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Ano 2 - N° 60 - 15 de Junho de 2008

FERNANDA BORGES
fernanda@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

Renato Costa:  

É preciso divulgar a Doutrina Espírita para todos os
cantos do mundo

Roustaing, violência e movimento espírita são alguns dos
assuntos tratados na entrevista pelo confrade do Rio
de Janeiro, que enfatiza a importância do idioma
inglês na divulgação da Doutrina no exterior

O confrade Renato Costa (foto) atua de forma intensa na divulgação da Doutrina Espírita. Apesar de não assumir nenhum cargo nas atividades administrativas em alguma casa espírita, Costa possui uma extensa lista de ações voltadas, principalmente, para o objetivo de manter leigos e estudiosos do Espiritismo atualizados quanto às informações da Doutrina codificada por Allan Kardec.

Natural de Petrópolis, mas há muito morando na capital fluminense, Costa é médium    psicógrafo   e    psicofônico   e

ministra palestras em diversas casas do Rio de Janeiro. Ele criou e mantém o site da Instituição Espírita Joanna de Ângelis (www.ieja.org), à qual é associado. Faz parte também do Conselho Editorial do Grupo de Estudos Avançados Espíritas – GEAE (www.geae.inf.br), sendo um dos responsáveis pelo seu boletim mensal editado em inglês, o Spiritist Messenger. Renato Costa, que é também articulista nesta revista, concedeu-nos a entrevista que se segue:

O Consolador: Você reside no Rio de Janeiro há muito tempo?

Sim. Nasci em Petrópolis (RJ) mas mudei-me para o Rio de Janeiro ainda bebê. Minha mãe era também natural de Petrópolis e, ao casar-se com meu pai, veio morar no Rio, onde ele já morava e trabalhava. Por razões que não vêm ao caso, ela resolveu ter seu segundo filho em Petrópolis. Somente por isso nasci lá.

O Consolador: Qual é sua formação?

Sou Engenheiro Eletricista (PUC-RJ, julho 1977), Mestre em Sistemas de Computação (IME, 1980) e tenho MBA em Ciências Econômicas (FGV, 1990).

O Consolador: Além de manter um site de conteúdo espírita, quais atividades você exerce atualmente no movimento espírita?

Escrevo artigos para vários órgãos da imprensa espírita, dou palestras no Rio de Janeiro e em cidades próximas e trabalho, no meio espírita, como médium psicógrafo e psicofônico, além de passista.

O Consolador: Quando e como teve seu primeiro contato com o Espiritismo?

Minha esposa é médium e desde criança esteve à volta com fenômenos espíritas. Logo, meu contato com a mediunidade foi anterior ao contato com o Espiritismo e foi através dela, por ocasião de um problema de saúde que ela teve, que eu cheguei a uma casa espírita, o Lar de Frei Luiz, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Foi na livraria do Lar de Frei Luiz que ocorreu o fato que me levou a tornar-me espírita. Perguntei ao senhor que tomava conta da livraria por um livro "para eu começar a conhecer o Espiritismo" e ele, após breve intervalo no qual certamente teve inspiração do alto, me recomendou “Nosso Lar”. Comecei a ler o livro na mesma noite e mal parei até terminar. Quando terminei, voltei-me para a minha esposa e lhe disse: "se metade do que diz aqui for verdade, isso estará dizendo que eu tenho muito a estudar para aprender sobre o Espiritismo". O que eu posso dizer hoje é que desde então venho estudando o tempo todo e continuo achando que nada sei.

O Consolador: Qual foi a reação de sua família ante sua adesão à Doutrina Espírita?

Meus pais já haviam desencarnado, tinha pouco contato com meu irmão e, além disso, toda a família de minha esposa era espírita ou espiritualista. Logo, a reação foi da mais completa naturalidade.

O Consolador: Qual dos três aspectos do Espiritismo – científico, filosófico e religioso – lhe interessa mais?

O científico, por ser o que os espíritas menos estudam e por ser científica a minha formação. Não o coloco, porém, como o mais importante dentre os três. Pelo contrário, são o filosófico e o religioso os que orientam meu comportamento nesta vida e, pelo que entendo, os mais importantes para todos os espíritas. Só lamento o pouco caso que tantos irmãos e irmãs dão ao lado científico da Doutrina.

O Consolador: Quais autores espíritas mais lhe agradam?

São muitos e, por isso, não seria correto de minha parte mencionar alguns e esquecer outros. Para citar apenas um dentre os muitos que eu aprecio, escolho o Hermínio Miranda pela sua erudição, sua simplicidade, seu estilo sempre agradável e o interesse que me despertam todos os assuntos que ele aborda.

O Consolador: Que livros espíritas você considera de leitura indispensável aos que se iniciam no Espiritismo?

Penso que cada pessoa terá seu interesse capturado por uma obra diferente. Não existe, a meu ver, um livro indispensável para iniciantes. Já para os estudiosos indispensáveis são, a meu ver, as cinco obras principais que compõem a Codificação, Obras Póstumas, a Revista Espírita e a coleção André Luiz.

O Consolador: Se fosse para um local distante, sem acesso às atividades e trabalhos espíritas, que livros você levaria?

Se pudesse levar apenas dois, levaria “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho segundo o Espiritismo”. Se não houvesse limite, levaria todos os meus livros espíritas de estudo e pediria um acesso à internet para continuar adquirindo tudo o mais que despertasse meu interesse.

O Consolador: As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado Espiritismo laico. Para você, o Espiritismo é uma religião?

Não tenho dúvida de que é. É uma religião diferente das outras, pois não possui cultos nem rituais, mas nem por isso deixa de ser uma religião. O Espiritismo é religião em seu sentido mais puro, pois incentiva o homem a se melhorar a cada dia, explica qual seu objetivo na vida e o que ocorrerá com ele após a chamada morte, além de esclarecer quais são as leis de Deus e o que fazer para viver em conformidade com elas.

O Consolador: Outro tema que suscita geralmente grandes debates diz respeito à obra publicada na França por J. B. Roustaing. Qual é sua apreciação dessa obra?

A confiabilidade da Doutrina Espírita está no ensino universal e concordante dos Espíritos e não na importância assumida pelo comunicante. Allan Kardec, na introdução de “A Gênese”, afirma: "Generalidade e concordância no ensino, tal é a característica essencial da Doutrina, a própria condição de sua existência; daí resulta que todo princípio que não recebeu a consagração do controle e da generalidade não pode ser considerado parte integrante dessa mesma Doutrina, mas como uma simples opinião isolada, da qual o Espiritismo não pode assumir responsabilidade". Assim sendo, o fato de as comunicações que deram origem à obra "Os Quatro Evangelhos" terem sido obtidas através de uma única médium e cada uma delas ter tratado de um só assunto (cada evangelista, do seu evangelho) faz com que a obra se configure como o que Kardec chamou de "opinião pessoal", não podendo, portanto, ser entendida como parte da Doutrina Espírita. No entanto, considerando, como estamos, a forma como a obra foi obtida, ela é tão espírita como as obras de André Luiz, Emmanuel ou Joanna de Ângelis. Todas são obras espíritas, mas não fazem parte da Doutrina Espírita. É tão simples isso. Logo, não vejo razão para tanta celeuma sobre Roustaing e sua obra. Uma vez entendido que "Os Quatro Evangelhos" não fazem parte da Doutrina Espírita, assim como também não faz parte dela a obra dos outros autores mencionados, que cada espírita seja livre para analisar a obra, do mesmo modo como analisa qualquer obra espírita, isto é, com o crivo da razão e do bom senso, para concluir o que pode e o que não pode ser aceito como compatível com a Doutrina Espírita.

O Consolador: No tocante ao tema passe, qual é sua opinião sobre os passes padronizados, propostos na obra de Edgard Armond?

Desde tempos imemoriais sabe-se que há no corpo sutil, chamado na Doutrina Espírita de perispírito, centros de força e canais ligando esses centros de força, correspondendo aos órgãos e sistemas do corpo físico. Em se levando esse conhecimento em consideração, é evidente que a movimentação das mãos, aplicada conscientemente sobre tais elementos, terá um efeito positivo. Quando digo conscientemente, quero que se entenda que os movimentos não podem ser "padronizados", sendo essencial, como em tudo o mais, que o médium saiba o que está fazendo. Não quero dizer com isso que a imposição simples das mãos não tenha seu efeito. Certamente terá, mas requererá, pelo que entendo, maior trabalho das entidades participantes. A despeito de tudo isso, no entanto, a técnica utilizada não é o que faz a grande diferença. O principal é a postura mental do passista, as vibrações de amor que coloca no trabalho e, obviamente, a postura receptiva do beneficiado. Devemos nos lembrar do episódio da cura da mulher hemorroíssa, que apenas por se encostar nas vestes de Jesus, ficou curada. Quanto a uma entidade federativa querer padronizar a forma de se dar passes, não acho, definitivamente, que esse seja o melhor caminho.

O Consolador: Como você vê a discussão em torno do aborto? Acha que os espíritas deveriam ser mais ousados na defesa da vida como tem feito a Igreja?

Me parece que o movimento espírita tem sido bastante corajoso e ativo na defesa da vida. Veja-se, por exemplo, a criação do movimento parlamentar em defesa da vida, obra do deputado espírita Luiz Bassuma, e as diversas campanhas da FEB e de outras entidades sobre o tema.

O Consolador: A eutanásia, como sabemos, é uma prática que não tem o apoio da Doutrina Espírita. Kardec e outros autores, como Joanna de Ângelis, já se posicionaram sobre esse tema. Surgiu, no entanto, ultimamente a idéia da ortotanásia, defendida até mesmo por médicos espíritas. Qual é sua opinião a respeito?

Na minha opinião, deve ser dado ao doente lúcido o direito de ir para casa e recusar um tratamento paliativo no hospital que em nada lhe aumentará nem a qualidade nem a duração da vida.

O Consolador: O movimento espírita em nosso País lhe agrada ou falta algo nele que favoreça uma melhor divulgação da Doutrina?

O movimento espírita me agrada, mas me entristece um pouco quando vejo falta de unidade. É triste ver que existem no movimento grupos que não se integram e mesmo se rejeitam por pensarem diferente sobre esse ou aquele tema. Seria bom se todos compreendessem que pensar diferente é da natureza humana e os grupos se unissem. Custo a crer que alguém que estude o Espiritismo ignore que cada Espírito está em um estágio evolutivo específico e possui uma bagagem cultural que lhe é própria, sendo impossível que dois pensem igual. A desunião é uma propaganda extremamente negativa e precisa ser superada.

O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar em todo o País? Na sua opinião, como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida?

Você disse bem: "parece aumentar". O que aumentou, penso eu, foi a conscientização do povo sobre a violência, o primeiro passo para que ela seja corretamente enfrentada. Podemos cooperar educando corretamente nossos filhos para fazer deles homens de bem, dando bons exemplos com nosso comportamento no trabalho, na rua e na casa espírita e nos esforçando para sermos melhores a cada dia, tornando-nos mais caridosos, pacientes e atuantes no bem.

O Consolador: Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de provas e expiações, passando plenamente à condição de um mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma eqüidade perfeita regulará as relações sociais?

Temos visto que os hábitos da sociedade têm mudado de trinta em trinta anos, mais ou menos. Fala-se dos anos trinta, dos anos sessenta, dos anos noventa. Lá pelo ano 2020, portanto, devermos nos dar conta de uma nova mudança de hábitos sociais. Quem sabe, tal mudança sinalizará mais claramente quanto tempo faltará para o bem predominar sobre o mal em nossa amada Terra?

O Consolador: Quanto aos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, o que você acha que deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no Brasil e no mundo?

Divulgar a Doutrina Espírita para todos os cantos do mundo. A prioridade máxima, portanto, é traduzir para o inglês o maior número possível de boas obras espíritas. O inglês é a língua franca atual e o será por muitas décadas ainda, provavelmente séculos. Ignorar isso é ir contra as evidências. O inglês é falado pelas elites intelectuais do mundo todo. Que se deixe a essas elites a tarefa de traduzir cada obra do inglês para o idioma do povo ao qual pertence. Sair traduzindo uma única obra para vários idiomas é trabalhoso e desnecessário, atrasando a divulgação da Doutrina pelo mundo. Em nível nacional, penso que as iniciativas existentes deveriam se apoiar umas às outras, trocar experiências, divulgarem umas as outras. Mais valem poucas iniciativas fortes que uma infinidade de iniciativas pequenas.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita