Ecos do passado
Há muitas dúvidas quando recém-nascidos
apresentam condições contundentes e
desconcertantes em seus corpos sendo obrigados,
a partir de então, conviver com: graves doenças,
limitações físicas, problemas variados nos
cérebros, entre tantos outros, manifestando-se
desde o período de nascença, e ao longo da
existência, intrigando pais que não entendem, e
muitos não aceitam, por qual razão o seu
esperado filho vai sofrer tanto durante a
existência.
Os genitores, quando religiosos, indagam por que
Deus permitiu que seu filho nascesse fora do padrão
de normalidade, considerando tantas crianças
isentas de tais entraves. Por outro lado, caso
não creiam na existência de um Criador do
Universo, atribuem à genética a causa
única das muitas deformidades ou limitações
apresentadas, ou seja, foi o azar promovendo
uma particular combinação de genes, ou seja, foi
falta sorte. As considerações sobre este
tema, na presente análise, não se aplicam,
particularmente, aos últimos, pois estes
elegeram apenas as leis da matéria para explicar
o mundo em que vivem.
As famílias religiosas, formadas por seus
aflitos pais e seus desanimados filhos, ainda
desconhecem uma lei divina regulando e
explicando estas muitas desagradáveis surpresas:
a lei de Causa e Efeito, uma norma justa e
misericordiosa, regendo a Humanidade, desde que
o mundo é mundo.
O princípio é muito simples, determinando
consequências diretas às nossas ações do
cotidiano, podendo surgir ao longo da atual
existência, mas também alcançam as futuras
reencarnações, sendo exatamente as últimas as
causadoras das maiores perplexidades nas
famílias.
A lei das reencarnações também possui papel
capital no entendimento desta questão, sendo ela
que explica por qual razão estas consequências
podem alcançar existências futuras, conforme foi
ensinado no Antigo Testamento:1
“...porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Deus
zeloso, que puno a iniquidade dos pais nos
filhos, na terceira e na quarta gerações
daqueles que me aborrecem, e uso de misericórdia
até mil gerações daqueles que me amam e guardam
os meus mandamentos.” (Êxodo, 20:5 e 6.)
Considerando os religiosos crentes na unicidade
da existência, também não conseguem compreender
como Deus pode punir os filhos por conta dos
erros dos seus pais.
O Espiritismo, em suas incontáveis explicações,
possui inúmeros exemplos explicando particulares
causas destes indesejados efeitos observados em
crianças recém-natas:2
· Intelectuais
que conspurcaram os tesouros da alma, artífices
do pensamento que malversaram os patrimônios do
espírito, rogam empeços cerebrais, que se façam
por algum tempo alavancas coercitivas, contra as
tendências ao desequilíbrio intelectual.
· Artistas
que corromperam a inteligência intoxicando a
sensibilidade alheia com os abusos da
representação viciosa, imploram moléstias ou
mutilações, que os incapacitem para a queda em
novas culpas.
· Oradores
e pessoas que influenciaram negativamente pela
palavra, tarefeiros do uso do verbo que se
prevaleceram dela para caluniar ou para ferir,
solicitam as deficiências nos aparelhos vocais e
auditivos, garantindo a segregação providencial.
· Os
que abraçaram graves compromissos do sexo,
criaturas dotadas de harmonia orgânica, que
arremessaram os valores do sexo ao terreno das
paixões aviltantes, enlouquecendo corações e
fomentando tragédias, suplicam as doenças e as
inibições genésicas que em os humilhando, servem
por válvulas de contenção dos impulsos
inferiores.
Entretanto, nem sempre o Espírito requisita
deliberadamente determinadas enfermidades de vez
que, em muitas circunstâncias quais aquelas que
se verificam no suicídio ou na delinquência,
caem, de imediato, na desagregação ou na
insanidade das próprias forças, lesando o corpo
espiritual, o que os constrange a renascer no
berço físico, exibindo anomalias e moléstias
congênitas, em aflitivos quadros expiatórios. No
caso do suicídio, estas consequências estarão
associadas à região atingida e desarranjada pelo
ato suicida, ou seja, se houve envenenamento,
renascerá com anomalias na laringe/garganta ou
no aparelho digestivo; se o suicida se atirou de
grande altura, apresentará um corpo mal formado,
com graves dificuldades motoras; caso tenha
atirado contra a próprio corpo físico, a região
atingida apresentará problemas futuros, ou seja,
no coração, na boca, no cérebro..., dependendo
de onde foi desferido o tiro fatal; se o suicida
encontrou o seu fim por afogamento, virá com o
aparelho respiratório imperfeito, pulmões
deficientes...
Em geral, nos casos de doenças compulsórias,
impostas pela Lei Divina, a maioria das
criaturas que trarão as provações da idiotia ou
da loucura, da cegueira ou da paralisia
irreversíveis, ou ainda, nas crianças-problemas,
cujos corpos, irremediavelmente frustrados,
durante todo o curso da reencarnação, mostram-se
na condição de celas regenerativas, para a
internação compulsória daqueles que fizeram jus
a semelhantes recursos drásticos da Lei. Justo
acrescentar que todos esses companheiros, em
transitórias, mas duras dificuldades, renascem
na companhia daqueles mesmos amigos e familiares
de outro tempo que, um dia, se cumpliciaram com
eles na prática das ações reprováveis em que
delinquiram.
Por fim, é importante ressaltar que esta lei
divina visa a correção do infrator, jamais a sua
punição, não possui cunho de vingança, mas
sempre de educação ou de reeducação, pois O
Criador nos ama incondicionalmente e não deseja
o sofrimento do delinquente, mas apenas a
cessação do pecado.
Referências:
1 KARDEC,
Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
Trad. Guillon Ribeiro. ed. 131. Brasília/DF:
FEB, 2015. cap. I. Nota 4 da Editora FEB de
1947.
2 XAVIER,
Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Leis de
amor. Pelo Espírito Emmanuel. ed. 9. São
Paulo/SP: FEESP, 1982. cap. I.