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por Rogério Miguez

 

Ecos do passado


Há muitas dúvidas quando recém-nascidos apresentam condições contundentes e desconcertantes em seus corpos sendo obrigados, a partir de então, conviver com: graves doenças, limitações físicas, problemas variados nos cérebros, entre tantos outros, manifestando-se desde o período de nascença, e ao longo da existência, intrigando pais que não entendem, e muitos não aceitam, por qual razão o seu esperado filho vai sofrer tanto durante a existência.

Os genitores, quando religiosos, indagam por que Deus permitiu que seu filho nascesse fora do padrão de normalidade, considerando tantas crianças isentas de tais entraves. Por outro lado, caso não creiam na existência de um Criador do Universo, atribuem à genética a causa única das muitas deformidades ou limitações apresentadas, ou seja, foi o azar promovendo uma particular combinação de genes, ou seja, foi falta sorte. As considerações sobre este tema, na presente análise, não se aplicam, particularmente, aos últimos, pois estes elegeram apenas as leis da matéria para explicar o mundo em que vivem.

As famílias religiosas, formadas por seus aflitos pais e seus desanimados filhos, ainda desconhecem uma lei divina regulando e explicando estas muitas desagradáveis surpresas: a lei de Causa e Efeito, uma norma justa e misericordiosa, regendo a Humanidade, desde que o mundo é mundo.

O princípio é muito simples, determinando consequências diretas às nossas ações do cotidiano, podendo surgir ao longo da atual existência, mas também alcançam as futuras reencarnações, sendo exatamente as últimas as causadoras das maiores perplexidades nas famílias.

A lei das reencarnações também possui papel capital no entendimento desta questão, sendo ela que explica por qual razão estas consequências podem alcançar existências futuras, conforme foi ensinado no Antigo Testamento:1

“...porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Deus zeloso, que puno a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta gerações daqueles que me aborrecem, e uso de misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” (Êxodo, 20:5 e 6.)      

Considerando os religiosos crentes na unicidade da existência, também não conseguem compreender como Deus pode punir os filhos por conta dos erros dos seus pais.

O Espiritismo, em suas incontáveis explicações, possui inúmeros exemplos explicando particulares causas destes indesejados efeitos observados em crianças recém-natas:2


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 Intelectuais que conspurcaram os tesouros da alma, artífices do pensamento que malversaram os patrimônios do espírito, rogam empeços cerebrais, que se façam por algum tempo alavancas coercitivas, contra as tendências ao desequilíbrio intelectual.

· Artistas que corromperam a inteligência intoxicando a sensibilidade alheia com os abusos da representação viciosa, imploram moléstias ou mutilações, que os incapacitem para a queda em novas culpas.

· Oradores e pessoas que influenciaram negativamente pela palavra, tarefeiros do uso do verbo que se prevaleceram dela para caluniar ou para ferir, solicitam as deficiências nos aparelhos vocais e auditivos, garantindo a segregação providencial.

· Os que abraçaram graves compromissos do sexo, criaturas dotadas de harmonia orgânica, que arremessaram os valores do sexo ao terreno das paixões aviltantes, enlouquecendo corações e fomentando tragédias, suplicam as doenças e as inibições genésicas que em os humilhando, servem por válvulas de contenção dos impulsos inferiores.

 

Entretanto, nem sempre o Espírito requisita deliberadamente determinadas enfermidades de vez que, em muitas circunstâncias quais aquelas que se verificam no suicídio ou na delinquência, caem, de imediato, na desagregação ou na insanidade das próprias forças, lesando o corpo espiritual, o que os constrange a renascer no berço físico, exibindo anomalias e moléstias congênitas, em aflitivos quadros expiatórios. No caso do suicídio, estas consequências estarão associadas à região atingida e desarranjada pelo ato suicida, ou seja, se houve envenenamento, renascerá com anomalias na laringe/garganta ou no aparelho digestivo; se o suicida se atirou de grande altura, apresentará um corpo mal formado, com graves dificuldades motoras; caso tenha atirado contra a próprio corpo físico, a região atingida apresentará problemas futuros, ou seja, no coração, na boca, no cérebro..., dependendo de onde foi desferido o tiro fatal; se o suicida encontrou o seu fim por afogamento, virá com o aparelho respiratório imperfeito, pulmões deficientes...

Em geral, nos casos de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina, a maioria das criaturas que trarão as provações da idiotia ou da loucura, da cegueira ou da paralisia irreversíveis, ou ainda, nas crianças-problemas, cujos corpos, irremediavelmente frustrados, durante todo o curso da reencarnação, mostram-se na condição de celas regenerativas, para a internação compulsória daqueles que fizeram jus a semelhantes recursos drásticos da Lei. Justo acrescentar que todos esses companheiros, em transitórias, mas duras dificuldades, renascem na companhia daqueles mesmos amigos e familiares de outro tempo que, um dia, se cumpliciaram com eles na prática das ações reprováveis em que delinquiram.

Por fim, é importante ressaltar que esta lei divina visa a correção do infrator, jamais a sua punição, não possui cunho de vingança, mas sempre de educação ou de reeducação, pois O Criador nos ama incondicionalmente e não deseja o sofrimento do delinquente, mas apenas a cessação do pecado.


Referências
:

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. ed. 131. Brasília/DF: FEB, 2015. cap. I. Nota 4 da Editora FEB de 1947.

2 XAVIER, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Leis de amor. Pelo Espírito Emmanuel. ed. 9. São Paulo/SP: FEESP, 1982. cap. I.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita