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Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita  Inglês  Espanhol
Programa IV: Aspecto Filosófico

Ano 2 - N° 60 - 15 de Junho de 2008

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br

Curitiba, Paraná (Brasil)  
 

Elementos gerais do Universo: espírito e matéria

Apresentamos nesta edição o tema no 60 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.

Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue.

Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto abaixo.

Questões para debate

1. Que é que hoje a Ciência entende por matéria?

2. Como o Espiritismo define a matéria?

3. Há quantos elementos gerais no Universo?

4. Que informações o Espiritismo nos dá com relação ao fluido universal?

5. Com relação à matéria, que é que nos ensina a Doutrina Espírita?  

Texto para leitura 

A matéria existe em estados que o homem ignora

1. Além da Ciência, que é a fonte dos conhecimentos que o homem pode adquirir com o próprio esforço, aplicando a inteligência, a lógica dos raciocínios e o método experimental, tem ele na revelação outra importante fonte de aquisição de conhecimentos. Deus permite que a revelação lhe seja feita por intermédio de Espíritos Superiores, no domínio exclusivo da ciência pura, isto é, sem quaisquer objetivos utilitaristas, aplicação prática ou tecnológica.

2. A Ciência terrena limitou-se até hoje a considerar como únicas realidades existentes a matéria e a energia. Aprofundando-se, no entanto, no estudo desses dois elementos, o homem chegou à conclusão de que estão eles de tal modo e tão estreitamente relacionados que representam, em verdade, duas expressões de uma só e mesma realidade, não sendo a matéria mais do que energia condensada ou concentrada, limitada em sua força e dinamismo próprios, verdadeiramente escravizada, encerrada, em âmbitos restritos para formar as massas densas dos corpos materiais.

3. Inversamente, em determinadas condições, é a matéria atingida em sua massa, desconcentrando-se, descondensando-se, desintegrando-se e libertando energia em radiações diversas de natureza corpuscular. Há, assim, sempre, lado a lado no Universo, matéria densa e energia livre em interações recíprocas, que condicionam os dois processos inversos de condensação e de libertação de energia. Enorme já é o acervo de conhecimentos que sobre esse aspecto do Universo a Ciência e a tecnologia permitiram ao homem acumular, mas que, evidentemente, escapa aos objetivos deste resumo.

4. É importante, no entanto, assinalar que a Ciência não considera, na constituição do Universo, senão o elemento material, quer em seu estado denso, quer em suas manifestações energéticas. A revelação não procedeu assim e foi além, ao ensinar que existem fundamentalmente dois elementos gerais no Universo: o elemento material e o elemento espiritual. E mais: o elemento material não abrange somente as formas densas, visíveis e tangíveis, dotadas de massa e ponderabilidade, extensão e impenetrabilidade, mas também estados sutis, inacessíveis aos nossos sentidos, em que desaparecem a tangibilidade e a ponderabilidade e surge a característica penetrabilidade, com relação à massa densa.

5. Ao tratar do assunto, em resposta a pergunta formulada por Kardec, os Espíritos Superiores esclareceram que a matéria existe em estados que o homem ignora e pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão causa aos sentidos. Definindo-a, eles disseram: “A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação”. (L.E., item 22).  

Matéria e espírito são os elementos gerais do Universo

6. Conforme o ensinamento que os Espíritos transmitiram naquela oportunidade, dois seriam os elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito, e acima de tudo, Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem, portanto, o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas - lembram os imortais - ao elemento material é preciso juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, que é por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela.

7. Embora seja lícito classificá-lo como elemento material, o fluido universal dele se distingue por propriedades especiais. Ele está colocado entre o espírito e a matéria. É fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, por suas inumeráveis combinações com a matéria, de produzir sob a ação do espírito a infinita variedade das coisas de que somente conhecemos uma parte mínima. O fluido universal, também chamado de fluido cósmico, primitivo ou elementar, é não só o agente de que o espírito se utiliza, mas também o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e não adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

8. Tudo no Universo, como vemos, procede de Deus, que criou o fluido universal que enche o espaço infinito e é, verdadeiramente, o elemento primitivo a partir do qual se forma o que no Universo é material, como os planetas e os seres. Mas Deus criou também o espírito, elemento inteligente, que é submetido a longa elaboração através dos diversos reinos da Natureza. No contato com minerais, vegetais e animais, o princípio inteligente recebe impressões que, pela repetição, vão-se fixando, dando origem a automatismos, reflexos, memória, instintos e hábitos que acabam por integrar-se em individualidades conscientes, dotadas de razão e vontade, livre-arbítrio e responsabilidade, destinadas a progredir até que adquiram pureza e perfeição que as aproximam da Inteligência Suprema.

9. A idéia criadora procede, portanto, de Deus e pode surgir no espírito, do que se conclui que só o espírito pode conceber idéias; a matéria, não. A idéia toma forma pela ação da vontade divina ou do espírito sobre o fluido universal que, pela sua natureza intermediária entre o espírito e a matéria, está apto a receber influência daquele, transmitindo-a a esta.  

O fluido universal é o princípio elementar de todas as coisas

10. Em síntese, Kardec consigna em sua obra os seguintes ensinamentos acerca do fluido universal: 1o. O fluido universal é uma criação divina, não uma emanação do Criador. 2o. Elemento universal, é ele o princípio elementar de todas as coisas. 3o. Para encontrá-lo em sua simplicidade absoluta, é preciso ascender aos Espíritos puros, porque em nosso mundo ele está mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que nos cerca. 4o. É ele o elemento do fluido elétrico, mas o estado que mais se aproxima de sua simplicidade absoluta é o que chamamos fluido magnético animal. 5o. O fluido universal é imponderável.

11. Com relação à matéria, ensina o Espiritismo: 1o. A matéria é formada de um só elemento primitivo; os corpos considerados simples são, em verdade, transformações da matéria primitiva. 2o. As propriedades da matéria decorrem das modificações que as moléculas elementares sofrem, em certas circunstâncias, por efeito da sua união. 3o. A matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades. 4o. É acertada a opinião dos que dizem que há na matéria apenas duas propriedades essenciais: a força e o movimento. As demais propriedades não passam de efeitos secundários que variam conforme a intensidade da força, a direção do movimento e a disposição das moléculas. 5o. As moléculas têm forma, que é constante nas moléculas elementares primitivas e variável nas moléculas secundárias, que nada mais são que aglomerações das primeiras. 6o. O que chamamos molécula está, no entanto, muito longe da molécula elementar.

12. Os ensinamentos espíritas com relação à matéria constituem admirável antecipação das verdades sobre a descontinuidade da matéria e a sua unicidade. A primeira já foi provada experimentalmente pela Ciência; a segunda é admitida hoje como inteiramente provável.

13. Com efeito, embora se considerem atualmente, na base da constituição da matéria, além das moléculas e dos átomos, numerosas outras partículas, como os hádrons ([1]) e os léptons ([2]), ao tempo de Kardec as partículas consideradas como as menores porções das substâncias chamavam-se moléculas. Kardec não podia, portanto, empregar em sua época outro termo senão moléculas para designar essas partículas, tanto as que representam a matéria densa como os estados sutis da matéria derivados diretamente do fluido universal. A idéia é, porém, a mesma, ou seja, a matéria é una e, apesar de sua aparente diversidade, todas as modalidades de substâncias nada mais são que modificações da matéria cósmica ou substância elementar primitiva, da qual deriva tudo o que é material no Universo. 

Respostas às questões propostas

1. Que é que hoje a Ciência entende por matéria? R.: Matéria não é senão energia condensada ou concentrada, limitada em sua força e dinamismo próprios, verdadeiramente escravizada, encerrada, em âmbitos restritos para formar as massas densas dos corpos materiais.

2. Como o Espiritismo define a matéria? R.: Segundo a Doutrina Espírita, a matéria existe em estados que o homem ignora e pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão causa aos sentidos. Definindo-a, diz o Espiritismo: “A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação” (O Livro dos Espíritos, item 22).  

3. Há quantos elementos gerais no Universo? R.: Dois são, segundo o Espiritismo, os elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito, e acima de tudo, Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Mas - lembram os imortais - ao elemento material é preciso juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, que é por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela.

4. Que informações o Espiritismo nos dá com relação ao fluido universal? R.: Embora seja lícito classificá-lo como elemento material, o fluido universal se distingue por propriedades especiais. Ele está colocado entre o espírito e a matéria. É fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, por suas inumeráveis combinações com a matéria, de produzir sob a ação do espírito a infinita variedade das coisas de que somente conhecemos uma parte mínima. O fluido universal, também chamado de fluido cósmico, primitivo ou elementar, é não só o agente de que o espírito se utiliza, mas também o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e não adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. Em síntese, ensina o Espiritismo acerca desse tema: 1o. O fluido universal é uma criação divina, não uma emanação do Criador. 2o. Elemento universal, é ele o princípio elementar de todas as coisas. 3o. Para encontrá-lo em sua simplicidade absoluta, é preciso ascender aos Espíritos puros, porque em nosso mundo ele está mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que nos cerca. 4o. É ele o elemento do fluido elétrico, mas o estado que mais se aproxima de sua simplicidade absoluta é o que chamamos fluido magnético animal. 5o. O fluido universal é imponderável.

5. Com relação à matéria, que é que nos ensina a Doutrina Espírita? R.: Com relação à matéria, ensina o Espiritismo: 1o. A matéria é formada de um só elemento primitivo; os corpos considerados simples são, em verdade, transformações da matéria primitiva. 2o. As propriedades da matéria decorrem das modificações que as moléculas elementares sofrem, em certas circunstâncias, por efeito da sua união. 3o. A matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades. 4o. É acertada a opinião dos que dizem que há na matéria apenas duas propriedades essenciais: a força e o movimento. As demais propriedades não passam de efeitos secundários que variam conforme a intensidade da força, a direção do movimento e a disposição das moléculas. 5o. As moléculas têm forma, que é constante nas moléculas elementares primitivas e variável nas moléculas secundárias, que nada mais são que aglomerações das primeiras. 6o. O que chamamos molécula está, no entanto, muito longe da molécula elementar.  

Bibliografia: 

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 17 a 34.   

O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, item 74.

Ciências Físicas e Biológicas,  de José Coimbra Duarte, 26a. edição, págs. 17 a 19.


[1] Hádron: designação genérica de partículas que sofrem interações fortes, e da qual se conhecem dois tipos: os bárions, formados por três quarks, e os mésons, formados por um quark e um antiquark.

[2] Lépton: Férmion que não sofre interação forte e interage com outras partículas através de interações fracas, eletromagnéticas ou gravitacionais. São léptons: o elétron, o múon, o tau, e os neutrinos associados a cada uma dessas partículas. O número de léptons se conserva nas interações entre partículas. Para cada lépton existe uma antipartícula equivalente.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita