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Por que sofremos juntos?
A razão se inquieta quando a dor alcança muitas pessoas
ao mesmo tempo, e em face deste acontecimento
perguntamos: por quê? Onde está a Justiça de Deus?
Estaria Ele punindo inocentes?
A Doutrina Espírita esclarece: há sofrimentos que reúnem
Espíritos ligados entre si por compromissos do passado.
São as expiações coletivas.
Não se trata de castigo. Deus não pune caprichosamente.
As provas atingem vários indivíduos porque estes, em
outras épocas, erraram juntos. Assim, recebem a
oportunidade de reparar juntos.
Tudo no Universo obedece a uma lei: causa e efeito. Quem
semeia o mal, mais cedo ou mais tarde, colherá suas
consequências. Mas essa colheita se transforma em
benefício, pois é pela dor que muitos despertam para a
renovação interior.
Grandes tragédias, guerras, epidemias, catástrofes
naturais… por que atingem multidões? Simplesmente porque
a humanidade é uma grande família espiritual. Vínculos
morais nos unem muito além do que supomos.
E onde fica a inocência? Há crianças envolvidas nesses
sofrimentos… Como explicar?
Longe de serem castigadas, estas almas podem estar
reparando apenas faltas pretéritas, ou mesmo auxiliando
familiares em reajustes necessários. Além disso, existem
provas que não resultam de faltas pessoais, mas que
elevam o Espírito pela paciência, pela fé e pela
solidariedade que despertam no grupo que sofre unido.
As expiações coletivas, portanto, tocam consciências,
chamam ao arrependimento, à reflexão e à transformação
moral. Mostram que ninguém sofre isolado. O que acontece
a um, reflete no todo.
E o mal presente? Devemos temê-lo?
Não. O mal é transitório. Deus permite que ele se
manifeste para que aprendamos a substituí-lo pelo bem.
As dores coletivas, embora amargas, funcionam como
cirurgias morais: extirpam vícios antigos e favorecem a
cura espiritual da comunidade.
Se olharmos apenas a vida atual, tudo parecerá injusto.
Contudo, ao admitirmos a reencarnação, tudo se
harmoniza. Nada do que vivemos fica perdido. Nenhuma
lágrima é inútil. A Justiça Divina sempre prevalece.
Quando o sofrimento bater à porta da coletividade — e
baterá, lembremo-nos do Cristo: “Bem-aventurados os que
choram, porque serão consolados.” (Mateus 5,4.)
A dor que hoje nos irmana será amanhã a bênção que nos
libertará.
Em tudo, Deus age para que o amor vença.
Fontes:
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos:
q. 737-741, 804, 963.
KARDEC, A. A Gênese: cap. 3, item
19; cap. 18 (sofrimentos coletivos).
KARDEC, A. O Evangelho segundo o
Espiritismo: cap. 5, itens 8-9.
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