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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 69 - 17 de Agosto de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

No Mundo Maior

André Luiz

(7a Parte)

Damos prosseguimento ao estudo da obra No Mundo Maior, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1947 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Que lição acerca do valor do dinheiro Pedro aprendeu com sua própria experiência?

R.: Pedro, anos depois do crime cometido, fazia agora o possível para erguer-se, mas sabia também, por experiência própria, que o dinheiro não soluciona os problemas fundamentais do destino e que o elevado conceito que possamos conseguir dos outros nem sempre corresponde à realidade. Não obstante todas as vantagens conquistadas no âmbito material, vivia enfermo, infortunado, aflito. (No Mundo Maior, cap. 5, pp. 73 a 75.) 

B. Em que consiste, para os homens, a verdadeira liberdade?

R.: Segundo Cipriana, foi o Senhor quem nos ensinou que a verdadeira liberdade é a que nasce da perfeita obediência às suas leis sublimes e que só o amor tem o suficiente poder para salvar, elevar e remir. (Obra citada, cap. 5, pp. 75 a 77.) 

C. Que provas ajudaram Cipriana a crescer espiritualmente?

R.: Resumidamente, podemos dizer que Cipriana, em sua última existência, perdeu seus sonhos, o lar, o esposo e os filhos. Seus dois rapazes foram assassinados numa guerra civil, em nome de princípios legais; as duas filhas, seduzidas pelo fascínio do prazer e do ouro, escarneceram de suas esperanças e permaneciam, então, na esfera sombria, emaranhadas em perigosas ilusões. O esposo, que era o único amigo que lhe restava, abandonou-a logo que a lepra acometeu sua carne, empolgado por visível horror. Desprezaram-na todas as afeições e lhe fugiram os favores do mundo; contudo, enquanto seus membros se desatavam do corpo que se corrompia e quando se achava relegada ao extremo desamparo dos que lhe eram caros, robustecia-se dentro dela o cântico da esperança e sua alma, apesar de todos os sofrimentos, glorificava o Senhor da Vida. (Obra citada, cap. 5, pp. 77 e 78.)

Texto para leitura

37. O ódio e a vingança não têm sentido - O enfermo hospitalizado es­tava aliviado. Nunca ninguém lhe falara assim, disse ele a Cipriana. André e Calderaro também se comoveram até às lágrimas com a cena. "Praza a Deus, André, possamos também aprender a amar, adquirindo o poder de transformar os corações", falou-lhe o Assistente. Cipriana agora, sustentando Pedro nos braços, dirigia-se ao verdugo desencar­nado, que permanecera aparentemente insensível às palavras que tanta comoção produziram nos circunstantes. A missionária, sem intimidar-se, aproximou-se, tocando-o quase, e falou-lhe humilde: "Que fazes tu, Ca­milo, cerrado à comiseração?" O algoz, com frieza, retorquiu: "Que pode fazer uma vítima como eu, senão odiar sem piedade?" Cipriana, sem se alterar, replicou: "Odiar? Sabes a significação de tal atitude? As vítimas inacessíveis ao perdão e ao entendimento soem ultrapassar a dureza e a maldade dos precitos, provocando horror e compaixão. Quan­tos se valem desse título, para pôr de manifesto as monstruosidades que lhes povoam o ser! quantos se aproveitam da hora de irreflexão de um amigo ignorante ou infeliz, para encetar séculos de perseguição no inferno da ira! A condição de vítima não te confere santidade; vales-te dela para semear, na própria senda, ruína e miséria, treva e des­troços". A missionária do bem prosseguiu falando a Camilo, lembrando-lhe que ele, embora aparentasse ser um homem prudente, não encontrara no espírito mínima réstia de piedade fraternal para desculpar o homi­cida. Há vinte anos instilava em torno de si mesmo a peçonha da ví­bora, como famulento chacal. Podendo conquistar a láurea dos vencedo­res com o Cristo, preferira o punhal da vingança, ombreando-se com os malfeitores endurecidos... "Onde esbarrarás, meu filho, com teus sen­timentos desprezíveis? em que muralha de angústias serás algemado pela Justiça de Deus?", indagou-lhe Cipriana. (Cap. 5, pp. 72 e 73)  

38. No lar de Pedro - Ante as palavras de Cipriana, Camilo vacilava entre a inflexibilidade e a capitulação. Extrema palidez cobria-lhe o rosto e, quando parecia que ia proferir uma resposta a esmo, Cipriana pediu a Calderaro ajudá-la a conduzi-los até ao lar de Pedro, onde Ca­milo atenderia aos seus rogos. A missionária transportou Pedro com os próprios recursos, mas Camilo, terrivelmente escravizado aos pensamen­tos inferiores e às intenções criminosas, estava muito pesado, e foi assim conduzido por André e Calderaro. O paciente não reagiu; todos puseram-se em viagem e em breves minutos penetravam confortável resi­dência, onde uma senhora, na sala de estar, tricotava, junto de dois filhos pequeninos. A conversação doméstica era doce, cristalina. O filho menor disse que queria orar por seu pai. "A senhora reparou, on­tem à noite, como estava aflito e abatido?", indagou-lhe o menino. A cena era comovente. A mãe logo abandonou o tricô, para ir chorar num quarto, a distância. Cipriana aproveitou o ensejo e se dirigiu a Ca­milo, desapontado, dizendo-lhe: "Efetivamente, nosso amigo subtraiu-te a vida física, noutro tempo, contraindo assim dolorosa dívida; entre­tanto, a voz deste menino devotado à prece não te sensibiliza o espí­rito endurecido?" E explicou-lhe que aquele era o lar que o Pedro cri­minoso instituiu para criar o Pedro renovado... Se cometeu falta grave, estava fazendo agora o possível para erguer-se, numa vida nobre e útil. Amparou devotada mulher, deu refúgio a cinco filhinhos, cres­ceu no conceito dos amigos, galgou posição de abastança material, mas sabia também agora, por experiência própria, que o dinheiro não solu­ciona problemas fundamentais do destino e que o elevado conceito que possamos conseguir dos outros nem sempre corresponde à realidade. Não obstante todas as vantagens conquistadas no âmbito material, ele vivia enfermo, infortunado, aflito... (Cap. 5, pp. 73 a 75) 

39. Objetivo das provas - Após referir-se a Pedro, Cipriana indagou a Camilo o que ele fizera em todo esse tempo. "Faz precisamente vinte anos que não abrigas outro propósito senão o de extermínio. O desforço detestável tem sido o objeto exclusivo de teus instintos destruidores. Teu sofrimento, agora, nasce da volúpia da vingança", disse-lhe a mis­sionária. E ela lhe perguntou: "Vale a pena ser vítima, receber a palma santificante da dor, para descer tanto na escala da vida?" De­pois disso, esclareceu que o objetivo de sua visita era ajudá-lo, não julgá-lo. O Senhor nos ensinou, disse ela, que a verdadeira liberdade é a que nasce da perfeita obediência às suas leis sublimes e que só o amor tem o suficiente poder para salvar, elevar e remir. Somos todos irmãos, suscetíveis das mesmas quedas, filhos do mesmo Pai... "Não te falamos, pois, como anjos, senão como seres humanos regenerados, em peregrinação aos Círculos Maiores!", complementou Cipriana. Havia tanto carinho naquelas palavras, que Camilo, antes frio e impassível, prorrompeu em pranto e, indicando Pedro, exclamou: "Quero ser bom e, todavia, sofro! Confrangem-me atrozes padecimentos. Se Deus é compas­sivo, por que me deixou ao desamparo?!". A cena era comovente e Ci­priana assim lhe respondeu: "Quem de nós, meu amigo, poderá apreender toda a significação do sofrimento? Indagas a razão por que permitiu o Senhor atravessasses tão dura prova... Não será o mesmo que interrogar o oleiro pelos motivos que o compelem a cozer o delicado vaso em calor ardente, ou inquirir do artista os propósitos que o levam a martelar a pedra bruta, para a obra-prima da estatuária?" A missionária falou-lhe então que a dor expande a vida, o sacrifício liberta-a. O martírio é problema de origem divina. Procurando solvê-lo, pode o espírito ele­var-se ao píncaro de luz ou precipitar-se em abismo tenebroso, visto que muitos retiram do sofrimento o óleo da paciência, com que acendem a luz para vencer as próprias trevas, ao passo que outros dele extraem pedras e acúleos da revolta, com que se precipitam na sombra. (Cap. 5, pp. 75 a 77) 

40. O caso Cipriana - Notando que Camilo chorava amargamente, Cipriana continuou, depois de breve silêncio: "Chora! Desabafa-te! O pranto de compunção tem miraculoso poder sobre a alma ferida". Calou-se então e recolheu o algoz de Pedro em seus braços, conservando os contendores conchegados ao peito, qual se lhes fora mãe comum. Depois de algum tempo, dirigindo carinhoso olhar para Camilo, prosseguiu: "Comentas o mal que te feriu, invocas a Providência com expressões desrespeito­sas... O' meu filho, cala o dom de falar quando não puderes servir ao bem. Vivi igualmente na Terra e não padeci quanto devia, considerado o tesouro da iluminação espiritual que recebi do Céu pela dor. Perdi meus sonhos, meu lar, meu esposo, meus filhos! O Senhor mos deu, o Senhor mos retomou. Meus dois rapazes foram assassinados numa guerra civil, em nome de princípios legais; minhas duas filhas, seduzidas pelo fascínio do prazer e do ouro, escarneceram de minhas esperanças e permanecem na esfera sombria, emaranhadas em perigosas ilusões. O es­poso era o único amigo que me restava; entretanto, quando a lepra aco­meteu minha carne, abandonou-me também, empolgado por visível horror. Desprezaram-me todas as afeições, fugiram os favores do mundo; con­tudo, enquanto meus membros se desatavam do corpo que se corrompia, quando me achava relegada ao extremo desamparo dos que me eram caros, robustecia-se dentro em mim o cântico da esperança". Cipriana disse então que sua alma glorificava o Senhor da Vida, que lhe concedera, um dia, todas as graças da saúde e da mocidade, retomando, em seguida, esses bens, que ela guardava por empréstimo. Deus a privara dos entes queridos, desfizera seu equilíbrio orgânico, enviou-lhe a fome e a dor; no entanto, quando a sua solidão se fez amarga e completa, sua fé elevou-se mais clara e mais viva... "Que necessitava eu, miserável mulher, senão padecer, para santificar a esperança? que não precisarei ainda, para lograr o acesso às fontes superiores? quem somos nós, se­não vaidosos vermes com inteligência mal aplicada, aos quais se tem de mil modos manifestado a Misericórdia Infinita, mas em vão?" (Cap. 5, pp. 77 e 78) 

41. Camilo se liberta - Ouvindo o relato de Cipriana, Camilo sentiu a necessidade de ajoelhar-se. Do tórax da missionária partia radioso feixe de luz, que lhe atravessava o coração, qual venábulo de luar cristalino. O desventurado Camilo beijava-lhe a destra, comovido. O amor de Cipriana o convencera por completo, e ele então clamou: "Mãe do Céu, libertai-me de minhas próprias paixões! Desfechai-me as alge­mas que eu mesmo forjei..., quero fugir, esquecer, empenhar-me na luta regeneradora, recomeçando a trabalhar!" Cipriana vencera mais uma vez... Em poucos minutos, a venerável entidade, abraçando-se a Camilo, partiu com o ex-perseguidor de Pedro, a quem ela localizaria em ter­reno de atividade restauradora. Pedro ficou confiado a André Luiz e Calderaro, que observou: "O coração que ama está cheio de poder reno­vador. Certa feita, disse Jesus que existem demônios somente suscetí­veis de regeneração ‘pelo jejum e pela prece'. Às vezes, André, como neste caso, o conhecimento não basta: há que ser o homem animado da força divina, que flui do jejum pela renúncia, e da luz da oração, que nasce do amor universal". O enfermo foi conduzido ao hospital, onde despertou sorrindo, melhorado, quase feliz. Não sentia mais a dor per­sistente no peito. Pouco tempo depois, a esposa e os filhos o visita­ram no aposento. Foi então que Pedro, chorando de júbilo, contou-lhes que tivera um sonho iluminativo. Ele assegurava ter sido visitado pela Mãe Santíssima, que lhe estendera as divinas mãos. A intervenção de Cipriana mostrara a André Luiz, com sua atuação salvadora, que a mu­lher, santificada pelo sacrifício e pelo sofrimento, se converte em portadora do Divino Amor Maternal, que intervém no mundo para enobre­cer o sentimento das criaturas. (Cap. 5, pp. 78 a 80) (Continua no próximo número.)
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita