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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 64 - 13 de Julho de 2008

LEONARDO MACHADO
leo@leonardomachado.com.br e www.leonardomachado.com.br
Recife, Pernambuco (Brasil)

Sensibilidade artístico-musical

 
Neste mundo, ainda, de provas e de expiações, muitas coisas faltam. Porém, dentre elas, a sensibilidade se afigura como sendo uma das mais escassas em a humanidade. 

Tal afirmativa não se encerra tão-somente no campo artístico, mas em todos os âmbitos da sociedade. É a ausência dela, por exemplo, que faz com que o ser não perceba a necessidade de um olhar mais abrangente, quando alguém, muitas vezes muito próximo, está segurando toneladas à surdina, mas, mesmo assim, nós, insensíveis, colocamos mais pesos em suas mãos, fazendo-o escutar lamúrias intermináveis, porque insaciáveis são as nossas visões egóicas.

Filha do egoísmo, a insensibilidade torna as pessoas quase como máquinas, tirando delas o que possuem, talvez, de mais belo, que é a capacidade de sentir.  

Se no meio social a escassez de percepção sensível é algo problemático, em o meio artístico ela se torna muito mais grave, especialmente na música, já que ela, no dizer de Léon Denis, em seu livro “O Espiritismo na Arte”, “é a voz dos céus profundos”.  

Tem-se dado muitas definições acerca dessa musa de Euterpe. Ludwig Van Beethoven chegou a dizer que a “música é o pressentimento de coisas celestiais”. E com essa frase aproximou-se ele, por certo, da essência musical, dizendo, em outras palavras, da ascendência luminosa da mesma, que o Espiritismo enuncia, como se viu, por exemplo, por intermédio do eminente poeta da filosofia e da Doutrina Espírita, Léon Denis.  

Bebendo-se na fonte límpida de Kardec, vê-se que “o que há de sublime na arte é a poesia do ideal, que nos transporta para fora da esfera acanhada de nossas atividades” (“Obras Póstumas”, em “Influência do pensamento materialista nas artes”). E a mediunidade de Chico Xavier vem-nos falar, igualmente, dessa capacidade que a arte tem, quando em seus livros achamos que “a arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas” (“O Consolador”, de Emmanuel, Parte II, pergunta 161.)  

Com essa visão da arte, em especial, da música, pergunta-se como entrar em sintonia com essa esfera celeste da criação?   

Por certo vários fatores convergem para tal, contudo, a sensibilidade é fundamental. Sem ela não se é capaz de fazer com que o pensamento adentre por recantos iluminados, pois que em sua ausência o psiquismo do ser fica impregnado de inferioridade e de mesquinhez, coisas não compatíveis com o amor dos céus de onde advém a real harmonia.

Sendo assim, o que é preciso para se levar o nome de artista e de músico? Mais uma vez, a sensibilidade se apresenta como primordial. Sem ela, concebe-se, até, tentativas artísticas, gritos opacos de beleza. Entretanto, só com ela, pode-se chegar a ser, de fato, artista. 

Ora, uma vez que a música vem de paragens siderais benfazejas, a arte de Euterpe feita na Terra deve tentar se aproximar, ao máximo, da beleza real. E, desse modo, o ser que a faz no planeta só conseguirá retratar com maior fidedignidade o que existe no horizonte maior do espaço, se for sensível, realmente, ao belo.  

Como toda evolução, a parte intelectual, igualmente, tem seu valor. Porém, ela é mais fácil de ser feita, já que lida com o exterior do ser, por meio de matérias cognitivas. É claro que com uma vida não se consegue chegar à categoria intelectual que, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart tinha. No entanto, pelos milênios, aprende-se as lições da teoria musical.  

Porém, o que diferencia um gênio da categoria do compositor austríaco de um ser que atingiu o conhecimento de ser capaz de fazer críticas terrenas sobre o contraponto de suas partituras não é, propriamente, a carga intelectual dessas criaturas, mas, com certeza, o aspecto interior de Mozart, especialmente a sua sensibilidade, que lhe dava condições de ver além das regras de pentagrama terreno perfeito, possibilitando-o entrever as melodias celestes e retratá-las, à sua maneira sensível, nas pautas musicais. 

Com certeza, o estudo faz com que o ser consiga, aos poucos, adentrar o campo da sensibilidade, por despertar nele o desejo de sair da mediocridade da criticidade do planeta. Entretanto, geralmente, essa conquista íntima da sensibilidade, só tardiamente se faz. O processo é semelhante aos outros tipos de evolução intelectual e moral do ser, tão bem expostos em “O Livro dos Espíritos”, do querido Allan Kardec, em as questões 779 a 785.  

A diferença, porém, vale ressaltar, é que no aspecto da evolução artística mais moral, mais íntima, não estamos querendo dizer que é preciso o estado de angelitude, a reunião de todas as virtudes, mas que, nesse âmbito, pelo menos, o progresso de ter adquirido a sensibilidade é fundamental.  

A sensibilidade desperta a emoção, e esta faz com que as energias mais sutis do “eu”, Espírito, vibrem, reverberando, assim, as teias do perispírito que fazem com que as sinapses mais elaboradas das neurotransmissões cerebrais sejam ativadas e levem o ser ao estado de êxtase, que o faz capaz de entrever, mesmo na Terra, as belezas do além. 

No cerne da diferenciação da mediocridade com a genialidade se afigura a sensibilidade como divisora de águas. Eis por que o mestre Beethoven disse: “o erro não está em tocar uma nota errada, mas em executá-la sem emoção”, evidenciando, mais uma vez, as tramas sutis dessa virtude como figura de destaque. 

E a importância da sensibilidade se torna ainda mais patente quando se vê músicos que conseguiram a graduação na faculdade, mas que não conseguem entender a abrangência da arte, compondo melodias esdrúxulas, ao lado de outros que, quase ignorantes musicais nesta vida, conseguem escrever notas que tocam a alma. 

É porque os primeiros conquistaram o conhecimento exterior nesta existência, e terão que ir à busca da sabedoria da sensibilidade depois. Enquanto os segundos, Espíritos milenares, fizeram as suas universidades por meio das reencarnações, vindo, no leito do esquecimento de uma nova vida, despertar a sensibilidade tão necessária.  

Quando, pois, aqueles que lidam com arte despertarem a sensibilidade, poderão ser chamados de artistas.  

E isso é, ainda mais, importante para aqueles seres que conhecem a arte e os ensinamentos de Jesus sob a ótica espírita. Para esses a necessidade de uma auto-análise é muito maior, pois que não poderão dizer que não sabiam. 

Assim, devem esses buscar, cada vez mais, o conhecimento, mas nunca devem esquecer que sem a real sensibilidade, não aquela piegas, mas a que coloca o ser mais perto de Deus, serão músicos sem ou com muito pouca musicalidade, artistas carentes de “artisticidade”, ou poetas deficientes de poesia.  

Quando no mundo a arte se corrompe através de melodias sexuais e aterrorizantes, exprimindo o primitivismo de muitos seres, sejam as nossas lides espíritas cheias de artes e de música. Mas não a do mundo, parafraseando as palavras de Jesus acerca da paz que trazia à Terra, e sim aquela que retrate o amor em sons, despertando – naqueles que ouvem – a sensibilidade, já que, como dissera um amigo espiritual nosso, “a música tem o poder de despertar a sensibilidade” (Sâmio).
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita