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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 65 - 20 de Julho de 2008

WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná (Brasil)  

A corrupção e a lei de
causa e efeito

A sociedade vive atualmente uma crise de valores. Discute-se do tecnológico ao econômico; do político ao social; do religioso ao ético. Particularmente neste campo, o moral, temos instalado aqui no Brasil uma crise que repercute nos demais, especialmente o político e o social. Muito já se falou sobre “o jeitinho brasileiro”, onde para qualquer situação incômoda há uma artimanha, uma esperteza para dela escapar; sobre “a lei do Gerson”, onde sempre se tem que levar vantagem; sobre “o dando é que se recebe”, em que a máxima franciscana foi aviltada para significar a troca inescrupulosa de favores na política brasileira.

O questionamento passa pelo terreno educacional onde o modelo de ensino vigente, principalmente o universitário, tem lançado no mercado de trabalho grande número de profissionais despreparados. Outro contingente deles, que deveria dar exemplo de caráter e respeito aos princípios básicos da profissão, compromete o início da carreira pela incoerência e mau exemplo, como é o caso de estudantes de Direito ou Medicina envolvidos com drogas, assunto que foi alvo de recente pesquisa com os alunos da USP.

Erro de base plantado nos primeiros degraus do ensino onde se teima confundir instrução com educação. Pena que não lêem Kardec, o discípulo de Pestalozzi, e aprenderiam que o conhecimento puro e simples deixa um vazio imenso atrás de si porque cuida somente do intelecto, porém, educação é muito mais que isso, devendo, para ser completa, abarcar também o físico, o moral e o espiritual. Mas a escola pública massificada e mesmo a particular não estão aparelhadas para oferecer esse tipo de educação. No mínimo, seria de se esperar que o grupo mais elementar da sociedade, que é a família, fornecesse o suporte moral, por sua vez assentado na força da religião.

Mas a família está diferente, já não possui a mesma estrutura. Algumas boas mudanças, como a mulher que adquiriu sua independência e trabalha fora do lar. Mas e a que custo? Como ficam os filhos? E a chamada dupla jornada de trabalho para aquelas que têm necessidade de contribuir, às vezes, como titulares no orçamento doméstico, e não podem contar com os serviços de uma empregada doméstica, não raro, elas próprias fazendo esse trabalho? Os hábitos e costumes sociais mudaram, veio a liberação sexual levando tantos ao abuso. As jovenzinhas iniciam-se sexualmente cada vez mais cedo e, conseqüência natural, na mesma cronologia, também engravidam, imaturas física e psicologicamente, crianças, elas próprias. Muitas abortam. Milhares e milhares de ambos os sexos enveredam pelos descaminhos das drogas, trazendo a reboque tantas vezes a desgraça da AIDS.

A instituição que deveria apoiar e orientar sem reprimir ou amedrontar é a religião. Caberia a ela manter incólume a expressão perante os homens das leis divinas. Mas ela também está falhando, especialmente as dominantes. Domínio no número de adeptos, mas vulneráveis, enfraquecidas em seu poder de influência pela insatisfação dentro e fora de seu seio umas; outras apenas se mantendo pelo relho do fanatismo e do interesse material. Decretada a falência moral da nossa sociedade? Nem tanto.

Como afirmou Jesus, há necessidade dos escândalos, mas ai daqueles por quem vêm os escândalos. E os Espíritos Superiores completam: às vezes há necessidade de se atingir o excesso do Mal para que se insurja contra ele, compreenda-se que ele não interessa a ninguém, ou, pelo menos, à maioria, porque é em detrimento desta maioria que a minoria a ele se entrega. No linguajar popular, dir-se-ia que se chega ao fundo do poço. De tão ruim e por não se ter como descer mais, torna-se obrigatória a tentativa de subida.

Exemplos recentes desta afirmativa observamos em relação aos índices da violência urbana e a avalanche de corrupção que assola o país. Infelizmente as mudanças não são como se desejariam. Em ambos os casos, testemunhamos algo mais próximo de reações espasmódicas do que a cura propriamente dita. Não faz muito tempo, diante de tanta insegurança e iniqüidades, especialmente a criminalidade, instituições sociais dos mais variados segmentos uniram-se e mobilizaram algumas centenas de milhares de pessoas, principalmente nas grandes cidades, num movimento pela paz. Houve manifestações diversas, a mídia deu cobertura, lideranças contribuíram com planos e sugestões, o governo prometeu verbas para conter a onda de rebeliões nos presídios e aparelhamento dos órgãos repressores.

Quanto à corrupção, quando o clamor popular derrubou um presidente da República, parecia ser o sinal da grande virada. Estão aí os fatos para nos desmentir. E, de certa forma, nos desesperançar. Um Senado conspurcado por fraudes, intrigas e muitas mentiras, onde o próprio presidente da casa esteve envolvido. E a roubalheira da SUDAM e da SUDENE? E o ministro que teve que renunciar sob o peso de acusações de desvio de verbas e favorecimento ilícito a parentes e amigos? E o TRT de São Paulo e o Sr. Paulo Estevão? E o cassado Sérgio Nahia? Mas estes escândalos já são velhos e por muitos esquecidos. Outros os substituíram e tomam conta da mídia. Membros do Executivo, Legislativo e Judiciário, respeitáveis “excelências” que, em geral, pertencem à classe econômica mais bem aquinhoada da sociedade pela posição que ocupam e cargos que exercem, mas em especial pelos salários que recebem, passando o péssimo exemplo à classe média que se arvora em direitos de imitá-los, sonegando, subornando, explorando para também usufruir facilidades. Pior para o povo sofrido, com pouca ou nenhuma perspectiva, que trabalha muito – quando tem emprego – e ganha pouco, e para quem a lei e a “justiça” mostram suas garras e dentes diante do menor deslize. Manobras espúrias sepultam CPIs esboçadas para investigar a fundo a corrupção. Por que tanto empenho (vergonhosa compra de desistências com liberação de verbas na véspera da entrega das assinaturas) em abortá-las? Medo de quê?

Crise moral profetizada por Rui Barbosa quando disse que o homem um dia sentiria vergonha de ser honesto. Crise moral originada pela chaga do egoísmo, alastrando-se como uma peste epidêmica pelo corpo social, e referenciada em O Evangelho segundo o Espiritismo de que a perseverança dos bons seria tão duramente testada que a caridade de muitos esfriaria.

Tem remédio? Tem cura? É claro que sim. Basta termos humildade e voltarmos as atenções para a verdadeira natureza do ser. Olhando para dentro e vendo-nos como Espíritos imortais, temporariamente revestidos de um corpo de carne e matriculados no grande educandário da Vida como aprendizes do Cristo, entenderemos que dinheiro, fama, poder, sexo, beleza física são talentos de valor relativo cujo pouco brilho está artificialmente aumentado pelas lentes da ilusão. Ao cruzarmos a fronteira da morte, não nos perguntarão quais títulos possuíamos ou quanto de riqueza monetária ajuntamos. Teremos a nosso favor somente o conteúdo da bagagem de nossas ações firmadas no Bem, no Amor e na Justiça. O resto, todo o entulho, terá ficado irremediavelmente perdido.

Quanto aos promotores das desigualdades e das injustiças, dos agentes ativos e passivos da corrupção, dos usurpadores do bem público e da paz alheia, dos exploradores da fé, dos aproveitadores de toda ordem, dos maus ricos e pobres revoltados, dos assassinos de coração de gelo e gênios da tirania de todos tipos, estes, mãos vazias e consciências aferroadas pelo remorso, recomeçarão – porque a bondade de Deus não lhes negará tantas quantas oportunidades se fizerem necessárias através da reencarnação para avançarem –, mas sob a guante da dor para que resgatem seus débitos contraídos junto aos indivíduos e à coletividade e aprendam a valorizar cada coisa de maneira justa e precisa.

E a primeira lição que terão que recapitular será a ensinada há 2000 anos e que o homem recusa-se obstinadamente a assimilar: “Amar ao próximo como a si mesmo e somente fazer aos outros o que gostaria que estes lhe fizessem”.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita