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Numa das longas noites de trabalho no Centro Espírita,
Chico Xavier se levantou da cadeira, abriu os braços e
anunciou:
- Acaba de entrar na sala um lindo raio de sol.
Era a cantora Vanusa. Na fila, atormentada pelo fim do casamento
com Antônio Marcos, caiu em crise de choro incontrolável. Ficou
muda, aos soluços, com o rosto coberto de lágrimas. Os
auxiliares de Chico levaram a cantora a uma sala ao lado e
esperaram que se acalmasse. Só mais tarde ela conversou com
Chico. Queria resposta. Sua vida iria melhorar? Ela iria se
reconciliar com o ex-marido? Não ouviu resposta alguma. Chico
segurou suas mãos e se limitou a dizer: - Pense na grande
responsabilidade da sua missão. Tudo o que você sabe, pensa,
canta e fala num programa de televisão é muito importante,
porque você está passando toda essa gama de emoções para essa
gente que te ouve e vê.
Foi o suficiente. Vanusa voltou para casa aliviada, com a mesma
sensação que tomou conta do estilista Clodovil quando procurou
Chico para um desabafo inesperado: sentia-se culpado por cobrar
tão caro por seus vestidos. O espírita aliviou a consciência do
estilista. Afinal de contas, ele gerava empregos e embelezava o
mundo...
Motivada pela ideia de investir em sua "missão", Vanusa começou
a mudar. Em vez de sofrer com suas aflições afetivas, passou a
olhar mais à volta e até a medir as palavras para passar
"mensagens positivas" em declarações a jornais, revistas e TVs.
Logo, estaria casada com um dos devotos mais dedicados de Chico
Xavier, Augusto César Vannucci, então todo-poderoso diretor da
linha de shows da TV Globo.
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
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