WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français   
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco
Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 88 - 4 de Janeiro de 2009

DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)


Reconhecer, assumir e
seguir direito

 
Benício era um filantropo e tanto, exímio tribuno espírita. Sensível à pobreza, à velhice e infância desamparadas, propunha chás beneficentes, campanhas do agasalho, da fome, etc. Só lhe faltava algo: assistir a si mesmo. Benício não conseguia tolerar seus confrades, alguns dos quais adeptos de um certo conceito relativo ao “corpo de Jesus Cristo”. Ademais, o propagandista das verdades eternas preferia que o chamassem de “doutor Benício” por causa da sua posição social.

O fidelíssimo purista doutrinário era aplaudido por multidões em toda a parte, um poço de cultura! Sua memória, extraordinariamente prodigiosa, remetia-o a datas, detalhes e circunstâncias históricos; citava frases, parágrafos e até textos inteiros de cabeça. Muitas lágrimas fez rolar ao descrever fatos de lindas passagens da vida de Jesus Cristo e da vida daqueles que O seguiram: engrandecia a “corajosa mudança de Maria de Magdala”, “antes, serva de Gênios rudes e viciosos”, segundo ele; a “piedade de Simão Pedro” era enaltecida, “apesar de vítima da sua própria covarde negligência”, conforme palavras suas; louvores a Paulo de Tarso eram indispensáveis, “muito embora tenha sido fanático e cruel”, em seu parecer; quanto a Judas, considerava-o “um desafortunado irresponsável” afora outros conceitos acerca de outros personagens relacionados a Jesus.

Algum tempo depois, Dr. Benício veio do Além para caridosa reunião socorrista após o seu dramático desenlace sentido por todos. Lá estava ele, invisível, à espera do auxílio fraterno na exígua sala reservada, estritamente para esse fim, de um modesto centro espírita. Em circunstância aflitiva e a debulhar-se em pranto, acabara de ser trazido por certo Benfeitor Espiritual para que o ajudassem a sair do estado “tão vexatório quanto tormentoso”, segundo ele mesmo disse.             

Dr. Benício usava, naquele instante, é claro, da faculdade psicofônica de um médium. Um tanto abatido, o tom de sua fala perdera a maciez e a peculiar eloqüência quando dos discursos da tribuna para as grandes multidões:

Irmã! Vejo-me como se estivesse em complicadíssimo labirinto... Sinto-me rebaixado, humilhado por não lhe descobrir a saída, ainda tendo de suportar risos irônicos seguidos de contínuas chufas e zombarias que me apoquentam o juízo... Diga-me o que faltou em mim! Eu que tanto apontara a saída para as dúvidas e angústias humanas; eu que, fiel a Kardec e ao Mestre Jesus, honrei o Fora da caridade não há salvação; eu que denunciei, em artigos e crônicas literárias, romances e relatos do Além psicografados em detrimento da pureza da Doutrina Espírita!

Dona Lia, a doutrinadora, espírita convicta, de ilibada conduta exemplar, sentada ao lado do medianeiro através do qual a desditosa Entidade expressava-se, respondeu:

Tal como os famosos remidos do Evangelho o irmão despertou... Sim! Como aqueles cujos esforços heróicos o irmão costumava lhes exaltar em admiráveis inferências... “Só que, como Judas”, me diz o Amigo Espiritual que o trouxe até nós,infelizmente, o irmão acordou tarde demais”... “Apesar de suas elucidativas palestras, do amparo aos mais necessitados”, lamenta o Amigo José Grosso,* “você não assimilou muito bem este princípio: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar as suas más inclinações”...**

Ninguém padece injustamente aqui ou no Além... A parte mais fácil das Cinco Obras Básicas é o conhecimento e o reconhecimento da grandeza moral e do saber nelas encerrados. Há diferença entre filantropia e caridade, embora sejam palavras sinônimas. Ao apontarmos erros doutrinários, em respeito à pureza doutrinária, por sinal “um dever que manda a caridade”, segundo o Espírito São Luís,*** ainda assim, devemos fazê-lo com moderação, tendo cuidado de não provocar antagonismos, fugindo a um comportamento inflexível, apaixonado, capaz de desacreditar pessoas.

Ficou bem claro, e estamos certos de que Jesus representa para nós o maior modelo a ser seguido; contudo, é imprescindível a nossa sincera mudança interior, enquanto aqui estivermos. Mudemos! Melhor assim que extraviarmos mais esta existência, consoante nos alertam os “Espíritos do Senhor”, os executores da Sua vontade que, em Seu nome, “vieram restabelecer todas as coisas no seu verdadeiro sentido, dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos”.

 

Notas:

*     O Espírito José Grosso é uma bondosa Entidade ligada à “cura espiritual”, que também muito faz pela regeneração de Espíritos sofredores, em nome da caridade e amor ao próximo por amor a Deus. Ele tem se comunicado por meio de alguns médiuns brasileiros, desde 1949, especialmente pela notável mediunidade de efeitos físicos de Francisco Peixoto Lins, Peixotinho (1905/1966). Leia Dossiê Peixotinho, de Lamartine Palhano Jr. e Wallace Fernando Neves, e Materializações Luminosas, de R. A. Ranieri, para saber a respeito de Peixotinho e sobre o referido Mentor que, até os dias de hoje, atua em nossa instituição espírita, dando-nos caridoso apoio nas reuniões de efeitos físicos para tratamentos à distância.

** KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 62. ed. São Paulo, Lake  Livraria Allan Kardec Editora, 2001, capítulo 17, item 4, p. 224.

 *** IDEM, Ibidem, cap. 10°, item 19 ao 21, p. 143.

 

O autor é jornalista, presidente-fundador da Fraternidade Espírita Aurora da Paz (Feap)
(www.feap.udesp.org.br), e membro da União dos Delegados de Polícia Espíritas do Estado de São Paulo (www.udesp.org.br).


 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita