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Ano 2 - N° 85 - 7 de Dezembro de 2008

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo (Brasil)

 

Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante:

“Se não entendermos a base, como iremos entender
o resto?”

A palestrante paraibana lembra-nos que a sociedade clama por ajuda
e que temos de buscar o consolo e a explicação do porquê devemos
ser resignados, sem nos revoltarmos diante dos acontecimentos
 

Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante (foto), espírita desde os 11 anos de idade, nasceu e reside em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. Formada em Ciências Contábeis pela UNIPE, na Paraíba, é funcionária do Departamento de Polícia Federal no seu Estado. Vinculada ao Centro Kardecista Os Essênios, é palestrante, articulista de diversos jornais e integrante de grupo mediúnico, além de participar de tarefas relacionadas com o funcionamento das instituições espíritas.  

Na  entrevista  a  seguir, Walkiria  faz uma

importante advertência, dirigida principalmente aos que estão à frente da divulgação da Doutrina Espírita: é preciso “tomar muito cuidado para não emitirmos uma opinião sem embasamento doutrinário”. 

O Consolador: Como você iniciou o trabalho de palestrante e articulista na imprensa espírita? 

Nenhum trabalho seja material ou espiritual começa sem alguém que nos dê a mão. Por mais que tenhamos boa vontade precisamos que alguém nos ajude. Participei de algumas casas espíritas, mas em “Os Essênios” encontrei a oportunidade e o momento certo de começar a fazer estes trabalhos. Iniciou-se com a leitura e comentário do livro Sinal Verde, de André Luiz, e depois a palestra propriamente dita sobre O Evangelho segundo o Espiritismo. Com relação aos artigos, por sugestão do amigo Octávio Caúmo, comecei a transcrever para o papel as palestras. Encaminhamos para o jornal O Clarim, que gostou e atualmente vem publicando alguns artigos. 

O Consolador: Que critério e motivações utiliza na elaboração de palestras e artigos? 

As passagens evangélicas são as mais ricas fontes de recursos. Mas não podemos esquecer o que acontece atualmente no mundo. Tentamos fazer um paralelo entre o que está escrito com a realidade atual para encontrarmos explicação e consolo diante dos acontecimentos. Procuramos, sempre que possível, vincular o tema do evangelho que será objeto de estudo, na palestra ou no artigo, ao Livro dos Espíritos e, quando for o caso, ao Livro dos Médiuns ou à Gênese. Isto serve para corroborar o que estamos falando e de alguma forma incutir o desejo de leitura naqueles que estão ouvindo a palestra ou lendo o artigo. A doutrina espírita é muito rica para estudarmos e algumas vezes o mesmo assunto encontra-se em mais de um livro das obras básicas; ao citá-los, procuramos fazer uma única linha de raciocínio facilitando o aprendizado de todos. 

O Consolador: Em quais periódicos você tem publicado seus trabalhos? 

Em O Clarim, na Revista Internacional do Espiritismo e no Jornal Espírita da Federação Espírita Portuguesa. 

O Consolador: Você tem recebido retorno dos leitores dos artigos publicados?  

Alguns retornos. Mais elogios que questionamentos. Sempre os encaro como estímulo para continuar a fazer o trabalho. Respondo a todos eles.  

O Consolador: E como palestrante, como tem sentido o ambiente das instituições e as reações da platéia e mesmo a integração desse público com as atividades espíritas? 

Infelizmente a quantidade dos que querem passar para o lado de cá é diminuto. A doutrina espírita encanta pela lógica dos seus ensinamentos. Mas ser mais um no trabalho de divulgação e ajuda ao próximo é mais difícil de encontrar. Nós, espíritos em evolução, somos muito refratários. Gostamos de adequar a realidade dos fatos à nossa história particular. A doutrina espírita é única. Adequarmo-nos a informações que provocam mudanças é difícil para todos. A doutrina espírita não nos faz concessões de acordo com a ocasião. Deixa-nos a escolha, sabendo que somos responsáveis por elas e tudo o que plantarmos iremos colher. As Leis de Deus estão insculpidas em nossa consciência. À medida que vamos evoluindo o véu torna-se cada vez mais fino e compreendemos melhor o que devemos fazer. 

O Consolador: Comente sobre suas atividades mediúnicas. 

Um dos mais belos trabalhos que desenvolvemos junto aos amigos espirituais. Médiuns somos todos nós, conforme explicação do Livro dos Médiuns, item 159, mas nos esquecemos disso ou pior, quando trabalhamos com a mediunidade ostensiva achamos que a aproximação mediúnica só ocorre no horário da reunião. Não é dessa forma que se processa. Estamos mergulhados no mundo espiritual. Interagimos e nos inter-relacionamos com aqueles que estão desencarnados, mais do que pensamos. Afora isso, nos trabalhos que podemos emprestar um pouco de nós para que fale alguém que necessita mais, temos a oportunidade de compartilhar um pouco da vida do outro. Desde pequena tinha uma amiga “imaginária” para qual eu separava brinquedo e lugar para sentar. Fui crescendo e comecei a ver os espíritos, mas esse fato não durou muito tempo. No final da adolescência os fenômenos mediúnicos tornaram-se mais fortes, mas ainda não me dedicava ao trabalho de incorporação. Alguns anos depois, na atual casa onde freqüento, começamos a desenvolver este trabalho. E com muita alegria tenho condições de me tornar uma ferramenta para aqueles que querem transmitir o que pensam e o que sentem. Através deste trabalho tive a oportunidade de acelerar meu processo de modificação. Aqueles que realizam este trabalho irão compreender bem o que vou dizer agora: por alguns instantes vivemos a vida de outra pessoa, vendo, sentindo e principalmente sofrendo o que o outro está, sofrimento esse conseqüência de nossa indisciplina e fuga às Leis de Deus. Aprendemos com isto: a não fazer, a deixar de fazer e, principalmente, a não julgar aquele que faz. Não podemos afirmar com toda a convicção que também não faríamos se estivéssemos nas mesmas condições. Os que têm esta ferramenta de trabalho, que não fujam. É o maior meio de libertação das amarras que nos prendem ao passado que tanto encarnados como desencarnados encontramos. 

O Consolador: Em face dos ensinos espíritas, como você vê as questões polêmicas de nossa sociedade? 

Servem para nos ajudar a raciocinar. Isto também faz parte do aprendizado. Mas devemos tomar muito cuidado para não emitirmos uma opinião sem embasamento. Principalmente os que estão à frente na divulgação da doutrina espírita. Quando for propagado o que eu disser, não vai ser Walkiria que disse, mas a espírita, ou pior ainda, a doutrina espírita pensa assim, já que ela falou... 

O Consolador: E as questões polêmicas em discussão no movimento espírita? 

Existem certos questionamentos que servem mais para tumultuar do que para nos aguçar o pensamento. O Livro dos Médiuns, capítulo II, falando sobre o maravilhoso e sobrenatural, no seu item 12, traz: “Em lógica elementar, para se discutir uma coisa, é preciso conhecê-la, porque a opinião de um crítico não tem valor senão quando fale com perfeito conhecimento de causa...” Ainda somos estudantes da Doutrina Espírita. Cada vez que lemos novamente uma das obras básicas, detectamos pontos que não tínhamos percebido antes. O que não pode existir dúvidas é com relação à imortalidade e à possibilidade de reencarnarmos. O resto, com o tempo, iremos compreender melhor. A própria Ciência avança nos facilitando a compreensão de alguns desses fatos. 

O Consolador: Dê-nos uma visão do movimento espírita paraibano. 

Como órgão de divulgação doutrinária existe a Tribuna Espírita, com cerca de 25 anos de fundação, e há diversas programações de rádio na capital e interior, já bem antigos. Chegam também por aqui muitos jornais e revistas de outros locais e programas de rádio e TV por canais de assinatura, parabólica ou internet. Possuímos em todo estado cerca de 122 centros espíritas, sendo 46 na capital, João Pessoa, e 23 em Campina Grande, a segunda maior cidade do estado. 

O Consolador: Para suas abordagens verbais ou textuais, quais dos aspectos você prefere: o científico, o filosófico ou o religioso?  

O religioso. Se não entendermos a base, como iremos entender o resto? A sociedade clama por ajuda. Temos que buscar o consolo e a explicação do porquê devemos ser resignados e não nos revoltarmos diante dos acontecimentos. Sermos fiéis aos ensinamentos do Cristo Jesus e principalmente a honrarmos a Deus, nosso Pai. 

O Consolador: Suas palavras finais. 

Agradeço a oportunidade de poder mais uma vez me expressar sobre a doutrina e poder contar um pouco como foi o meu começo, não diferente de muitas pessoas. Com as mesmas dúvidas, problemas e dificuldades. Consideramos que durante a nossa encarnação temos momentos chaves de escolha. Que possamos escolher sempre o melhor para a nossa vida eterna. Mesmo que meus pés sangrem, que eu permaneça fiel a ti, oh Pai! No livro Reflexões Doutrinárias, de Antonio Fernandes Rodrigues, li uma história muito bonita de Francisco de Assis em que se diz que “ele estava fazendo seu costumeiro pedido de alimentos e roupas para o lar de crianças que dirigia, quando ao bater palmas na porta de uma bela casa de Assis, saiu uma pessoa aborrecida que lhe disse: Que queres? Ao ouvir o motivo da visita ele esbofeteou o bondoso pacifista e lhe disse: Aí tens! Este tranqüilamente lhe disse: Para mim já recebi, mas será que você não tem alguma cousa para as minhas crianças?” Que possamos ser como o doce Francisco de Assis, continuarmos firmes em nossas convicções e com o firme desejo de ajudar o próximo, não importando que sejamos ofendidos. Um dia o bem vencerá e a paz reinará dentro de cada um de nós. Muita paz a todos.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita