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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 91 - 25 de Janeiro de 2009

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniamva@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)
 
 

Sobre o viver 


Na maioria das vezes nos esquecemos de prestar atenção em nossa jornada individual e deixamos de desenvolver nossas metas essenciais, distraídos com o barulho e as promessas do mundo. Desse modo, procuramos fora de nós bens e motivos que possam saciar vãos desejos, sempre acidentais, e, ao mesmo tempo, ludibriar a sensação de vazio que retorna, minando o verdadeiro propósito de viver. 

Há uma história sufi que contém uma lição valiosa (*). 

Um imperador estava saindo de seu palácio para um passeio matinal, quando encontrou um mendigo. Ele perguntou ao mendigo: “O que você deseja?” 

O mendigo riu, e respondeu: “Você está perguntando como se fosse capaz de satisfazer meu desejo!” 

O rei ficou ofendido, e disse: “Certamente sou capaz de satisfazê-lo. O que é? Simplesmente me diga”. 

E o mendigo respondeu: “Pense duas vezes antes de prometer qualquer coisa”. 

Ele não era um mendigo comum; tinha sido o mestre do imperador em sua vida passada. E naquela vida tinha prometido: “Voltarei e tentarei despertá-lo em sua próxima vida. Você perdeu a oportunidade nesta vida, mas voltarei”. Mas o rei tinha esquecido completamente – quem se lembra de vidas passadas? Então ele insistiu: “Realizarei qualquer coisa que você pedir. Sou um imperador muito poderoso. O que é possível você desejar que eu não possa lhe dar?” 

O mendigo respondeu: “É um desejo muito simples. Está vendo esta cumbuca de pedinte? Você pode enchê-la com alguma coisa?” 

O imperador afirmou: “Certamente!” Ele chamou um de seus vizires e ordenou: “Encha a cumbuca deste homem com dinheiro”. O vizir foi, pegou algum dinheiro e despejou na cumbuca... e o dinheiro desapareceu. E despejou mais e mais, e no momento em que despejava o dinheiro, o mesmo desaparecia e a cumbuca permanecia vazia. 

Todas as pessoas do palácio se reuniram. Aos poucos o rumor se espalhou pela capital, e uma multidão enorme se juntou. O prestígio do imperador estava em jogo. Ele disse aos vizires: “Se o reino inteiro for perdido, estou pronto a perdê-lo, mas não posso ser derrotado por este mendigo”. 

Diamantes, pérolas e esmeraldas..., seus tesouros estavam se esvaziando. Aquela cumbuca de pedinte parecia não ter fundo. Tudo que era colocado nela – tudo! – desaparecia imediatamente, saía da existência. Finalmente a noite chegou e as pessoas estavam paradas ao redor em absoluto silêncio. O rei se ajoelhou aos pés do mendigo e admitiu sua derrota. Ele falou: “Diga-me apenas uma coisa. Você venceu, mas antes de ir embora, apenas satisfaça minha curiosidade. De que é feita essa cumbuca?” 

O mendigo riu, e respondeu: “É feita da mente humana. Não existe segredo... É feita simplesmente de desejo humano”. 

Creio que esta narrativa alarga a visão e pode transformar a vida. Ora, desejos realizados dão lugar ao vazio e, desse modo, ressurge a criação de um novo desejo para que o abismo do tédio seja momentaneamente afastado e assim sucessivamente, segundo um ciclo caracterizado pela predominância do não-preenchimento – tal é o enredo da jornada daquele que segue distraído, voltado para fora... 

Diferentemente, podemos escolher a jornada para dentro, comprometidos com o desenvolvimento das nossas potencialidades e superação de nossas dificuldades para buscar impedir que a vida seja um desperdício, pois o verdadeiro preenchimento só se dá no nível interno. Afinal, como explica Carl G. Jung: “Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta”.  


Referências:

(*)OSHO. Zen: The path of the paradox. 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita