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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 93 - 8 de Fevereiro de 2009

AURECI FIGUEIREDO MARTINS
aureci@globo.com
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)

 
Abortamento doloso
 


Longe de mim a pretensão de convencer a quem quer que seja, mas peço vênia para expressar minha opinião sobre abortamento induzido. 

1. A vida é o bem maior do Homem e precisa ser protegida pelas leis humanas. Se houver transigência nesta proteção, estaremos a caminho da legalização de outros tantos crimes de lesa-vida, como eugenia, eutanásia etc.  

2. Admita-se, e acertadamente, a provocação do abortamento nos casos em que este for indispensável à preservação da vida da gestante. Mas, afora esta hipótese, penso ser difícil justificar-se a eliminação de seres humanos frágeis e indefesos.  

3. Lícita é a utilização de métodos contraceptivos não abortivos, todavia, constatada a gravidez indesejada, impõem-se o respeito à Vida e o amparo à gestante. 

4. Desde a concepção, uma vida humana, individual e autônoma, tem seu início: ali está a ligar-se célula a célula um ser humano que se prepara para retornar ao palco da vida física e assim avançar no processo dialético da evolução espiritual contínua, ascendente e infinita.  

5. Entendo que, como seres espirituais, nossa propriedade verdadeira é constituída pelos valores intelectuais e morais – conhecimento, ignorância, virtudes e vícios – e que estamos submetidos a uma lei de evolução que nos induz a constante expansão consciencial.  

6. Os bens materiais, inclusive o corpo descartável que animamos, não nos pertencem e, ao final de cada experiência carnal, teremos que prestar contas do uso que deles fizermos. 

7. Ainda que, equivocadamente, alguma mulher se presuma dona do seu corpo, como pode ela arvorar-se em proprietária do corpo em formação no seu ventre? Ou melhor, como pode dispor da vida que lhe pulsa no claustro uterino.  

8. Nas pessoas sensíveis, um complexo de culpa costuma instalar-se na consciência maculada pela prática do abortamento intencional, com reflexos mórbidos no cosmo psicossomático. 

9. Sabe-se que, nos países em que vige a legalização da prática do aborto, o número de casos de abortamentos dolosos aumentou enormemente, e há notícias sobre espetáculos macabros nas clínicas abortivas: a comercialização dos restos fetais para a indústria de cosméticos. 

10. Espírita que sou, guardo comigo a convicção de que, nas voltas que nossas vidas dão, inexiste espaço para o acaso: tudo tem uma causa justa e um fim providencial. Como escreveu Albert Einstein, “Deus não joga dados no Universo”; e acrescento: e tampouco na vida humana.  

Por estas e outras razões aqui omitidas é que, excetuada a hipótese do item 2 acima, sou definitivamente contrário à eliminação dos nascituros.  

Todavia, sei que ninguém tem condições de julgar a consciência alheia. Além disso, penso inexistir justificativa para alimentarmos complexos de culpa por erros cometidos: quem agrediu uma vida que ampare outra, pois que a misericórdia de Deus é infinita.
 

Sugestão:

Veja, no endereço abaixo, as imagens de um feto a reagir ao brutal despedaçamento de seu corpinho indefeso e ouça o depoimento do Dr. Bernard Nathanson, ex-proprietário de uma movimentada clínica de abortos:

http://br.youtube.com/watch?v=-tNU_1FteoE

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita