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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 58 - 1° de Junho de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

Obreiros da Vida Eterna

(Parte 14)

André Luiz

Damos continuidade ao estudo da obra Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1946 pela editora da Federação Espírita Brasileira, a qual integra a série iniciada com o livro Nosso Lar.  

Questões preliminares

A. Que ambiente invisível deparou André no cemitério, por ocasião do enterro de Dimas?

R.: Foi com surpresa que André Luiz viu que as grades da necrópole es­tavam cheias de entidades desencarnadas, em gritaria ensurdecedora. Verdadeira concentração de vagabundos sem corpo físico apinhava-se à porta, endereçando ditérios e piadas à longa fila de amigos do morto. No entanto, ao perceberem a presença dos benfeitores espirituais, mos­traram carantonhas de enfado, e um deles, mais decidido, depois de fi­tar o grupo com desapontamento, bradou: "Não adianta! É protegido..." O padre Hipólito explicou: "Nossa função, acompa­nhando os despojos, não se verifica apenas no sentido de exercitar o desencarnado para os movimentos iniciais de libertação. Destina-se também à sua defesa. Nos cemitérios costuma congregar-se compacta fi­leira de malfeitores, atacando vísceras cadavéricas, para subtrair-lhes resíduos vitais". (Obreiros da Vida Eterna, cap. 15, pp. 231 a 235.)

B. Por que André não pôde cortar o grilhão que prendia uma pobre mulher ao cadáver já apodrecido?

R.: André bem que quis cortar o grilhão, mas o atendente prontamente objetou, esclarecendo que sua equipe tinha ordens expressas no sentido de que ainda isso não poderia ser feito. "Se desatássemos a algema benéfica, ela regressaria, intempestiva, à residência abandonada, como possessa de revolta, a destruir o que encontrasse. Não tem o direito, como mãe infiel ao dever, de flagelar com a sua paixão desvairada o corpinho tenro do filho pequenino e, como esposa desatenta às obrigações, não pode perturbar o serviço de recomposição psíquica do companheiro ho­nesto que lhe ofereceu no mundo o que possuía de melhor", disse o amigo espiritual. E ele mesmo ajuntou: "É da lei natural que o lavra­dor colha de conformidade com a semeadura. Quando acalmar as paixões vulcânicas que lhe consomem a alma, quando humilhar o coração volunta­rioso, de modo a respeitar a paz dos entes amados que deixou no mundo, então será libertada e dormirá sono reparador, em estância de paz que nunca falta ao necessitado reconhecido às bênçãos de Deus". A lição era dura, mas lógica. (Livro citado, cap. 15, pp. 236 a 239.)

C. Por que Dimas, mesmo depois da desencarnação, alternava bons e maus momentos?

R.: Foi Jerônimo quem explicou esse fato, lembrando inicialmente que cada pessoa é um mundo e que convicções e realizações consti­tuem obra nossa. Cada assembléia de aprendizes recebe a mesma bagagem de ensinamentos, mas os alunos diferenciam-se quanto ao aproveitamento pessoal. Dimas foi destacado discípulo do Evangelho, principalmente no setor de assistência e difusão, mas, quanto a si mesmo, não fez aproveitamento integral das lições recebidas. "Espalhou as sementes da luz e da verdade, dedicou-se largamente à causa do bem, merecendo, por isso mesmo, socorro especialíssimo. Contudo, no campo particular, não se preparou suficientemente. Qual ocorre à maioria dos homens, pren­deu-se demasiadamente às teias domésticas, sem maior entendimento. Conferiu excessivo carinho à roda familiar, sem noção de equidade, no caminho terrestre", informou Jerônimo. E concluiu dizendo que Dimas consagrou-se à companheira e aos filhos, mas, se lhes deu muita ternura, não lhes proporcionou todo o esclarecimento de que dispunha, libertando-os da esfera pesada de incompreensão. Agora, muito naturalmente, sofria-lhes o assédio. "A inquietude dos parentes atinge-o, através dos fios invisíveis da sintonia magnética", resumiu Jerônimo. Dimas não se preparou interiormente, considerando-se as necessidades do desapego construtivo. Seria preciso, portanto, algum tempo para edificar a resistência. (Livro citado, cap. 15 e 16, pp. 237 a 242.)

Texto para leitura

92. No cemitério - O cortejo foi seguido por mais de vinte entidades desencarnadas, inclusive Dimas, que ia abraçado à genitora, ouvindo-lhe discretas exortações e sábios conselhos. Se entre os amigos do círculo carnal havia profundo constrangimento, entre os Espíritos im­perava tranqüilidade efetiva e espontânea. Ao se aproximar o cortejo do cemitério, André teve estranha surpresa. As grades da necrópole es­tavam cheias de entidades desencarnadas, em gritaria ensurdecedora. Verdadeira concentração de vagabundos sem corpo físico apinhava-se à porta, endereçando ditérios e piadas à longa fila de amigos do morto. No entanto, ao perceberem a presença dos benfeitores espirituais, mos­traram carantonhas de enfado, e um deles, mais decidido, depois de fi­tar o grupo com desapontamento, bradou: "Não adianta! É protegido..."  O padre Hipólito acudiu André, esclarecendo: "Nossa função, acompa­nhando os despojos, não se verifica apenas no sentido de exercitar o desencarnado para os movimentos iniciais de libertação. Destina-se também à sua defesa. Nos cemitérios costuma congregar-se compacta fi­leira de malfeitores, atacando vísceras cadavéricas, para subtrair-lhes resíduos vitais". O ex-sacerdote lembrou então que o Evangelho já se referia aos Espíritos perturbados que habitam entre os sepulcros. Disse também que as igrejas dogmáticas da Terra possuem erradas noções acerca do diabo, mas, inegavelmente, os diabos existem. "Somos nós mesmos, quando, desviados dos divinos desígnios, pervertemos o coração e a inteligência, na satisfação de criminosos caprichos..." Logo de­pois, quando o ataúde foi momentaneamente aberto, antes da inumação, Jerônimo inclinou-se piedosamente sobre o cadáver e, através de passes magnéticos longitudinais, extraiu todos os resíduos de vitalidade, dispersando-os, em seguida, na atmosfera comum, através de processo indescritível na linguagem humana. O objetivo era impedir que entida­des inescrupulosas se apropriassem deles. (Cap. 15, pp. 231 e 232)

93. A gestante volúvel - Terminada a curiosa operação magnética, André teve sua atenção voltada para gemidos lancinantes, emitidos de zonas diversas do cemitério. Em sepulcro próximo, ele encontrou o Espírito de uma mulher que ignorava a própria morte e tinha o cordão fluídico, que lhe pendia da cabeça, ligado aos despojos, a penetrar chão aden­tro. A desventurada mulher, jovem ainda nos seus trinta e seis anos, sentia todos os fenômenos da decomposição cadavérica. Sua única lem­brança era ter sido internada numa casa de saúde... Depois disso, tudo era constante pesadelo, julgava ela, pois tentava erguer-se do chão e não conseguia. André sugeriu-lhe que orasse, mas ela protestou: "Quero um médico, depressa! só ouço padres!"  A jovem mulher parecia distan­ciada de qualquer noção de espiritualidade. Quando André ia exortá-la de novo à oração, uma entidade espiritual se aproximou. Pertencia ao posto de assistência espiritual à necrópole, que, juntamente com mais três companheiros, zelava pela solução dos problemas fundamentais existentes naquele campo. "Apesar de nosso cuidado – disse o amigo espiritual – não podemos esquecer o imperativo de sofrimento benéfico para todos aqueles que vêm dar até aqui, após deliberado desprezo pe­los sublimes patrimônios da vida humana". André entendeu a mensagem. O companheiro queria dizer, naturalmente, que a presença ali de malfei­tores e ociosos desencarnados se justificava em face do grande número de ociosos e malfeitores que se afastam diariamente da Crosta da Ter­ra. Aquela desventurada irmã permanecia sob alta desordem emocional, porque vivera trinta e poucos anos na carne, absolutamente distraída dos problemas espirituais que deveriam interessar a todos. "Gozou, à saciedade, na taça da vida física. Após feliz casamento, realizado sem qualquer preparo de ordem moral, contraiu gravidez, situação esta que lhe mereceu menosprezo integral", informou o atendente espiritual. Precipitando-se em extravagâncias e atitudes volúveis, sequiosa de no­vidades efêmeras, o resultado foi funesto. Findo o parto difícil, so­brevieram infecções e uma febre maligna, que a levaram ao túmulo, de forma inesperada, debaixo de um estado crônico de negação e inconformação. (Cap. 15, pp. 232 a 235)

94. Cada um colhe de acordo com a semeadura - O assistente espiritual da necrópole contou então que vários amigos visitadores tinham vindo à necrópole, tentando libertar a infeliz companheira. A pobrezinha, po­rém, após atravessar existências de sólido materialismo, não sabia as­sumir a menor atitude favorável ao estado receptivo do auxílio supe­rior. Exigia que o cadáver se reavivasse, supondo-se em atroz pesa­delo, o que só agravava a desesperação. Os benfeitores, desse modo, estavam à espera da manifestação de melhoras íntimas, porque seria pe­rigoso forçar a libertação, pela probabilidade de entregar-se a infe­liz aos malfeitores desencarnados. Condoído com o sofrimento da jovem mulher, André Luiz fez menção de cortar o grilhão que a prendia ao corpo em putrefação, mas o atendente prontamente objetou, surpreso, esclarecendo que sua equipe tinha ordens expressas no sentido de que ainda isso não poderia ser feito.  "Se desatássemos a algema benéfica, ela regressaria, intempestiva, à residência abandonada, como possessa de revolta, a destruir o que encontrasse. Não tem o direito, como mãe infiel ao dever, de flagelar com a sua paixão desvairada o corpinho tenro do filho pequenino e, como esposa desatenta às obrigações, não pode perturbar o serviço de recomposição psíquica do companheiro ho­nesto que lhe ofereceu no mundo o que possuía de melhor", disse o amigo espiritual. E ele mesmo ajuntou: "É da lei natural que o lavra­dor colha de conformidade com a semeadura. Quando acalmar as paixões vulcânicas que lhe consomem a alma, quando humilhar o coração volunta­rioso, de modo a respeitar a paz dos entes amados que deixou no mundo, então será libertada e dormirá sono reparador, em estância de paz que nunca falta ao necessitado reconhecido às bênçãos de Deus". A lição era dura, mas lógica. (Cap. 15, pp. 236 e 237)

95. Não há duas desencarnações rigorosamente iguais - Havia muitos in­felizes na necrópole, como um velhote desencarnado, de cócoras sobre a própria campa, que, igualmente em ligação com o fundo, dizia: "Ai, meu Deus! quem me guardará o dinheiro? Quem me guardará o dinheiro?" André endereçou-lhe palavras de consolo e coragem, mas ele nada ouviu, pois sua mente estava cheia de imagens de moedas, letras, cédulas e cifrões. "Vai demorar-se bastante na presente situação – disse o ben­feitor espiritual – e, como vê, não podemos em sã consciência facili­tar-lhe a retirada, porque iria castigar os herdeiros e zurzi-los dia­riamente". E ele mesmo comentou: "Segundo concluímos, se há alegria para todos os gostos, há também sofrimento para todas as necessida­des". Nesse ínterim, Jerônimo chamou André: o cemitério já estava va­zio de encarnados e chegara a hora de partir. Foi comovente o adeus entre Dimas e sua mãe, que prometeu visitá-lo sempre que possível. Au­torizado por Jerônimo, André pôde dirigir a Dimas algumas perguntas, necessárias ao próprio esclarecimento. Primeiramente, ele quis saber se Dimas ainda sentia dores físicas. "Guardo integral impressão do corpo que acabei de deixar – respondeu Dimas. – Noto, porém, que, ao desejar permanecer ao lado dos meus, e continuar onde sempre estive durante muitos anos, volto a experimentar os padecimentos que sofri; entretanto, ao conformar-me com os superiores desígnios, sinto-me logo mais leve e reconfortado". Em seguida, ele esclareceu que conservava os cinco sentidos perfeitamente. Quanto à sensação de fome, esclareceu Dimas: "Chego a notar o estômago vazio e ficaria satisfeito se rece­besse algo de comer, mas esse desejo não é incômodo ou torturante". Por fim, explicou que tinha sede, mas não sofria por isso. O Assis­tente Jerônimo, após essa breve entrevista, interveio para dizer a An­dré que "não se verificam duas desencarnações rigorosamente iguais. O plano impressivo depende da posição espiritual de cada um". (Cap. 15, pp. 237 a 239)

96. Inquietude dos parentes envolve Dimas - Na Casa Transitória de Fa­biano, Dimas mostrava-se em lastimável abatimento. Apesar da fé que lhe aquecia o espírito, as saudades do lar infundiam-lhe inexprimível angústia. Às vezes, finda a conversação serena em que se revelava calmo e seguro nas palavras, punha-se a gemer doridamente, chamando a esposa e os filhos, inquieto. Em tais momentos, tornava aos sintomas da moléstia que lhe vitimara o corpo denso e, com dificuldade, os ben­feitores espirituais conseguiam subtraí-lo à estranha psicose. Dimas tentava então desvencilhar-se da influência espiritual amiga, como se houvera enlouquecido de repente, no propósito de fugir sem rumo certo. Gritava, gesticulava, afligia-se, como sonâmbulo inconsciente. André estava surpreso com essa situação. Afinal, Dimas fora instrumento de­dicado do Espiritismo evangélico, consagrara sua existência às bendi­tas realizações da consoladora doutrina. De antemão, sabia na esfera carnal que seria submetido às lições da morte e que não lhe faltariam ricas possibilidades de continuar junto da parentela. Por que seme­lhantes distúrbios? Não recebera ele excepcional atenção de entidades superiores? Jerônimo, sem denotar pelo fato qualquer surpresa, respon­deu dizendo que cada pessoa é um mundo. Esclarecimentos e consolações são dádivas de Deus, Nosso Pai, mas convicções e realizações consti­tuem obra nossa. Cada assembléia de aprendizes recebe a mesma bagagem de ensinamentos, organizada de modo geral para todos os indivíduos que a integram. Diferenciam-se, porém, os alunos, na série do aproveita­mento particular. O mérito não é patrimônio comum, embora seja a gló­ria do cume, a desafiar todos os caminheiros da vida para a suprema elevação. Dimas foi destacado discípulo do Evangelho, principalmente no setor de assistência e difusão, mas, quanto a si mesmo, não fez aproveitamento integral das lições recebidas. "Espalhou as sementes da luz e da verdade, dedicou-se largamente à causa do bem, merecendo, por isso mesmo, socorro especialíssimo. Contudo, no campo particular, não se preparou suficientemente. Qual ocorre à maioria dos homens, pren­deu-se demasiadamente às teias domésticas, sem maior entendimento. Conferiu excessivo carinho à roda familiar, sem noção de equidade, no caminho terrestre", informou Jerônimo. E o Assistente concluiu dizendo que Dimas consagrou-se à companheira e aos filhos, mas, se lhes deu muita ternura, não lhes proporcionou todo o esclarecimento de que dis­punha, libertando-os da esfera pesada de incompreensão. Agora, muito naturalmente, sofria-lhes o assédio. "A inquietude dos parentes atinge-o, através dos fios invisíveis da sintonia magnética", resumiu Jerônimo. Dimas não se preparou interiormente, considerando-se as ne­cessidades do desapego construtivo. Seria preciso, portanto, algum tempo para edificar a resistência. (Cap. 16, pp. 240 a 242) (Continua no próximo número.)  
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita