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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 59 - 8 de Junho de 2008

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br

Matão, São Paulo (Brasil)
 

Equívoco do pai austríaco


Repercute internacionalmente a questão ocorrida na Áustria sobre o pai que encarcerou a própria filha por mais de vinte anos e ainda teve filhos com ela. 

Fato incomum, atraiu a atenção de toda a imprensa e, com a velocidade da Internet, a notícia espalhou-se com rapidez e gerando comentários de todo tipo, desde a indignidade à compaixão e até mesmo à constante revisão dos valores a que estamos submetidos numa sociedade marcada por dramas que se sucedem, com o agravante de sempre aparecerem fatos que nunca se esperam, demonstrando a fragilidade de nossa condição. 

Sim, fragilidade, porque temos atitudes, trazemos tendências e manifestamos nossa instabilidade interior de diferentes formas, agredindo-nos muitas vezes de maneiras inconcebíveis por uma mentalidade sadia e digna. 

O fato do pai escravizar a própria filha e ser avô e pai ao mesmo tempo, dos próprios filhos, é algo que balança nossas referências. 

Onde estão as raízes de um fato como este? Como entender tais comportamentos? Distúrbios mentais simplesmente? Um psicopata?  

O assunto caminha primeiramente pela escravidão, abuso de força, exploração da mulher, ainda que praticado pelo próprio pai. O tema também passeia pelos ares do livre-arbítrio e mesmo de uma imensa carência e fragilidade interior. 

O convite de não julgarmos deve sempre estar presente, todavia. Apesar de ser um fato que foge a todas as referências de dignidade e civilidade, convenhamos que não temos conhecimento completo da história da família. Isso já é um ponto que deve nortear nossos comentários e reflexões, evitando precipitações.

Podemos dar credibilidade absoluta à versão da imprensa? Qual o passado de ambos, na vivência familiar? Somente um estudo aprofundado de toda historicidade da família, à luz da psicologia, inclusive, poderá referendar qualquer comentário. 

Para usar o conhecimento espírita na análise da questão, podemos recorrer às questões 817 a 822 de O Livro dos Espíritos, que tratam da Igualdade de Direitos do Homem e da Mulher, onde enquadramos a inferioridade moral a que se acha a mulher submetida em alguns países (no caso não é no país, mas no fato ocorrido) como fruto do predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza (questão 818).  

Também podemos buscar a questão 822, na íntegra: Sendo iguais perante a lei de Deus, devem os homens ser iguais também perante as leis humanas? E a resposta: O primeiro princípio de justiça é este: Não façais aos outros o que não quereríeis que vos fizessem

É todavia, aqui, que podemos encaminhar o assunto para a questão da escravidão a que o pai, supostamente, submeteu a filha. Neste ponto recorremos à questão 829 do livro citado. A resposta dos Espíritos é sumária: É contrária à lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem. A escravidão é um abuso da força

Apesar das citações dos parágrafos acima, não podemos dispensar novamente o mesmo critério que devemos aplicar no doloroso caso Isabella, de São Paulo. 

Ensinam os Espíritos: 

“(...) não é proibido ver o mal quando o mal existe; haveria mesmo inconveniente em não ver por toda parte senão o bem: essa ilusão prejudicaria o progresso. O erro está em fazer resultar essa observação em detrimento do próximo, depreciando-o sem necessidade na opinião pública. (...)”1.  

E também: “(...) sede severos para convosco, indulgentes para com as fraquezas dos outros; é ainda uma prática da santa caridade que bem poucas pessoas observam. Todos tendes más tendências a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar; todos tendes um fardo mais ou menos pesado a depor para escalar o cume da montanha do progresso. Por que, pois, serdes tão clarividentes para com o próximo e cegos em relação a vós mesmos? (...)”2

É, caro leitor, vivemos tempos difíceis, que desafiam nossas referências. O que precisamos é raciocinar, pensar, analisar, com bondade e justiça, nunca com precipitação. Pois há um outro item, fundamental, em toda a questão e noutras semelhantes: a reencarnação é a chave. Não sabemos a bagagem que tais personagens trazem em sua história evolutiva. Não sabemos quais os laços do passado embutidos nesse drama todo, o que novamente nos desautoriza julgar...
 

Bibliografia:

(1) O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo X, item 20, 252ª edição IDE, tradução de Salvador Gentile.

(2) O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo X, item 18, 252ª edição IDE, tradução de Salvador Gentile.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita