O Centro Espírita pioneiro de Brasília e seu fundador
Antônio Villela, o espírita mais velho do Brasil
Falar sobre o Centro Espírita André Luiz é imergir numa
trajetória de fé, solidariedade e trabalho espiritual
que se confunde com a própria história do Guará I.
Sua fundação ocorreu em 1º de outubro de 1960, em
terreno pertencente ao Jardim Zoológico na então
Candangolândia, na rua 2, n° 105, na antiga Vila
Operária, exatamente quando Brasília ainda minava o ar
de cidade recém-inaugurada.
Seu idealizador maior foi Antônio Villela, que em junho
de 2025 completou 103 anos de vida, sendo considerado o
líder espírita mais velho do Brasil e, certamente, do
mundo.
Como tudo começou
Há 65 anos, realizou-se uma reunião composta por cerca
de 50 pessoas, visando à elaboração de um estatuto para
criação de uma instituição com finalidades de exercícios
mediúnicos e serviços filantrópicos.
Nascia assim o Centro Espírita André Luiz.
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Após os sufrágios para composição da diretoria, Antônio
Villela foi eleito presidente. Em seguida à |
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composição e consolidação da diretoria foi
realizada nova votação para designação do mentor
espiritual a ser definido para a instituição e o
nome André Luiz foi o escolhido,
oficializando-se aí o nome definitivo de Centro
Espírita André Luiz. |
Na sequência para a promoção das atividades
assistenciais foi criado o Departamento de Serviço
Social Francisco de Assis.
Na década de 1970, o Guará ainda dava seus primeiros
passos como cidade-satélite, as ruas eram de terra
batida (cascalhos), a iluminação pública era precária e
as famílias recém-chegadas buscavam moradias, espaços de
convivência, aprendizado e espiritualidade.
O despejo que ninguém esperava
Nesse contexto o Centro Espírita André Luiz, após nove
anos de atividade foi “despejado” do lote da
Candangolândia, ocasionando para o grupo o enfrentamento
do desafio de retirar-se do espaço inicial.
Corria o ano de 1969. Para evitar-se a interrupção dos
trabalhos, Antônio Villela (o mais longevo dirigente
espírita da atualidade), juntamente com o grupo
desbravador, comprou na recém-criada cidade-satélite do
Guará I a área atual de 2.400m², adquirida diretamente
da Novacap (na época, os terrenos públicos pertenciam à
Novacap) pelo preço ajustado sete mil e quinhentos
cruzeiros novos, parcelado em algumas prestações.
Uma nova fase então começou
Com a aquisição do terreno a transferência não foi
apenas geográfica, pois marcou também o início de uma
nova fase no Centro Espírita André Luiz.
Sem recursos financeiros para a edificação da sede, a
instituição teve que recorrer a doações e promover
campanhas e demais eventos visando angariar os recursos
necessários.
A área recém-adquirida tornou-se à época um colossal
canteiro de obras coletivas. Portanto, reacenderam-se os
ânimos e as empreitadas em prol da obra, dinamizadas
pelas festas beneficentes e pelas doações voluntárias, o
que reforçou a reconstrução da sede e o assentamento dos
primeiros tijolos para a elevação das primeiras paredes
da nova sede.
Conta-nos Villela que no decorrer da construção surgiram
novos voluntários e arrecadavam-se mais doações. Foi um
período de alentada solidariedade e assim, após 4 anos,
o prédio do Centro Espírita André Luiz estava erguido e
instrumentalizado para dar prosseguimento à sua
empreitada designada pela Espiritualidade.
No transcorrer dos anos a instituição ampliou sua
atuação, não se restringindo às tarefas exclusivamente
espirituais e estabelecendo projetos sociais para
auxílio de pessoas socioeconomicamente desprovidas. Para
tal projeto foram fixados os devidos espaços para
acolhimento e assistência social, tendo como premissa
básica que as prestações de serviços sociais seriam
mantidas dentro do princípio do voluntariado
(gratuitamente).
Essas ações transformaram Centro Espírita André Luiz em
um ponto de referência comunitário tradicionalíssimo no
Guará I e no Distrito Federal.
O Centro Espírita André Luiz hoje
Após 65 anos transcorridos, o Centro Espírita André Luiz
segue firme em sua missão, realizando as reuniões
públicas com palestras doutrinárias, centradas nas
elucidações do Evangelho a fim de elevar a autoestima
dos frequentadores, fazendo com que as pessoas se
fortaleçam ao praticarem o bem.
Na Casa há os estudos sistematizados, os passes
magnéticos, a evangelização infantojuvenil e, como já
vimos, conserva-se acesa a flama do serviço social
iniciado notadamente pelo Villela ao lado dos
entusiasmados bandeirantes da primeira hora.
Estamos abonando que Centro Espírita André Luiz é mais
do que uma instituição religiosa – é uma filigrana da
história da tradição candanga, portanto um tesouro
patrimonial da população que prossegue iluminando
corações e mentes com simplicidade, fé, disposição
fraterna e amor ao próximo.
Em face disso, genuinamente, hoje, o Centro Espírita
André Luiz é reconhecido como um espaço de acolhimento,
aprendizado e exercício do bem, sendo uma clássica
referência para a população de Brasília, em especial do
Guará I, mantendo viva a chama do Espiritismo cristão,
alinhado aos princípios da União fraterna, do Trabalho
material e espiritual e da Solidariedade cristãs.
Antônio Villela e sua trajetória espírita
Essa turnê histórica aqui caracterizada não existiria
sem a mobilização e renúncia pessoal de Antônio Villela,
hoje com seus 103 anos de vida, razão pelo qual rendemos
homenagem a ele, cuja jornada e identificação com
Brasília e com o Guará I iniciou-se em 1959.
Aposentado do Judiciário e ex-servidor do Superior
Tribunal de Justiça, consagra-se há muitas décadas ao
labor espírita.
Foi servidor do antigo Tribunal Federal de Recursos (já
extinto), integrou a comissão que veio a Brasília
iniciar a implantação dos serviços judiciários da nova
capital.
Um ano após os veredictos da Comissão, o TFR transferiu
Villela do Rio de Janeiro para Brasília, onde passou a
residir com toda a família.
Antônio Villela nasceu em Mangaratiba (RJ). Espírita
desde 1945, participou da mocidade espírita do Rio
Janeiro em 1945, tendo estado presente na fundação da
União das Mocidades Espíritas do Distrito Federal (Rio
de Janeiro à época), sediada nas instalações da
Federação Espírita Brasileira.
É personagem histórico dos primórdios do Movimento
Espírita Brasileiro quando atuou no Pacto Áureo.
Fundou na região de Santíssimo (RJ) o Centro Espírita
Apóstolo Estêvão e o Educandário Paulo de Tarso, em 2 de
janeiro de 1949, com a finalidade de atender
gratuitamente os estudantes das séries iniciais até o
quarto ano do ensino fundamental.
Posteriormente participou da construção da sede
definitiva do Centro Espírita Gregório Estêvão, na Pedra
de Guaratiba (RJ), do qual foi eleito presidente para um
mandato de 3 anos.
Tendo sido transferido para o Distrito Federal
(Brasília) em 8 de junho de 1960, participou, como já
descrevemos aqui, do início das atividades espíritas que
se formavam na Nova Capital e participou também da
fundação da Federação Espírita do Distrito Federal.
É viúvo dos dois primeiros casamentos e vive há mais de
30 anos com sua terceira esposa, nossa irmã Edilene,
que, além de esposa, é sua secretária e uma espécie de
bússola afetiva de todos os seus passos. (*)
(*) Para saber mais sobre Antônio Villela
clique aqui: Jornal
do Guará