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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 62 - 29 de Junho de 2008

JÁDER SAMPAIO
jadersampaio@uai.com.br
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)

Uma criança assistida 

 
Existem críticas direcionadas à atividade assistencial espírita, de ordinário são feitas pelos que a conhecem a distância, de oitiva, ou que já estiveram temporariamente em uma ou duas casas espíritas, experiência que julgam significativa para a emissão de juízo.

– "A assistência social espírita é paternalista!", dizem uns.

– "O trabalho com o pobre o transforma em um cordeiro amansado", alegam outros.

Sempre que ouço o discurso "politicóide", recordo-me de um garoto que conheci há alguns anos...

Quando conheci o Edinho (1), tinha três anos. Chamou-me a atenção uma possível deficiência auditiva de que era portador. Nunca falava. Tornei-me mais íntimo dele quando foi necessária uma troca de salas de aula e ele se recusava a sair de onde estava. Resolvi "dar-lhe uma carona" e senti na pele a raiva "energética" que lhe

tonificava os músculos. Edinho distribuiu tapas no rosto, pontapés e cusparadas generosamente, debatendo-se o quanto podia, cenho franzido e resolução absoluta.

Ao chegarmos à sua nova salinha de aula, após um bom pedaço percorrido, a evangelizadora percebeu sua situação, juntou- se a nós e lhe disse pacientemente:

– "Edinho, não se usa a mãozinha para bater, mas para fazer carinho".

Tomou-lhe a mãozinha e fê-lo acarinhar-me o rosto e o seu próprio. Desde este dia vi surgirem as mudanças.

Meses depois aquele menino falava um vocabulário razoável e adquiriu um hábito muito curioso. Assim que nos via, achegava-se e puxava a barra da calça dizendo:

– "Tio, abraço!"

Foi nesta época que fiquei sabendo que ele seria afastado da atividade porque os pais se negavam a participar das reuniões. O trabalho que participava tinha por premissa o atendimento familiar.

Se os próprios pais se negam a participar do atendimento ao filho, recusam-se a refletir sobre sua vida e sua conduta, certamente a assistência à criança seria apenas parcial. Edinho foi afastado.

Passadas algumas semanas o garotinho voltava à rotina diária da instituição. Fiquei sabendo que o pai procurou o serviço de assistência social para assumir por completo o compromisso há muito esquecido. Explicou:

– "Meu filho não me deixava em paz. Exigiu-me diariamente a hora da ‘aulinha’. Perguntou-me sobre a professora e os colegas. Chorou muito. “Eu acabei ficando cansado disso tudo e, como não houvesse castigo que curasse o menino, resolvi participar das reuniões de pais”.

Na era do consumismo, em que as "babás eletrônicas" condicionam crianças à insaciedade da posse, o trabalho espírita, travestido em caridade maior, transformou o violentado mudo em um reivindicante do amor. Em favor da educação integral à luz do evangelho, o caso em questão nos ilustra uma reflexão.

Clinicar corpos doentes, sem olvidar o homem que reside neles.

Mitigar a fome, alimentando também a mente faminta de aprendizagem.

Vestir a nudez, mas aquecer também ao coração do homem-de-afetos.

Combater os vícios da higiene, mas empreender o trabalho transformador das condições precárias de vida.

Edinho, pessoa, é o reivindicante contumaz de seu pai.

Edinho, idéia, é o aguilhão imperioso do criticismo inerte, gerador de imobilismo estéril. Suas lágrimas são o olhar duro de uma maioria dos habitantes do nosso planeta, que vislumbram perplexos uma minoria intelectualizada, capaz de voltar seu pensamento do átomo às galáxias, à economia, à história e à matemática, mas não ser capaz de oferecer cinco minutos de atenção às pessoas.

Seu carinho, porém, é a evidência das idéias cristãs, a estatística infalível da sua relevância para a sociedade moderna, o fruto indiscutível da árvore da caridade.

Vem, pequenino, puxar a barra da calça dos teóricos alheios e pedir-lhes o abraço-envolvimento, vem oscular-lhes a face para aquecer-lhes o coração, vem brincar de infância para que o homem sinta a presença do Cristo nas lides da Terra. 

(1) Seu nome verdadeiro será preservado, por motivos óbvios.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita