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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 54 - 4 de Maio de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

Obreiros da Vida Eterna
 
(Parte 10)

André Luiz

Damos continuidade ao estudo da obra Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1946 pela editora da Federação Espírita Brasileira, a qual integra a série iniciada com o livro Nosso Lar.  

Questões preliminares

A. Que fato impressionou a André ao visitar Cavalcante num dos hospitais da Crosta?

R.: Impressionou a André o fato de ser aquele hospital defendido por grandes turmas de trabalhadores espirituais. Havia ali tanta atividade por parte dos encarnados, como por parte dos desencarnados. A maioria dos leitos ocupados mostrava o doente e as entidades espirituais que o rodeavam, umas em caráter de assistência defensiva, outras em acirrada perseguição. (Obreiros da Vida Eterna, cap. 11, pp. 181 a 184.)

B. Que instituição era dirigida por Adelaide e qual a sua função no trabalho a ser desenvolvido por Jerônimo e seus pupilos?

R.: Era uma instituição espírita que abrigava numerosas criancinhas e onde se sediava compacta legião de trabalhadores desencarnados. Aquele instituto de amparo à criança era vasto celeiro de bênçãos e constituiria um ponto de apoio importante para o trabalho a ser realizado por Jerônimo e André. Encontrava-se ali um dos raros edifícios da Crosta sem criaturas perversas da esfera invisível. (Obra citada, cap. 11 e 12, pp. 184 a 189.)

C. Ao explanar para André e seus companheiros quais os objetivos da instituição dirigida por Adelaide, que lições lhes transmitiu Irene a respeito do trabalho que devemos realizar no campo da benemerência social?

R.: Primeiro, Irene explicou que aquela obra não se dedicava exclusivamente às necessidades do estômago e do intelecto da infância desamparada. "Os imperativos da evangelização preponderam aqui sobre os demais", disse Irene, e essa deve ser a finalidade principal das instituições de igual natureza. "Para infundir espiritualidade superior à mente humana urge aproveitar realizações como esta, já que é muito difícil obter espontâneo arejamento da esfera sentimental. Valemo-nos da casa, venerável em seus fundamentos de solidariedade cristã, como núcleo difusor de idéias salutares. A fundação é muito mais de almas que de corpos, muito mais de pensamentos eternos que de coisas transitórias. O diretor, o cooperador e o abrigado, recebendo as responsabilidades inerentes ao programa de Jesus, instintivamente se convertem nos instrumentos vivos da Luz de Mais Alto. Satisfazendo necessidades corporais, solucionamos problemas espirituais. Entrelaçando deveres e dividindo-os com os nossos irmãos encarnados, no setor de assistência, conseguimos criar bases mais sólidas à semeadura das verdades imorredouras", acrescentou a colaboradora espiritual da casa. Concluindo, Irene disse: "Como vêem, a luz divina prevalece sobre a benemerência humana, porque esta, sem aquela, pode muitas vezes degenerar em personalismo devastador, compreendendo-se, todavia, em qualquer tempo, que a fé sem obras é irmã das obras sem fé". (Obra citada, cap. 12, pp. 189 a 191. )  

Texto para leitura

69. Conseqüências da deficiência na educação da fé - André Luiz aplicou passes de reconforto em Albina, observando-lhe a insuficiência cardíaca, oriunda de aneurisma em condições ameaçadoras. Foi então que bondosa entidade assomou à porta: era uma amiga dedicada que vinha velar à cabeceira e que, ao ver Jerônimo, informou existir forte pedido de prorrogação em favor da enferma. Havia razões ponderosas para que Albina fosse amparada convenientemente, a fim de permanecer com a família consangüínea por mais alguns meses. O grupo dirigiu-se, em seguida, a um movimentado hospital, onde se encontrava internado o irmão Cavalcante, espírito abnegado e valoroso nos serviços do bem ao próximo, procedente também da colônia "Nosso Lar". Filiado às lides católicas, Cavalcante tinha à cabeceira a companhia de Bonifácio, excelente companheiro espiritual, que ajudava o doente. Impressionou a André o fato de ser aquele hospital defendido por grandes turmas de trabalhadores espirituais. Havia ali tanta atividade por parte dos encarnados, como por parte dos desencarnados. A maioria dos leitos ocupados mostrava o doente e as entidades espirituais que o rodeavam, umas em caráter de assistência defensiva, outras em acirrada perseguição. Cavalcante possuía grande círculo de amigos pelos seus dotes morais. Sua existência, cheia de belos sacrifícios, falava diretamente ao coração. Ali se encontrava, junto dos filhos da indigência, abandonado da parentela, em virtude de suas idéias de renúncia às riquezas materiais; mas não se achava desamparado pela Divina Misericórdia. André fez-lhe aplicações magnéticas e observou, além da ulceração duodenal, a inflamação adiantada do apêndice, quase a romper-se. O dedicado servidor do bem, apesar de suas elevadas qualidades morais, tinha dificuldade para manter-se tranqüilo, em vista dos parentes desencarnados que o assediavam de modo incessante. Como não se preparara convenientemente para libertar-se do jugo da carne, sofria muito pelos exageros da sensibilidade, mantendo o pensamento excessivamente ligado com aqueles a quem amava, embora o abandono a que fora votado. Semelhante situação dificultava os esforços dos protetores, informou Bonifácio, com o que concordou Jerônimo. "A deficiência de educação da fé, ainda mesmo nos caracteres mais admiráveis, origina deploráveis desequilíbrios da alma, em circunstâncias como esta", esclareceu o Assistente. (Cap. 11, pp. 181 a 184)

70. Bezerra de Menezes ali estava, em pessoa - Dali, o grupo rumou a um confortável edifício, em que se abrigavam numerosas criancinhas, em nome de Jesus. Tratava-se de louvável instituição espiritista-cristã, onde se sediava compacta legião de trabalhadores desencarnados. Bondoso ancião recebeu-os afavelmente. André logo o reconheceu. Era Bezerra de Menezes, o dedicado irmão dos que sofrem, em pessoa. Bezerra abraçou-os, um a um, e contou que já esperava a comissão, informando que Adelaide não daria nenhum trabalho, devido ao seu preparo espiritual. "O ministério mediúnico, o serviço incessante em benefício dos enfermos, o amparo materno aos órfãos nesta casa de paz, aliados aos profundos desgostos e duras pedradas que constituem abençoado ônus das missões do bem, prepararam-lhe a alma para esta hora...", esclareceu Bezerra, que conduziu o grupo a um compartimento modesto, onde a médium repousava. Não havia no quarto nenhum irmão encarnado; contudo, duas jovens cercadas de prateada luz permaneciam ali, acariciando-a. Adelaide, segundo Bezerra de Menezes, "sempre foi leal discípula do Mestre dos Mestres. Apesar das dificuldades, dos espinhos e aflições, perseverou até o fim". A digna senhora entrou em oração. De sua mente equilibrada, emanavam raios brilhantes. Não enxergou os visitantes espirituais a seu lado, exceção de Bezerra de Menezes, a quem se unia por sublimes cadeias do coração. O médico dos pobres saudou-a, afável e bondoso, endereçando-lhe palavras reconfortantes e carinhosas. Adelaide lhe disse saber que chegara ao termo da jornada e que estava pronta, mas não pôde continuar, porquanto profunda emoção embargou-lhe a voz e copioso pranto começou a brotar-lhe dos olhos encovados. Bezerra acomodou-se junto dela, com intimidade paternal, afagou-lhe com a destra a fronte abatida e falou, otimista: "Já sei. Você pensa nos parentes, nos amigos, nos orfãozinhos e nos trabalhos que ficarão. O' Adelaide! compreendo seu devotamento materno à obra de amor que lhe consumiu a vida. Entretanto, você está cansada, muito cansada e Jesus, Médico Divino de nossa alma, autorizou o seu repouso. Confie a Ele as penas que lhe oprimem o espírito afetuoso. Deponha o precioso fardo de suas responsabilidades em outras mãos, esvazie o cálice de sua alma, alijando amarguras e preocupações. Converta saudades em esperanças e desate os elos mais fortes, atendendo a ordem divina". Adelaide pousou os olhos no benfeitor, revelando-se confortada e, após breve pausa, Bezerra prosseguiu: "Sua grande batalha está terminando. Você é feliz, minha amiga, muito feliz, porque seu Espírito virá condecorado de cicatrizes, depois de resistir ao mal durante muitos anos, como sentinela fiel, na fortaleza da fé viva... Ensinou aos que lhe cercaram o caminho todas as lições do bem e da verdade possíveis ao seu esforço... Entregue parentes e afeições a Jesus e medite, agora, na Humanidade, nossa abençoada e grande família". E o inolvidável campeão do Evangelho concluiu: "Quanto aos serviços confiados por algum tempo à sua guarda, estão fundamentalmente afetos ao Cristo, que providenciará as modificações que julgue oportunas e necessárias. Baste a você o júbilo do dever bem cumprido. Arregimente, pois, as suas forças e não se entristeça, porque é chegado para seu coração o prélio final... Coragem, muita coragem e fé!" (Cap. 11, pp. 184 a 186)

71. Uma instituição sem entidades perversas - Jerônimo sediara a tarefa do grupo na Casa Transitória de Fabiano, deliberando, porém, que as atividades desenvolvidas na Crosta tomassem como ponto de referência o lar coletivo de Adelaide, onde os fatores espirituais eram mais valiosos. De fato, aquele instituto de amparo à criança era, sem dúvida, vasto celeiro de bênçãos. Diversas entidades amigas operavam na instituição, prestando assistência e cuidados. Encontrava-se ali um dos raros edifícios da Crosta, de tão largas proporções, sem criaturas perversas da esfera invisível. Semelhando-se à Casa Transitória, a vigilância funcionava severa. André observara que vários sofredores, imbuídos de bons sentimentos, penetravam o asilo com prévia autorização. Em todos os compartimentos havia luz espiritual, indicando a abundância de pensamentos salutares e construtivos de todas as mentes que ali se entrelaçavam na mesma comunhão de ideal. Ao visitar a sala das reuniões populares, Irene, uma das colaboradoras desencarnadas da casa, explicou que aquele recinto era o lugar do abrigo que exigia dos Espíritos o serviço mais árduo. Terminadas as reuniões, as entidades realizavam minuciosas atividades de limpeza, porquanto se fazia imprescindível isolar os colaboradores da tarefa no bem de certos princípios destruidores ou dissolventes decorrentes das emanações mentais e dos pedidos silenciosos das pessoas que ali participavam das reuniões públicas. O grupo de colaboradores espirituais, que se revezavam dia e noite, em turmas alternadas, era muito grande. Havia ali seções de assistência aos adultos e às criancinhas. André ficou intrigado. "Tanta gente a contribuir, apenas no sentido de amparar algumas dezenas de crianças desfavorecidas no campo material?", perguntou a si mesmo, fazendo um paralelo entre o instituto de Adelaide e a Casa Transitória de Fabiano. Ora, a cada dirigida na erraticidade por Zenóbia atendia a infelizes desencarnados, para os quais a caridade constituía lâmpada acesa, indispensável à transformação interior. Ali, porém, ele via apenas criaturinhas tenras que reclamavam de imediato, acima de qualquer outra medida, leite e pão, primeiras letras e bons conselhos. Valeria, assim, o dispêndio de tanta energia por parte dos Espíritos? (Cap. 12, pp. 187 a 189)

72. Não basta dar o pão material - Irene parece ter ouvido as reflexões de André Luiz, porque passou a explicar ao grupo que aquela obra não se dedicava exclusivamente às necessidades do estômago e do intelecto da infância desamparada. "Os imperativos da evangelização preponderam aqui sobre os demais", disse Irene. "Para infundir espiritualidade superior à mente humana urge aproveitar realizações como esta, já que é muito difícil obter espontâneo arejamento da esfera sentimental. Valemo-nos da casa, venerável em seus fundamentos de solidariedade cristã, como núcleo difusor de idéias salutares. A fundação é muito mais de almas que de corpos, muito mais de pensamentos eternos que de coisas transitórias. O diretor, o cooperador e o abrigado, recebendo as responsabilidades inerentes ao programa de Jesus, instintivamente se convertem nos instrumentos vivos da Luz de Mais Alto. Satisfazendo necessidades corporais, solucionamos problemas espirituais. Entrelaçando deveres e dividindo-os com os nossos irmãos encarnados, no setor de assistência, conseguimos criar bases mais sólidas à semeadura das verdades imorredouras", acrescentou a colaboradora espiritual da casa. Com efeito, as demais escolas religiosas possuem as suas instituições de assistência e amparo; no entanto, aí as concepções espirituais não se desenvolvem, acanhadas que ficam nos moldes tirânicos dos dogmas obsoletos. O trabalho se limita, pois, na maioria dos casos, ao fornecimento de pão efêmero. Essas organizações baseiam-se, quase sempre, "mais na letra dos conceitos evangélicos que nos conceitos evangélicos da letra...", acentuou Irene. (Cap. 12, pp. 189 e 190)

73. Fé sem obras é irmã das obras sem fé - Irene reconhecia que os serviços dos aprendizes do Evangelho, nos variados campos religiosos, são respeitáveis, se levados a efeito pelo devotamento do coração. Mas, ela pretendia destacar, com sua observação, os valores iluminativos desses serviços, lembrando que, nos primórdios da obra cristã, não faltavam providências da política imperial de Roma a fim de que os famintos e esfarrapados recebessem trigo e agasalho e até mesmo preceptores seletos, filiados a famosos centros culturais de gregos e egípcios. Porém, no intuito de incentivar a obra de legítima iluminação do espírito, Simão Pedro e os companheiros de apostolado obrigaram-se a longo programa de socorro aos infortunados de toda sorte. Nem todos os seguidores do Evangelho procediam das altas camadas sociais do Judaísmo, como Gamaliel. "A maioria dos necessitados entraria em contacto com Jesus através da sopa humilde ou do teto acolhedor. Lavando leprosos, tratando loucos, assistindo órfãos e velhinhos desamparados, os continuadores do Cristo davam trabalho a si próprios, dedicavam-se aos infelizes, esclarecendo-lhes a mente, e ofereciam lições de substancial interesse aos leigos da fé viva", esclareceu Irene, que completou: "Como não ignoram, estamos fazendo no Espiritismo evangélico a recapitulação do Cristianismo". Padre Hipólito, que a tudo ouvia com interesse, aprovou o que a colaboradora desencarnada dissera: "Sim, inegavelmente; precisamos estimular a formação de serviços que libertem o raciocínio para vôos mais altos". Irene, retomando a palavra, prosseguiu: "Dentro de nosso esforço, o imperativo primordial consiste na iluminação do espírito humano com vistas à eternidade. Urge, no entanto, compreender que, para a obtenção do desiderato, é imprescindível `fazer alguma coisa'. Onde todos analisam, admiram ou discutem, não se levantam obras úteis para atestar a superioridade das idéias. Por isso, nossos Mentores da Vida Divina apreciam o servo pela dedicação que manifeste à responsabilidade. O necessitado, o beneficiário, o crente e o investigador virão sempre aos nossos centros de organização da doutrina. E toda vez que exercitem o serviço cristão pela mediunidade ativa, pela assistência fraterna, pelos trabalhos de solidariedade comum, quaisquer que sejam, apresentam caracteres mais positivos de renovação, porque a responsabilidade na realização do bem, voluntariamente aceita, transforma-os em traços animados entre dois mundos – o que dá e o que recebe". "Como vêem" – concluiu Irene – "a luz divina prevalece sobre a benemerência humana, porque esta, sem aquela, pode muitas vezes degenerar em personalismo devastador, compreendendo-se, todavia, em qualquer tempo, que a fé sem obras é irmã das obras sem fé". (Cap. 12, pp. 190 e 191) (Continua no próximo número.)
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita