Demência e suas consequências espirituais
dentro de uma análise espírita
A demência é uma das condições mais desafiadoras da
atualidade, tanto para a medicina quanto para a família
e a sociedade. Trata-se de um processo de deterioração
progressiva das funções cognitivas, que compromete a
memória, a linguagem, a capacidade de raciocínio e, em
fases avançadas, até mesmo a autonomia física do
indivíduo.
No entanto, a visão espírita amplia a compreensão sobre
o fenômeno: a demência não atinge o Espírito em sua
essência, mas o limita temporariamente em sua
manifestação terrena. É, portanto, uma experiência de
aprendizado para o reencarnado e para todos os que com
ele convivem.
A demência seria um termo amplo que descreve um conjunto
de sintomas relacionados à perda progressiva das funções
mentais. Entre as formas mais conhecidas estão:
· Doença
de Alzheimer –
a mais comum, marcada pela perda gradual da memória e da
identidade.
· Demência
vascular –
causada por lesões nos vasos sanguíneos cerebrais.
· Demência
frontotemporal –
afeta especialmente a personalidade e o comportamento.
· Corpos
de Lewy –
ligada a alterações motoras e alucinações.
Os principais sintomas poderíamos caracterizar da
seguinte forma:
· Declínio
da memória.
· Dificuldade
na fala e na compreensão.
· Perda
de julgamento e de raciocínio lógico.
· Alterações
de humor e de comportamento.
· Perda
da autonomia.
Assim diante desse quadro, a progressão da doença gera
grande impacto para a família, principalmente pois a
sobrecarga emocional e física para os cuidadores,
sentimento de impotência diante do declínio cognitivo e,
muitas vezes, dor diante da aparente perda da identidade
do ente querido.
A Demência numa visão Espírita devemos entender que o
Espírito não adoece, pois segundo Allan Kardec (O
Livro dos Espíritos), o Espírito é imortal, não
sofre degradação de sua inteligência ou essência. A
demência atinge o instrumento físico – o cérebro
– mas não o Espírito que o utiliza. Assim, a consciência
espiritual permanece íntegra, mesmo quando o corpo já
não consegue expressá-la.
As limitações apresentadas vão agir no ser como provas e
expiações, Doutrina Espírita aponta diferentes causas
espirituais para a experiência da demência:
1. Resgate
de vidas passadas –
Espíritos que abusaram da inteligência, do poder ou da
razão podem reencarnar com restrições mentais para
aprender humildade e dependência.
2. Provas
educativas –
a limitação pode ser uma escolha de origem
reencarnatória, para exercitar virtudes como paciência,
resignação e fé.
3. Instrumento
para a família –
a convivência com o idoso com demência pode despertar
nos familiares sentimentos de compaixão, solidariedade e
amor incondicional.
O Espírito durante a demência, que aparentemente se
apresenta “desconectado” do mundo exterior, sempre vai
manter seus valores profundos da alma, tais como:
· Viver
experiências íntimas intensas,
voltado ao mundo interior.
· Estar
parcialmente desprendido,
preparando-se para a desencarnação.
· Receber
assistência espiritual,
sendo amparado por Espíritos benevolentes durante a
limitação física.
Muitos autores espíritas descrevem a demência como um processo
gradual de desligamento do perispírito em relação ao
corpo físico.
O esquecimento, a perda de identidade e a confusão
mental podem ser compreendidos como uma forma de
adaptação do Espírito à proximidade da morte.
Assim, a demência pode ser vista como um retorno
progressivo à vida espiritual, preparando o ser para
sua nova realidade após a desencarnação.
As lições espirituais da demência, que podemos aprender
para quem vivencia a doença:
· Exercício
de humildade diante da fragilidade do corpo.
· Libertação
de apegos terrenos, já que perde gradualmente a
autonomia.
· Preparação
para a vida espiritual, muitas vezes em clima de
serenidade.
Também para a família e cuidadores:
· Aprendizado
do amor incondicional.
· Desenvolvimento
da paciência, tolerância e compaixão.
· Compreensão
da transitoriedade da vida material e da importância da
dimensão espiritual.
Assim a demência, sob o olhar material para não dizer
médico, é uma condição neurológica degenerativa que
desafia a ciência e os cuidadores. Porém, sob a ótica
espírita, ela representa um estágio de aprendizado,
reajuste e preparação espiritual.
Enquanto o corpo se enfraquece, o Espírito permanece
íntegro, aguardando o momento da libertação. A dor, a
perda aparente e as limitações não devem ser vistas como
castigos, mas como caminhos de evolução, nos
quais tanto o enfermo quanto seus familiares têm a
oportunidade de crescer moralmente e espiritualmente.
Ademais, a demência nos ensina que a verdadeira
identidade do ser humano não está na memória, na fala ou
na razão, mas na essência espiritual imortal que
sobrevive a todas as limitações do corpo físico.