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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 53 - 27 de Abril de 2008

CHRISTINA NUNES 
cfqsda@yahoo.com.br

Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

De novo, o aborto

O primeiro artigo a respeito desse assunto foi escrito sob forte impacto emocional em decorrência da visualização de um pps hediondo, enviado via e-mail, naturalmente motivado pela campanha feita em escala internacional contra a prática do aborto.

Muito se fala em campanhas contra o desmatamento, com conotações de atentado grave contra a fauna e a flora. Todavia, é digno de nota que resistência maior se observa em se admitir de boamente o caráter tenebroso do desmatamento à vida humana! É por esta razão que pretendo abordá-lo nesta segunda oportunidade, sob a ótica espiritual, no contexto de nossas responsabilidades perante as vidas sucessivas.

Recordo-me de uma passagem num livro de autoria do Espírito André Luiz (NO MUNDO MAIOR, pág. 142), na qual ele descreve de modo impressionante todo o processo do aborto, acontecido com uma personagem presente na obra em questão, que resistiu teimosamente em livrar-se de forma voluntária de sua gravidez por razões estritamente pessoais; em companhia de seu mentor, André, preso de funda comoção, observa a forma como, em pressentindo o momento fatal, o feto agarra-se obstinadamente às paredes da cavidade uterina no esforço instintivo de se manter vivo, de conservar a oportunidade preciosa de vir ao mundo, em pleno processo de desenvolvimento!

Transcrevo a seguir e no prosseguimento deste artigo o trecho de suma importância à compreensão plena da extensão das conseqüências de ordem espiritual para quem levianamente se entrega a esta prática abominável:

"... A genitora da enferma adiantou-se e informou-nos: A situação é muito grave! Ajudem-na, por piedade! Minha presença aqui se limita a impedir o acesso de elementos perturbadores que prosseguem implacáveis, em ronda sinistra.

O Assistente inclinou-se para a doente, calmo e atencioso, e recomendou-me cooperar no exame particular do quadro fisiológico.

A paisagem orgânica era das mais comoventes. A compaixão fraterna dispensar-nos-á da triste narrativa referente ao embrião prestes a ser expulso.

Circunscrito à tese de medicação a mentes alucinadas, cabe-nos apenas dizer que a situação da jovem era impressionante e deplorável.

Todos os centros endócrinos estavam em desordem, e os órgãos autônomos trabalhavam aceleradamente.

O coração acusava estranha arritmia, e debalde as glândulas sudoríparas se esforçavam por expulsar as toxinas em verdadeira torrente invasora.

Nos lobos frontais, a sombra era completa; no córtex encefálico, a perturbação era manifesta; somente nos gânglios basais havia suprema concentração de energias mentais, fazendo-me perceber que a infeliz criatura se recolhera no campo mais baixo do ser, dominada pelos impulsos desintegradores dos próprios sentimentos, transviados e incultos.

Dos gânglios basais, onde se aglomeravam as mais fortes irradiações da mente alucinada, desciam estiletes escuros, que assaltavam as trompas e os ovários, penetrando a câmara vital quais tenuíssimos venábulos de treva e incidindo sobre a organização embrionária de quatro meses.

O quadro era horrível de ver-se.

Buscando sintonizar-me com a enferma, ouvia-lhe as afirmativas cruéis, no campo do pensamento:

— Odeio!, odeio este filho intruso que não pedi à vida!... Expulsá-lo-ei!.., expulsá-lo-ei!...

A mente do filhinho, em processo de reencarnação, como se fora violentada num sono brando, suplicava, chorosa: Poupa-me! poupa-me! quero acordar no trabalho! Quero viver e reajustar o destino. Ajuda-me! Resgatarei minha dívida!..., pagar-te-ei com amor..., não me expulses! Tem caridade!...

— Nunca! nunca! amaldiçoado sejas! — dizia a desventurada, mentalmente —; prefiro morrer a receber-te nos braços! Envenenas-me a vida, perturbas-me a estrada! detesto-te! morrerás!...

E os raios trevosos continuavam descendo, a jacto contínuo...

...Nunca supus que a mente desequilibrada pudesse infligir tamanho mal ao próprio patrimônio.

A desordem do cosmo fisiológico acentuou-se, instante a instante.

Penosamente surpreendido, prossegui no exame da situação, verificando com espanto que o embrião reagia ao ser violentado, como que aderindo, desesperadamente, às paredes placentárias.

A mente do filhinho imaturo começou a despertar à medida que aumentava o esforço de extração. Os raios escuros não partiam agora só do encéfalo materno; eram igualmente emitidos pela organização embrionária, estabelecendo maior desarmonia.

Depois de longo e laborioso trabalho, o entezinho foi retirado afinal...

Assombrado, reparei, todavia, que a ginecologista improvisada subtraía ao vaso feminino somente pequena porção de carne inânime, porque a entidade reencarnante, como se a mantivesse atraída ao corpo materno forças vigorosas e indefiníveis, oferecia condições especialíssimas, adesa ao campo celular que a expulsava. Semidesperta, num pesadelo de sofrimento, refletia extremo desespero; lamentava-se com gritos aflitivos; expedia vibrações mortíferas; balbuciava frases desconexas.

Não estaríamos, ali, perante duas feras terrivelmente algemadas uma à outra? O filhinho que não chegara a nascer transformara-se em perigoso verdugo do psiquismo materno. Premindo com impulsos involuntários o ninho de vasos do útero, precisamente na região onde se efetua a permuta dos sangues materno e fetal, provocou ele o processo hemorrágico, violento e abundante.

Observei mais.

Deslocado indebitamente e mantido ali por forças incoercíveis, o organismo perispirítico da entidade, que não chegara a renascer, alcançou em movimentos espontâneos a zona do coração. Envolvendo os nódulos da aurícula direita, perturbou as vias do estímulo, determinando choques tremendos no sistema nervoso central.

Tal situação agravou o fluxo hemorrágico, que assumiu intensidade imprevista, compelindo a enfermeira a pedir socorros imediatos, depois de delir, como pôde, os vestígios de sua falta.

Odeio-o! Odeio-o! — clamava a mente materna em delírio, sentindo ainda a presença do filho na intimidade orgânica. — Nunca embalarei um intruso que me lançaria à vergonha!

Ambos, mãe e filho, pareciam agora, por dizer mais exatamente, sintonizados na onda de ódio, porque a mente dele, exibindo estranha forma de apresentação aos meus olhos, respondia, no auge da ira:

— Vingar-me-ei! Pagarás ceitil por ceitil! Não te perdoarei!... Não me deixaste retomar a luta terrena, onde a dor, que nos seria comum, me ensinaria a desculpar-te pelo passado delituoso e a esquecer minhas cruciantes mágoas... Renegaste a prova que nos conduziria ao altar da reconciliação. Cerraste-me as portas da oportunidade redentora; entretanto, o maléfico poder, que impera em ti, habita igualmente minhalma... Trouxeste à tona de minha razão o Iodo da perversidade que dormia dentro em mim. Negas-me o recurso da purificação, mas estamos agora novamente unidos e arrastar-te-ei para o abismo... Condenaste-me à morte, e, por isso, minha sentença é igual. Não me deste o descanso, impediste meu retorno à paz da consciência, mas não ficarás por mais tempo na Terra... Não me quiseste para o serviço do amor...”
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita