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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 63 - 6 de Julho de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

No Mundo Maior

André Luiz

(1a Parte)

Iniciamos hoje o estudo da obra No Mundo Maior, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1947 pela Federação Espírita Brasileira. O estudo será aqui apresentado em 20 partes.

Questões preliminares

A. Ao regressar à pátria espiritual, que bagagem nós transportaremos?

R.: É Emmanuel quem assevera, no prefácio do livro ora estudado, que o batismo simbólico ou o tardio arrependimento no leito da morte não bastam para garantir o futuro espiritual de ninguém. Cada criatura transporá a aduana da eternidade com a exclusiva bagagem do que houver semeado, e aprenderá que a ordem, a hierarquia e a paz do trabalho edificante são característicos imutáveis da Lei, em toda parte. (No Mundo Maior, prefácio de Emmanuel, pp. 9 a 12.)

B. Que é preciso para que o homem físico se converta em homem espiritual?

R.: A lição vem do assistente Calderaro: "O acaso não opera prodígios. Qualquer realização há que planejar, atacar, pôr a termo. Para que o homem físico se converta em homem espiritual, o milagre exige muita colaboração de nossa parte". "As asas sublimes da alma eterna não se expandem nos acanhados escaninhos de uma chocadeira. Há que trabalhar, brunir, sofrer." (Obra citada, cap. 1, pp. 19 e 20.)

C. A prece é apenas um ato de adoração?

R.: Não apenas isso. A prece é, além de uma manifestação de reverência religiosa, valioso recurso de acesso aos inesgotáveis mananciais do Divino Poder. (Obra citada, cap. 1, pp. 20 a 23.)

Texto para leitura

1. A insuficiência do batismo e do arrependimento - No prefácio deste livro, Emmanuel refere-se às multidões que, diariamente, partem da Crosta em demanda do país da Morte. Raros viveram aqui nos montes da sublimação, vinculados aos deveres nobilitantes. "A maioria – asse­vera o Benfeitor – constitui-se de menores de espírito, em lutas pela outorga de títulos que lhes exaltem a personalidade. Não chegaram a ser homens completos". Não raro, acomodaram-se com os vícios de toda a sorte e, curiosamente, muitos deles se atribuíam a indébita condição de "eleitos da Providência", julgando-se aptos a aplicar a justiça ao próximo, sem se darem conta das próprias faltas, esperando um paraíso de graças para si e um inferno de tormentos para os outros. Dessa ca­ravana, que parte continuamente em direção à vida post-mortem, parti­cipam santos e malfeitores, homens diligentes e homens preguiçosos. Onde albergá-los? Como designar a mesma estação de destino a pessoas de cultura, posição e bagagem tão diversas? Emmanuel nos faz refletir então sobre a questão do merecimento, as diferentes situações que nos aguardam no além-túmulo e a necessidade do aperfeiçoamento da alma, visto que o batismo simbólico ou o tardio arrependimento no leito da morte não bastam para garantir o futuro espiritual de ninguém. "A vida nunca interrompe atividades naturais, por imposição de dogmas estatuí­dos de artifício", afirma o Benfeitor Espiritual, indagando, por sua vez: "se mera obra de arte humana, cujo termo é a bolorenta placidez dos museus, exige a paciência de anos para ser empreendida e reali­zada, que dizer da obra sublime do aperfeiçoamento da alma, destinada a glórias imarcescíveis?" (Prefácio, pp. 9 e 10) 

2. A morte não garante a ninguém a ventura celeste - Emmanuel esclarece que a missão de André Luiz, ao escrever esta série de livros, consiste em nos "revelar os tesouros de que somos herdeiros felizes na Eternidade, riquezas imperecíveis, em cuja posse jamais entraremos sem a indispensável aquisição de Sabedoria e de Amor". "Somos filhos de Deus, em crescimento", ensina o Benfeitor Espiritual. Os ascendentes que nos presidem os destinos são de ordem evolutiva, pura e simples, com infalível justiça a seguir-nos de perto. "A morte – lembra o men­tor de Chico Xavier – a ninguém propiciará passaporte gratuito para a ventura celeste. Nunca promoverá compulsoriamente homens a anjos. Cada criatura transporá essa aduana da eternidade com a exclusiva bagagem do que houver semeado, e aprenderá que a ordem e a hierarquia, a paz do trabalho edificante, são característicos imutáveis da Lei, em toda parte". Em seguida, lembrando-nos que, depois do sepulcro, ninguém go­zará de um descanso a que não tenha feito jus, porque "o Reino do Se­nhor não vem com aparências exteriores", diz que os companheiros que compreendem a necessidade do trabalho e do esforço individual para a ascensão não se surpreenderão com as narrativas de André Luiz. "Sabem eles que não teriam recebido o dom da vida para matar o tempo, nem a dádiva da fé para confundir os semelhantes." E conclui: "cada lavrador respira o ar do campo que escolheu". (Prefácio, pp. 11 e 12) 

3. O Instrutor Eusébio - André Luiz refere-se a um memorável encontro que ele e o Assistente Calderaro teriam com o Instrutor Eusébio, abne­gado paladino do amor cristão, em serviço de auxílio a companheiros necessitados. Há muito, Eusébio se dedicara ao ministério do socorro espiritual. Seus créditos espirituais eram vastíssimos. O Instrutor renunciara a posições de realce a adiara realizações pessoais impor­tantes, para consagrar-se inteiramente aos famintos de luz. Superin­tendia prestigiosa organização de assistência em zona intermediária, atendendo a estudantes relativamente espiritualizados, ainda jungidos à Crosta, bem como a discípulos recém-libertos do campo físico. Não obstante o constante acúmulo de serviços complexos, Eusébio encontrava tempo para semanalmente descer à Crosta, satisfazendo interesses ime­diatos de aprendizes que se candidatavam ao discipulado, mas não reu­niam recursos de elevação para ir ao seu encontro, na sede superior. André Luiz não o conhecia pessoalmente. Calderaro, contudo, recebia-lhe a orientação e a ele se referia com o entusiasmo do subordinado que se liga ao chefe, guardando o amor acima da obediência. (Cap. 1, pp. 13 a 15) 

4. O Assistente Calderaro - Calderaro prestava serviço ativo na pró­pria Crosta, atendendo de modo direto aos irmãos encarnados. Especia­lizara-se na ciência do socorro espiritual, que entre os estudiosos do mundo poderia ser chamada "psiquiatria iluminada". Como dispunha de uma semana sem obrigações definidas, André Luiz solicitara ingresso na turma de adestramento orientada pelo Assistente, que o aceitou de boa vontade. Os casos atendidos por Calderaro não apresentavam continui­dade substancial; desdobravam-se; constituíam obra de improviso; obe­deciam ao inopinado das ordens de serviço ou das situações. Em face disso, o Assistente não traçava, a rigor, programas quanto a particu­laridades. Executava seus deveres onde, como e quando determinassem os desígnios superiores. O objetivo fundamental da tarefa circunscrevia-se ao socorro imediato aos infelizes, evitando-se, quanto possível, a loucura, o suicídio e os extremos desastres morais. Para tal mister, o missionário precisa conhecer profundamente o jogo das forças psí­quicas, com acendrado devotamento ao bem do próximo. Era esse precisa­mente o seu caso. A bondade espontânea lhe era indício da virtude, e a inquebrantável serenidade revelava-lhe a sabedoria. (Cap. 1, pp. 15 e 16) 

5. A assistência aos companheiros hesitantes - Em torno do local do encontro com Eusébio, árvores robustas, de copas farfalhantes, alinha­vam-se, imponentes. O vento passava cantando, em surdina. No recinto iluminado de claridades inacessíveis às percepções humanas, aglomera­vam-se aproximadamente mil e duzentas pessoas. Deste número, oitenta por cento eram aprendizes de templos espiritualistas diversos, tempo­rariamente afastados do corpo físico pela força liberativa do sono. Os demais eram colaboradores do plano espiritual em tarefa de auxílio. Muitos ali se mantinham de pé; outros, porém, se acomodavam nas protu­berâncias do solo alcatifado de relva macia. O Instrutor Eusébio fala­ria, naquela reunião, a estudantes do espiritualismo em suas correntes diversas, candidatos aos serviços de vanguarda. Ainda inaptos aos grandes vôos do conhecimento, conquanto nutrissem fervorosas aspi­rações de colaboração no Plano Divino, eram eles companheiros de ele­vado potencial de virtudes. Exemplificavam a boa vontade, exercitavam-se na iluminação interior, mas não haviam ainda criado o cerne da con­fiança para uso próprio. Ante as tempestades naturais do caminho, tre­miam. Em face das provas necessárias ao enriquecimento da alma, hesi­tavam. Isso exigia dos benfeitores espirituais particular cuidado, visto como se constituíam nos futuros instrumentos para os serviços da frente. Calderaro explicou então que, apesar da claridade que lhes as­sinalava as diretrizes, esses companheiros padeciam ainda desarmo­nias e angústias que ameaçavam seu equilíbrio incipiente. Gozavam, por isso, de toda a assistência das instituições socorristas. A libertação pelo sono era o recurso imediato dessas manifestações de amparo fra­terno. "A princípio – informou Calderaro – recebem-nos a influência inconscientemente; em seguida, porém, fortalecem a mente, devagarinho, gravando-nos o concurso na memória, apresentando idéias, alvitres, su­gestões, pareceres e inspirações beneficentes e salvado­ras, através de recordações imprecisas". (Cap. 1, pp. 16 a 18) 

6. O acaso não opera prodígios - A comunidade de trabalho a que Calde­raro era vinculado se dedica, essencialmente, à manutenção do equilí­brio, pois a modificação do plano mental das criaturas não pode ser imposta a ninguém: é fruto de tempo, esforço, evolução. Certo, impre­vistas renovações se dão à força dos abalos que vez por outra sacodem os alicerces do mundo; mas, a própria razão periclita em face do surto da inteligência moderna, conjugada com a paralisia do sentimento. "O progresso material – asseverou Calderaro – atordoa a alma do homem desatento". "Grandes massas, há séculos, permanecem distanciadas da luz espiritual", esclareceu. "A civilização puramente científica é um Saturno devorador, e a humanidade de agora se defronta com implacáveis exigências de acelerado crescer mental. Daí o agravo de nossas obri­gações no setor da assistência." Em conseqüência, as necessidades de preparação do espírito intensificavam-se em ritmo assustador, o que para Calderaro parecia coisa natural: "O acaso não opera prodígios. Qualquer realização há que planejar, atacar, pôr a termo. Para que o homem físico se converta em homem espiritual, o milagre exige muita colaboração de nossa parte". E ele concluiu; "As asas sublimes da alma eterna não se expandem nos acanhados escaninhos de uma chocadeira. Há que trabalhar, brunir, sofrer". (Cap. 1, pp. 19 e 20) 

7. Sem Deus somos frondes decepadas - Eusébio penetrou o recinto, la­deado por seis assessores, todos eles envoltos em halos de intensa luz. O Instrutor não exibia os traços de senectude que geralmente ima­ginamos nos apóstolos das revelações divinas. Sua figura era de um ho­mem robusto, em plena madureza espiritual, e seus olhos escuros e tranqüilos pareciam fontes de imenso poder magnético. Eusébio contem­plava a todos, sorridente, qual simples colega, e sua presença fez com que cessassem todas as conversações que aqui e ali se entretinham, en­quanto fios de luz eram tecidos por trabalhadores do plano espiritual em torno do agrupamento de Espíritos, isolando-os de qualquer assédio eventual das forças inferiores. De pé ante a assembléia, Eusébio res­pirava segurança e beleza. De seu rosto imperturbável, a bondade, a compreensão, a tolerância e a doçura irradiavam simpatia inexcedível. A túnica ampla, de tom verde-claro, emitia cintilações esmeraldinas. Eusébio infundia veneração e carinho, confiança e paz. Foi então que, erguendo a destra para o Alto, ele orou com inflexão comovedora, ro­gando bênçãos e proteção ao Senhor da Vida. "De nós mesmos, Senhor, nada podemos. Sem Ti, somos frondes decepadas", eis um trecho da ora­ção com que o Instrutor abriu o singular encontro. Concluída a roga­tiva, o amorável amigo baixou os olhos enevoados de pranto, e viu-se então que das alturas uma claridade diferente caía sobre todos, em jor­ros cristalinos. Partículas semelhantes a prata eterizada choviam no recinto, infiltrando-se nas raízes das árvores mais próximas. Ao con­tacto dos eflúvios divinos, André Luiz reparou que suas forças gra­dualmente serenavam e, em torno, pairavam as mesmas notas de alegria e de beleza, pois a calma e a ventura transpareciam de todos os rostos, voltados, extáticos, para o Instrutor, em redor do qual se mostravam mais intensas as ondas de luz celeste. Comprovava-se mais uma vez que a prece não é apenas uma manifestação de reverência religiosa, senão também recurso de acesso aos inesgotáveis mananciais do Divino Poder. (Cap. 1, pp. 20 a 23) 

8. Um século é um cenário veloz - Com o tórax afogueado de suave luz, Eusébio dirigiu-se aos ouvintes, sob leve e incessante chuva de raios argênteos. Inicialmente, explicou-lhes que os encarnados ali presentes não poderiam guardar plena recordação daquele encontro, ao retomarem o envoltório carnal, dada a incapacidade do cérebro humano de suportar a carga de duas vidas simultaneamente. A lembrança do que ali se falaria persistiria, porém, no fundo de cada ser, orientando-lhes as tendên­cias superiores para o terreno da elevação e abrindo-lhes a porta in­tuitiva para a percepção de pensamentos fraternos emanados dos prote­tores invisíveis. Foi uma preleção extensa, repleta de ensinamentos valiosos. Eusébio pediu inicialmente que ninguém olvidasse que a chama do próprio coração, convertido em santuário de claridade divina, é a única lâmpada capaz de iluminar o mistério espiritual, em nossa marcha pela senda redentora e evolutiva. "Ao lado de cada homem e de cada mulher, no mundo, permanece viva a Vontade de Deus, relativamente aos deveres que lhes cumprem", asseverou Eusébio. Todos temos à frente o serviço que nos compete. Se o Universo se enquadra na ordem absoluta, nós – aves livres em limitados céus – interferimos no plano divino, criando prisões e liames, libertação e enriquecimento para nós mesmos. "Insta, pois, nos adaptemos ao equilíbrio divino, atendendo à função insulada que nos cabe em plena colmeia da vida", conclamou o pales­trante, considerando que todos somos, no palco da Crosta Planetária, os mesmos atores do drama evolutivo. "Cada milênio é ato breve, cada século um cenário veloz. Utilizando corpos sagrados, perdemos, entre­tanto, quais despreocupadas crianças, entretidas apenas em jogos in­fantis, o ensejo santificante da existência." (Cap. 2, pp. 24 e 25) (Continua no próximo número.)
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita