Os suaves cânticos da renovação
A felicidade em Cristo é possível, na medida em que se
começa a vivenciá-lo.
“Eu creio, Senhor! mas ajuda a minha incredulidade!"
- Marcos, 9:24
A busca da perfeição é o desiderato que deve ser
almejado por toda criatura de Deus; daí conclamar Jesus: "sede
vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que
está nos Céus”.
Árdua e longa é a caminhada e traiçoeiras são as
veredas!Na luta íntima para a desejada renovação
cristã enfrentaremos não só os inimigos internos,
acólitos do "homem-velho", mas, também, toda
sorte de vicissitudes externas, capitaneadas por
mentalidades malsãs, encarnadas e desencarnadas,
depressivas e perversas... Portanto, os anseios cristãos
de renovação permanecem, de ordinário, em rota
de colisão com as milenares sedimentações atávicas
psicológicas de comportamentos inadequados, ignorância,
incúria e até mesmo crueldade!
É a inevitável luta quando se alça mais altos voos em
busca da interação com o Pai. Não obstante, Jesus já nos
ofereceu o roteiro ao afirmar:
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Escrevendo aos gálatas, Paulo enfatizava sua condição de
prisioneiro do Cristo:
"Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim".
Estar em Cristo e Cristo estar em nós em quaisquer
situações felizes e infelizes é atingir a plenitude de
ser. Longe de tal atitude caracterizar misticismo
piegas, é, na verdade, uma realidade a ser alcançada.
Difícil de lograr? Sim, mas não impossível! Como
começar?! Ora, Jesus deixou a fórmula que o Espírito de
Verdade ratificou: a Caridade!
"O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos
outros, assim como eu vos amei".
"Espíritas amai-vos..."
É o mesmo apelo à Caridade!
Acompanhemos o raciocínio de L. Palhano Jr., pinçado da
2ª parte do livro "aos efésios" no
capítulo intitulado “em Cristo”, no qual podemos
ler o seguinte: "(...) a felicidade em Cristo é
possível, na medida em que se começa a vivenciá-lo, em
princípio, quebrando a dureza que há em nossos
corações, substituindo-a pela piedade. Para
alcançarmos esse resultado temos três recursos à nossa
disposição:
1- A vigilância - sobre pensamentos e atos, para que
não sejamos apanhados em concupiscência;
2 – A oração - que nos colocará em contato com os
Agentes da Luz;
3 – A meditação - que nos possibilitará o controle
sobre nossos próprios pensamentos, fazendo com que a
nossa quietude interna aflore e domine a agitação
exterior”.
Para sustentação desses recursos, não poderão faltar
doses maciças de humildade, de desprendimento e de
sublimação das energias interiores... Enfim, trata-se de
um combate ferrenho movido contra as forças coagulantes
dos pensamentos que procedem das furnas milenares do "homem-velho", desencadeadoras
dos ímpetos da imperfeição.
Não seria esse bom combate que caracteriza o verdadeiro
espírita? Kardec enfatizou muito bem isso, quando
afirmou:
"reconhece-se o
verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e
pelos esforços que faz para domar suas más inclinações”.
Lembremo-nos de que nesse combate necessário, a
hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas
melhores energias. Somente aquele que confia
consegue perseverar no levantamento dos degraus que o
conduzirão à altura da renovação em Cristo que
deseja atingir.
Com toda razão enfatiza o apóstolo:
"(...) o que
duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo
vento e lançada de uma para outra parte”.
Afirma Emmanuel:
"(...) quem
duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si
mesmo. Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.
Compreendendo o impositivo da confiança que deve
nortear-nos para frente, insistamos no bem,
procurando-o com todas as possibilidades ao nosso
alcance. Abandonemos a pressa e olvidemos o desânimo.
Não importa que a nossa conquista surja triunfante
hoje ou amanhã. Vale trabalhar e fazer o melhor que
pudermos, aqui e agora, porque a vida se incumbe de
trazer-nos o que buscamos.
Avançar sem vacilações, amando, aprendendo e servindo
infatigavelmente - eis a fórmula de caminhar com êxito,
ao encontro de nossa vitória”.
Enfatiza - poeticamente - João de Deus: “guarda a
fraternidade por bandeira/ E a lição de Jesus por novo
guia./ Seja teu canto a glória que anuncia/ Renovação à
humanidade inteira...”
-
KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o
Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB,
2009, cap. XVII, item 4, § 5º.