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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 82 - 16 de Novembro de 2008

LEONARDO MACHADO
leo@leonardomachado.com.br e www.leonardomachado.com.br
Recife, Pernambuco (Brasil)


Filosofar é preciso

 
O ser humano, sempre, buscou conhecer a verdade. Os benfeitores nos dizem que “os Espíritos são os seres inteligentes do Universo” (1). Nesse sentido, a grande diferença entre nós e as outras criaturas inferiores da criação que, por hora, não chegaram à categoria de Espíritos, como os animais, é a capacidade de pensar. E foi, justamente, pensando, que o ser conseguiu fazer todo esse progresso que hoje é visível. Por natureza, então, o homem é um observador, um indagador e um pesquisador. Essas são as nossas características mais básicas, sem as quais pouco nos diferenciaríamos dos irracionais.

Por outro lado, etimologicamente, “a palavra filosofia (do grego φιλοσοφία) resulta da união de outras duas palavras: philia (φιλία), que significa amizade, amor fraterno e sophia (σοφία), que significa sabedoria, conhecimento. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber” (2).

Ora, desse modo, a característica fundamental do ser humano o levou, inevitavelmente, a filosofar. De tal modo que a filosofia é a mãe de todas as outras ciências. Foi a partir dela que surgiram todos os outros ramos do conhecimento humano. Sendo ela, portanto, o primeiro passo que o homem deu na busca pelas verdades universais.

Dentro dessa visão, é interessante observar, ainda, que “de sophia decorre a palavra sophos (σοφός), que significa sábio, instruído. Assim, o filósofo seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber” (3. O ser humano, dessa forma, por isso mesmo, e pela sua própria natureza espiritual, é, também, um filósofo, pois vive imerso na filosofia.

Filosofar é, pois, preciso!

E parece que os antigos sabiam disso.

Eis por que vemos essa “busca pelo saber” nascer em todos os cantos do globo terrestre, desde as épocas mais remotas.

No Oriente, por exemplo, figuras notáveis como Confúcio, Siddharta Gautama, Lao-Tse, Krishna e Zoroastro surgiram divulgando, cada qual com suas peculiaridades, conhecimentos invulgares, através do Confucionismo, do Budismo, do Taoísmo, do Hinduísmo e do Zoroastrismo, respectivamente, por meio de seus ensinos e de seus escritos belíssimos.  

Ficando, contudo, mais detidos no Ocidente, veremos que foi com Tales de Mileto (em grego Θαλής ο Μιλήσιος) que nasceu a tradição filosófica neste hemisfério da Terra. Ele nasceu em Mileto, na Ásia menor, antiga colônia Grega, e atual Turquia, por volta do ano 625 a.C., desencarnando em 558 a.C. Atualmente, é provável que muitos ao verem este nome logo se lembrem de suas antigas aulas de matemática da escola, quando, aprendendo geometria, descobriam as propriedades de um teorema conhecido como o teorema de Tales. Engana-se, no entanto, quem pensa ser esta a única contribuição do filósofo. Foi ele, além de pai da filosofia ocidental, fundador da escola Jônica. Afora isso, certamente, era ele um dos sete sábios antigos que recomendavam o famoso “Conhece-te a ti mesmo”, inscrito em um famoso templo de Delfos e divulgado por Sócrates. Dessa maneira, vê-se que a sua era a filosofia grandiosa, e que a visão que ele tinha da mesma era profunda.  

É a Pitágoras (do grego Πυθαγόρας), porém, que se deve a origem da palavra filosofia. Filósofo matemático grego, nasceu em Samos, por volta do ano 571 a.C., e veio a desencarnar em 496 a.C. A sua importância para o pensamento grego e a humanidade foi enorme. Conta a tradição histórica que a sua mãe, ao se consultar com uma pitonisa, que nada mais era do que uma médium psicofônica, ficou sabendo que o seu filho seria um ser extraordinário. Assim, fundador da escola pitagórica, que teve enorme influência no pensamento posterior e contemporâneo da época, ensinava, dentre outras coisas, a palingenesia (outro nome, mais antigo, para a reencarnação). Tendo uma visão da filosofia muito similar à de Tales, originou um nome que pudesse, por certo, conter em sua etimologia a essência mesma desta ciência das ciências.  

É, fundamentalmente, esse conceito que Sócrates dava à filosofia. Como se vê em seus diálogos e em sua vida, especialmente nos livros “Fedro”, “Fédon” e “Apologia”, escritos pelo seu famoso discípulo Platão, o sábio grego, indo ao encontro de Tales e de Pitágoras, não concebia uma filosofia sem o auto-conhecimento. Para ele, o verdadeiro filósofo era aquele que colocava em prática os conhecimentos que adquiria.  

Vejamos, de forma adaptada, o que o próprio sábio diz acerca da função da filosofia: “a filosofia transmite à alma com doçura as suas raízes, esforça-se para libertá-la, mostrando-lhe de que ilusões está cheia, recomendando-lhe, enfim, que se recolha e se volte para si mesma”. (4) 

A filosofia, nesse contexto, deixa de ter uma função especulativa da natureza. Mas, à medida que mostra ao ser os conhecimentos eternos, faz com que este se volte para si mesmo e se melhore constantemente, apropriando-se, desse modo, realmente, do saber, através da vivência.  

Filosofar é, mais do que nunca, preciso! 

É certo, entretanto, que, nesta visão metafilosófica, nesta análise do sentido e da função da filosofia, nesta filosofia da filosofia, atualmente, tem-se diversas correntes. De tal forma, que é comum, talvez pela superficialidade de pretensos detentores do título de filósofos, ou mesmo pelo desconhecimento geral, associar esta palavra às falácias vaidosas. 

Isso porque, alguns, não conhecendo a essência, pensam que filosofar é sinônimo de questionar por questionar e de acumular conhecimentos estéreis. 

Eram os conhecidos Sofistas do passado que transformaram a filosofia “em exibição da sabedoria” (4), e os quais ainda geram sofistas no presente. 

Vendo-se Sócrates, porém, aprende-se que os seus questionamentos, através da maiêutica, tinham uma finalidade. E esta não era a de concitar dúvidas eternamente, mas, ao contrário, era a de, gerando num primeiro momento dúvidas, levar o ser à descoberta da verdade e da modificação interior. Era a de fazer com que o ser, saboreando os conhecimentos no dia-dia, chegasse, verdadeiramente, a saber. 

O Espiritismo, a seu turno, dá uma dimensão à filosofia muito similar à dada por Sócrates. Emmanuel, por exemplo, diz-nos que “a filosofia constitui, de fato, a súmula das atividades evolutivas do Espírito encarnado, na Terra. Suas equações são as energias que fecundam a Ciência, espiritualizando-lhe os princípios, até que unidas, uma à outra, indissoluvelmente, penetrem o átrio divino das verdades eternas”. (5) 

E, neste ínterim, a Doutrina Espírita, através dos livros do senhor Allan Kardec, traz para a humanidade uma filosofia grandiosa, a qual é um desdobramento moderno das verdades entrevistas por esses sábios do passado. E é, primordialmente, na força desta filosofia que reside a força desta Doutrina. “Falsíssima idéia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso” (6).  

Isso porque a filosofia ensinada pela Doutrina dos Espíritos se baseia, essencialmente, nos princípios éticos ensinados por Jesus, o Cristo. E, dessa maneira, as práticas morais que incentiva o homem a fazer são as mesmas ensinadas pelo Mestre de todos os mestres.  

Diante disso, pois, nós outros preferimos ficar com os ensinos de Jesus, com a filosofia de Tales, de Pitágoras e de Sócrates, e com o resgate e desdobramento feitos pelo Espiritismo. 

Eis por que não hesitamos em dizer: 

– “Filosofar é, ainda, e sempre será preciso!
 

Referências:

(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76 ed., Rio de Janeiro: FEB, questão 76, p. 80.

(2) CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 7 ed., 2. reimp., São Paulo: Ática, 2000, p. 19.

(3) PLATÃO. Fédon. Tradução: Miguel Ruas. São Paulo: Editora Martin Claret, 2004, p.55.

(4) PIRES, Herculano. Os filósofos. 2. ed., São Paulo: Edições FEESP, 2001, p.62.

(5) XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. 16 ed., Rio de Janeiro: FEB, questão 115, p.77.

(6) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76 ed., Rio de Janeiro: FEB, conclusão, ponto V, p.484.
 

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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita