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por Wagner Ideali

 

Demência e suas consequências espirituais dentro de uma análise espírita


A demência é uma das condições mais desafiadoras da atualidade, tanto para a medicina quanto para a família e a sociedade. Trata-se de um processo de deterioração progressiva das funções cognitivas, que compromete a memória, a linguagem, a capacidade de raciocínio e, em fases avançadas, até mesmo a autonomia física do indivíduo.

No entanto, a visão espírita amplia a compreensão sobre o fenômeno: a demência não atinge o Espírito em sua essência, mas o limita temporariamente em sua manifestação terrena. É, portanto, uma experiência de aprendizado para o reencarnado e para todos os que com ele convivem.

A demência seria um termo amplo que descreve um conjunto de sintomas relacionados à perda progressiva das funções mentais. Entre as formas mais conhecidas estão:

· Doença de Alzheimer – a mais comum, marcada pela perda gradual da memória e da identidade.

· Demência vascular – causada por lesões nos vasos sanguíneos cerebrais.

· Demência frontotemporal – afeta especialmente a personalidade e o comportamento.

· Corpos de Lewy – ligada a alterações motoras e alucinações.

Os principais sintomas poderíamos caracterizar da seguinte forma:

· Declínio da memória.

· Dificuldade na fala e na compreensão.

· Perda de julgamento e de raciocínio lógico.

· Alterações de humor e de comportamento.

· Perda da autonomia.

Assim diante desse quadro, a progressão da doença gera grande impacto para a família, principalmente pois a sobrecarga emocional e física para os cuidadores, sentimento de impotência diante do declínio cognitivo e, muitas vezes, dor diante da aparente perda da identidade do ente querido.

A Demência numa visão Espírita devemos entender que o Espírito não adoece, pois segundo Allan Kardec (O Livro dos Espíritos), o Espírito é imortal, não sofre degradação de sua inteligência ou essência. A demência atinge o instrumento físico – o cérebro – mas não o Espírito que o utiliza. Assim, a consciência espiritual permanece íntegra, mesmo quando o corpo já não consegue expressá-la.

As limitações apresentadas vão agir no ser como provas e expiações,  Doutrina Espírita aponta diferentes causas espirituais para a experiência da demência:

1. Resgate de vidas passadas – Espíritos que abusaram da inteligência, do poder ou da razão podem reencarnar com restrições mentais para aprender humildade e dependência.

2. Provas educativas – a limitação pode ser uma escolha de origem reencarnatória, para exercitar virtudes como paciência, resignação e fé.

3. Instrumento para a família – a convivência com o idoso com demência pode despertar nos familiares sentimentos de compaixão, solidariedade e amor incondicional.

O Espírito durante a demência, que aparentemente se apresenta “desconectado” do mundo exterior, sempre vai manter seus valores profundos da alma, tais como:

· Viver experiências íntimas intensas, voltado ao mundo interior.

·  Estar parcialmente desprendido, preparando-se para a desencarnação.

· Receber assistência espiritual, sendo amparado por Espíritos benevolentes durante a limitação física.

Muitos autores espíritas descrevem a demência como um processo gradual de desligamento do perispírito em relação ao corpo físico.

O esquecimento, a perda de identidade e a confusão mental podem ser compreendidos como uma forma de adaptação do Espírito à proximidade da morte.

Assim, a demência pode ser vista como um retorno progressivo à vida espiritual, preparando o ser para sua nova realidade após a desencarnação.

As lições espirituais da demência, que podemos aprender para quem vivencia a doença:

· Exercício de humildade diante da fragilidade do corpo.

· Libertação de apegos terrenos, já que perde gradualmente a autonomia.

· Preparação para a vida espiritual, muitas vezes em clima de serenidade.

Também para a família e cuidadores:

· Aprendizado do amor incondicional.

· Desenvolvimento da paciência, tolerância e compaixão.

· Compreensão da transitoriedade da vida material e da importância da dimensão espiritual.

Assim a demência, sob o olhar material para não dizer médico, é uma condição neurológica degenerativa que desafia a ciência e os cuidadores. Porém, sob a ótica espírita, ela representa um estágio de aprendizado, reajuste e preparação espiritual.

Enquanto o corpo se enfraquece, o Espírito permanece íntegro, aguardando o momento da libertação. A dor, a perda aparente e as limitações não devem ser vistas como castigos, mas como caminhos de evolução, nos quais tanto o enfermo quanto seus familiares têm a oportunidade de crescer moralmente e espiritualmente.

Ademais, a demência nos ensina que a verdadeira identidade do ser humano não está na memória, na fala ou na razão, mas na essência espiritual imortal que sobrevive a todas as limitações do corpo físico.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita