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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 71 - 31 de Agosto de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

No Mundo Maior

André Luiz

(9a Parte)

Damos prosseguimento ao estudo da obra No Mundo Maior, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1947 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Qual a finalidade da existência terrestre?

R.: Ninguém vem ao mundo simplesmente para gozar. A existência terrestre é abençoado colégio de iluminação renovadora, não uma estação de mero prazer. (No Mundo Maior, cap. 6, pp. 90 a 92.)

B. De onde se origina a simpatia entre as pessoas?

R.: O amor e a con­fiança não constituem obras de improviso: nascem sob a bênção divina, crescem com a luta e consolidam-se nos séculos. A simpatia, na maior parte das vezes, é realização de milênios. Ninguém se aproxima de outra pessoa com tamanho apego se ela já não figurasse em seu pretérito espiritual. (Obra citada, cap. 6, pp. 92 a 94.)

C. Qual a tarefa que o Criador confiou à Religião?

R.: A Divina Sabedoria confiou à Religião a tarefa de velar pelo desenvolvimento da alma, propiciando-lhe abençoadas luzes para a jornada de ascensão. A crença religiosa, todavia, principalmente nos últimos anos, revelava-se incapaz de tal cometimento. Enquanto muitas inteligências encarnadas se dedicavam às realizações da Ciência no mundo, a Re­ligião dava a idéia de erva raquítica, a definhar no solo. Além disso, havia outro senão: se à investigação científica basta o valor intelectual, o problema religioso demanda altas possibilidades de sentimento. A primeira requer observação e persistência; o segundo, porém, implica vocação para a renúncia. (Obra citada, cap. 7, pp. 95 e 96.)

Texto para leitura

48. Paulino é chamado à responsabilidade - Cipriana disse a Paulino que lhe falava em nome da Divina Justiça. Inicialmente, chamou-o aos brios, conclamando-o a dignificar a sua existência de homem, honrando o sacerdócio feminino. Não era possível prosseguir fazendo da mocidade simples aventura dos sentidos. Na mulher ele encontraria o vaso dileto para os seus sonhos de paternidade criadora. Por que persistir no vai­doso domínio da criança pobre, que era Julieta, por mero impulso egoísta e de ostentação? Era preciso despertar para os compromissos de natureza superior. Ele não viera ao mundo simplesmente para gozar. A existência terrestre é abençoado colégio de iluminação renovadora, não uma estação de mero prazer. Paulino, que chorava muito, nada falou, mas emitiu pensamentos muito claros para as entidades presentes. Ele não hesitaria quanto ao casamento (assim pensava), mas encontrara Ju­lieta fora do lar; conhecera-a num círculo de pessoas menos responsá­veis. Não era prudente defender-se? não lhe constituía obrigação orga­nizar o matrimônio em bases mais sólidas? Ele se aproximara de Julieta num clube noturno; conhecera-a como uma moça sem lar, sem família. Ci­priana, captando seus pensamentos, tornou firme, lembrando-lhe que Ju­lieta não procurara uma casa de entretenimentos menos dignos com se­gundas intenções. Enquanto ele ali estava por mera distração, a jovem vivia humilhações, tentando ganhar o remédio necessário à mãezinha en­ferma... Como absolver a si mesmo e condená-la? com que direito escar­necer da respeitabilidade de uma jovem que visava a tão sagrados obje­tivos? Porventura o Sol torna-se vil quando seus raios iluminam o pân­tano? (Cap. 6, pp. 90 a 92) 

49. Cândida desencarna feliz - As palavras de Cipriana dirigidas a Pau­lino foram incisivas. Era indispensável cooperar no resgate da jovem mulher que não lhe surgira no caminho por mero acaso. "O amor e a con­fiança não constituem obras de improviso: nascem sob a bênção divina, crescem com a luta e consolidam-se nos séculos", asseverou Cipriana. A simpatia, na maior parte das vezes, é realização de milênios. Ele não se aproximaria de Julieta com tamanho apego se ela já não figurasse em seu pretérito espiritual. Era preciso, pois, dedicar-se a ela, salvá-la da loucura e da inutilidade, oferecendo-lhe o braço de esposo, hon­rando a vida, antes que fosse tarde. Que ele não se importasse com a crítica do mundo. "É mais nobre dar que receber, mais belo amar que ser amado, mais divino sacrificar-se que extorquir alheios sacrifí­cios", acrescentou a venerável entidade, acentuando que a mãe de Ju­lieta estava vivendo as horas derradeiras de sua atual existência na carne, sendo importante lhe fosse restituído o bem-estar, pelo muito que se mortificou para conservar a filha em posição respeitável. Ci­priana calou-se, mas de seu coração partiam raios de luz safirina, que envolviam o rapaz integralmente. Paulino não resistiu ao seu apelo: "Recebo a vossa palavra como se fora a de minha Mãe Celestial. Fazei de mim o que vos aprouver. Estou pronto...", declarou, humildemente. Todos volveram a seus aposentos. Horas depois, às oito da manhã, Ci­priana suprimiu de Cândida a maior parte das forças. O médico prognos­ticou a morte próxima. Chamada às pressas, Julieta foi ao hospital, seguindo-se-lhe Paulino. A enferma, fixando o rapaz em atitude supli­cante, dizia de seu receio de deixar a filha sozinha no mundo, à mercê das tentações... Falava então com muita dificuldade. Paulino não a deixou terminar. De olhos rasos d'água, colocou o indicador nos lábios da moribunda e disse que amanhecera naquele dia com um propósito irre­movível: Julieta e ele se casariam em poucos dias. Cândida chorava co­piosamente e, amparada por Cipriana, uniu as mãos dos dois jovens, num gesto simbólico, beijando-as enternecidamente. Foi seu derradeiro mo­vimento no corpo exausto. Em poucos minutos, as pálpebras físicas cer­ravam-se para sempre, enquanto os olhos espirituais se abriam para a Eternidade. (Cap. 6, pp. 92 a 94) 

50. A atividade socorrista é muito grande - O esforço desenvolvido por Calderaro tinha por objetivo impedir a consumação dos processos ten­dentes à loucura. Não se incluíam aí os casos puramente fisiológicos. Calderaro se reportava aos dramas íntimos da personalidade prisioneira da introversão, do desequilíbrio, dos fenômenos de involução, das tra­gédias passionais, episódios esses que ocorrem no mundo, aos milhares por semana. O Instrutor esclareceu, porém, que são inúmeras as organi­zações socorristas dessa natureza, porquanto é imprescindível amparar a mente humana na Crosta Planetária, em seus deslocamentos naturais. Por isso, a Divina Sabedoria não se descuidou da programação prévia de serviço, nesse particular. Assim como encarregou a Ciência e a Filoso­fia de desenvolver seus papéis no progresso humano, confiou à Religião a tarefa de velar pelo desenvolvimento da alma, propiciando-lhe abençoadas luzes para a jornada de ascensão. A crença religiosa, todavia, principalmente nos últimos anos (1), revelava-se incapaz de tal cometimento: faltava-lhe pessoal adequado. Enquanto muitas inteligên­cias encarnadas se dedicavam às realizações da Ciência no mundo, a Re­ligião dava a idéia de erva raquítica, a definhar no solo. Além disso, havia outro senão: se à investigação científica basta o valor intelec­tual, o problema religioso demanda altas possibilidades de sentimento. "A primeira – disse Calderaro – requer observação e persistência; o segundo, todavia, implica vocação para a renúncia". É por esse motivo que inúmeras legiões de entidades desencarnadas se desdobram em toda parte, socorrendo os que sofrem, incentivando os que esperam firme­mente no bem, melhorando sempre. O esforço, portanto, em torno da mente encarnada é extenso e múltiplo. "Forçoso é convir, no entanto, que, se o programa dá motivo a preocupações, é também fonte de pra­zer", acrescentou Calderaro. (Cap. 7, pp. 95 e 96) 

51. O caso do paralítico - André indagou ao Instrutor como se opera a administração de tais auxílios, e Calderaro explicou que o senso da ordem lhes preside à atividade em todas as circunstâncias. "Quase sem­pre é a força intercessória que determina os processos de ajuda. A prece, representada pelo desejo não manifestado, pelas aspirações ín­timas ou pelas petições declaradas, proveniente da zona superior ou surgida do fundo vale, onde se agitam as paixões humanas, é, a rigor, o ascendente de nossas atividades", esclareceu o Instrutor. Não havia, porém, preferência por correntes religiosas. Quando assim falavam, eis que chegaram a uma residência de aspecto simples, ladeada por um jar­dim bem cuidado. Ali, informou o Instrutor, residia um incansável com­panheiro de outras épocas, reencarnado em condições dolorosas. Já ha­via algumas semanas que Calderaro assistia a mãe daquele irmão, atra­vés de passes reconfortantes. Mãe e filho estavam ligados por grilhões de graves compromissos, mas o estado do menino fazia com que a razão da mãe periclitasse. Daí o auxílio prestado por Calderaro, que, consi­derando o costume da oração em horário prefixado, observado naquele lar, valia-se dessas ocasiões para vir-lhe ao amparo. Num pequeno quarto, um menino enfermo inspirava piedade. Duas entidades tão infe­lizes quanto ele mesmo o cercavam. Era paralítico de nascença, primo­gênito de um casal aparentemente feliz. Aos oito anos de idade, não falava, não andava, não chegava a sentar-se, via muito mal e quase nada ouvia da esfera humana. Psiquicamente, porém, tinha a vida de um sentenciado sensível, a cumprir severa pena, lavrada, em verdade, por ele próprio. Quase dois séculos atrás, ele decretara a morte de muitos compatriotas numa insurreição civil. Valeu-se então da desordem polí­tico-administrativa para vingar-se de desafetos pessoais, semeando ódio e ruínas. No mundo espiritual suportara inomináveis suplícios. Inúmeras vítimas já lhe haviam perdoado os crimes; muitas, porém, se­guiram-no, anos afora... A malta, que era densa, foi-se rareando, até que se reduzira aos dois últimos inimigos, em processo final de trans­formação. O Espírito daquele menino preparou-se, pois, para a fase conclusiva do resgate e conseguiu, assim, aquela reencarnação com o propósito de completar a cura efetiva. (Cap. 7, pp. 97 e 98) 

52. Mais de cem anos de sombras e dor - O menino mais se assemelhava a descendente de símios aperfeiçoados. Calderaro explicou a André que o Espírito não retrocede em hipótese alguma, mas "as forças de manifes­tação podem sofrer degenerescência, de modo a facilitar os processos regenerativos". A entidade ali reencarnada envenenara por muito tempo os centros ativos da organização perispiritual. Cercado de inimigos, permanecia quase embotado pelas sombras resultantes de seus erros. No campo consciencial, chorava e debatia-se, sob o aguilhão de lembranças torturantes que lhe pareciam sem fim. "Os pensamentos de revolta e de vingança, emitidos por todos aqueles aos quais deliberadamente ofen­deu, vergastaram-lhe o corpo perispiritual por mais de cem anos conse­cutivos, como choques de desintegração da personalidade", esclareceu o Instrutor. Em face disso, o infeliz, distante do acesso à zona mais alta do ser, onde situamos o "castelo das noções superiores", em vão se debateu no "campo do esforço presente", ou seja, à altura da região em que localizamos as energias motoras, visto que os adversários im­placáveis, apegando-se a ele, compeliram-lhe a mente a fixar-se nos impulsos automáticos, no império dos instintos. A Lei Divina assim o permitia, porque os abusos da razão e da autoridade constituem faltas graves ante o Eterno Governo de nossos destinos. O menino, envergando outro corpo, semeara o mal e colhia-o agora. (Cap. 7, pp. 99 e 100) (Continua no próximo número.)

(1) Lembremo-nos de que este livro foi escrito no início de 1947, logo depois de finda a 2a Guerra Mundial.  
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita