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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 88 - 4 de Janeiro de 2009

MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com

Guará II, Distrito Federal (Brasil)

 Um Natal diferente


No orfanato “Canteiro de estrelas” inicia-se mais uma festa de Natal, com a presença de vários “Tios” vindo das associações de moradores do Bairro que se acotovelavam entre abraçar as crianças, cantar e distribuir gracejos. No palco improvisado, entra um grupo de Tios munidos de violão, puxando diversas músicas infantis e músicas de Natal. As meninas do orfanato, todas com a mesma roupinha, emana um brilho dos seus  olhos  ao ver aquele espetáculo. Após as musiquinhas, uma pequena peça teatral e a distribuição de lanches e brinquedos. Bia, uma pequena mocinha de olhos negros, ajeita-se entre as meninas para ver o show. Após a despedida final, todos acodem aos tios e Bia sobe no palco, perdida em divagações infantis.

“- Ai, como eu sou feliz! Adoro quando os tios vêm aqui. Eles cantam, brincam e fazem a maior alegria aqui. Mas, hoje, eles falaram do Natal. O que será isso? Sinto que é uma coisa boa.”

Entra um Tio na busca dos atrasados e diz:

“- Bia, minha querida. Está na hora de você ir para a cama, pois seu dia foi muito cansativo.”

“- Tio, o que é o Natal?” Pergunta incisiva.

“- Menina, deixe de papo e vamos dormir.”

“Só saio daqui quando o senhor me explicar o que é o Natal.”  Insiste a pequena.

“ -Tudo bem, sente aí. O Natal é....”

“- Rui, a Amanda caiu. Me ajuda aqui.” Ao ouvir o apelo, o Tio sai correndo se desculpando com a Bia. Inconformada, sai resmungando        

“- Aaaaaaaaai, droga! Ninguém sabe me dizer o que é esse Natal.”

Uma voz ao fundo manda Bia correndo ir para a cama e escovar os dentes. A tia Margareth, senhora austera, porém bondosa, lhe pergunta:

“- Bia, já fez sua higiene pessoal?”

“- Sim, senhora.”

“- E a sua oração?”

“- Farei agora, tia.”

“- Então, boa noite.”

Insatisfeita, bem verdade, Bia se vira para dormir cantarolando na sua mente as cantigas dos tios.  

Bia se levanta, em um salto da cama, e quando vê está sobre o palco do orfanato. Estranhando aquilo tudo, se vê surpreendida por um menino de branco:

“- Bom dia, Bia.”

“- Quem é você?”  Pergunta Bia, ressabiada.

“-Sou seu amigo”. Replica o menino mansamente.       

“- Mas eu não sou sua amiga!”  Reage Bia violentamente. “Minha tia Margareth me disse para não conversar com pessoas estranhas.”

“- Mas, se eu não sou seu amigo, eu quero ser agora.

Meu nome é Natalino.”

“- E o que você está fazendo aqui no orfanato?”

“- Você me chamou.”

“- Eu não chamei ninguém aqui. Acho que o senhor é lelé, maluquinho.”

“-Você não queria saber o que era o Natal?”

“- Como você sabe? Sim, eu quero saber, mas duvido que você saiba!” Desafia Bia impetuosamente.

“- Bem, vou ter que me identificar.” Saca uma carteira do bolso: “- O meu nome é Natalino Natalício do Natal de Belém e fui contratado para explicar às crianças o significado do Natal”.

“- Então você pode mesmo me dizer o que é o Natal.” Confirma Bia esticando o olho para verificar a carteira.

“- Bia, o Natal é uma festa...”  Inicia a explicação Natalino.

“- Oba! festa. Sabia que era uma coisa boa. Deve ter bolo, pudim, manjar.”  Interrompe Bia, que  fica olhando para o alto contando os dedos.

“- Mas, o Natal é muito mais do que isso, Bia.” 

Bia corta Natalino novamente:

“- Vamos, Tio, vamos para essa festa.”

“- Que seja feita a sua vontade, Bia. Vamos ver como as pessoas fazem a festa de Natal.”. Natalino põe a mão sobre a testa de Bia e tudo à sua volta se transforma.

De repente, Bia se vê em uma loja de roupas, onde uma turba de pessoas se digladiam   pela disputa de shorts, camisas e bermudas em uma promoção relâmpago. Bia, meio que decepcionada, pergunta:

“- Essa é que é a festa?”

“- Não, esses são só os preparativos.”  Responde Natalino.

Uma blusa voa da confusão e cai no rosto de uma moça, que passa a discutir com a outra, disputando a peça de roupa.

“- Agora vamos ver como as pessoas vivem a festa de Natal.” Arremata Natalino. Mais uma vez, com a mão sobre a fronte, o ambiente se altera, e Natalino leva Bia para uma casa grande, luxuosa, com altos muros e dentro em uma extensa mesa se exibe uma farta ceia Natalina. Bia já ameaça pegar uma rabanada, quando Natalino faz uma advertência:

“- Tenha paciência, minha amiga. Aguarde os convidados.”

Entra um menino pela sala cantarolando:

“-Jingle Bell, Jingle Bell, Pudim, manjar e mel. Não faz mal, não faz mal, bolinho de bacalhau. Oba, eu adoro o Natal. A gente espera, espera até meia-noite para dar bastante fome e depois se empanturra de comida e só acorda para lá do meio dia. Humm, falando nisso, vou beliscar uma rabanada.”

De repente, entre gritos e discussões, entra um casal de namorados brigando:

“- Não, não e não. Por que você tem que passar o Natal com a sua mãe? Eu não quero ficar nessa casa chata sozinha !”  Esbraveja a moça.

E, concomitantemente, entra o chefe da casa ostentando uma garrafa de “Doze anos”, visivelmente embriagado. Um barulhão acomete o ambiente e todos correm para a janela para ver o acidente que ocorreu na esquina.

Bia começa a bater em Natalino, em prantos:

“- Seu mentiroso. Você falou que ia me levar a uma festa. Essa é a festa de Natal? É assim que as pessoas passam o Natal?”

Natalino acalma Bia alisando a sua fronte:

“- Eu não sou mentiroso. É assim que as pessoas passam o Natal nos dias de hoje.”

“- Então me leva para o orfanato. Esse Natal é ruim. Não quero mais ver Natal nenhum!” Tenta Bia puxar o braço de Natalino, mas esse, fazendo uma singela oposição, diz;

“- Já que esse Natal é ruim, vamos tentar construir um Natal diferente.”

“- Um Natal diferente?“

“- Sim, um Natal bom, um Natal com Nosso Senhor Jesus Cristo.”

“- E como é que nós vamos mudar o Natal?”

“- Eu tenho uma idéia. Vamos até uma pessoa que pode nos ajudar a mudar o Natal.”

“- E quem é essa pessoa?”

“- É o criador do Natal.”

Mais uma vez a realidade de Bia se altera e surge à sua frente uma multidão no cume de uma elevação onde um homem falava a todos:

“- Amai-vos uns aos outros. Meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem.”

A multidão permanecia extasiada pelo magnetismo das palavras daquele homem. Bia pergunta espantada a Natalino:

“- Quem é esse barbudo aí?”

“- Respeito, Bia. Esse é Nosso Senhor Jesus Cristo. No Natal, nós comemoramos o seu aniversário. Se ele não existisse, o Natal não existiria.”

“- E ele pode mudar o Natal?”

“- Claro, venha, vamos falar com ele.”

Natalino se aproxima de Nosso Senhor, que o brinda com um abraço. Natalino não se faz de rogado:

“- Muita paz, Senhor. Esta é Bia e ela está muito decepcionada com o Natal.”

Bia, apressadamente, completa:

“- Pois é, Senhor. O senhor inventou este tal de Natal e agora ele está muito ruim.”

Nosso Senhor, com um sorriso de mansuetude, volta-se para Bia em tom carinhoso:

“- Minha amiguinha, o Natal é a coroação da vitória da paz e do amor no planeta Terra.”

“- Não é não! Eu vi bebida, acidentes, comilança e muita briga neste tal Natal. Ou o senhor faz um Natal diferente ou acaba logo com esse Natal.” Responde de pronto Bia, já invocada.

“- Amiguinha, volto a dizer que o Natal é amor nos corações. Venha Natalino, venha Bia. Vou mostrar-lhes o Natal diferente que vocês tanto buscam.”  E colocando a mão sobre a fronte dos dois, um turbilhão de energia envolve os três, que aparecem em uma casa com uma ceia simples sobre a mesa de uma sala. Entra uma senhora calmamente folheando um livro. Quando ela se senta, dois jovens entram para lhe dar um grande abraço.

“- Mãezona, que bom que você veio. Tá mais corada, né. Como está a Tia Marta?” Perguntam os dois em meio de abraços calorosos.

Os netinhos também abraçam a vó, que lhes entrega pequenas lembranças e lhes diz:

“- Meus netinhos, só deu para comprar esses presentes, pois como vocês sabem, a vovó ajuda na Campanha da roupinha de Natal.”

Nosso Senhor toca o ombro de Bia e diz:

“-Veja, Bia, para eles o Natal é bom.”

“- É, mas é meio paradão.”  Retruca a menina.

Natalino arremata sem perda de tempo.

“- Mas veja, Bia, a alegria real estampada nos seus rostos.”

Os jovens, enquanto arrumam a mesa, ouvem a porta bater e era uma franzina mulher com uma criança no colo. Ao ver que a mesma pedia alimento, eles não titubearam em oferecer-lhe pousada e abrigo, convidando-a para a ceia de Natal. De mãos dadas, a mãe lê a passagem do evangelho que retrata o nascimento de Jesus, em meio de uma manjedoura simples, cercado pelos animais. Inicia uma cantiga de Natal, cantada por todos e logo Bia acompanha, lembrando-se dos tios que haviam lhe ensinado aquela música no orfanato.

A cantoria envolve a todos com vibrações de Fraternidade e, quando Bia abre os olhos, está no seu quarto no orfanato. Ela se levanta rapidamente e sai pelos corredores do orfanato cantando a canção de Natal aprendida e entrando em cada quarto, abraçando a todos.

Bia havia descoberto o Natal. 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita