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Ano 2 - N° 55 - 11 de Maio de 2008

FERNANDA BORGES
fernanda@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

Leonardo Machado Tavares:


“Não nos compete converter ninguém para o Espiritismo, mas formar indivíduos melhores”
 

O jovem confrade Leonardo Machado Tavares (foto) começou muito cedo a atuar nos trabalhos espíritas. Nascido e crescido em Recife (PE), o jovem, que está prestes a concluir o curso de Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco, nasceu em berço espírita e desde adolescente atua em atividades ligadas no Núcleo Espírita Investigadores da Luz (NEIL).

Atualmente, Leonardo realiza palestras e compõe músicas eruditas, tendo já lançado quatro CDs com algumas de suas composições. Além de viajar a serviço da divulgação  espírita,  ele  participa  de  um

grupo mediúnico em sua cidade e colabora com artigos doutrinários em diversos periódicos espíritas, como esta revista, de que é, desde o início, colaborador assíduo.

Em sua opinião, os trabalhadores espíritas têm trabalhado com seriedade na divulgação da Doutrina, como explica na presente entrevista em que fala também sobre outros importantes temas de interesse do leitor. 

O Consolador: Qual foi seu primeiro trabalho no meio espírita?

Meu primeiro trabalho na Casa Espírita foi realizar a Campanha do Quilo e ser evangelizador juvenil, quando tinha 13 anos. Aos 15, quando estudava música no Conservatório Pernambucano de Música, comecei a compor diversas músicas orquestrais eruditas inspiradas na Doutrina Espírita, finalizando a Sinfonia número 1 em dó menor – “A evolução dos mundos” (para orquestra sinfônica) – a qual, no início de 2006, tive a oportunidade de lançar em CD. Aos 17 anos, realizei minha primeira palestra. Tive oportunidade, ainda, de realizar e de ser monitor por algum tempo do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE).

O Consolador: No movimento espírita, que atividades você já realizou e continua a realizar?

 

Realizo palestras, conferências e seminários espíritas, tendo já visitado diversas cidades de Pernambuco, o estado do Ceará e a cidade de Londres, Inglaterra. Escrevo músicas eruditas com temáticas espíritas e já lancei, desde 2006, quatro CDs com algumas dessas obras. Colaboro com artigos espíritas para diversos periódicos espíritas e leigos, como a revista Reformador; a Revista Internacional de Espiritismo, o Jornal do Comércio de Pernambuco e para esta revista - O Consolador. Escrevemos livros espíritas, tendo lançado o nosso primeiro “Quando a Terra imita os céus” – na Livraria Saraiva do Shopping Center Recife em junho do ano passado, e outros estão em fase final ou em análise. Fundei em 2004 e sou atual coordenador do Grupo União Carlos Gomes, no qual ensino música erudita aliada ao Espiritismo, gratuitamente. Trabalhamos mediunicamente através da psicografia e das consultas mediúnicas, no Núcleo Espírita Investigadores da Luz, e somos o atual Diretor de Programação e Divulgação do referido centro.

 

O Consolador: É verdade que você nasceu em lar espírita?

 

Sim. Tive a oportunidade, juntamente com meus dois irmãos mais velhos, de nascer em berço espírita, já que meus pais são espíritas há cerca de 30 anos. Vale salientar que, igualmente, estamos, desde o berço, ligados ao Núcleo Espírita Investigadores da Luz (NEIL), instituição que, neste ano de 2007, completou 70 anos de fundação e para qual reverto toda a renda de minhas obras.

 

O Consolador: Dos três aspectos do Espiritismo – científico, filosófico e religioso –, qual o toca mais profundamente?

 

Considero que a Doutrina Espírita é maravilhosa, justamente pela capacidade que tem de esclarecer estes três grandes pilares do saber humano. Não saberia, portanto, dizer com segurança qual das três áreas mais me atrai, conquanto adoro a ciência – a Gênese foi, certamente, a obra que mais me empolgou. Amo a filosofia, tanto que escrevi um livro no qual comparo a filosofia socrática com os preceitos espíritas, o qual deve estar sendo lançado em breve; e admiro Jesus e sua mensagem. Para mim, o Espiritismo é o Cristianismo Redivivo. E, portanto, sem a base ético-moral-religiosa do Evangelho de Jesus muito pouco ele conseguiria ter feito nestes 150 anos.

 

O Consolador: Que autores espíritas mais lhe agradam?

 

Allan Kardec, Léon Denis, Emmanuel, André Luiz, Victor Hugo (por Divaldo e por Zilda Gama), Manoel Philomeno de Miranda e Joanna de Ângelis.

 

O Consolador: Que livros espíritas você considera de leitura indispensável àqueles que se iniciam no Espiritismo?

 

Toda a Codificação; os clássicos, mormente os livros de Léon Denis e de Gabriel Delanne; a série denominada pela Federação Brasileira Espírita (FEB) de “A vida no mundo espiritual”, de André Luiz; “Paulo e Estevão” e “A caminho da Luz”, de Emmanuel; e “Devassando o Invisível”, de Yvonne A. Pereira.

 

O Consolador: Se fosse para um local distante, sem acesso às atividades e trabalhos espíritas, que livros você levaria?

 

Toda a Codificação, a Bíblia e alguns dos livros de Léon Denis.

 

O Consolador: As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao chamado Espiritismo laico. Para você, o Espiritismo é uma religião?

 

Tenho a mesma opinião de Allan Kardec, expressada em seus livros. O Espiritismo não é ma religião formal, porque não tem hierarquia, nem sacerdócio, nem um chefe; mas, sem dúvida, tem um caráter religioso muito forte, porquanto toda a sua função é espiritualizar o ser e religá-lo ao Criador. Não se pode nunca, portanto, esquecer que a Doutrina Espírita é o Cristianismo voltando com toda as suas pureza e força em nossas vidas e em nossos corações.

 

O Consolador: Outro tema que suscita geralmente grandes debates diz respeito à obra publicada na França por J. B. Roustaing. Qual é sua apreciação dessa obra?

 

Infelizmente, não me dediquei a estudar estas obras, já que, sendo muito novo biologicamente, preferi começar pelo começo, que é Kardec, quando tinha 13 anos, ocasião em que li meu primeiro livro espírita.

 

O Consolador: Sobre os passes padronizados, qual é sua opinião?

 

Somos daqueles que vêem o passe como uma prática inspirada pelas passagens do Evangelho de Jesus, quando em diversas oportunidades ele, através da imposição das mãos, doava o seu amor e curava. Vale a pena, ainda, lembrar que em certas ocasiões ele aplicava o passe sem mover sequer um dedo, quando, por exemplo, disse a Pedro que, tendo-o  tocado alguém, havia saído dele uma virtude, uma energia salutar. Desta forma, o mais importante não é o exterior, mas o interior. O passe é doação de bioenergia, de amor. Assim, muitas vezes, a forma e a técnica em demasia podem nada somar neste sentido. Isso não implica dizer que, dentro do trabalho na Casa Espírita, o passe seja aplicado sem orientação e sem estudo por parte do passista, mas que a técnica deve ser a mais simples possível, com a finalidade de se manter a simplicidade de Jesus em nossos Centros. 

 

O Consolador: Como você vê a discussão em torno do aborto?

 

Acompanho os trabalhos da Federação Espírita Brasileira e da Associação Médico-Espírita do Brasil, bem como de expoentes do movimento espírita brasileiro, como Divaldo Franco, Alberto Almeida e Raul Teixeira, e considero que todos têm um grande empenho em defender a vida. Particularmente, considero que, se algo falta neste sentido, é o empenho pessoal de cada um de nós cristãos-espíritas em expor suas convicções em momentos oportunos, baseadas em Kardec, obviamente. No entanto, sem querer impô-las a ninguém. Às vezes, nós confundimos expor com impor e esclarecer com julgar. E isso traz grande prejuízo. O mais importante não é anatematizar o aborto e condenar aqueles que o fazem, mas sobretudo defender o valor da vida em todo o seu esplendor. Jesus mesmo disse: “Eu vim para que todos vós tenhais vida, e vida em abundância”. É isso que devemos demonstrar: que depois do momento de dúvidas a alegria da vida suavizará qualquer angústia. Nesse contexto, é necessário, outrossim, fazer um maior trabalho de conscientização da juventude, onde se situa o grande foco da gravidez não planejada, sem medo de debater com os jovens os seus medos e os seus questionamentos. Dar à juventude, conforme seu grau de maturidade, oportunidades de trabalho na Casa Espírita. Trazê-la para junto do trabalho no bem para que a energia que ela possui abundante possa ser bem direcionada. Este é, também, um grande trabalho profilático em defesa da vida.

 

O Consolador: A eutanásia, como sabemos, é uma prática que não tem o apoio da Doutrina Espírita. Surgiu, no entanto, ultimamente a idéia da ortotanásia, defendida até mesmo por médicos espíritas. Qual é sua opinião a respeito?

 

A eutanásia seria a “boa morte”; a distanásia, o prolongamento excessivo da vida. A ortotanásia surgiu como sendo a morte “na hora certa”. Difícil saber qual é a hora certa de se morrer, não? Necessário, portanto, é valorizar a vida, dar qualidade para ela até os últimos instantes, ter cautela, não transferir os próprios desejos para o paciente, estudar a morte para se familiarizar com ela, encarando-a como natural, e, acima de tudo, não brincar de Deus.

 

O Consolador: O movimento espírita em nosso País lhe agrada ou falta algo nele que favoreça uma melhor divulgação da Doutrina?

 

Obviamente, sendo o movimento formado por pessoas, há nele, também, erros que não deveriam mais acontecer. Apesar disto, verifico que as coisas boas vêm sobrepujando, e muito, as coisas ruins, as quais, paulatinamente, vão caindo no esquecimento, com o passar dos anos e com o passar dos modismos. Necessário, portanto, é cada vez mais a união verdadeira, a temperança, o não julgar, o respeito e o amor-caridade para com todos. Nesse sentido, a FEB vem desempenhando incomparável papel, exemplificando, certamente, tudo isso que é indispensável. Como, portanto, ser pessimista diante do labor ininterrupto de tantos trabalhadores incansáveis que existem pelo movimento espírita brasileiro e mundial?

 

O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar em todo o País? Em sua opinião, como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida?

 

A hora pela qual passamos é bem a hora da transição. De nossa parte, cabe-nos aumentar os serviços de assistência e de promoção social de nossos Centros Espíritas, incluindo neles, não somente o material, mas também o auxílio do esclarecimento espiritual, divulgando e demonstrando que o amor e o perdão ensinado por Jesus são possíveis. Não nos compete converter ninguém para o Espiritismo, mas sobretudo formar indivíduos melhores em nossa sociedade, muito embora devamos isto fazer com o auxílio dos conhecimentos da Doutrina dos Espíritos, pelo fato de sermos coerentes com aquilo que abraçamos. Além disso, o mais importante é construirmos a paz interior e a tranqüilidade em nossos lares e em nossos relacionamentos, demonstrando, pelo exemplo, que é possível fazer diferente diante de tanta loucura.

 

O Consolador: Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de provas e expiações, passando plenamente à condição de um mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma eqüidade perfeita regulará as relações sociais?

 

Sinceramente, muito difícil é precisar uma data, especialmente devido à relatividade da dimensão espaço-tempo. Espero que seja na minha próxima reencarnação.

 

O Consolador: Quanto aos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, o que você acha que deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no Brasil e no mundo?

 

Eu gostaria de responder – EDUCAÇÃO - com letras de ouro. Mas, diante do atual cenário, falar em qualquer projeto será difícil se não se falar, em primeiro lugar, em HONESTIDADE. E esta deve passar não somente pelos políticos (embora principalmente por eles, já que devem dar o exemplo), mas por todos os eleitores, os quais, muitas vezes, votam com objetivos menos louváveis de interesse pessoal. Outrossim, por todos aqueles que estão lidando com o dinheiro público; por todos os empresários que visam lucros exagerados; enfim, por todos aqueles que, à semelhança de Maquiavel, pensam que os fins justificam os meios.

 

Honestidade, pois, e urgente, lembrando-nos do “Sim, sim! Não, não!” ensinado pelo Mestre Jesus.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita