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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 91 - 25 de Janeiro de 2009
AMÉRICO DOMINGOS NUNES FILHO
americonunes@terra.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 
A fascinação rustenista
 


Muitos profitentes espíritas creem que a doutrina mistificadora de Roustaing está extinta em nosso meio doutrinário. Ledo engano, pura ingenuidade. Um grupo organizado e muito atuante existe no Rio de Janeiro, tentando manter ainda vivas as mensagens trevosas recebidas pela médium Emilie Collignon e coletadas por J.- B. Roustaing, em meados do século XIX. 

A propósito, recebi pela Internet comunicação de um confrade pernambucano denunciando que o rustenismo está sendo divulgado em seu Estado, abertamente, por via federativa, mesclado com a doutrina codificada pelo excelso Kardec.  

Por quanto tempo o Espiritismo, sem dúvida o “Consolador Prometido”, estará preservado desse componente malsão? Muitos irmãos de crença espiritista afirmam que não devemos nos preocupar com os pensamentos divergentes de Roustaing, mesmo ferindo os alicerces doutrinários, porquanto devemos respeitar e amar seus adeptos. Muito bem! Sermos fraternos com o próximo é uma coisa, convir com suas idéias desagregadoras é caso completamente diferente. Afinal, a Doutrina Espírita não merece igualmente o nosso respeito e acendrado amor? 

Infelizmente, tomamos conhecimento de que um médium espírita, antes de ir ao ar, em programa de televisão, pediu para não lhe ser feita qualquer pergunta alusiva ao rustenismo. E o Espiritismo, doutrina cristã por excelência, como é que fica? O ensinamento de Jesus é bem claro: “Aquele que me negar diante dos homens, eu o negarei diante do Pai”. A consciência, no momento certo, arderá, seguindo-se depois o remorso, vivência espiritual do “morno”, do que está “em cima do muro”, advertido no Apocalipse: ”Porque não és quente, nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca“. 

Para quem não sabe, o rustenismo, pomposamente denominado de “A Revelação da Revelação”, veio a lume na mesma época que estava em curso “A Terceira Revelação à Humanidade”. Como poderia ser o descerramento de alguma coisa que ainda estava em execução?  

Qualquer estudioso do Espiritismo, lendo e perscrutando a obra “Os Quatro Evangelhos” (“OQE”) de Roustaing, constata, de imediato, a mistificação de seus textos, inquestionavelmente apócrifos, desde que, segundo a sofrível obra, seus autores são, nada mais, nada menos, “os próprios evangelistas, assessorados pelos outros discípulos e por Moisés”, os quais “voltaram para restaurar as letras evangélicas”. Em verdade, sequer apontaram e consertaram os deslizes cometidos pelos clérigos que manipularam a bel-prazer os ensinamentos do Cristo, desde a tradução do grego para o latim, realizada por Jerônimo, a chamada Vulgata. 

É incrível que os “evangelistas” tenham voltado, na mesma época de Kardec, quando estava em curso a santificante “Doutrina do Consolador”, e mantiveram as infelizes incorreções clericais de antanho, atitude assaz plausível, sendo eles não esclarecidos e importantes sequazes da falange sombria do anticristo, onde se encontram todos aqueles que ”não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo” (2ª Epístola de João 1:7). 

Esses falsos “evangelistas” conseguiram macular todas as mais atuantes e abençoadas personagens do “Novo Testamento”. Primeiramente, os discípulos do Cristo foram tachados de “pouco adiantados” (4º vol. de “OQE”, pág. 329); “não estavam aptos a compreender os mistérios e tinham que ignorá-los” (4º vol. de “OQE”, pág. 373); “não tinham que saber mais do que podiam suportar” (4º vol. de “OQE”, pág. 366).  

Exatamente o contrário podemos verificar nos textos evangélicos: “A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus” (Mateus 13-11). Prossegue o Mestre: “Bem-aventurados os vossos olhos, porque veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem” (Mateus 13-16). O evangelista Marcos ressalta a resposta de Jesus aos discípulos: “A vós outros é dado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se ensina por meio de parábolas”. Confirmando a sapiência dos discípulos, o Cristo, em desacordo com os “evangelistas de Roustaing”, esclarece: “Vós sois a luz do mundo”. (Mateus: 5-11).  

Agora é com a mãe de Jesus, Maria. Os falsos evangelistas a denigrem, tachando-a de “ignorante das leis da matéria” (vol. 1 de “OQE”, pág. 202); “... teve completa ilusão do parto e da maternidade” (vol. 1 de “OQE”, pág. 196); “... cumpria muito pouco dos deveres que a maternidade impõe às mulheres” (vol. 1 de “OQE”, pág. 246). 

Os aleivosos “discípulos do Mestre” relatam que a gravidez de Maria foi aparente e dão uma informação científica que prima pela infantilidade, desconhecendo inteiramente o mecanismo fisiológico de uma prenhez: “... Pela ação dos fluidos empregados, o mênstruo parou durante o tempo preciso de uma gestação, contribuindo este fato para a aparência da gravidez, pela intumescência e pelos incômodos ocasionados”. Aliás, os “evangelistas”, que ditaram “A Revelação da Revelação”, desconhecem mesmo a fisiologia humana, desde que igualmente afirmaram: “O que entra no homem vai aos intestinos e daí para o lugar secreto” (pág. 557, vol. 4 de “OQE”). É lastimável que ainda seja propagada, em nosso meio doutrinário, essa peçonhenta doutrina, contendo tantos absurdos de conteúdo moral e doutrinário, como também marcadas incongruências científicas.

Pelo fato de ignorarem o que é natural, por certo nada sabem do que é não natural. Daí a tese do corpo fluídico do Cristo ser uma farsa, um embuste, transformando todos os atos da vida do Mestre numa grande e deliberada mentira. Quanto ao Cristo fluídico, Roustaing o revela como alguém que pareceu ser formado no ventre de Maria; depois simulou o seu nascimento; a seguir, enganou a todos, representando que mamava; fingiu que sentia dor (“não sofrera materialmente e não fraqueara sob o guante da dor”, em vol. 3 de “OQE”, pág. 462) e não experimentava emoções humanas. Além de tudo, simulou morrer.  

Lastimavelmente, enquadraram Jesus, na infância, como uma criança que “gostava da solidão e seus hábitos eram tidos por quase selvagens, visto não conviver com os meninos de sua idade” (pág. 246, vol. 1). Que truculência! O amado Cristo, Espírito puro por excelência, depreciado e desrespeitado mais uma vez pelos sequazes do anticristo. 

Os Espíritos trevosos, juntamente com o Sr. Roustaing, conseguiram até mesmo menoscabar a figura poética da “Rosa de Sarom” (“Lírios do Campo”), tentando tornar vil, desprezível, a bela imagem inspirada pelo Cristo, falando do amparo divino: “... nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”, Mateus 6: 28-29, dizendo que os lírios eram habitat de larvas constituídas de substâncias humanas, “que rastejam ou antes deslizam, tendo os membros, por assim dizer, em estado latente”, encarnação de “anjos decaídos”, Espíritos superiores que sofreram processo de retrogradação espiritual, que faliram por terem se transviado pelo orgulho, quando já estavam trabalhando na constituição de planetas (vol.1 de “OLE”, pág. 313). Quanta barbaridade!  

A assertiva rustenista de que a encarnação humana não é uma necessidade, e sim, um castigo, citada no vol. 1 de “OQE”, pág. 317, fere completamente um dos princípios básicos doutrinários. A Codificação Kardequiana ensina exatamente o contrário: “A união do espírito e da matéria é necessária” (“OLE”, Q. 25), já que os “espíritos têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal” (Q. 132 de “OLE”) e “todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal” (Q. 133 de “OLE”). Na Doutrina Espírita, os bons Espíritos não são os que evoluíram na dimensão extrafísica, são os que conseguiram “predominância sobre a matéria” (Q. 107 de “OLE”). Bem clara a afirmativa doutrinária de que “os Espíritos puros percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria” (Q. 113 de “OLE”). Enquanto Roustaing diz que a criatura conhece o bem e o mal nas paragens espirituais, o Espiritismo ressalta o oposto: “Para ganhar experiência é preciso que o ser espiritual conheça o bem e o mal. Eis por que se une ao corpo” (Q. 634 de “OLE”). 

Portanto, é na vibração mais densa que o Espírito, simples e ignorante, escolhe o seu caminho: “Se não existissem montanhas, não compreenderia o homem que se pode subir e descer; se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros” (“OLE”, Q. 634). 

O Espírito, centelha divina aprimorada e individualizada, necessita da arena física, com sua resistência própria, para despertar e exteriorizar suas potencialidades (“O Reino de Deus dentro de si”). 

É dever de todos os espíritas exercer a vigilância, sabendo distinguir o joio do trigo e não se mostrar indiferente à investida de mentes extrafísicas sombrias: Na obra “Elos Doutrinários”, pág. 36, o rustenismo é denominado de “Curso Superior de Espiritismo”, confirmando a fascinação de seus seguidores. 

Na carta aos Efésios, Capítulo 5:11, Paulo chama-nos a atenção, clamando: “Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as”. 

Acima de tudo nos foi confiada a missão de administradores dos bens da Terceira Revelação Divina à Humanidade. Nossa responsabilidade é imensa diante do Mestre e de nossa consciência.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita