inaugura o mundo novo
 

Todos nós sabemos que em certos momentos, até mesmo no Brasil, onde o Espiritismo é tão difundido, é difícil assumir-se espírita e divulgar a Doutrina. Mais complicado ainda se torna quando essa tarefa é realizada fora do Brasil. A falta de recursos materiais e de colaboradores  e o desinteresse das pessoas pela religião dificultam o trabalho, mas não impedem que ele seja realizado.

Nesta entrevista, a confreira Maria Cristina Xavier Latini, mais conhecida entre os espíritas como Cristina Latini (foto), mostra-nos como o Espiritismo vem vencendo as barreiras do preconceito na Noruega, expõe seu ponto de   vista   sobre   questões   importantes

relacionadas com a Doutrina Espírita e ressalta a importância do conhecimento espírita em sua caminhada evolutiva.
 

O Consolador: Onde você nasceu?  

Nasci em São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro.

O Consolador: Onde você mora atualmente?

Moro atualmente em Oslo, Noruega.

O Consolador: Que fato a levou a mudar-se para um país tão distante do Brasil? 

Mudei-me para Oslo em 1982 com meu marido Cláudio Latini por motivos de trabalho. O projeto inicial era ficar por um ano e estamos há 26.

O Consolador: Qual é sua formação escolar? 

Tenho bacharelado em Administração de Empresas pela Cândido Mendes e cursos de especialização feitos na Noruega na área de marketing e gerência de projetos.  

O Consolador: Que cargos ou funções você já exerceu no Movimento Espírita?  

Entre 1999 e 2002 estive no Brasil e tive a alegria de colaborar junto com outros companheiros com a coordenadoria da Evangelização Juvenil do Remanso Fraterno, obra social da SEF. Sou fundadora do GEEAK - Grupo de Estudos Espíritas Allan Kardec e presidente desde 1993.

O Consolador: Qual é no momento sua atividade profissional? 

Trabalho como consultora no Fredskorpset, braço do Ministério de Relações Exteriores da Noruega.  

O Consolador:  Quando você teve o seu primeiro contacto com o Espiritismo? 

Quanto tinha 23 anos, em Niterói.  

O Consolador: Houve algum fato ou circunstância especial que haja propiciado esse contacto? 

Sim. Eu apresentei distúrbios e perturbações causados pela eclosão da  mediunidade deseducada, ou seja, cheguei à doutrina espírita pela dor.

O Consolador: Qual foi a reação de sua família?  

No princípio estavam assustados porque eu praticamente dava passividade em casa. Depois me levaram aos médicos, que apresentaram à família o diagnóstico de esquizofrenia. Mais tarde uma vizinha soube da situação e pediu que minha mãe me levasse a um centro espírita. Minha mãe é católica praticante mas sempre disse que “cada um escolhe o seu caminho para Deus. Ele é um só”.  

O Consolador: Dos três aspectos do Espiritismo - ciência, filosofia, religião -, qual o que mais a atrai? 

A doutrina é fascinante exatamente por apresentar os três aspectos. Não tenho preferência.   

O Consolador: Que autores espíritas mais lhe agradam?   

Naturalmente o Codificador do Espiritismo e depois Léon Denis, Gabriel Delanne, Herculano Pires, Jorge Andréa. Dentre os desencarnados, André Luiz, Joanna de Ângelis, Amélia Rodrigues são alguns deles.  

O Consolador: Que livros espíritas que tenha lido você considera indispensáveis ao confrade iniciante?  

Eu comecei por “O Livro dos Espíritos”, que foi a porta principal. Mas “O que é o Espiritismo” também é importante. Na Noruega houve pessoas que começaram pela Gênese – o que correspondeu perfeitamente aos  anseios de respostas às primeiras questões. Depois das obras básicas,  André Luiz.  

O Consolador: Se fosse passar alguns anos num lugar remoto, com acesso restrito à atividade espírita, que livros pertinentes à doutrina você levaria?    

Toda a biblioteca do GEEAK, que perfaz cerca de 300 livros, e eu certamente sentiria falta de muitos outros.  

O Consolador: As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado Espiritismo laico. Para você o Espiritismo é uma religião? 

Sim. Não vamos encontrar no Espiritismo uma religião feita de princípios dogmáticos nos moldes das religiões tradicionais, mas uma religião moderna, libertadora! Tão comprometida com o adorar a Deus em “espírito e verdade” que em nada se assemelha às religiões tradicionais, nos “religando” a Deus pela lógica, pela simplicidade e abrangência dos seus postulados.  

O Consolador: Outro assunto em que a prática espírita às vezes diverge está relacionado com os chamados passes padronizados, propostos na obra de Edgard Armond, embora saibamos que o mais comum seja a imposição de mãos tal como recomenda José Herculano Pires. Qual é a sua opinião e como o passe é aplicado na Noruega? 

Na Noruega seguimos o modelo mais simples de imposição das mãos, colocando o sentimento de amor e fraternidade no ato de transmissão da bioenergia.

O Consolador: Como vê a discussão em torno do aborto e como esse assunto é tratado na Noruega?

Na Noruega o aborto é livre e legal desde a década de 70. De acordo com a ética e também com a doutrina espírita, o aborto só deve ser aplicado como recurso extremo para salvar a vida da gestante. Vemos com apreensão que há quem queira legalizar o aborto de anencéfalos. Creio que o movimento espírita brasileiro, por meio da FEB, da AME e outros órgãos federativos, tem feito um trabalho meritório em defesa da vida. Acredito, porém, que o cidadão espírita igualmente, no exercício dos seus direitos civis, deve se associar a esses movimentos com toda a força, entusiasmo e empenho que a fé esclarecida lhe faculta.   

O Consolador:  A eutanásia é uma prática que não tem o apoio da doutrina espírita. Kardec e outros autores, como Joanna de Ângelis, já se posicionaram sobre esse tema. Ultimamente, no entanto, surgiu a idéia da ortotanásia, defendida até por médicos espíritas. Qual a sua opinião? 

Creio não ter com que contribuir neste assunto. Acredito que cada ser renascido na Terra tenha seu tempo de voltar ao lar espiritual e o direito de fazê-lo em paz e com dignidade.  Naturalmente que hoje o avanço tecnológico nos apresenta novos desafios do ponto de vista ético e moral. A doutrina, no entanto, sempre atual e abrangendo todos os ramos do conhecimento humano, poderá dar à sociedade os subsídios de que necessita para a resolução desta como de outras questões.  

O Consolador: Você tem contato com o movimento espírita brasileiro? Considera-o atuante, ou falta nele algo que permita uma melhor divulgação da doutrina? 

Temos contato com o movimento através do CEI,  das constantes idas ao Brasil e da imprensa espírita, com o que tentamos manter-nos atualizados. O movimento espírita no Brasil é sem dúvida atuante. Vemos a Federação Espírita Brasileira modernizando seu parque gráfico, os livros espíritas nas livrarias, nos aeroportos, o filme espírita que começa a sua trajetória e que esperamos nos ofereça ainda outros belos filmes além de “Bezerra”, o teatro espírita, a TV, o movimento pela paz iniciado por Divaldo Franco e que ganha enorme vulto, a AME e muitos outros órgãos empenhados na divulgação da doutrina espírita e sua proposta. Penso que estamos aproveitando bem as oportunidades que os novos meios de comunicação nos oferecem. Não há dúvida de que ainda há muito trabalho pela frente mas estamos avançando sempre.  

O Consolador: Em seu atual país, como se desenvolve o Movimento Espírita? 

O movimento espírita na Noruega ainda é constituído basicamente de brasileiros. A doutrina vai sendo difundida na medida das nossas forças, por meio da visita de palestrantes brasileiros, tradução e venda de livros, distribuição de folhetos informativos impressos pelo CEI, site na internet, cursos de introdução à Doutrina Espírita, eventos diversos, participação em feiras, e desde há dois anos com salas alugadas no centro da cidade. Apesar de ter havido nos últimos anos um interesse maior pelo tema, o público sofre ainda a influência do preconceito, da rejeição ao Evangelho e do materialismo dominante. Temos também o desafio da língua, fundamental na comunicação e divulgação da Doutrina.

O Consolador: Quando e como se originou o movimento espírita na Noruega? 

O movimento espírita na Noruega tem uma belíssima história que se inicia no final de 1800 e declina a partir de 1926 com a morte do grande pioneiro Bernt Torstenson. O trabalho deixado por esse trabalhador incansável conta com uma revista mensal publicada durante 38 anos e uma série de livros traduzidos, inclusive O Livro dos Espíritos no ano de 1893. Atualmente o país conta com um grupo espírita registrado, o GEEAK, e outro que despontou recentemente em Trondheim, mais ao norte do país. 

O Consolador: Como é a aceitação das pessoas com relação ao Espiritismo? 

Na década de 70 o país passou por um grande movimento de rejeição à religião oficial – são luteranos – e à Igreja, que é ainda parte do Estado. Muitos intelectuais e outras figuras importantes da sociedade se declararam ateístas e se desligaram oficialmente da Igreja, iniciando um período de afastamento dos temas que abordassem a realidade espiritual. Cerca de dez anos atrás, no entanto, vimos um renascimento do interesse pelas religiões orientalistas e consideradas alternativas. Neste momento a televisão mostra programas americanos onde o tema mediunidade é abordado aberta e diretamente. Recentemente demos uma entrevista à Rádio Estatal mostrando que o interesse aumentou muito. A doutrina espírita, portanto, tem neste momento um público a conquistar. 

O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar no Brasil e no mundo  e como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida?

Bom que se diga que não é só no Brasil. A Noruega é considerado um dos países mais ricos do mundo e um dos melhores para se viver e nem por isso sofre menos com o problema da violência e criminalidade, que atinge níveis muito altos para os padrões noruegueses. Desta forma constatamos que o problema é de caráter mundial. A nossa cooperação é o trabalho de levar, principalmente aos jovens, a mensagem da imortalidade, vencendo os desafios do consumismo, do imediatismo, do descartável e do vazio. Constatamos que muitas vezes a própria família, e mesmo a família espírita, se omite, deixando de prestar aos Espíritos que voltam à Terra neste momento a caridade de lhes entregar a mensagem consoladora do Espiritismo.

O Consolador: A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de expiação e de provas, passando plenamente à condição de mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma equidade perfeita regulará as relações sociais? 

Não podemos precisar. Sabemos, porém, que a aceleração ou o atraso nos planos dependerá exclusivamente de nós. Queremos um planeta regenerado mas o mundo que habitamos é o íntimo, o interno. Aí começa naturalmente todo o trabalho de regeneração planetária – no planeta de nós mesmos! E é absolutamente maravilhoso pensar que Deus nos deu a enorme liberdade de administrar este mundo tão vasto e maravilhoso! 

O Consolador: Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita  no mundo? 

Espiritizar-se!  

O Consolador: Há alguma pergunta que não fizemos e que você gostaria de ter respondido? Se sim, qual seria ela? 

Não. Quero apenas agradecer a oportunidade e desejar a todos muita paz!

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita