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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 53 - 27 de Abril de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

Obreiros da Vida Eterna

(9a Parte)

André Luiz

Damos continuidade ao estudo da obra Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1946 pela editora da Federação Espírita Brasileira, a qual integra a série iniciada com o livro Nosso Lar.  

Questões preliminares

A. Como explicar que um instituto como a Casa Transitória de Fabiano pudesse alçar vôo a tão grande altura?

R.: Padre Hipólito explicou a André Luiz que, ali, eles se encontravam noutros domínios vibratórios. "As leis da matéria densa, nossas velhas conhecidas da Crosta Planetária" – disse Hipólito –, "não são as que presidem aos fenômenos da matéria quintessenciada que nos serve de base às manifestações também transitórias." "A matéria e as leis, em nosso plano, permanecem bastante diferenciadas, embora emanem da mesma Origem Divina", acentuou o padre. (Obreiros da Vida Eterna, cap. 10, pp. 157 a 159.)

B. No atendimento aos sofredores que pedissem abrigo, como os socorristas sabiam quem reunia as condições de transformação moral necessárias?

R.: Foi o instrutor Jerônimo quem dirimiu essa dúvida explicando que os sofredores já modificados para o bem apresentam círculos luminosos característicos em torno de si mesmos, logo que concentrem suas forças mentais no esforço pela própria retificação. Os outros, os impenitentes e mentirosos sistemáticos, ainda que pronunciem comovedoras palavras, não apresentam esses sinais e, devido a isso, permanecem confinados nas nuvens de treva que lhes cercam a mente endurecida no crime.  (Obra citada, cap. 10, pp. 159 a 166.)

C. Que espécie de energia permitiu que a Casa Transitória se movimentasse com êxito, fugindo assim ao fogo devorador?

R.: A Casa Transitória, para movimentar-se com êxito, não necessitava apenas de forças elétricas, mas também das emissões magnético-mentais dos cooperadores presentes, as quais atuariam como reforço no impulso inicial de subida. A oração e a leitura de um Salmo foram recursos utilizados com tal propósito. Diz então André Luiz que a leitura do Salmo ia em meio quando o instituto, qual vigorosa embarcação aérea, principiou a elevar-se. (Obra citada, cap. 10, pp. 167 a 171.)

D. Em que consistiria a tarefa socorrista a ser realizada na Crosta pelo grupo liderado por Jerônimo? 

R.: A tarefa do grupo consistiria em prestar assistência a cinco amigos prestes a se desfazerem dos elos corporais e a Casa Transitória seria o seu principal ponto de referência no trabalho.  (Obra citada, cap. 11, pp. 172 a 181.) 

Texto para leitura

61. A imperfeição dos sentidos humanos  - Como fora avisado, a Casa Transitória deveria alçar vôo no dia seguinte, para fugir da área de alcance do fogo purificador. Era interessante saber que aquele instituto poderia voar a grande altura. Padre Hipólito explicou a André Luiz que, ali, eles se encontravam noutros domínios vibratórios. "As leis da matéria densa, nossas velhas conhecidas da Crosta Planetária" – disse Hipólito –, "não são as que presidem aos fenômenos da matéria quintessenciada que nos serve de base às manifestações também transitórias." Somente àquela época ([1]) é que os homens começavam a perceber determinados problemas inerentes à energia atômica. Entretanto, as descargas elétricas do átomo etérico ensejavam ali realizações quase inconcebíveis à mente humana. Isso não era para causar surpresa, porque, na verdade, o homem comum conhece apenas, por enquanto, uma oitava parte do plano onde vive. Sua vidência e sua audição são excessivamente limitadas. Em se tratando das cores, por exemplo, a maioria das pessoas nada enxerga além das últimas cinco (azul, verde, amarelo, laranja e vermelho), não percebendo o índigo e o violeta. Há, porém, outras cores no espectro, correspondentes a vibrações para as quais o olho humano não possui capacidade de sintonia: os raios infravermelhos e ultravioletas podem ser identificados, mas não vistos. O mesmo se dá com a audição. O ouvido humano assinala apenas os sons que se enquadram na tabela de "16 vibrações sonoras a 40.000 vibrações por segundo": as ondas mais lentas ou mais rápidas escapam-lhe totalmente. Desse modo, os movimentos de trabalho no plano espiritual não podem ser vistos com a mesma deficiência de exame de que o homem se vale na Crosta. "A matéria e as leis, em nosso plano, permanecem bastante diferenciadas, embora emanem da mesma Origem Divina", acentuou o padre. (Cap. 10, pp. 157 a 159)

62. De repente, um clarão varou o nevoeiro - Chamava a atenção de André o esforço hercúleo que os trabalhadores da Casa Transitória faziam para o deslocamento do instituto. "A tarefa exigia decisão e boa vontade, assombrando o ânimo mais forte", observou André Luiz. Todo o pessoal disponível fora convocado ao trabalho dos motores e os Espíritos visitantes foram convidados a auxiliar nas defesas magnéticas. As faixas de defesa não eram ali altas e verticais, como nas fortificações terrestres, mas horizontalmente estendidas, formadas de substância escura, e emitiam forças elétricas de expulsão num raio de cinco metros de largura, aproximadamente, circulando toda a casa. Focos de luz permaneciam acesos. O serviço dos vigilantes era velar pelo funcionamento regular dos aparelhos geradores de energia eletromagnética, destinados à emissão constante de forças defensivas, além de receber todos os sofredores que se apresentassem renovados, facultando-lhes ingresso ao pátio interno. André estava, porém, intrigado: Como saber se os transviados que se aproximassem do instituto reuniam as condições de transformação moral necessárias? Jerônimo o socorreu explicando: "Os sofredores, já modificados para o bem, apresentarão círculos luminosos característicos em torno de si mesmos, logo que, estejam onde estiverem, concentrem suas forças mentais no esforço pela própria retificação. Os outros, os impenitentes e mentirosos sistemáticos, ainda que pronunciem comovedoras palavras, permanecerão confinados nas nuvens de treva que lhes cercam a mente endurecida no crime". O esclarecimento era bastante significativo: André compreendia mais uma vez a grandeza da purificação consciencial, em lugar dos protestos verbalísticos que se fazem através dos jogos brilhantes da palavra. E ele meditava tranqüilo sobre o assunto quando indescritível choque atmosférico abalou o céu escuro. Um clarão de terrível beleza varou o nevoeiro de alto a baixo, oferecendo, por um instante, assombroso espetáculo. Era ele diferente do relâmpago conhecido na Crosta: a tormenta de fogo ia começar, metódica e mecanicamente. Jerônimo informou então que aquilo era o primeiro aviso da passagem dos desintegradores. De fato, à distância de muitos quilômetros, viam-se os clarões da fogueira ateada pelas faíscas elétricas na desolada região. (Cap. 10, pp. 159 a 161)

63. Entidades maléficas cercam o instituto - Decorridos alguns minutos, chegaram novos reforços para a guarda. Todos os servos do bem em trânsito na Casa Transitória foram chamados a cooperar na vigilância. O instituto socorrista deveria partir dentro de quatro horas e nesse tempo seria grande o número de infortunados que buscariam abrigo. Em seguida, novo trovão ribombou nas alturas. O fogo riscou em diversas direções, muito longe ainda, mas André teve a nítida impressão de que a descarga elétrica não se detivera na superfície. "Penetrara a substância sob nossos pés, porque espantoso rumor se fez sentir nas profundezas", observou André Luiz, que parecia intranqüilo diante daquele fenômeno. Jerônimo procurou tranqüilizá-lo explicando que o trabalho dos desintegradores etéricos, invisíveis aos seus olhos, tal a densidade ambiente, evitava o aparecimento das tempestades magnéticas "que surgem, sempre, quando os resíduos inferiores de matéria mental se amontoam excessivamente no plano". O instituto entrou, a partir de então, em fase anormal de trabalho. Servidores iam e vinham, apressados. Dentro, ultimavam-se as derradeiras medidas relativas ao vôo próximo e organizavam-se acomodações para os necessitados que chegariam em bando. Aparelhos de comunicação funcionavam em ritmo acelerado, anunciando o fato, em direções várias, avisando peregrinos da espiritualidade superior, a fim de não se aproximarem da zona sob regime de limpeza. Sucederam-se outros ribombos ameaçadores, despejando fogo na superfície e energias revolventes no interior do solo. Ondas maciças de sofredores aterrados começaram, então, a alcançar as defesas. Era dolorosa a contemplação da turba amedrontada que clamava por socorro, enquanto alguns ameaçavam os servidores do abrigo, dizendo que iriam tomá-lo à força. Ao atingirem, no entanto, as faixas horizontais, eles recuavam espavoridos. Os sofredores, a seu turno, não podiam ser recolhidos, porque exibiam escuros círculos de treva em torno de si. E o quadro exterior tornava-se ainda mais dramático, porque fogueiras enormes dilatavam-se em direções diversas e raios fulgurantes eram metodicamente despejados do céu, exigindo vasta dose de paciência de  todos para conter a multidão furiosa. (Cap. 10, pp. 161 a 164)

64. A importância da renovação para o bem - Impressionavam a todos as formas monstruosas e miseráveis que se arrastavam vestidas de sombra, quando começaram a chegar entidades aureoladas de luz. Trajavam farrapos, mas traziam comovedores sinais de sofrimento. Desejando isolar a mente das centenas de revoltados que ali se congregavam em ativo movimento de insurreição, contemplavam o Alto e cantavam hinos de reverência ao Senhor, em regozijo da própria renovação, cânticos esses abafados pela algaravia dos rebeldes agitados. Formavam agrupamentos de formosura singular! Sublimes quadros de paraíso, no inferno de atrozes padecimentos! Vinham de mãos entrelaçadas, como a permutar energias, a fim de que se lhes aumentasse a força para a salvação, no minuto supremo da batalha. Esse processo de troca instintiva dos valores magnéticos infundia-lhes prodigiosa renovação de poder, porquanto levitavam, sobrepondo-se ao desvairado ajuntamento. Sua fronte era emoldurada por belos círculos de luz, com brilho mais ou menos uniforme. Enquanto tipos sinistros lhes dirigiam insultos, elas cantavam hosanas ao Cristo, entoando louvores que, de certo modo, lembravam os júbilos dos primeiros cristãos flagelados nos circos romanos. Para se recolherem na Casa Transitória, necessitavam passar rente aos vigilantes, que lhes abriam passagem prazerosamente. Entretanto, para alcançarem o átrio da instituição, eram compelidas à quebra da corrente de energias magnéticas recíprocas, mantendo-se de mãos separadas, e os recém-chegados, em sua maioria, desvencilhando-se uns dos outros, tombavam enfraquecidos após prolongado esforço, logo aos primeiros passos na região interna do instituto, assemelhando-se às aves esgotadas em laboriosa excursão, depois de atingirem o objetivo... Enfermeiros e macas estavam, porém, a postos, para os socorros imediatos. As quatro horas se escoaram penosamente, exigindo ingentes esforços de todos, que contemplavam lá fora vultos aflitos e genuflexos em súplicas comovedoras, em estranho contraste com a condição mental em que se mantinham, a impossibilitar-lhes o socorro imediato. A paisagem, nesses instantes finais, era ainda mais sufocante, mais terrível... Serpentes de fogo caíam do céu e penetravam o solo, que começou a tremer. O calor era asfixiante. Quando tudo fazia supor não houvesse, nas vizinhanças, entidades em condições de serem socorridas, soou a clarinada equivalente ao toque de recolher e os vigilantes, abandonando os aparelhos de defesa, afastaram-se apressados em direção ao interior da Casa Transitória. (Cap. 10, pp. 164 a 166)

65. A Casa Transitória alça vôo a um lugar diferente - Sorvedouros de chamas surgiam próximos, e tamanha gritaria se verificava em derredor, que se tinha perante os olhos perfeita imagem de vasta floresta incendiada, a desalojar feras e monstros de furnas desconhecidas. Quando os motores foram ligados, viu-se que lá fora espessos bandos de entidades perversas tentavam ainda romper os obstáculos, para invadir o abrigo prestes a partir. André Luiz estava aflito. Ele temia também a queda contínua de faíscas flamejantes, que poderiam atingir a organização. Dentro do instituto reinava, porém, absoluta ordem. Os sofredores foram alojados em acomodações simples, mas confortadoras. As portas de acesso fácil ao interior foram hermeticamente fechadas. Zenóbia reuniu os servidores na sala consagrada à oração e esclareceu que a Casa Transitória, para movimentar-se com êxito, não necessitava apenas de forças elétricas, mas também das emissões magnético-mentais dos cooperadores presentes, as quais atuariam como reforço no impulso inicial de subida. Zenóbia fora breve e, com exceção dos companheiros que se dedicavam a assistir os recolhidos e dos que cuidavam da maquinaria em funcionamento, todos se concentraram na câmara da prece, enquanto lá fora rugiam os elementos em atrito. Zenóbia, após convidar os companheiros a transfundir vibrações mentais, em reconhecimento ao Senhor, abriu a Bíblia e leu o Salmo 104, em voz alta, pausada e solene. A leitura do Salmo ia em meio quando o instituto, qual vigorosa embarcação aérea, principiou a elevar-se. No Salmo referido há uma curiosa referência ao fogo devorador, de que o Senhor às vezes se vale, o que prova que o salmista conhecia os mecanismos daquele estranho fenômeno... A casa Transitória, que se deslocara vagarosamente no início, pôs-se depois em movimento rápido, em sentido vertical, por quase uma hora, alcançando uma região clara e brilhante, onde o Sol mostrava-se com toda a sua majestade. A fase perigosa havia passado e, desde esse momento, a instituição movimentou-se em sentido horizontal, viajando sobre os elementos do plano. Das pequenas janelas, os servidores contemplavam as coloridas auréolas do fogo devorador. Todos conversavam agora animadamente. Foi quando André declarou que "se os homens encarnados entendessem a beleza suprema da vida! se aprendessem, antecipadamente, algo dos horizontes sublimes que se nos apresentam depois da morte do corpo, certamente valorizariam, com mais interesse, o tempo, a existência, o aprendizado!" Algum tempo depois, a Casa Transitória começou a descer suavemente, retornando ao círculo de substância densa, embora menos pesada e menos escura. Haviam sido gastas na viagem três horas e trinta e cinco minutos. (Cap. 10, pp. 167 a 171)

66. O carinho do plano espiritual pelo  obreiro fiel - Jerônimo e seus pupilos, conduzindo equipamento indispensável ao trabalho, rumaram em direção à Crosta. A tarefa do grupo consistiria em prestar assistência a cinco amigos prestes a se desfazerem dos elos corporais, e a Casa Transitória seria o seu principal ponto de referência no trabalho. Jerônimo, a uma pergunta de André, esclareceu que nem todas as criaturas precisam de amparo direto na desencarnação. reencarnações e desencarnações, de modo geral, obedecem simplesmente à lei. Há princípios biogenéticos orientando o mundo das formas vivas ao ensejo do renascimento físico, e princípios transformadores que presidem aos fenômenos da morte, em obediência aos ciclos da energia vital, em todos os setores de manifestação. Nos múltiplos círculos evolutivos há trabalhadores para a generalidade. Entretanto, o Assistente informou, "assim como existem cooperadores que se esforçam mais intensamente nas edificações do progresso humano, há missões de ordem particular para atender-lhes as necessidades". Não se trata de prerrogativa injustificável, nem de compensações de favor. O fato revela tão-somente ordenação de serviços e aproveitamento de valores. "Se determinado colaborador demonstra qualidades valiosas no curso da obra, merecerá, sem dúvida, a consideração daqueles que a superintendem, examinando-se a extensão do trabalho futuro. No plano espiritual, portanto, muito grande é o carinho que se ministra ao servidor fiel...", acrescentou Jerônimo. O principal objetivo seria preservar o Espírito devotado da ação maléfica dos elementos destruidores, que insuflam o desânimo e o desestímulo entre as criaturas. André Luiz achou que havia nisso certa contradição, porquanto na Terra as criaturas de mais subido valor moral, que conhecera, eram constantemente assediadas pelo mal, lembrando que isso ocorrera também com os discípulos de Jesus e com o próprio Mestre... Jerônimo replicou dizendo que a concepção humana do socorro divino é viciada há muitos séculos. Muitos aguardam estimam e entendimento, mas desdenham servir, estimar e entender, quando não seja em retribuição. "O subsídio celeste traduz-se por benditas oportunidades de trabalho e renovação; chega, muitas vezes, ao círculo da criatura, como se foram gloriosas feridas, magníficas dores, abençoados suplícios", esclareceu o Assistente. "O que quase sempre parece sofrimento e tentação, constitui bem-aventurança transformando situações para o bem e para a felicidade eterna." (Cap. 11, pp. 172 a 174)

67. Visita aos enfermos que se despediam da Crosta - O grupo foi levado então por Jerônimo a visitar os cinco companheiros que receberiam sua assistência nos momentos derradeiros da vida terrestre. O primeiro a ser visitado foi Dimas, assíduo colaborador dos serviços de assistência ligados à colônia "Nosso Lar", que desenvolvera faculdades mediúnicas apreciáveis na Terra, colocando-se a serviço dos necessitados e sofredores. Residindo em casa humilde em pequena cidade do interior, Dimas apresentava-se em lamentáveis condições, atacado de cirrose hipertrófica. Como se fizera credor feliz de inúmeras dedicações, pela renúncia com que sempre se conduziu no ministério do bem, era chegado para ele o tempo do descanso construtivo. Quando o grupo penetrou em seu quarto, Dimas se apercebeu da presença dos visitantes, através da vidência mediúnica, e animou-se sorrindo. Devido ao enfraquecimento físico, o médium conseguia deixar o aparelho corporal com extraordinária facilidade. André Luiz foi convidado a aplicar-lhe passes magnéticos de alívio e, depois, o grupo dirigiu-se à cidade do Rio de Janeiro, valendo-se da volitação. Um cavalheiro na idade madura, deitado em pequeno divã, apresentava os terríveis sinais da tuberculose adiantada. Era Fábio, um companheiro que, desde a juventude, sempre colaborou com dedicação nas obras do bem, destacando-se como ministrador de energias magnéticas. Formosa expressão de luz aureolava a sua mente. Quando o grupo chegou à sua casa, ele conversava com seus dois filhos, que aparentavam seis e oito anos, respectivamente. O assunto girava em torno da morte e Fábio explicava-lhes que ninguém desaparece para sempre por causa da morte. Ele mesmo sentia que em breve também partiria... Um dos meninos quis saber para onde ele partiria e o pai lhes disse: "Para um mundo melhor que este, para lugar, meu filho, onde seu pai possa ajudá-los num corpo são, embora diferente". E acrescentou: "Possivelmente, seremos até mais felizes", recomendando às crianças que demonstrassem coragem e confiança em Deus quando chegasse esse momento, para que ele, assim, ficasse mais corajoso e confiante. (Cap. 11, pp. 175 a 179)

68. O mérito da pessoa independe de seus títulos - Jerônimo aproveitou o ensejo para informar que Fábio, consagrando-se há muitos anos ao estudo das questões transcendentes da alma, formara-se na academia do esforço próprio, para ser útil à obra dos benfeitores espirituais. Em casa, ele instituíra, desde os primeiros dias do matrimônio, o culto doméstico da fé viva, preparando a esposa, os filhinhos e outros familiares no esclarecimento dos problemas essenciais da compreensão da vida eterna. "Em virtude da perseverança no bem que lhe caracterizou as atitudes, sua libertação ser-lhe-á agradável e natural. Soube viver bem, para bem morrer", esclareceu o Assistente Jerônimo. Aproximando-se do enfermo, André percebeu que a tuberculose minara-lhe os pulmões, contudo, embora o abatimento natural, Fábio estava tranqüilo e confiante. O grupo dirigiu-se, em seguida, a confortável apartamento em moderno edifício de elegante bairro. No leito, permanecia respeitável senhora de idade avançada, com evidentes sinais de moléstia do coração. Era a irmã Albina, filiada a organizações superiores da colônia "Nosso Lar" que, na Crosta, desenvolvera grande trabalho no seio da Igreja Presbiteriana. Viúva desde cedo, Albina consagrou-se ao labor educativo, formando a infância e a juventude no ideal cristão. Via-se, desse modo, que a bondade do Pai não fazia distinção segundo o rótulo ou os títulos religiosos ou sociais das criaturas. O que importava era a fidelidade ao bem, independentemente dos títulos e das vinculações religiosas. Jerônimo, aproximando-se dela, tocou-lhe a fronte com a destra e Albina, feliz ao contacto daquela mão bondosa e acariciante, exclamou para uma das companheiras que a assistiam: "Eunice, dá-me a Bíblia. Desejo meditar um pouco". Ante os protestos da filha, que queria que ela descansasse, Albina declarou: "A Palavra do Senhor dá contentamento ao espírito, minha filha!" Ajudada, sem saber, por Jerônimo, a irmã abriu o livro exatamente no cap. 11 do Evangelho de João, alusivo à ressurreição de Lázaro. Albina leu-o, pausadamente, em alta voz, comovendo-se com a mensagem. (Cap. 11, pp. 179 a 181)  (Continua no próximo número.)


[1] André Luiz reporta-se aos anos finais da 2a Guerra Mundial, que seria encerrada em agosto de 1945 com a explosão de duas bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita