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Especial

Ano 2 - N° 57 - 25 de Maio de 2008

ALÍRIO DE CERQUEIRA FILHO
acerqueira@plenitude.com.br
Cuiabá, Mato Grosso (Brasil)

Análise da obra mediúnica de Wanderley S. de Oliveira atribuída ao suposto Espírito Ermance Dufaux e outros


(3ª e última parte)

Comparemos agora tudo que lemos com as descrições que Manoel Philomeno de Miranda faz no livro Tormentos da Obsessão, por meio da psicografia de Divaldo P. Franco.

No 2º. Capítulo: O Sanatório Esperança, Manoel P. de Miranda apresenta o verdadeiro Dr. Ignácio Ferreira. Vale a pena lê-lo e comparar os diálogos, ricos de sabedoria, com os diálogos chulos e debochados descritos anteriormente.

Aliás, no livro Tormentos da Obsessão encontramos vários diálogos extremamente profundos entre Philomeno de Miranda e o Dr. Ignácio Ferreira, demonstrando de forma irrefutável a sua elevação moral.

Wanderley S. de Oliveira

Não transcreveremos esses diálogos por ser desnecessário, remetendo o leitor ao original, que recomendamos que todos nós espíritas estudemos, pelo menos, uma vez. Mas os textos são tão profundos que, se estudarmos mais vezes, vamos apreender com mais eficiência.

Vejamos os termos que Philomeno usa para descrever o Dr. Ignácio:

(...) Apresentando-se própria a ocasião, face à presença em nosso grupo de um dos seus atuais diretores, o Dr. Ignácio Ferreira, que fora na Terra eminente médico uberabense, interroguei ao amigo gentil, sobre a história daquele Santuário dedicado à saúde mental, e ele, bondosamente respondeu:

(...) Enquanto o gentil psiquiatra...

(...) Sem  demonstrar enfado, o bondoso psiquiatra elucidou...

(...) Dr. Ignácio Ferreira houvera experimentado com muito cuidado, enquanto no corpo físico, o tratamento de diversas psicopatologias incluindo as obsessões pertinazes, no Sanatório psiquiátrico que erguera na cidade de Uberaba, e que lhe fora precioso laboratório para estudos e aprofundamento na psique humana, especialmente no que diz respeito ao inter-relacionamento entre criaturas e Espíritos desencarnados.

A Sra. Maria Modesto Cravo, se iniciara pelas suas mãos, quando os fenômenos insólitos passaram a perturbá-la, e, graças à sua faculdade preciosa, revelou-se abnegada servidora do Bem. De sua segura mediunidade se utilizavam os bons Espíritos, particularmente Eurípedes Barsanulfo, para o ministério do esclarecimento dos estudiosos, assim como para a prática da caridade.

 (Nas páginas 61 a 72 do referido livro temos uma palestra do Dr. Ignácio, na qual o verdadeiro benfeitor mostra a sua elevação moral, tão diferente da caricatura do médico insolente e debochado apresentado pela suposta Ermance Dufaux. Além das referidas páginas o leitor vai encontrar no livro Tormentos da Obsessão outras páginas nas quais o ilustre psiquiatra mostra a sua elevação.)

Citamos a seguir um pequeno trecho no qual o Dr. Ignácio demonstra a sua bonomia e elevação, a título de exemplo. Compare com os textos debochados exarados anteriormente:

(...) – O processo de evolução – continuou espontaneamente a enunciar – é lento, porque aqueles que nele estamos envolvidos, optamos pelo imediato, que são as ilusões que afastam aparentemente as responsabilidades e as lutas, intoxicando-nos os centros do discernimento e entorpecendo-nos a razão. Luz, porém, em toda a parte, o amor de Nosso Pai convidando à renovação e ao trabalho, à conquista da alegria, da paz e da felicidade de viver. Dia virá, e já se anuncia, em que o Evangelho de Jesus tocará os corações com mais profundidade, e o ser humano se levantará dos vales por onde deambula, galgando a montanha da libertação, a fim de contemplar e fruir os horizontes infinitos e plenificadores. Até que chegue esse momento, que todos nós, aqueles que amamos e já despertamos para as responsabilidades que nos dizem respeito, nos demos as mãos e, unidos, sirvamos sem reclamação, ampliando o campo das realizações enobrecedoras.

Para finalizar a nossa análise vamos colocar alguns trechos no qual o autor tenta dissociar a mediunidade do crivo da razão e denigre o movimento espírita de unificação.

Reforma íntima sem martírio (p.186 e 187): (...) O exercício mediúnico sério tem sido escasso nas casas do Espiritismo e o que prepondera é o consolo nas sessões de intercâmbio. Embora com seus méritos, a transcendência da faculdade que liga os mundos não tem se convertido em chances para que os benfeitores do além possam transmitir sua experiência e participar com mais assiduidade das vivências dos homens. Não foram poucas vezes em que Bezerra de Menezes teve que contar com centros de umbanda e candomblé, nos quais encontram-se muitos corações afeiçoados ao amor, para fazer seus ditados ou operar suas curas. Lá a espontaneidade e o desejo de servir muitas vezes sobressai como qualidade indiscutível em relação a muitos centros doutrinários do Espiritismo, os quais têm fechado as portas mentais para o trânsito dos bons espíritos. Tem havido um engessamento voluntário do exercício mediúnico surgido a partir da tese animista, em meados do século passado. Sem visão de vida imortal, acomodam-se e deixam de descobrirem horizontes novos. Estacionam na paralisia do pensamento em conceitos e não se permitem reciclar práticas. Muitos, além disso, infelizmente, perderam o gosto de aprender, esbaldando-se em seu “histórico de serviços” sem apresentar algo de útil para os reclames do momento atual.

Lírios da esperança (p 34 e 35): (...)Fé é a adesão espontânea da alma na busca da Verdade. Mediunidade é o ventre sagrado do fervor. Através dela, ocorre a sublime gestação do patrimônio da crença lúcida e libertadora.

Raciocínio é o dínamo da lógica e do bom senso. Quando atacado pela rigidez emocional, concerte-se em preconceito e estagnação.

Inúmeros grupos doutrinários transformaram o critério do raciocínio em medida prática de defesa, para não serem enganados pelas bem urdidas mistificações. Com essa postura, se não são enganados nas suas produções mediúnicas, são ludibriados quanto ao significado abrangente das relações de amor entre as almas, circunscrevendo a prática de intercâmbio à expressões superficiais de conversão de desencarnados, com espaço acanhado para a manifestação livre de benfeitores e aprendizes da erraticidade. Vigilância excessiva é um cadeado nas portas da sensibilidade, aprisionando os sentimentos aos severos regimes de descrença e engessamento mental. A cautela excessiva com a fantasia e o engodo manietaram inúmeros servidores.

E o resultado mais infeliz de tanta censura é o enfermiço desânimo com as sagradas práticas de intercâmbio entre os mundos. O mais grave efeito do engessamento cultural das idéias espíritas é a paralisia da noção de imortalidade. Um plano espiritual estático e desconectado da vida na Terra.

(...) O que era apenas uma ameaça ao intercâmbio mediúnico responsável, regido pela espontaneidade, hoje se concretiza como autêntico cerceamento criado por padrões rígidos e institucionais nas leiras de serviço. Tais padrões, a princípio erigidos como “estacas de segurança”, transformaram-se em “cartilhas” por sugestões de corações bem intencionados, porém, desprevenidos quanto ao significado da singularidade nos assuntos metafísicos. Além disso, a existência dos “mentores culturais” de sofismas, em ambos os planos, multiplicaram as noções inconsistentes absorvidas pela comunidade em suas práticas e conteúdos. O resultado inevitável é o restringimento, ainda maior, das manifestações do céu para a vida terrena.

Chega a hora de um novo chamado!

(...) Com isso, o homem acomoda-se na ritualidade, na repetição, no padrão. Bane-se a criatividade, o novo e a experimentação, estabelecendo uma noção de segurança em torno de “formas usuais de fazer...” A educação moderna preconiza em um dos seu quatro pilares: o “aprender a fazer”. Todos os grupos doutrinários na atualidade são convocados a “reaprender a fazer”.

(...) - Estou confirmando que precisamos de rever conceitos sobre médiuns, mediunidade e Espiritismo. Largar essa mania emocional de fidelidade ao texto de Kardec e buscar fidelidade à postura de Kardec, à postura de investigador. Estou falando de abertura mental para o novo.

(Percebe-se nitidamente os sofismas que o espírito mistificador usa para neutralizar o bom-senso na prática mediúnica, usando palavras bem escolhidas, comocriatividade”, o “novo”, “experimentação”, para melhor enganar.  O médium Wanderley em um congresso recente disse em público, que tem experimentado muitas inovações seguindo o conselho dos seus “mentores”. Percebe-se que ele vem seguindo à risca os conselhos de abolir a razão e o bom-senso. A última novidade que introduziu no Centro onde ele participa é o “tatame mediúnico”. Aboliram a mesa da sala mediúnica e agoraum tatame para amortecer as quedas dos médiuns, que usando a “espontaneidade” jogam-se no chão ao receber os espíritos, tornando-se como recomenda o falso Dr. Inácio, “cavalos” dos espíritos.)

(...) - Os médiuns consagrados da seara cumprem outro gênero de tarefa para com a causa, razão pela qual, para resguardarem segurança íntima, mantêm-se distantes dos cataclismos de diversidade.

- Tenho piedade do medianeiro que se atrever a publicar tais anotações!

- Pois tenho alegria em saber que esses conceitos chegarão ao mundo pelas mãos mediúnicas.

- A maioria nutrirá descrença. Eu mesmo ainda não creio no que vejo!

- Ainda assim o médium, com sua “louca coragem”, será um desafio de amor para o movimento espírita.

(Aqui o espírito sutilmente fala da diferença de médiuns consagrados e médiuns corajosamente loucos, justificando porque nãoconfirmação dessas “revelaçõespor médiuns equilibrados apenas pelos outros, os “loucos”. Novamente coloca uma falácia para melhor enganar.)

Nos capítulos 21 e 23 o mistificador usa de instrumentos para ridicularizar e denegrir a doutrina e o movimento de unificação.

Vejamos alguns trechos:

(...) Os pacientes aqui alojados neste setor...

- São líderes da unificação. Com raras exceções, os amigos da unificação que aqui se aportam chegam cansados pelo peso das mágoas. Suas histórias, a exemplo da minha própria, quase sempre, são agravadas pela angústia, quando descobrem não serem tão essenciais o quanto imaginavam aos ofícios de Jesus.

(...) Parecem atordoados.

- “Emburrados”, eu diria.

- “Emburrados”?

- Não se entendiam na Terra, continuam não se entendendo por aqui. Brigam durante o dia e, agora à noite, encontram-se deprimidos e fracos.

- Mas ninguém toma nenhuma iniciativa?

- Se tomarem, logo eles estarão se procurando para “tricotarem”.

- “Tricotarem”?! O senhor quer dizer que continuam suas tricas?

- Sejam claros!... Tricas, não. Política de bastidor!

- Até aqui existem essas condutas?

- E por que não? A mente adoecida traz para cá suas enfermidades.

- Surpreendente! Como lhe disse, conhecia bem esse comportamento na seara, todavia não imaginava que os unificadores continuassem agindo assim...

- Eu mesmo, quando desencarnei fiz parte de grupo similar na erraticidade. Saudade do ambiente de unificação! Do movimento espírita com todas as suas querelas!

(...) A Doutrina Espírita é uma bênção de alívio e paz para quem a busca absorver-lhe as lições. Todavia, para quantos estacionam na superfície de seus ensinos, transforma-se em fardo consciencial. Por essa razão, alguns confrades recorrem a alternativas. Cansam de espiritismo.

 (...) - Que o Espiritismo chamado de puro é uma criação da cabeça humana, tomada pelo preconceito, e que os espíritas de hoje são um “novelo cultural católico”, um fenômeno social e histórico. As práticas e conceitos doutrinários foram talhados pelo arcabouço milenar do homem religioso.

(Aqui fica também patente a real finalidade do espírito mistificador: ridicularizar o movimento e a Doutrina Espírita através de um psicologismo que engana muita gente, pois fala do amor, do bem, das virtudes. Muitas outras falhas doutrinárias graves existem nas obras, mas ficamos por aqui para não ficar enfadonha a análise.)

Concluímos com um texto de Erasto extremamente atual, que todo trabalhador espírita na leitura das obras mediúnicas ou não deveria sempre ter em mente para separar o joio do trigo.

“O Livro dos Médiuns” item 230: “Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom-senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal, ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade. Erasto”

BIBLIOGRAFIA:

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns . 62ª. Ed. - Brasília: FEB, 1944.

MIRANDA, Manoel Philomeno de [espírito]; [psicografado por] FRANCO, D. P. Tormentos da Obsessão. 1. ed. Salvador: LEAL, 2001.

DIVERSOS Espíritos. [psicografado por] OLIVEIRA, Maria José  Soares de. & OLIVEIRA, Wanderley S. Seara Bendita. Belo Horizonte: INEDE, 2000.

DUFAUX, Ermance [espírito]; [psicografado por] OLIVEIRA, Wanderley S. Reforma Íntima Sem Martírio.3.ed. Belo Horizonte: INEDE, 2003

DUFAUX, Ermance [espírito]; [psicografado por]OLIVEIRA, Wanderley S. Lírios de Esperança. Belo Horizonte: Ed. Dufaux, 2005.

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Alírio de Cerqueira Filho é coordenador de assuntos da família da Federação Espírita do Estado de Mato Grosso. Participa do movimento espírita há 27 anos. É escritor e expositor espírita. Realiza palestras e seminários por todo Brasil e Exterior. Foi diretor do Departamento de Estudo e Doutrina da Federação Espírita do Estado de Mato Grosso de 1982 a 1996, quando foi eleito para ocupar o cargo de Vice-presidente para Assuntos Doutrinários tendo exercido a função por dois mandatos consecutivos. Profissionalmente é médico; biólogo com ênfase em ecologia; pós-graduado em psiquiatria; psicologia e psicoterapia transpessoal e medicina homeopática. Tem também formação em Terapia Regressiva a Vivências Passadas e Especialização na Arte de Programação Neurolingüística. Possui larga experiência no trabalho com o psiquismo humano, tanto como psicoterapeuta, quanto como educador transpessoal, experiência essa adquirida em 19 anos de prática clínica e nos inúmeros cursos, seminários e palestras que tem realizado ao longo de sua carreira.
 


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