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Ano 2 - N° 61 - 22 de Junho de 2008

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo (Brasil)
 

Marco Nicolatto: 

A arte teatral a favor da divulgação do Espiritismo 

O diretor das peças Allan Kardec – O Cientista do Invisível
e O Amor Jamais Te Esquece fala das dificuldades e das
alegrias que tem encontrado ao levar para o teatro obras
de qualidade que focalizam a temática espírita
 

Mineiro de Belo Horizonte, formado em Psicologia e Artes Cênicas, Marco Nicolatto (foto), que atualmente reside em São Paulo (SP), é ator, diretor, produtor e dramaturgo, com experiência e trabalhos já realizados na Rede Globo de Televisão.

Espírita há 25 anos, suas respostas à nossa entrevista trazem uma visão ampliada de seu idealismo e de seu amor ao Evangelho e mostram também um inusitado entusiasmo pela divulgação espírita por meio do teatro, uma proposta cujo marco inicial foi a leitura do romance Paulo e Estêvão, de Emmanuel.
 

A seguir, a entrevista que o confrade gentilmente nos concedeu: 

O Consolador: Qual a razão de sua mudança de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo?

Mudei-me de Belo Horizonte para estudar teatro no Rio de Janeiro, onde estudei Artes Cênicas e residi por cerca de dez anos. Lá trabalhei na Rede Globo por cinco anos, onde atuei em minisséries como Engraçadinha, novelas como Torre de Babel e Anjo Mau, entre outras, além de episódios em alguns programas semanais como Você Decide, entre outros. Também trabalhei em teatro tanto como produtor e ator. Por volta de 1999, já acalentando o desejo de dedicar-me à uma arte compatível com as idéias e inquietações que trazia em meu espírito, mudei-me para São Paulo, onde estou há cerca de oito anos.

O Consolador: Qual sua principal atuação no movimento espírita?

Dentro do movimento espírita sempre me dediquei aos trabalhos junto aos mais necessitados, quer na área social, como em favelas, nas ruas com os mendigos, ou na casa espírita em trabalhos na área da mediunidade psicofônica e palestras. Em relação a cargos formais nunca tive interesse em exercê-los. É claro que se houvesse necessidade eu o faria, mas confesso que sempre fui um tanto avesso às questões de poder que sempre identificava nas muitas casas nas quais trabalhei. Cito algumas: Centro Espírita Célia Xavier, em Belo Horizonte; Lar Espírita Joanna de Ângelis, no Rio de Janeiro, e Centro Espírita Batuíra, no bairro de Perdizes, com o saudoso Sr. Espartaco Ghilardi, aqui em São Paulo. 

O Consolador: Quando teve contato com o Espiritismo? Houve algum fato ou circunstância especial que haja propiciado esse contato inicial?

Meu contato com o Espiritismo se deu há cerca de 25 anos. O meu interesse por filosofia em geral e a grande afinidade com a filosofia oriental fizeram com que eu tivesse convicção em questões como a imortalidade da alma, a reencarnação etc. Mais especificamente, o que me levou a essa procura creio ter sido o meu desencanto com o trabalho que exercia, na área da psicologia social, em projetos voltados para as populações carentes em regiões muito pobres de Minas Gerais como o Vale do Jequitinhonha, cidades ribeirinhas e periferias de grandes cidades. Projetos aos quais eu me dedicava com idealismo, uma vez que eram voltados às camadas mais pobres da população e eram financiados por entidades internacionais como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, entre outros. Mas, percebendo que os políticos acabavam por se apropriar do trabalho e principalmente das verbas, senti meu idealismo arrefecer ao perceber que o interesse pelo sofrimento alheio era muito mais para servir de plataforma política do para de fato minorar o sofrimento de um povo já tão sofrido. Então me desiludi da psicologia, o que me levou à busca artística e à busca de um sentido para minha própria vida, já que tudo isto me levou a uma grande depressão, que me colocou de cama por mais de um ano. Então fui buscar respostas mais claras às minhas indagações, que não fossem adornadas com rituais ou misticismos que as tornavam incompreensíveis em muitos ou então dependentes de algum guru, ou chefe religioso e coisas do gênero. O encontro com o Espiritismo se deu de uma forma natural, e um fato de grande expressão para tal é que o Espiritismo não prevê remuneração, nem sacerdócio organizado, não tem dono nem dogmas.

Fato curioso, nesse período, foi a oportunidade de longas conversas com um Espírito amigo, o Dr. Joseph Kleber, que, por meio de uma médium inconsciente, de instrução primária, propiciou-me inúmeras conversas sobre filosofia, física quântica, entre outros, conteúdos inacessíveis para a médium em questão. Isto me ajudou muito a certificar-me da autenticidade das comunicações espirituais.  

O Consolador: Quantas peças teatrais já montou como diretor? Foi ator em todas elas também?

Como diretor montei cinco peças teatrais e em todas também trabalhei como ator.  

O Consolador: De onde vem seu gosto pelo teatro e o que o levou a adaptar obras espíritas para levá-las ao palco?

O gosto pelo teatro tem sua origem na própria discussão filosófica, uma vez que, como costumo dizer, onde o discurso se esgota a encenação avança por encontrar outros elementos de expressão como a música, as imagens que são produzidas em uma peça, a interpretação e emoção dos atores, a tentativa de trazer à cena imagens arquetípicas que a palavra sozinha não consegue, a possibilidade de tocar as pessoas através da emoção, a utilização das artes plásticas, das associações inconscientes, ou seja, a possibilidade de utilizar todas as artes para construir um espetáculo. A vontade de adaptar ou escrever obras espíritas para o teatro surgiu logo que entrei em contato com o Espiritismo. Ao ler Paulo e Estêvão e a Revista Espírita de capa a capa, de imediato quis levá-los ao palco, transformando-os em espetáculos teatrais, sendo um dos fatores determinantes para que eu me dedicasse ao estudo do teatro, para então poder desenvolvê-las.  

O Consolador: Qual a maior dificuldade de um diretor teatral para a montagem de uma peça baseada num livro?

Desconstruir a linguagem literária de um texto e reconstruí-la na linguagem teatral. Seguir uma linha emocional e compreensível que mantenha conflitos e tensões que prendam a atenção do espectador durante a peça. E talvez a mais difícil seja descartar algumas passagens que, mesmo sendo belas ou muito belas, devem ser sacrificadas em benefício do conjunto do espetáculo e, também, para que este não fique muito longo e o excesso de informações não acabe por confundir o espectador em relação à trama central. Os custos para desenvolver o trabalho e contar com um grupo unido e idealista também são consideráveis.  

O Consolador: Quais as principais repercussões da peça “Allan Kardec – O Cientista do Invisível”?

Uma das principais repercussões foi a percepção do público, espírita ou não, da seriedade e da propriedade com que desenvolvemos o nosso trabalho, com um grande respeito aos fundamentos doutrinários e ao estudo efetuado para que o pensamento e a obra do codificador fossem retratados com fidelidade, ao mesmo tempo mostrando que esta seriedade doutrinária é e deve ser compatível com um teatro de qualidade que não fique a dever a outros espetáculos que abordam pensamentos diferentes. "Allan Kardec - O Cientista do Invisível" fortaleceu os laços da arte que desenvolvemos tanto com o meio espírita como com o meio artístico em geral. 

O Consolador: E qual a motivação que o levou à montagem da peça “O Amor Jamais Te Esquece”?

A vontade de trazer ao público a emoção de conhecer um Jesus próximo, amigo, que se ocupa conosco e que nos conhece pelo nome. Acredito que se as pessoas sentirem que são amadas incondicionalmente por esse Amigo e Mestre, isto poderá provocar uma transformação na vida delas, no sentido de uma vida mais plena de fé, de esperança e de vontade de vencer as próprias limitações. Também a nossa percepção de ser esta a vontade dos espíritos, que são os verdadeiros autores do nosso trabalho. A eles, em nome do Mestre amado, buscamos ser servidores de confiança, e tentamos desenvolver o trabalho da melhor maneira possível, com o objetivo acima tudo de agradar a Jesus, de tentar mostrar a Ele quanto o amamos e Lhe somos gratos. No nosso trabalho o público é que é importante, não os artistas. Afinal eles são os convidados de Jesus, os quais tentamos servir com o que possuímos de melhor. Também, não custa repetir, pelas campanhas desenvolvidas por muitos que se dizem espíritas, querendo que ele seja apenas filosófico ou científico, o que para mim é um grande equívoco, até porque, se fosse assim, não haveria necessidade de Kardec ter editado O Evangelho segundo o Espiritismo e A Gênese, duas obras que em grande parte falam das obras de Jesus na Terra. E o fundamental não são as discussões filosóficas e cientificas e sim que aprendamos a amar verdadeiramente, algo que sem os ensinamentos e exemplificação do Mestre querido torna-se muito difícil. 

O Consolador: A obra em referência é a primeira de uma trilogia composta também de “A Força da Bondade” e “Sob As Mãos da Misericórdia”. O grupo pretende encenar também as outras duas obras?

Sim. Pretendemos encenar as três peças, e se Deus nos permitir ficarmos com as três em cartaz ao mesmo tempo. Para tanto, já temos os direitos autorais cedidos pelo Instituto de Difusão Espírita (IDE). 

O Consolador: A respeito do grupo Operários do Palco, o que você diria? Quais as dificuldades e alegrias conquistadas? 

As dificuldades são muitas, mas prefiro me ater às conquistas. Dentro delas, sem dúvida está a melhoria de nós mesmos, ou seja dos integrantes do grupo, na medida em que tentamos testemunhar na vida diária os exemplos, a coragem e a fé que abordamos em nossas peças. A formação de um grupo de amigos crescentes e solidários com o nosso trabalho também é para nós motivo de grande alegria, pois quando iniciei os trabalhos só contava comigo e com os bons espíritos que me ajudaram e confiaram em mim, somando a isso o reconhecimento e o carinho do público e fatos muito significativos de pessoas que nos procuraram depois dos espetáculos dizendo-se com coragem para enfrentar os seus problemas, pessoas que entravam para ver uma da peças determinadas ao suicídio e que mudaram de idéia e muitos outros fatos deste. Além disso, os depoimentos de católicos, evangélicos e irmãos de várias religiões nos revelaram um grande interesse em conhecer mais sobre a doutrina espírita. As dificuldades vamos enfrentando-as com fé, com coragem, com a certeza de que Jesus e os bons espíritos seguem adiante de nós preparando o caminho e nos ajudando em nossas muitas deficiências pessoais, pode-se ler ignorância mesmo.   

O Consolador: Durante as apresentações como você e o grupo percebem o retorno do público? Claro que ao final as vibrações e palmas os alcançam intensamente e mesmo depois, no contato com o público. Mas... e durante a encenação? 

O retorno do público, como já dissemos anteriormente, tem sido de um carinho e uma vibração espontânea. Pessoas oram por nós e para que perseveremos em muitos lugares, a maioria das quais não conhecemos pessoalmente, mas que reconhecem a importância de darmos continuidade a uma arte que seja a expressão do Belo produzindo o Bem. Durante os espetáculos e também nos ensaios a sustentação espiritual é muito grande e ficamos emocionados com o carinho com que nos tratam os espíritos amigos. Em alguns momentos, não será exagero dizer que vivenciamos momentos de grande felicidade, sobretudo após as intensas lutas para realizar um espetáculo. Nós ficamos muito felizes e os espíritos também. Mas é preciso manter sempre a humildade, o Orai e Vigiai, pois a lei de atração continua existindo e temos de nos esforçar para manter um padrão mental compatível com a tarefa que desenvolvemos, porque os ataques também surgem. Graças a Deus que a responsabilidade será sempre nossa em nos conduzir com dignidade ou de nos perdermos nas expressões menos felizes do ego e do personalismo, responsável pela destruição de muitas iniciativas destinadas a produzir o Bem.  

O Consolador: E o envolvimento espiritual para montagem e encenação, como é percebido? 

Creio já ter respondido em grande parte a esta pergunta, mas posso acrescentar que trabalhamos principalmente com a intuição para conseguirmos perceber as orientações dos muitos artistas do mundo invisível que trabalham conosco. Em "O Amor Jamais Te Esquece", por exemplo, os cenários possuem painéis que estão sendo elaborados mediunicamente pelos mestres pintores, coordenados por Pierre Auguste Renoir, e posso afirmar que um número muito grande de pintores trabalha nessas telas, assim como os escritores na elaboração do texto, os atores e diretores na encenação, todos nós formando uma só equipe que reúne o mundo invisível e o visível. Sentimos amiúde a presença desses amigos queridos e tudo transcorre com muita harmonia e empenho.   

O Consolador:  Relate algum fato marcante que você tenha vivido com o teatro espírita. 

É comum a percepção de espíritos durante os espetáculos, relatados por médiuns videntes e sentidos por nós mesmos. Também há os que querem atrapalhar, mas a responsabilidade advém da nossa sintonia. São muitos os fatos curiosos. Por exemplo,  o espetáculo "Allan Kardec - O Cientista do Invisível'  foi escrito em uma só "sentada" de 48 horas. Depois fiz alguns ajustes durante os ensaios mas o texto original se manteve praticamente o mesmo. Ao escrever o "Amor Jamais Te Esquece" pude perceber muitas vezes a ajuda de Lúcius para que eu desenvolvesse o trabalho, sem perder a diretriz do romance, pois o livro é muito bonito com um grande número de passagens belíssimas, o que tornava, às vezes, um pouco difícil e angustiante a adaptação, por ter de "deixar de lado algumas cenas" para que as partes não prejudicassem o todo. Também pude perceber muito a ajuda de Lúcius para transformar a linguagem literária em teatral. Acredito que esse espetáculo é um momento de maturidade para o nosso grupo e também para o público. O amparo do Alto nos tem chegado de tantas formas que o nosso trabalho, sem dúvida, é uma prova da atuação dos espíritos no mundo material, visto que os resultados alcançados estão, segundo penso, muito além das nossas possibilidades. 

O Consolador: E os recursos para o grupo, como ocorrem? Como alguém, que queira ajudar, pode fazê-lo? 

Um dos aspectos mais difíceis se refere ao apoio financeiro. Muitos empresários espíritas ainda são um pouco tímidos e receosos de ter seus nomes ou empresas associadas a um segmento religioso. Mas nós não fazemos um teatro religioso, proselitista ou somente para os espíritas. Fazemos um teatro para todo tipo de público. Nós não queremos ficar intramuros do movimento espírita, e sim, como dizia Paulo de Tarso, levar estas idéias aos gentios, ou seja a todos os segmentos da população. Por isto buscamos primar o nosso trabalho pela busca da qualidade teatral, contar bem as histórias que propomos e que cada um tire depois suas próprias conclusões. Basicamente temos caminhado até aqui com recursos próprios e com ajudas as mais imprevistas que acabam por permitir que consigamos recursos para as montagens e manutenção delas. É preciso investir em divulgação para que alcancemos cada vez mais uma diversificação de público e fazermos face às despesas com aluguel de teatro, luz, técnicos, atores etc. Ao mesmo tempo já conquistamos apoiadores fiéis em permuta de serviços como a Radio Boa Nova e a Rádio Mundial, que nos anunciam, como diversos outros que participam com material gráfico, divulgação etc. Gostaríamos de dizer ainda que é muito importante para nós encontrar um ou mais patrocinadores para que possamos levar nossos espetáculos para outros estados e até mesmo para fora do Brasil. 

O Consolador: Em que teatro têm ocorrido as apresentações? Há necessidade de reserva de vagas? Qual o telefone e o e-mail para contato com o grupo? 

O espetáculo "O Amor Jamais Te Esquece" está sendo apresentado no Teatro União Cultural, um teatro com instalações modernas e confortáveis, e também de ótima localização, pois fica próximo da Avenida Paulista e do metrô Brigadeiro, o que facilita muito o acesso. O endereço é Avenida Mário Amaral 209. Nossas apresentações são sempre aos sábados e domingos às 17h30. Pedimos a todos que façam reservas. Os grupos formados por 10 pessoas ou mais têm desconto de 57% no valor do ingresso. É uma forma de mantermos um teatro popular, pois não é nosso objetivo fazer um teatro elitizado em que o objetivo principal é o lucro. É claro que precisamos cobrir nossos custos, mas precisamos dar acesso a camadas da população que nunca estiveram no teatro, além de estimular no movimento espírita o gosto pela cultura e pelas artes, cientes de que a cultura produzida por um povo é o reflexo do seu estado evolutivo. Os telefones para contato com o grupo teatral são (11) 5641-4491 e 9694-3684 e o e-mail é operariosdopalco@yahoo.com.br.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita