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Ano 2 - N° 87 - 21 de Dezembro de 2008

KATIA FABIANA FERNANDES
kffernandes@hotmail.com
Londres, Inglaterra (Reino Unido)
 

Gorete Newton:

“A violência é a ausência de amor e de justiça, que tem
na maioria dos casos suas
raízes na educação”
 

A presidente da União dos Centros Espíritas na Suíça diz que se arregaçarmos nossas mangas e trabalharmos pelo bem, gerando cidadãos mais conscientes de suas realidades e de seus potenciais, pode ser que a mudança do planeta ocorra mais cedo e o amor
e a justiça passem a imperar no coração dos homens
 
 

Natural de Cubatão (SP), Maria Gorete Araújo Newton (foto), que reside atualmente em Winterthur, cantão de Zurique, Suíça, trata nesta entrevista de várias questões relativas à Doutrina e ao movimento espírita, das mais simples às mais polêmicas. Presidente da UCESS – União dos Centros Espíritas na Suíça e dona de um excelente bom humor, ela faz questão de registrar seu apreço pelo Espiritismo. “Em primeiro lugar em minha vida – diz ela – está a minha família a quem amo e dedico cinqüenta por cento da minha existência. Em segundo lugar está o Espiritismo, para quem trabalho e dedico os outros cinqüenta por cento, pois ele é um legado para   a     Humanidade    e    me    sinto

responsável pelo futuro do mundo.” “E se estou viva hoje e sou uma pessoa totalmente diferente de 23 anos atrás, e sou tão feliz, devo-o ao Espiritismo.” 

A seguir, os principais trechos da entrevista que ela nos concedeu:

O Consolador: Por que, tendo nascido no Brasil, você acabou mudando-se para a Suíça? 

Depois que me casei fui residir no Rio de Janeiro. Como minha família vivia em Salvador, eu quis me mudar para lá novamente e meu marido foi pedir demissão da empresa onde trabalhava, mas eles não o quiseram demitir e ofereceram para ele um bom cargo na cidade do México. Ficamos no México durante quase 2 anos.  Depois nos ofereceram vir para a Suíça ou voltar para o Brasil. Optamos pela Suíça, pois seriam somente por dois anos. Mas fomos ficando e hoje já estamos aqui há 16 anos.

O Consolador: Que cargos ou funções você já exerceu no Movimento Espirita? 

No Brasil fui apenas freqüentadora, mas quando meu marido foi transferido do México para a Suíça fiz parte de um grupo que se formava em Zurique que deu origem à AFFA - Associação Filosófica Espírita Francisco de Assis, o primeiro centro espírita de Zurique, do qual fui diretora de assuntos filosóficos por mais ou menos cinco anos. Com a chegada de meu terceiro filho, ficava difícil deslocar-me três vezes por semana para Zurique. Então decidimos fundar, eu e algumas amigas o CEEAK (Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec) em Winterthur, sendo desde então sua presidente. 

O Consolador:  Além de presidir o CEEAK, você desenvolve outras atividades? 

Sim. Na área espírita exerço várias atividades  Sou presidente de mais três associações, a UCESS – União dos Centros Espíritas na Suíça, que integra todos os centros espíritas do país e promove atividades doutrinárias em conjunto. Sou presidente da EDICEI Suisse, primeira seção do CEI - Conselho Espírita Internacional, que será responsável por promover a tradução, edição, e comercialização de livros autorizados pelo CEI. E sou também presidente do LICHTVERLAG, uma editora responsável em editar livros independentes dos quais o CEI e a FEB têm os direitos autorais.  

O Consolador:  Quando você teve seu primeiro contato com o Espiritismo? 

É uma longa história... Mas, isso ocorreu no Brasil, no final de 1985, em Salvador, Bahia. 

O Consolador: Houve algum fato ou circunstância especial que haja propiciado esse contacto? 

Sim, eu entrei no Espiritismo pela porta da dor. Estava em um estado lastimável, causado de início por problemas emocionais e que depois se tornou um processo obsessivo grave, com alucinações auditivas e visuais. Sem saída, minha mãe me levou, contra a minha vontade, ao Centro Espírita Caminho da Redenção, onde conheci o médium Divaldo Pereira Franco e em menos de 24 horas estava curada, o que é raro, mas aconteceu.  

O Consolador:  Dos três aspectos - ciência, filosofia, religião -  qual o que mais o atrai no Espiritismo? 

Para mim um completa o outro, não posso entender a filosofia sem a ciência e a religião e não consigo compreender a ciência sem a filosofia e sem colocar meu pensamento nas leis divinas. Enfim, todos os aspectos me são de igual importância e do meu ponto de vista não deveriam ser estudados ou vividos sem se integrarem. 

O Consolador:  Que autores espíritas mais lhe agradam? 

Em primeiro lugar Kardec;  depois,  André Luiz, Joanna de Ângelis e Emmanuel. 

O Consolador:  As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado Espiritismo laico. Para você o Espiritismo é uma religião? 

A coisa que mais me faz sofrer são estas discussões sem fim em nosso meio espírita. Não levam a nada, e eu não sei o que as pessoas pretendem com isso. Querem descobrir quem está com a razão? Estudem as obras de Kardec, está tudo bem explícito lá. Estamos carecas de saber que Espiritismo é filosofia, pois investiga, argumenta, analisa, discute, forma e reflete as idéias sobre o mundo, o homem e o todo. É uma ciência também, mas que não pode ser experimentada como a ciência acadêmica, pois labora com inteligências que têm livre-arbítrio e não permite, muitas vezes, a realização de repetitividade como acontece em um laboratório de química ou física, onde os fatos se comprovam depois de se repetir a experiência inúmeras vezes; e é, por fim, religião, mas não como as tradicionais, não temos sacramentos, nem ritos, vestimentas especiais e nenhuma hierarquia controladora, mas somos religiosos por amor, nos dedicamos ao trabalho com Jesus e buscamos a Deus através da prece e do serviço ao bem como todos os religiosos tentam fazer. Mas dói ver discussões sem fim sobre este assunto. Basta refletir de forma simples e tudo fica claro.

Outra coisa bem importante de saber é que, se no Brasil o Espiritismo encontrou a terra fértil, foi devido à religiosidade que foi tomando forma e cumprindo os desígnios da espiritualidade na consolidação da obra de fazer do Brasil um celeiro que levaria as sementes ao mundo. Enquanto na Europa tudo ficou no racional, o Brasil foi preparado para fechar o triângulo filosofia, ciência e religião, que faria com que o Espiritismo encontrasse eco nos corações da Humanidade. O que sinto, vivendo há 16 anos na Europa, é que os seres humanos que são nativos destes países estão sedentos de uma religiosidade que alimente suas almas, e o Espiritismo tem essa religiosidade, pois não se impõe pela força ou pelos dogmas, mas sim por uma fé que se faz compreender e por uma religiosidade que atinge os corações sedentos de sentimentos puros.

O Consolador: Outro assunto em que a prática espírita às vezes diverge está relacionado com os chamados passes padronizados, propostos na obra de Edgard Armond, embora saibamos que a prática mais difundida e utilizada seja a imposição de mãos tal como recomendada por José Herculano Pires. Qual a sua opinião e como o passe é visto pelos confrades da Suíça? 

Estudo o passe em todos os livros que encontro pela frente há mais de 20 anos. Só concluo que somos os mesmos de sempre, sempre buscando divergências baseadas em nossos conflitos interiores, nossos pontos de vista às vezes inflexíveis. Edgard Armond foi uma espécie de pioneiro na publicação de um livro sobre passes no meio espírita. De início, que me lembre, tínhamos poucas alternativas de como estudar o assunto. Acho a contribuição de Edgard Armond boa, bem intencionada, mas um pouco complicada para algo tão simples. Depois foram aparecendo outros livros e percebi que todos os livros têm pontos em comum. E sigo a lição dos Espíritos que fizeram a codificação, principalmente em relação ao evangelho. Eles tomaram como base os pontos convergentes, onde todos, independentemente de religião, pregam o mesmo. Para mim quando estamos todos de acordo em determinado ponto aí existe a verdade, que faz calar as divergências, pois é clara.

Em relação ao passe faço seminários nos centros, mostro as técnicas existentes, e de forma coerente aconselho cada centro a escolher a técnica que quiser, ou achar mais conveniente, mas com bom senso, com preparo consciente dos passistas, sem sensacionalismos, pois o ponto comum é a doação de amor, de energia curadora, que vai independer, dentro da casa espírita, de técnicas, pois trabalhamos com o auxílio dos Espíritos, que nos suprem as deficiências. O passe mais fantástico que já tomei foi com uma mulher velhinha e frágil, analfabeta, que não sabia técnica nenhuma, mas me olhou com tanto amor e passou a mão na minha cabeça e depois desceu pelas costas. Saí de lá quase em êxtase. Ela era passista em uma casa espírita de Salvador. Não aconselho com isto que se toque o paciente, pois vejo como antiético e pode comprometer a casa espírita, apenas o dou como exemplo que vivi mais de 22 anos atrás. Ela não tinha condição intelectual de absorver um curso de passes, mas sabia se comportar e tinha autorização da casa para tocar os pacientes devido a não causar nenhum tipo de sentimento menos digno, nem constrangimento nas pessoas, por se tratar de uma idosa. Em tudo o bom senso deve ser o guia. Vamos doar amor, vamos viver com mais liberdade, mas não vamos inventar procedimentos complicados para enfeitar o que em verdade não depende totalmente de nós. Somos apenas instrumentos do imponderável, e temos que ter humildade para servir.

O Consolador:  Como vê a discussão em torno do aborto? Como este assunto é tratado no na Suíça?  

Eu conheço uma história real sobre o final feliz para quem não aborta. Uma moça ficou grávida, o namorado queria que ela abortasse para que pudessem começar uma vida sem tantas responsabilidades, mas ela não cedeu, enfrentou as dificuldades sozinha, até que o namorado voltou quando a filhinha iria já completar 1 ano de idade, e se reencontraram, vindo depois de alguns meses a se casar. Numa viagem que fizeram foram assaltados; cinco homens armados os tiraram da estrada. A moça era médium, pessoa em quem confio, e disse que foi envolvida por uma enorme calma e saiu do carro dizendo:  Tenham calma, nós somos uma família, nós somos uma família... E se voltou para tirar a filhinha que dormia no banco de trás. Quando o chefe da gangue viu a criança dormindo pediu para parar o assalto, gritando: Tem criança, não mata, tem criança! Vamos embora. Depois do choque o marido conseguiu fazer ligação direta no carro, pois as chaves foram retiradas pelos bandidos, e eles foram procurar um posto policial. Quando o carro começou a andar entrou um Espírito amigo e disse: Pai, a filha que quiseste matar hoje salvou a tua vida! Se a moça tivesse abortado para ficar com o namorado para começar a vida sem uma criança, como ele havia sugerido, aquele seria o último dia de vida dos dois. Outra coisa é que é muito difícil um casal ser feliz depois de cometer um aborto, mesmo que de comum acordo. E quando a mulher se sente pressionada a abortar fica a desilusão e o sentimento de desamparo e desamor, o relacionamento vai amargando, sendo muito difícil ser feliz com esta situação. Conheço vários casamentos desfeitos depois de um aborto, e mesmo casos em que acabam adotando uma criança para tentar se redimir do ato, e nem assim fica fácil continuar sem peso na consciência e acabam muitas vezes se separando. Cada criatura humana está inserida em um contexto sagrado, e não sabemos tudo o que nos liga neste contexto redentor.

A história acima foi apenas um exemplo, mas sabemos que existem outros milhares de exemplos de pessoas, inclusive missionários, que correram o risco de serem abortados e graças a Deus e a mulheres corajosas não foram, vindo a cumprir suas missões sobre a terra, mas também muitos outros foram e tiveram que adiar suas tarefas. Quantos deficientes emocionais e mentais estaremos gerando por impedi-los de nascer, abortando-os, gerando medos cruéis em suas almas, traumas de difícil solução? O aborto adia a felicidade, e na maioria dos casos (quando o espírito reencarnante não é evoluído) compramos fardos pesados que terão que cedo ou tarde serem carregados. Muitos dos deficientes de hoje foram filhos abortados no passado, que trazem em si as seqüelas da dor. A Suíça é um país de muita liberdade, e infelizmente se praticam muitos abortos nos consultórios médicos, do não tenho estatísticas. O fim do aborto somente virá com a consciência familiar e a educação do Espírito. Temos que espiritualizar a família, ensinar a imortalidade da alma aos filhos, e a necessidade de nascer, sejam quais forem as condições. Melhor dar uma criança em adoção que matá-la.  

O Consolador: A eutanásia é uma prática que não tem o apoio da doutrina espírita. Kardec e outros autores, como Joanna de Ângelis, já se posicionaram sobre esse tema. Ultimamente surgiu a idéia da ortotanásia, defendida até por médicos espíritas. Qual a sua opinião? 

Sou contra qualquer forma de abreviação da vida. O que os médicos conscientes e espíritas têm que procurar fazer é divulgar e defender a medicina paliativa, que assiste pacientes terminais da melhor forma possível, amenizando suas dores e aguardando que se cumpra o desligamento natural da alma do corpo enfermo. Esta é uma área especifica da medicina, pelo menos aqui na Suíça. Mas, para minha tristeza, vivo em um país que aceita a morte assistida. Assassinam pessoas e argumentam que as pessoas têm o direito de escolher como desejam morrer. Um horror! As pessoas estão vindo de outras partes do mundo para se matarem aqui. E são duas associações autorizadas pelas leis a praticar estes atos de homicídio hediondo sob a permissão da sociedade. Elas se chamam EXIT e DIGNITAS. Oro sempre para que um dia a sociedade suíça não aceite mais este absurdo. Eles matam pessoas até em estacionamentos ou em hotéis! E o que mais me impressiona é a quantidade de idosos saudáveis que estão fazendo isto. Basta pagar. 

O Consolador:  Como se desenvolve o Movimento Espírita na Suíça? 

Temos no movimento espírita na Suíça pessoas muito valorosas, cheias de vontade de servir. Hoje já somos 8 centros congregados em nossa união e fazemos cada um o esforço de divulgar a doutrina espírita, mas ainda nos falta literatura, principalmente na parte alemã. Juntos fazemos a cada dois anos um encontro espírita junto com nossa tradicional feira de livros, que reúne todas as instituições do país e atrai muita gente de fora também. Isso tem sido para nós muito enriquecedor e nos mostra que a qualidade de nosso trabalho está melhorando a cada ano, e que cada vez mais comparecem os suíços. Em nosso último encontro a primeira palestra foi proferida em língua alemã por um suíço que não fala uma palavra de português. Ficamos todos muito emocionados; foi a realização de um sonho.

Estamos vivendo uma fase de expansão. Somente este ano foram registrados mais dois centros novos na UCESS - União dos Centros de Estudos Espíritas na Suíça (www.spiritismus.ch), um em Yverdon e outro em Zurique, por coincidência todos dois com o mesmo nome CEEJA – Centros de Estudos Espíritas Joanna de Angelis. Só falta a realização de um sonho que é a formação de um núcleo na parte italiana, o que até agora não conseguimos, infelizmente. O que mais falta dentro de nosso movimento espírita aqui na Europa são recursos financeiros. Nós nos esforçamos e trabalhamos como doidos para pagar o aluguel de nossos centros ou às vezes arcamos sozinhos com os gastos (o que não é o caso de nosso centro), mas no final faltam recursos para fazer publicações nas línguas de nossos países. A venda de livros espíritas ainda é na sua maioria em português. Mas no dia em que tivermos mais literatura em outras línguas tudo isso mudará. Por isto temos nos empenhado para que mais traduções sejam feitas, e o CEI é consciente desta necessidade, mas também não dispõe de recursos financeiros para fazer isto em uma escala maior. Tudo tem que ser aos poucos devido ao tamanho do investimento. Estamos no início de uma longa caminhada... 

O Consolador: Como é a aceitação das pessoas do seu país com relação ao Espiritismo? 

Não posso falar em nome dos outros grupos, pois não conheço suas experiências em profundidade. Em relação ao trabalho que desenvolvemos no CEEAK, temos a alegria de ter tornado muitos brasileiros espíritas aqui na Suíça, em que são poucos os que já eram espíritas desde o Brasil. Quanto aos nativos, os suíços, temos tido enormes progressos, mesmo com a literatura escassa em língua alemã. Eles já são um grupo à parte dentro de nosso centro, já estudam juntos há mais de 4 anos, orientados pela nossa irmã Edith Burkhard, uma suíça que viveu dos 5 aos 21 anos de vida no Brasil e é a tradutora do Divaldo Franco para a língua alemã. O grupo de estudos dos suíços agora já começou a desenvolver as atividades de palestras e aplicação de passes em dia separado do dos brasileiros, para irem se preparando para o futuro. Os suíços estão prontos para receber a mensagem espírita, pois 60% da população é reencarnacionista e tem a mente muito aberta para as coisas da alma, com suas exceções, é claro!

O Consolador:  Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar no Brasil  e no mundo  e como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida? 

A violência é a ausência de amor e de justiça, que tem na maioria dos casos suas raízes na educação. Às vezes fico refletindo sobre o que vemos hoje no Brasil e no Mundo. Reverter a criminalidade somente é possível com educação e trabalho digno, juntando-se a influência familiar positiva, através dos exemplos. Vejo a Suíça e me sinto um uma ilha de PAZ, onde há justiça social e a criminalidade é baixíssima. Por quê? Porque você pode ser faxineira e será bem remunerada e valorizada. Você é pintor ou pedreiro e teve que estudar para ser, tem orgulho de sua profissão e ganha o suficiente para viver, formar família e não ter falta de nada, claro que de forma razoável, sem desperdícios ou exageros. Vamos profissionalizar os jovens, oferecer escolas compatíveis com suas realidades sociais. Se ele não pode ser um aluno brilhante com notas ótimas, poderá aprender uma profissão que não exija dele o que ele não pode dar, mas que o realize como pessoa. Aqui na Suíça o lixeiro vem buscar o lixo com a cabeça erguida, ganha muito bem, e sabe como a profissão dele é importante!! IMPORTANTE!

No Brasil desvalorizamos as profissões e isto gera baixa estima nas pessoas e todo mundo quer ser doutor ou dono da própria empresa e a frustração coletiva gera os jovens inseguros.

Venho de classe média no Brasil, e sei que aí eu teria um pouco de constrangimento de dizer, por exemplo, que o namorado da minha filha é encanador, ou pedreiro, ou jardineiro, ou servente de supermercado. Aqui isto não tem nenhuma conotação negativa, pois eles são profissionais, e ganham dignamente. Hoje todos estes conceitos se modificaram dentro de mim. Graças a Deus.

O Consolador:  A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos,  seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de expiação e de provas, passando plenamente à condição de mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma equidade perfeita regulará as relações sociais? 

Quando o Espiritismo completou 150 anos, recebemos uma mensagem de um Espírito nobre que nos disse que somente devemos contar estes 150 anos como apenas os primeiros 15 minutos do dia da grande mudança e que para que simbolicamente se complete um dia necessitaremos ainda de 23h e 45 minutos. Então nos faltam 1.425 anos!!! Fiquei em dúvida se é isso mesmo! Vamos ver. Se nós espíritas continuarmos discutindo o sexo dos anjos pode ser que tenhamos de precisar de mais tempo. Mas se arregaçarmos nossas mangas e trabalharmos pelo bem, gerando cidadãos mais conscientes de suas realidades e de seus potenciais, pode ser que a grande mudança chegue antes. O futuro, assim como o tempo, é relativo ao modo como o utilizamos.

O Consolador:  Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita  no mundo? 

Divulgar a Doutrina Espírita, sem dúvida. Mas o difícil é fazer isto com boa qualidade. Temos que investir mais no movimento espírita fora do Brasil, e o CEI vem tentando começar uma nova etapa nesta fase de expansão do Espiritismo no Mundo, mas é um desafio que precisa também de recursos financeiros, e não dispomos ainda deles. Teremos que gerá-los o mais rápido possível com o nosso próprio esforço. 

O Consolador:  Há alguma pergunta que não fizemos e que você gostaria de ter respondido? Se sim, qual é ela? 

Esta entrevista foi muito bem estruturada e não sei o que me perguntaria, mas agradeço a oportunidade de ter podido participar respondendo a perguntas inteligentes e de cunho muito positivo desta revista eletrônica que já ultrapassou fronteiras e começa a ser lida no mundo inteiro. Muito obrigada à equipe de “O Consolador”. Abraço, desde aqui, a todos os nossos irmãos do Brasil, rogando a Jesus que nos conduza na consolidação de nosso trabalho nestas terras a que fomos convocados a servir. Orem por nós.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita