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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 66 - 27 de Julho de 2008

ADAMS AUNI

adamsauni@ecolub.com.br

Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
 

Pescador de ilusões


Uma música em moda nos dias de hoje tem um refrão que diz assim:... Valeu a pena, eh, eh! “Valeu a pena, eh, eh, pescador de ilusões...” De todo o DVD acústico só me chama a atenção esse refrão e a batida rítmica desta musica. Nada contra os que são fãs como minhas filhas, que me fazem ouvir em alto e bom som todo o repertório.  

Elas sabem todas as letras sem errar um só refrão. Interessante, pois eu e a mãe temos que repetir as tarefas várias vezes ao dia e elas sempre se esquecem da segunda em diante. Talvez porque nos ouçam com toda aquela boa vontade e disposição, que levam tanto tempo para fazer a primeira tarefa e, da segunda, nem se lembram mais? E olha que é ao vivo! 

Já fui pescador de rio, lá no Mato Grosso. Não! Não vivia da pesca. Ia pescar com um grupo, duas vezes por ano, tinha credenciamento e pagava taxa anual. Coisa seria. Ficávamos acampados em vários locais dos rios Miranda, Vermelho, Salobra e outros, bem próximo a Corumbá, longe pra caramba daqui de casa, mas uma maravilha de lugar, um cenário de paraíso.  

“Era tão bão que inté esquecia do mundo!” Verdade, esquecia até das contas a pagar!  

Viajar mais de 30 horas, acampar à beira do rio, 10 dias longe da civilização, comendo mal, dormindo mal, ser devorados por mosquitos mais ferozes que o da dengue, sem água potável, sem banheiro, e fazer 6 horas de barco só para fazer uma boa pesca.  

Quanta saudade! Me vêm lágrimas aos olhos e um nó na garganta só de lembrar! Grandes histórias e muita satisfação. Chegávamos a trazer mais de 400 quilos de peixe e não é mentira, tem tudo registrado, fotografado, certificado e pesado, pois tudo era checado quando passávamos na fronteira do Estado.  

Aventuras de montão para guardar na mente e no coração. E quando acabava tudo isso, dirigir por 30 horas e retornar a casa. Dez dias de pesca, sofrimento, cansado, renovado e feliz.  

Hoje, de segunda a sexta, faço normalmente um mesmo trajeto para ir ao trabalho, levo aproximadamente uma hora e trinta minutos para percorrer 70 km.  Uma rotina só! 

Certa vez fui rebelde à rotina, alterei o caminho e fui pela praia. Lembrei que temos praia, absurdo! E me deparei com uma maravilha, “o mar”!  

Agradeci os limitadores de velocidade que me fizeram reduzir e me manter a 60 km por hora, fui literalmente obrigado a apreciar o mar.  

Fiquei com vergonha de mim mesmo! Primeiro, por não ter esse hábito, morando tão perto. E, segundo, por estar ali e não parar de pensar nos problemas que deveria já estar adiantando pelo celular para quando chegar à empresa ter mais coisa pra fazer.  

Olhei para o mar, pedi perdão a Deus e fui por todo o trajeto agradecendo. 

Reparei no mar, nas ondas, na areia, reclamei da boa vida do surfista e a consciência me devolveu com: Oh, mané, em vez de criticar o cara, acorda mais cedo, vai malhar, perder a barriga, pega uma prancha e aprende a surfar! Depois desse sabão imaginei a cena de um surfista de cabelos longos, barba, com uma bela prancha, me dizendo: ...Quer ser como eu? Pegue a sua prancha e siga-me! Ele se vira e sai caminhando sobre as águas!  

Covardemente tirei umas fotos do mar pelo celular e enviei para a equipe do escritório! Que horrível! Nunca mais fiz isso, agora só telefono.  

O dia-a-dia começa mais ou menos assim, trabalho num bairro muito pobre e sem muitos recursos, a comunidade é tão carente que pode se comparar às comunidades da África ou do nosso Nordeste.   

O que no nosso bairro é considerado lixo e descartado ou reciclado pelos catadores, lá é considerado item de valor.  Um choque socioeconômico, todos os dias. 

Pescador de ilusões! O que quer dizer? Só um título de música ou uma possibilidade real?  

E a nossa rotina, dá para mudar? O que pensa o pescador? O que faz o pescador? 

Como vivem os que têm doenças incuráveis, depressão, abandono, problemas domésticos, conflitos familiares, violência doméstica, falta de recursos, falta de escola, falta de material para ir à escola, falta de roupa, falta de sapato,  sem comida suficiente,  sem moradia  adequada e tantas outras situações...? No que será que acreditam? O que sonham? 

Reclamamos do calor morando por aqui, imagine aqueles que habitam por necessidade em construções tipo abrigos, construídos com placas de madeira e cobertura de zinco... Já experimentaram algo parecido?  

Quando faz calor é um forno e quando chove é uma ducha! 

Mesmo sem praia ou montanha, existem grandes possibilidades ou no máximo entendimento dessas possibilidades.  

A bênção Divina nos dá oportunidades! 

Será que simplesmente nos dá? Ou Ele espera que façamos com ela algo para nós mesmos como para os outros?  

Reflexão para pescador de ilusão! 

Reclamar então seria uma grande injustiça com Ele, não é mesmo? 

Agradecer sempre, já seria um grande começo! E olha que todo começo é pequeno. 

Como se comporta um pescador? Alguém aí já pescou? Pesque-pague e festa junina não vale! 

Pra pescar tem que se preparar. Tem que escolher o local, usar a vara de pescar correta, a isca apropriada, conhecer o tempo e ter paciência, muita paciência. Pois, às vezes, somos obrigados a ficar muito tempo em uma mesma posição e os peixes nem sempre se interessam pela isca. 

Tudo isso toma tempo, técnica, perseverança e disciplina. Tudo com muita fé! 

Quem ainda não sabe como se faz e quer aprender? 

Olha, tem um grande pescador por aí! Ele é da antiga, mas por incrível que pareça está sempre atual e suas “dicas” valem muito até hoje! O cara sabe tudo! Tem até um manual que uma galera, que esteve com ele, escreveu. Dá todas as dicas; local, iscas, tipos de peixes e tudo mais, vale muito a pena! 

Ensina-nos até a nos descobrirmos, pescador, no sorriso de uma criança, pode?

O texto se estendeu demais, mas é que às vezes me percebo como um pescador a serviço do patrão, estar à beira do rio e observar a sua beleza, as águas cristalinas passando diante mim, cheio de peixes e como se todo o tempo do mundo estivesse à minha disposição ou ficasse parado ao meu desejo. 

Precisa usar o anzol adequado, a isca adequada, dar muita, muita linha, e aguardar pacientemente o peixe fisgar... E revejo a cena, como um filme que se repete... Observando o rio passar, as águas cristalinas, os peixes, o anzol, a linha e... 

Não aconteceu, mas podia ter acontecido de surgir à minha frente, no vidro traseiro de um carro, um adesivo escrito assim: “Tá estressado? Eu acrescentaria: depressivo, sem grana, devendo, separado, sozinho, enrolado, com problemas e outros bichos? Vai pescar”!


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita