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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 66 - 27 de Julho de 2008

LEONARDO MACHADO
leo@leonardomachado.com.br e www.leonardomachado.com.br
Recife, Pernambuco (Brasil)


Convite aos menos moços

“Ninguém te despreze por seres jovem.” (1) 

 
A visão materialista do existir muito poucos subsídios tem oferecido para a construção de relacionamentos realmente saudáveis. Com o cabresto da matéria, pensa-se ser a infância um período no qual o indivíduo se assemelha a uma tábua rasa; a mocidade, uma época de gozos e de exageros, já que a vida é muito curta e a aurora destes dias não mais aparecerá; a maturidade, a única fase útil; e a velhice, um tempo de decadência em que se espera a morte chegar. 

Mas será mesmo assim? A história já não nos deu diversos exemplos na contramão disto tudo?

Mozart e Sebastian Bach, grandes gênios musicais, começaram a desabrochar os seus potenciais ainda na infância. O primeiro compunha obras de certo peso, como interessantes sinfonias, desde criança. E o segundo, à noite, escondido do irmão mais velho, à luz de velas, transcrevia partituras que estavam muito além do seu entendimento infantil para, mais tarde, poder tocá-las e desenvolver novas técnicas nos instrumentos de teclas.  

Ainda pequeno, igualmente, Jesus surpreendia os sacerdotes da sinagoga de Cafarnaum, cidade da antiga região da Galiléia em Israel, com ensinamentos acerca da casa de seu Pai, Deus.  

Além disso, na juventude, Estevão se tornou grande baluarte das Igrejas do Caminho que se formavam logo depois da desencarnação do Cristo; Saulo de Tarso se transformou em grande trabalhador dos templos judeus e, mais tarde, do ideal cristão; Beethoven começava a mostrar toda a sua genialidade musical; Ivonne do Amaral Pereira, Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, abnegáveis médiuns, iniciaram seus respectivos trabalhos de propagação do bem.  

E, se verificarmos a senescência, observaremos o mesmo Beethoven, já surdo, compor a mais bela sinfonia do mundo e, da mesma forma, Richard Wagner escrever várias óperas de peregrina beleza. Não trabalharam bem, também, até o final de seus dias, a Sra. Ivonne e Chico Xavier? Divaldo Franco, com oitenta anos, completando sessenta anos de oratória, não consegue falar horas a fio, dia após dia, em países e mais países? 

Necessário, portanto, é repensar conceitos e modificar velhas visões, desligando-se, de uma vez por todas, da influência do materialismo para poder alargar horizontes.  

Acerca da fase juvenil, por exemplo, Léon Denis, com a peculiar poesia de seus escritos, diria: “o que caracteriza a mocidade é a opulência, a plenitude da vida, a superabundância das coisas, o impulso para o futuro”. (2) 

Para alguns, esta grande abundância da qual se reporta o pensador francês é apenas sinônimo de negatividade, devido aos grandes exemplos menos salutares que muitos jovens da atualidade, e certamente de sempre, devido ao caos moral da humanidade, conseguem dar. Contudo, este mesmo caos tem mostrado comportamentos estranhos não somente de algumas faixas etárias, ou de “x” parcela da sociedade, mas, infelizmente, de vários setores da pirâmide social.  

Neste sentido, portanto, esta “suberabundância das coisas”, da mesma forma, pode significar força e entusiasmo moral a serviço do bem, da coletividade e de si próprio.  

Tudo depende de como se vive a vida, de como se é interiormente, de que valores morais se carrega em seus ideais, e não meramente de uma questão etária ou exterior.  

Sobre isto, Allan Kardec, o grande pedagogo, escrevendo acerca do que era necessário para o real entendimento da Doutrina Espírita, disse que “há homens de notória capacidade que não a compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços mesmo, apenas saídos da adolescência, lhes apreendem, com admirável precisão, os mais delicados matizes”. Isto porque, prossegue o codificador, a parte científica do Espiritismo requer, somente, olhos para observar, enquanto que a sua parte essencial, filosófico-ético-moral, exige o que ele chama de maturidade do senso moral, “que independe da idade e do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvimento, em sentido especial, do Espírito encarnado”. (3) 

É, pois, oportuna a recomendação de Paulo a Timóteo, uma vez que não deve ser a soma de anos, ou qualquer coisa de ordem exterior, o motivo de aceitação ou de negação por parte do mundo. Mas, sobretudo, o grau de maturidade, de sensibilidade, de capacidade e de responsabilidade que cada ser apresente para o trabalho. E, no aspecto de serviço ao bem, isto é mais verdadeiro ainda.  

O Espiritismo explica, neste ponto, que todos sendo Espíritos antigos e milenares, independente da fase biológica em que se encontram, possuem um desenvolvimento que pode ir além do habitual para a maioria de sua faixa etária. Logicamente, o desenvolvimento do corpo, o esquecimento do passado e o aprendizado que se faz nesta vida vão entrar como fatores de amadurecimento global, mas há que se levar em conta, também, o Espírito imortal e a evolução efetuada no passado e não somente o que se vê com a aparência do hoje. (4) 

Foi por isso, e tendo esta visão, que o décimo terceiro apóstolo convidou o jovem João Marcos, um dos evangelistas, juntamente com Barnabé, para a sua primeira viagem missionária no ano 45, e, igualmente, Pedro o instruiu sobre os ensinos de Jesus. De igual modo, o tarefeiro da cidade de Tarso tinha outro jovem, Timóteo, na conta de querido filho e, mais que isso, de querido companheiro de divulgação da mensagem do Cristo, citando-o e o recomendando em diversas de suas famosas epístolas. Outrossim, era por isso que João, também um dos evangelistas, tinha, mesmo que na juventude, papel de destaque entre os discípulos de Jesus, sendo por este recomendado a Maria de Nazaré como verdadeiro filho. 

Por isso, caro (a) amigo (a) “menos moço (a)”, acreditar na juventude, dando-lhe oportunidades de trabalho, conforme for o seu grau de maturidade, é fazer dela não apenas o futuro, mas também é transformá-la em presente. 


Referências:

(1) 1a Epístola de Paulo a Timóteo, 4:12.

(2) Denis, Léon. O grande enigma. 10 ed., Rio de Janeiro : FEB, parte III, capítulo XV, p. 200.

(3) Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 124 ed., Rio de Janeiro: FEB, 2004, capítulo XVII, ponto 4, p. 326.

(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. 86 ed., Rio de Janeiro: FEB, 2005, pergunta 379.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita