Brasil
por Jorge Hessen

Ano 19 - N° 945 - 19 de Outubro de 2025

 

O Centro Espírita pioneiro de Brasília e seu fundador Antônio Villela, o espírita mais velho do Brasil


Falar sobre o Centro Espírita André Luiz é imergir numa trajetória de fé, solidariedade e trabalho espiritual que se confunde com a própria história do Guará I.

Sua fundação ocorreu em 1º de outubro de 1960, em terreno pertencente ao Jardim Zoológico na então Candangolândia, na rua 2, n° 105, na antiga Vila Operária, exatamente quando Brasília ainda minava o ar de cidade recém-inaugurada.

Seu idealizador maior foi Antônio Villela, que em junho de 2025 completou 103 anos de vida, sendo considerado o líder espírita mais velho do Brasil e, certamente, do mundo.


Como tudo começou

Há 65 anos, realizou-se uma reunião composta por cerca de 50 pessoas, visando à elaboração de um estatuto para criação de uma instituição com finalidades de exercícios mediúnicos e serviços filantrópicos.

Nascia assim o Centro Espírita André Luiz.

Após os sufrágios para composição da diretoria, Antônio Villela foi eleito presidente. Em seguida à
composição e consolidação da diretoria foi realizada nova votação para designação do mentor espiritual a ser definido para a instituição e o nome André Luiz foi o escolhido, oficializando-se aí o nome definitivo de Centro Espírita André Luiz.

Na sequência para a promoção das atividades assistenciais foi criado o Departamento de Serviço Social Francisco de Assis.

Na década de 1970, o Guará ainda dava seus primeiros passos como cidade-satélite, as ruas eram de terra batida (cascalhos), a iluminação pública era precária e as famílias recém-chegadas buscavam moradias, espaços de convivência, aprendizado e espiritualidade.


O despejo que ninguém esperava

Nesse contexto o Centro Espírita André Luiz, após nove anos de atividade foi “despejado” do lote da Candangolândia, ocasionando para o grupo o enfrentamento do desafio de retirar-se do espaço inicial.

Corria o ano de 1969. Para evitar-se a interrupção dos trabalhos, Antônio Villela (o mais longevo dirigente espírita da atualidade), juntamente com o grupo desbravador, comprou na recém-criada cidade-satélite do Guará I a área atual de 2.400m², adquirida diretamente da Novacap (na época, os terrenos públicos pertenciam à Novacap) pelo preço ajustado sete mil e quinhentos cruzeiros novos, parcelado em algumas prestações.


Uma nova fase então começou

Com a aquisição do terreno a transferência não foi apenas geográfica, pois marcou também o início de uma nova fase no Centro Espírita André Luiz.

Sem recursos financeiros para a edificação da sede, a instituição teve que recorrer a doações e promover campanhas e demais eventos visando angariar os recursos necessários.

A área recém-adquirida tornou-se à época um colossal canteiro de obras coletivas. Portanto, reacenderam-se os ânimos e as empreitadas em prol da obra, dinamizadas pelas festas beneficentes e pelas doações voluntárias, o que reforçou a reconstrução da sede e o assentamento dos primeiros tijolos para a elevação das primeiras paredes da nova sede.

Conta-nos Villela que no decorrer da construção surgiram novos voluntários e arrecadavam-se mais doações. Foi um período de alentada solidariedade e  assim, após 4 anos, o prédio do Centro Espírita André Luiz estava erguido e instrumentalizado para dar prosseguimento à sua empreitada designada pela Espiritualidade.

No transcorrer dos anos a instituição ampliou sua atuação, não se restringindo às tarefas exclusivamente espirituais e estabelecendo projetos sociais para auxílio de pessoas socioeconomicamente desprovidas. Para tal projeto foram fixados os devidos espaços para acolhimento e assistência social, tendo como premissa básica que as prestações de serviços sociais seriam mantidas dentro do princípio do voluntariado (gratuitamente).

Essas ações transformaram Centro Espírita André Luiz em um ponto de referência comunitário tradicionalíssimo no Guará I e no Distrito Federal.


O Centro Espírita André Luiz hoje

Após 65 anos transcorridos, o Centro Espírita André Luiz segue firme em sua missão, realizando as reuniões públicas com palestras doutrinárias, centradas nas elucidações do Evangelho a fim de elevar a autoestima dos frequentadores, fazendo com que as pessoas se fortaleçam ao praticarem o bem.

Na Casa há os estudos sistematizados, os passes magnéticos, a evangelização infantojuvenil e, como já vimos, conserva-se acesa a flama do serviço social iniciado notadamente pelo Villela ao lado dos entusiasmados bandeirantes da primeira hora.

Estamos abonando que Centro Espírita André Luiz é mais do que uma instituição religiosa – é uma filigrana da história da tradição candanga, portanto um tesouro patrimonial da população que prossegue iluminando corações e mentes com simplicidade, fé, disposição fraterna e amor ao próximo.

Em face disso, genuinamente, hoje, o Centro Espírita André Luiz é reconhecido como um espaço de acolhimento, aprendizado e exercício do bem, sendo uma clássica referência para a população de Brasília, em especial do Guará I, mantendo viva a chama do Espiritismo cristão, alinhado aos princípios da União fraterna, do Trabalho material e espiritual e da Solidariedade cristãs.


Antônio Villela e sua trajetória espírita

Essa turnê histórica aqui caracterizada não existiria sem a mobilização e renúncia pessoal de Antônio Villela, hoje com seus 103 anos de vida, razão pelo qual rendemos homenagem a ele, cuja jornada e identificação com Brasília e com o Guará I iniciou-se em 1959.

Aposentado do Judiciário e ex-servidor do Superior Tribunal de Justiça, consagra-se há muitas décadas ao labor espírita.

Foi servidor do antigo Tribunal Federal de Recursos (já extinto), integrou a comissão que veio a Brasília iniciar a implantação dos serviços judiciários da nova capital.

Um ano após os veredictos da Comissão, o TFR transferiu Villela do Rio de Janeiro para Brasília, onde passou a residir com toda a família.

Antônio Villela nasceu em Mangaratiba (RJ). Espírita desde 1945, participou da mocidade espírita do Rio Janeiro em 1945, tendo estado presente na fundação da União das Mocidades Espíritas do Distrito Federal (Rio de Janeiro à época), sediada nas instalações da Federação Espírita Brasileira.

É personagem histórico dos primórdios do Movimento Espírita Brasileiro quando atuou no Pacto Áureo.

Fundou na região de Santíssimo (RJ) o Centro Espírita Apóstolo Estêvão e o Educandário Paulo de Tarso, em 2 de janeiro de 1949, com a finalidade de atender gratuitamente os estudantes das séries iniciais até o quarto ano do ensino fundamental.

Posteriormente participou da construção da sede definitiva do Centro Espírita Gregório Estêvão, na Pedra de Guaratiba (RJ), do qual foi eleito presidente para um mandato de 3 anos.

Tendo sido transferido para o Distrito Federal (Brasília) em 8 de junho de 1960, participou, como já descrevemos aqui, do início das atividades espíritas que se formavam na Nova Capital e participou também da fundação da Federação Espírita do Distrito Federal.

É viúvo dos dois primeiros casamentos e vive há mais de 30 anos com sua terceira esposa, nossa irmã Edilene, que, além de esposa, é sua secretária e uma espécie de bússola afetiva de todos os seus passos. (*)

 

(*) Para saber mais sobre Antônio Villela clique aqui: Jornal do Guará


 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita