Limitações do Espírito
Todos nós somos portadores de limitações que nos
acompanham há várias encarnações como sombras que seguem
nossa jornada evolutiva.
Elas refletem nosso atraso espiritual assim como nossa
dificuldade em superar questões pessoais. Em alguns
casos são problemas tão antigos quanto nossa existência,
pois fazem parte até mesmo das nossas crenças e
tradições transgeracionais.
Essas limitações se confundem com nossa história de
vida, pois não conseguimos superar nossos bloqueios e
atribuímos à nossa maneira de ser. Na verdade podem
estar atreladas a questões de escolhas equivocadas da
nossa parte, feitas em algum momento de uma existência
passada.
Somos portadores de estruturas de pensamento muito
empedernidas, cristalizadas por preconceitos e que para
serem modificadas envolvem um forte desejo de
transformação e mudança.
Segundo Emmanuel, muitos dos nossos erros estão
relacionados ao nosso atraso moral e não propriamente a
um sentimento de perversidade da nossa parte, segundo
ele, somos reféns das nossas limitações e ignorância:
“Recorda que há mais ignorância que maldade, em torno de
teu destino”. 1
Se o ser humano tivesse uma maior compreensão da sua
realidade espiritual, cometeria menos erros, pois faria
escolhas menos equivocadas. Dessa forma cometeria menos
imprudências, uma vez que seria capaz de antever as
consequências das suas escolhas.
É muito difícil admitir que deveríamos rever nossa
história e nossas verdades, principalmente quando elas
já se tornaram paradigmas da nossa existência, ou seja,
uma crença quase inquestionável.
“No crepúsculo da civilização em que rumamos para a
alvorada de novos milênios, o homem que amadureceu o
raciocínio supera as fronteiras da inteligência comum e
acorda, dentro de si mesmo, com interrogativas que lhe
incendeiam o coração.
À margem da senda em que jornadeia, surgem os escuros
estilhaços dos ídolos mentirosos que adorou e, enquanto
sensações de cansaço lhe assomam à alma enfermiça, o
anseio da vida superior lhe agita os recessos do seu,
qual braseiro vivo do ideal, sob a espessa camada de
cinzas do desencanto.” 2
A grande jornada entre a antiguidade e a sociedade
moderna exigiu profundas mudanças e transformações,
exigindo a destruição de antigos modelos e renovação de
velhas crenças. Tradições que mantém a cultura ancorada
em um passado obsoleto e ultrapassado, impedindo que
novas ideias e concepções possam ser aceitas. O Velho
Mundo deveria dar espaço para uma nova realidade
cultural e científica, era o advento da Idade Moderna.
Essa visão épica dos grandes descobrimentos reflete o
nosso atraso enquanto pensadores, pois ainda estamos com
um pé na Idade Média e esse fato dificulta nossa
aceitação de novas ideias e conceitos. Vivemos no
presente, mas nossa estrutura de pensamento, em alguns
aspectos ainda é ultrapassada.
Sem o paralelo da visão espiritual oferecida por
Emmanuel, às vezes fica difícil compreender na íntegra a
nossa dificuldade íntima evolutiva:
“De portas abertas à glória do ensino, a Terra, nas
linhas da atividade carnal, é, realmente, uma
universidade sublime, funcionando, em vários cursos e
disciplinas, com dois bilhões de alunos,
aproximadamente, matriculados nas várias raças e nações.
Para a maioria dessas criaturas, necessitadas de
experiência nova e mais ampla, a reencarnação não é
somente um impositivo natural, mas também um prêmio pelo
ensejo de aprendizagem”. 2
O homem se assusta com o novo, as mudanças geram
desconfianças, pois nossas crenças nos prendem a valores
atávicos tanto familiares como sociais, principalmente
devido ao medo de nos tornarmos excluídos do grupo
social em que vivemos.
O conhecimento da história, associada a visão espiritual
de Emmanuel, é reforçado pela psicografia de Chico
Xavier, onde interessantes passagens nos ajudam a
compreender o processo de renovação e transformação da
Idade Moderna:
“O comércio se desloca das águas estreitas do
Mediterrâneo para as grandes correntes do Atlântico,
procurando as estradas esquecidas para o Oriente. Para
facilitar a obra extraordinária dessa imensa tarefa de
renovação, os auxiliares do Divino Mestre conseguem
ambientar na Europa antigas invenções e utilidades do
Oriente, como a bússola para as experiências marítimas e
o papel para a divulgação do pensamento”. 3
A evolução intelectual e moral dos espíritos vem
passando por grandes ciclos evolutivos ao longo da
História da Humanidade terrestre. Desde a Idade da Pedra
Lascada mais remota da Antiguidade Oriental, até o atual
século XXI.
Encontramos indivíduos visionários capazes de perceber
as tênues diferenças entre a sombra e a luz, enquanto
outras pessoas permanecem endurecidas em seus pontos de
vista. Uma forte cultura atávica tradicional familiar ou
até mesmo social, que estabelece um conjunto de crenças
e ideias que formam a base da nossa visão de mundo,
influenciando como interpretamos a realidade e tomamos
decisões.
O rompimento com esse modelo não é uma questão de
lógica, às vezes reflete nossa dificuldade de perceber
uma realidade que está além do conhecimento
convencional.
Um bom exemplo foi no dia 17 de fevereiro de 1600, uma
quinta-feira ensolarada, Roma presenciou um espetáculo
dantesco. Centenas de pessoas lotaram o Campo dei Fiori,
uma praça no centro da cidade, para assistir à morte na
fogueira de Giordano Bruno, por ordem da Santa
Inquisição, quando disse em suas últimas palavras:
“...que haja nesse espaço inúmeros corpos como nossa
Terra e outras terras, nosso Sol e outros sóis, todos os
quais executam revoluções nesse espaço infinito”. 4
Referências:
1) Xavier,
Francisco Cândido; Vida e Caminho (1994)
Espíritos Diversos; Carta ao Ano Novo (Emmanuel); Ed.
GEEM.
2) Xavier,
Francisco Cândido; Roteiro (1952); Cap. 1 - O
Homem ante a vida; Cap. 9 - O grande Educandário
(Emmanuel); Ed. FEB.
3) Xavier,
Francisco Cândido; A Caminho da Luz (1938); Cap
XX – Renascença do Mundo – it.: Movimentos
Regeneradores; Ed. FEB.
4) Wikipédia (Enciclopédia
Livre) - “Condenação à morte de Giordano Bruno, em
Roma”.
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