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por Hugo Alvarenga Novaes

Por que sofremos juntos?


A razão se inquieta quando a dor alcança muitas pessoas ao mesmo tempo, e em face deste acontecimento perguntamos: por quê? Onde está a Justiça de Deus? Estaria Ele punindo inocentes?

A Doutrina Espírita esclarece: há sofrimentos que reúnem Espíritos ligados entre si por compromissos do passado. São as expiações coletivas.

Não se trata de castigo. Deus não pune caprichosamente. As provas atingem vários indivíduos porque estes, em outras épocas, erraram juntos. Assim, recebem a oportunidade de reparar juntos.

Tudo no Universo obedece a uma lei: causa e efeito. Quem semeia o mal, mais cedo ou mais tarde, colherá suas consequências. Mas essa colheita se transforma em benefício, pois é pela dor que muitos despertam para a renovação interior.

Grandes tragédias, guerras, epidemias, catástrofes naturais… por que atingem multidões? Simplesmente porque a humanidade é uma grande família espiritual. Vínculos morais nos unem muito além do que supomos.

E onde fica a inocência? Há crianças envolvidas nesses sofrimentos… Como explicar?

Longe de serem castigadas, estas almas podem estar reparando apenas faltas pretéritas, ou mesmo auxiliando familiares em reajustes necessários. Além disso, existem provas que não resultam de faltas pessoais, mas que elevam o Espírito pela paciência, pela fé e pela solidariedade que despertam no grupo que sofre unido.

As expiações coletivas, portanto, tocam consciências, chamam ao arrependimento, à reflexão e à transformação moral. Mostram que ninguém sofre isolado. O que acontece a um, reflete no todo.

E o mal presente? Devemos temê-lo?

Não. O mal é transitório. Deus permite que ele se manifeste para que aprendamos a substituí-lo pelo bem. As dores coletivas, embora amargas, funcionam como cirurgias morais: extirpam vícios antigos e favorecem a cura espiritual da comunidade.

Se olharmos apenas a vida atual, tudo parecerá injusto. Contudo, ao admitirmos a reencarnação, tudo se harmoniza. Nada do que vivemos fica perdido. Nenhuma lágrima é inútil. A Justiça Divina sempre prevalece.

Quando o sofrimento bater à porta da coletividade — e baterá, lembremo-nos do Cristo: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” (Mateus 5,4.)

A dor que hoje nos irmana será amanhã a bênção que nos libertará.

Em tudo, Deus age para que o amor vença.


Fontes
:

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos: q. 737-741, 804, 963.

KARDEC, A. A Gênese: cap. 3, item 19; cap. 18 (sofrimentos coletivos).

KARDEC, A. O Evangelho segundo o Espiritismo: cap. 5, itens 8-9.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita