Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Vanucci convidou o maior fenômeno espírita do país a participar de um programa em homenagem ao médium baiano Divaldo Franco, considerado então o mais importante orador da doutrina. Chico Xavier teria de gravar um depoimento no Teatro Globo, no Rio. Ele aceitou o convite, reverteu o cachê de 50 mil cruzeiros à Fundação Maneta Caio e apareceu no teatro na hora combinada.

Uma das artistas convidadas, Glória Menezes, teve uma crise de choro ao deparar com aquele senhor sorridente, amparado por auxiliares. 

Ocorre que Vanucci tinha mentido. Chico iria participar de um programa dedicado a ele próprio: Um Homem Chamado Amor. Era o lançamento de sua campanha para o Prêmio Nobel da Paz. 

No roteiro, poemas e mensagens de Chico declamados por artistas como Lima Duarte, Tony Ramos e Paulo Figueiredo, depoimentos de amigos como Roberto Carlos e muita música. Roberto cantou Ave-Maria e Força Estranha, Vanusa apresentou sua Prece de Cáritas, Joyce interpretou Clareana e Elis Regina No Céu da Vibração. 

Com uma camisa xadrez amarrotada sob o terno branco, diante de um retrato a óleo de Emmanuel, Chico Xavier falou sobre a infância, defendeu a inseminação artificial e desempenhou o papel de garoto-propaganda do papa João Paulo II, então prestes a desembarcar no Brasil:

– Devemos recebê-lo com todas as atenções de que ele é digno e que tanto fez por merecer, conduzindo a cristandade com tanta abnegação e com tanto tato para evitar que a discórdia se alastre no mundo. 

O discurso cristão assentava bem na emissora mais poderosa do país, presidida por um amigo de dom Eugênio Sales. 

Após gravar seu depoimento, Chico encarou Vanucci, o diretor do programa, e afirmou com um meio sorriso: – Tudo pela doutrina. 

 

Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita