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Correio Mediúnico
Ano 2 - N° 88 - 4 de Janeiro de 2009 
 


A ansiedade

 Joanna de Ângelis


Não se deixando vitimar pela rotina, o homem tende, às vezes, a assumir um comportamento ansioso que o desgasta, dando origem a processos enfermiços que o consomem.

A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta contemporânea.

Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e esmagado pelos fatores constringentes de uma sociedade eticamente egoísta, predomina a insegurança no mundo emocional das criaturas.

As constantes alterações da Bolsa de Valores, a compressão dos gastos, a correria pela aquisição de recursos e a disputa de cargos e funções bem remunerados geram, de um lado, a insegurança individual e coletiva. Por outro, as ameaças de guerras constantes, a prepotência de governos inescrupulosos e chefes de atividades arbitrários quão ditadores; os anúncios e estardalhaços sobre enfermidades devastadoras; os comunicados sobre os danos perpetrados contra a ecolo­gia prenunciando tragédias iminentes; a catalogação de crimes e violências aterradoras respondem pela inquietação e pelo medo que grassam em todos os meios sociais, como cons­tante ameaça contra o ser e o seu grupo, levando-os a permanente ansiedade que deflui das incertezas da vida.

Passando, de uma aparente segurança, que era concedida pelos padrões individualistas do século 19, no apogeu da industrialização, para o período eletrônico, a robotização ameaça milhões de empregados, que temem a perda de suas atividades remuneradas, ao tempo em que o coletivismo, igua­lando os homens nas aparências sociais, nos costumes e nos hábitos, alija os estímulos de luta, neles instalando a incerte­za, a necessidade de encontrar-se sempre na expectativa de notícias funestas, desagradáveis, perturbadoras.

Esvaziados de idealismo e comprimidos no sistema em que todos fazem a mesma coisa, assumem iguais compostu­ras, passando de uma para outra pauta de compromisso com ansiedade crescente.

A preocupação de parecer triunfador, de responder de for­ma semelhante aos demais, de ser bem recebido e considera­do é responsável pela desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar no grupamento social, sem identidade, nem individualidade.

Tendo como modelo personalidades extravagantes, que ditam modas e comportamento exóticos, ou liderado por ído­los da violência, como da astúcia dourada, o descobrimento dos limites pessoais gera inquietação e conflitos que mal disfarçam a contínua ansiedade humana.

A ansiedade tem manifestações e limites naturais, perfei­tamente aceitáveis.

Quando se aguarda uma notícia, uma presença, uma res­posta, uma conclusão, é perfeitamente compreensível uma atitude de equilibrada expectativa.

Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso periférico, a sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o cli­ma de ansiedade torna-se um estado patológico a caminho da somatização física em graves danos para a vida.

O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento.

Não apenas identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do cotidiano.

Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranqüilidade e a autoconfi­ança.

Não há, em realidade, segurança enquanto se transita no corpo físico.

A organização mais saudável durante um período, debilita-se em outro, assim como os melhores equipamentos orgâ­nicos e psíquicos sofrem natural desgaste e consumição, dando lugar às enfermidades e à morte, que também é fenômeno da vida.

A ansiedade trabalha contra a estabilidade do corpo e da emoção.

A análise cuidadosa da existência planetária e das suas finalidades proporciona a vivência salutar da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido ao corpo nem o medo de perdê-lo.

Os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física tranqüilizam o homem, fazendo que consi­dere a transitoriedade do corpo e a perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá.

Apegado aos conflitos da competição humana ou deixan­do-se vencer pela acomodação, o homem desvia-se da finali­dade essencial da existência terrena, que se resume na aplica­ção do tempo para a aquisição dos recursos eternos, propici­adores da beleza, da paz, da perfeição.

O pandemônio gerado pelo excesso de tecnologia e de conforto material nas chamadas classes superiores, com absoluta indiferença pela humanidade dos guetos e favelas, em promiscuidade assustadora, revela a falência da cultura e da ética estribada no imediatismo materialista com o seu arro­gante desprezo pelo espiritualismo.

Certamente, ao fanatismo e proibição espiritualista de caráter medieval, que ocultavam as feridas morais dos ho­mens, sob o disfarce da hipocrisia, o surgimento avassalador da onda de cinismo materialista seria inevitável. No entanto, o abuso da falsa cultura desnaturada, que pretendeu solucio­nar os problemas humanos de profundidade como reparava os desajustes das engrenagens das máquinas que construiu, resultou na correria alucinada para lugar nenhum e pela con­quista de coisas mortas, incapazes de minimizar a saudade, de preencher a solidão, de acalmar a ansiedade, de evitar a dor, a doença e a morte...

Magnatas, embora triunfantes, proíbem que se pronuncie o nome da morte diante deles.

Capitães de monopólios recusam-se a sair à rua, para evi­tarem contágio de enfermidades, e alguns impõem, para vi­ver, ambientes assepsiados, tentando driblar o processo de degeneração celular.

Ases da beleza cercam-se de jovens, receando a velhice, e utilizam-se de estimulantes para preservarem o corpo, apli­cando-se massagens, exercícios, cirurgias plásticas, muscu­lação e, não obstante, acompanham a degeneração física e mental, ansiosos, desventurados.

Propalando-se que as conquistas morais fazem parte das instituições vencidas — matrimônio, família, lar — os apaniguados da loucura crêem que aplicam, na velha doença das proibições passadas, uma terapêutica ideal. E olvidam-se que o exagero de medicamento utilizado em uma doença, gera danos maiores do que aqueles que eram sofridos.

A sociedade atual sofre a terapia desordenada que usou na enfermidade antiga do homem, que ora se revela mais debilitado do que antes.

São válidas, para este momento de ansiedade, de insatisfação, de tormento, as lições do Cristo sobre o amor ao pró­ximo, a solidariedade fraternal, a compaixão, ao lado da ora­ção, geradora de energias otimistas e da fé, propiciadora de equilíbrio e paz, para uma vida realmente feliz, que baste ao homem conforme se apresente, sem as disputas conflitantes do passado, nem a acomodação coletivista do presente. 

 

Extraído do cap. 3 do livro O Homem Integral, psicografado pelo médium Divaldo P.Franco. 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita