Precisamos de coragem para viver
Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não
a ausência do medo. Mark
Twain
A coragem é essencial para a realização de nossa
jornada, para o cumprimento mais pleno de nossas tarefas
e propósitos.
Virtude muito admirada, devemos ter em mente que a
coragem não é valentia, muito menos um exercício de
violência. Na realidade, os fortes são corajosos porque
tentam resolver seus conflitos e dilemas apoiados na
paz, em atitudes pacíficas, nunca reativas ou
vingativas.
Quando uma situação adversa se apresenta, o medo surge
com suas vestimentas e, para desafiá-lo, a coragem se
ergue indispensável. Sim, pois só há a coragem onde há o
medo.
Muitas coisas são realizadas por nós no nosso cotidiano
apesar do medo: falar em público; começar um novo
trabalho; aprender um idioma; dormir no escuro; dirigir
numa rodovia desconhecida…
Na educação da criança, uma das coisas importantes para
ajudar nosso filho pequeno a lidar com os medos é
auxiliar o desenvolver gradativo de uma certa confiança
relacionada a um certo tipo de medo, porque, dessa
forma, além do próprio medo, dar-se-á espaço para o
surgimento da coragem.
Na infância, tive uma amiga que tinha muito medo de um
de nossos cachorros. Mas minha mãe, com muita
persistência, por diversas vezes em que ela foi à nossa
casa, teimou em ficar perto da minha amiga fazendo
carinhos no cão.
Certo dia, de maneira inesperada, minha amiga também se
agachou e, encorajada pelos exemplos exaustivos da minha
mãe, começou a fazer carinhos no cachorro. No início,
ela o fez de modo tímido, mas depois, mais confiante,
ela o fez de uma maneira tranquila. Isso ocorreu ao
longo de algumas semanas.
No dia a dia com as crianças, há muitas oportunidades
para a prática do desenvolvimento da coragem e de
acordo com essas situações simples, triviais: ensinar a
cantar uma música; contar uma história para os tios no
domingo; provar comidas diferentes; fazer passeios na
cidade por lugares desconhecidos – pracinhas e parques
nunca visitados pelas crianças, por exemplo.
Minha avó dizia algo muito interessante: quando uma
criança chora ao cair, você não deve pegá-la no colo e
de pronto afirmar que tudo ficará bem. Você deve apenas
sorrir de modo tranquilo e confiante, anunciando a ela
para continuar firme com a brincadeira…
Para muitos isso parece inadequado ou insensível, mas
não é. Na realidade, se agir assim, você não estará
ignorando os medos do seu filho, estará, sim, mostrando
a ele que está seguro, bem e protegido. Você estará
encorajando-o, ou seja, dando a ele a chance de saber,
pela própria experiência, como é a coragem…
Sempre insisto com os pais: sejam corajosos. Mostrem aos
seus filhos, e desde cedo, nas coisas mais singelas, a
fé inabalável que vocês têm neles, e eles crescerão
apoiados na mesma fé inabalável em si mesmos – e não
será essa a fonte autêntica da coragem?