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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 100 – 29 de Março de 2009

CLAUDIA WERDINE
claudiawerdine@hotmail.com
Viena (Áustria)
 
 

E a história se repete…

 
O cenário agora é a cidade alemã de Winnenden, mais precisamente a escola Albertville-Realschule. Mais uma vez um jovem adentra uma escola e atira sem pestanejar, exterminando aqueles que, pela sua mente enferma, foram escolhidos para serem as vítimas da vez desta triste história.

A cidade para em choque, o país se mobiliza para encontrar respostas e culpados para o acontecido, a Europa fica consternada com o acontecimento, o mundo se entristece, mas será o último capítulo desta triste e preocupante realidade que a cada dia se repete? Troca-se o cenário, a escola, a localidade, o país... mas será que mudam as razões principais que motivam esses jovens a cometerem tais atos?

Não. Os motivos, as razões que motivam esses atos tão tristes e tão chocantes são os mesmos, ou seja, o abandono dos jovens por parte da família.  São os chamados “órfãos de pais vivos”!

Atualmente, a mudança na estrutura social e econômica causou uma grande transformação na família. Esta não está mais tão pautada em bases como antigamente, onde os pais saíam para trabalhar e as mães estavam em casa para atender e cuidar dos filhos. Hoje,  por variadas razões, os pais trabalham o dia todo e veem os filhos somente à noite, transferindo a responsabilidade de educar para as escolas, babás, creches, internatos, cursos de extensão. Esquecem que não há dinheiro que lhes faculte a aquisição  das virtudes e valores que formam a estrutura dos homens de bem.

Fora, os filhos se instruem e se ilustram; em casa, porém, é que eles verdadeiramente se educam. Fora, eles ouvem o que devem fazer; em casa, eles veem como se faz, por indução particular e pessoal, direta e própria, da conduta dos seus pais.

Para compensar seu afastamento do lar durante todo o dia, os pais resolvem dar aos filhos tudo o que eles desejam, roupas caras, facilidades econômicas e os jogos eletrônicos e a internet.

Outro dia fiquei assustada ao visitar uma amiga, pois, ao chegar, observei que o filhinho dela, de 6 anos, estava extremamente entretido com uma pequena caixinha nas mãos. Aproximei-me para cumprimentá-lo e ele nem me deu atenção. Sentei-me ao seu lado para verificar o que era tão interessante e que estava prendendo tanto a atenção dele. Para minha surpresa era um jogo eletrônico em que ele comandava um exército que invadia uma cidade, matando todos os que se opunham a essa invasão. Fiquei estática com a situação. Nisso veio a mãe dele e me disse:

– Este invento é a melhor coisa que existe, pois eles não nos dão mais trabalho e nem parece que temos criança em casa... Posso receber minhas visitas, assistir aos meus filmes, conversar na internet e até deixá-lo em casa sozinho, pois ele fica exatamente onde deixei e nem percebe minha ausência!

Infelizmente, comportamentos como esse podemos observar na maior parte da sociedade. Para não terem trabalho quando estão em casa, os pais que não possuem babás entregam seus filhos aos cuidados dos jogos eletrônicos e da internet.

Quando estas crianças crescem, o diálogo entre pais e filhos praticamente é inexistente. Quando o jovem está em casa, fica na internet ou na frente da televisão e, como uma simples conversa abre caminho para discussões e cobranças sobre o adolescente, os pais preferem evitar. Outras vezes, o adolescente quer conversar, mas não puxa conversa e, por cansaço ou para evitar uma outra discussão, os pais preferem evitar este contato, não dando conta de que com essa rotina o adolescente cada vez se afasta ainda mais da família, já que se sente de lado, abandonado...   

Infelizmente as pessoas estão perdendo o conceito de família. Pais convivem pouco com os filhos e quando estão com eles a relação é desgastada com discussão e brigas.

Os conflitos sempre fizeram parte das melhores famílias. Mas, com o passar dos anos, as crises têm-se agravado, principalmente entre pais e filhos. Na fase da adolescência é quando elas se manifestam com mais vigor. Torna-se comum ouvir pais chamarem seus filhos adolescentes de aborrecentes e procurarem fórmulas mágicas, terapeutas, querendo uma solução para resolverem os conflitos, quando na verdade as soluções somente aparecerão quando eles deixarem de pensar somente em si e começarem a dar mais atenção aos filhos.  

E nós espíritas, onde entra a nossa responsabilidade perante o episódio ocorrido na Alemanha com o jovem Tim Kretschmer, de apenas 17 anos?

Alguns de vocês meditarão a respeito; outros muitos, porém, dirão: “Minha responsabilidade? Nenhuma.”

Doutrina eminentemente racional, o Espiritismo dispõe de vigorosos recursos para iluminar a educação com uma filosofia que transpõe todos os imediatismos, que transcende a todos os limites, que descortina os mais amplos horizontes, que atende aos mais nobres interesses e que possui um ideal capaz de impulsionar o verdadeiro progresso.  E dilatando as fronteiras da educação, ao informar que ela exerce função nos dois planos da vida, concede-lhe maior abrangência, apontando objetivos de grande alcance e valor moral.  Do ponto de vista espírita, a educação não começa no berço nem termina no túmulo, mas antecede ao nascimento e sucede à morte do corpo físico. É a ação constante, ininterrupta, que ajuda a modificar os seres, auxiliando-os na escalada evolutiva, rumo à perfeição, na esteira infinita do tempo.

As noções acerca da imortalidade, do progresso contínuo, do livre-arbítrio, da lei de causa e efeito e das vidas sucessivas, mediante a reencarnação, nas quais se deve fundamentar a filosofia da educação que o Espiritismo revela, serão forças capazes de educar. Elas oferecem uma argumentação muito forte em favor da necessidade do progresso espiritual, por conter uma motivação, igualmente vigorosa, para a busca desse progresso.

Todos os problemas do momento atual se resumem a uma questão de caráter e só pela educação podem ser solucionados.

Demasiada importância se liga às várias modalidades do saber, descurando-se a principal: a ciência do bem.

Já nos foi dito há mais de 150 anos por Allan Kardec: “É pela Educação, mas do que pela Instrução que se transformará a Humanidade.”

Como mãe, educadora e, principalmente, como evangelizadora espírita há mais de 20 anos, não posso deixar de relembrar a todos vocês a imensa responsabilidade que temos perante as crianças e jovens do mundo, sejam nossos filhos, filhos dos amigos, conhecidos ou desconhecidos.

Vivo atualmente em Viena, Áustria, e há 3 anos venho me dedicando de maneira mais ostensiva à divulgação e implementação da Evangelização nos Centros Espíritas existentes na Europa. Infelizmente enfrentamos aqui sérias dificuldades com relação à Evangelização Infanto-Juvenil. Os argumentos apresentados são inúmeros. Com muita tristeza e principalmente preocupação, observo que crianças e jovens ainda são encarados nas Instituições Espíritas como potenciais problemas, seja pelo natural burburinho das crianças, seja pela indisciplina, seja lá pelo que for...

Indignada com esta postura, pergunto: Quantas tragédias ainda teremos de vivenciar para tomarmos uma real providência em relação ao atendimento a estes jovens? Será que o próximo evento não terá como palco a escola de nossos filhos? O que estamos fazendo dos conhecimentos espíritas que adquirimos ao longo de tantas palestras, cursos e congressos que insistimos em participar? Quando iremos despertar para a necessidade de colocarmos estes conhecimentos em prática?

O Centro Espírita é uma escola de almas e é imperioso se reconheça na evangelização das almas tarefa da mais alta expressão na atualidade da Doutrina Espírita. Alma, na definição encontrada em “O Livro dos Espíritos”, é o Espírito encarnado. Não há referência quanto à idade física. Do berço ao túmulo, todos somos Espíritos encarnados. A lógica, pois, nos diz que o Centro Espírita deve estar preparado para atender o ser humano em todas as suas etapas de crescimento do corpo físico – da infância à madureza. Há, entretanto, ainda em “O Livro dos Espíritos”, evidente preocupação de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores em sublinhar a importância do período infantil no estágio reencarnatório, e a função da educação para renovação moral da Humanidade.

No capítulo VII, Segunda Parte, da referida Obra Básica, quando aborda  sobre o retorno do Espírito à vida corporal, diversas questões são tratadas a respeito da infância, das tendências inatas, da influência do organismo físico, da origem das faculdades morais e intelectuais, da lei de afinidade e outros temas ligados ao período infantil, mostrando suficientemente quanto é importante o trabalho educacional junto à criança.

A Evangelização da criança e do jovem é a melhor maneira de o Centro Espírita realizar a maior das finalidades do Espiritismo: transformar a todos em homens de bem.

Com este artigo, gostaria de tocar o mais profundo sentimento de cada um de vocês...

Irmãos espíritas do mundo inteiro, vamos pensar com mais carinho a respeito deste assunto. O momento requer providências urgentes e emergenciais. A Evangelização Infanto-Juvenil é uma das primeiras atividades como base para a construção moral do Mundo Novo.  Vamos promover uma divulgação mais ampla desta importante atividade... vamos dar prioridade à implementação dela em nossas Casas Espíritas. Sejamos os primeiros a dar o passo inicial, cobrando dos dirigentes espíritas a Evangelização Infantil e levando nossos filhos como prioridade, pois se a Doutrina Espírita é tão importante para nós, por que não tem a mesma importância em relação aos nossos filhos, preciosas joias que nos foram confiadas por Deus?

A responsabilidade pela construção do Mundo Novo está em nossas mãos!

Vamos ao trabalho, pois Jesus nos conclama a fazer a parte que nos cabe, perante os nossos compromissos assumidos na Espiritualidade!

“Unamo-nos, que a tarefa é de todos nós. Somente a união nos proporciona forças para o cumprimento de nosso serviços, trazendo a fraternidade por lema e a humildade por garantia de êxito.” (Bezerra de Menezes.)


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita