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A Doutrina dos Espíritos esclarece com muita propriedade
a questão da Lei
de Causa e Efeito, de Ação e Reação, que preside à
organização do Universo.
Ela também nos indica o livre-arbítrio como atributo
fundamental da personalidade humana,
pelo qual o ser humano tem a faculdade de optar livremente pelo
caminho que deseja seguir, recebendo, contudo, em contrapartida,
o resultado inexorável de suas decisões, boas ou más.
Assim se conclui que
a plantação é livre aos seres humanos, mas a colheita lhes é obrigatória.
Assim se explicam todas as provações e resgates, doenças e deformidades físicas
e mentais por que passa a maioria dos homens na Terra, como sendo
o seu carma ou resgate de delitos passados.
Muito bem! Também nos ensina
a Doutrina Espírita que os animais não gozam da faculdade do livre-arbítrio,
por não possuírem ainda o pensamento contínuo. Assim sendo, como devemos
encarar a questão da existência de deformidades congênitas no seio
dos animais? Por que nascem animais cegos ou deformados, se eles não têm
o livre-arbítrio?
Nossos benfeitores espirituais nos esclarecem que é preciso que
todos nós consideremos que
os animais diversos, a nos rodearem a existência de seres humanos em
evolução no planeta Terra, são nossos irmãos menores, desenvolvendo
em si mesmos o próprio princípio inteligente. Se nós, seres humanos,
já alcançamos os domínios da inteligência, desenvolvendo agora
as potências
intuitivas, eles, os animais, estão aperfeiçoando paulatinamente
seus instintos
na busca da inteligência. Da
mesma maneira que nós humanos aspiramos a alcançar algum dia a angelitude
na Vida Maior, personificada em nosso mestre e senhor Jesus,
eles, os
animais, aspiram a ser no futuro distante homens e mulheres
inteligentes e livres.
Assim sendo, nós podemos nos considerar como irmãos mais velhos
e mais
experimentados dos animais. Ora, nós já sabemos que a Lei divina institui
a solidariedade entre os seres, e, por isso, podemos facilmente
concluir que
a nós, seres humanos, Deus outorgou a condução e a proteção de
nossos irmãos
mais novos, os animais.
Mas, pergunta-se, o que é que nós estamos fazendo com essa responsabilidade
de proteger e guiar o reino animal? Como é que esta humanidade
terrestre tem agido em relação aos animais, nos inúmeros séculos de
nossa história? Porventura
nós, os homens, não nos temos convertido em algozes impiedosos
dos animais, ao invés de seus protetores fiéis? Quem ignora que
a vaca
sofre imensamente a caminho do matadouro? Quem desconhece que minutos
antes do golpe fatal os bovinos derramam lágrimas de angústia?
Não temos
treinado determinadas raças de cães exaustivamente para o
morticínio e
o ataque? Que dizermos das caçadas impiedosas de aves e animais silvestres,
unicamente por prazer esportivo? Que dizermos das devastações inconsequentes
ao meio ambiente?
Tudo isso se resume em graves responsabilidades
para os seres humanos! A angústia, o medo e o ódio que provocamos
nos animais lhes alteram o equilíbrio natural de seus princípios espirituais,
determinando ajustamento em posteriores existências, a se configurarem
por deformidades congênitas. A responsabilidade maior recairá sempre
nos desvios de nós mesmos, os seres humanos, que não soubemos guiar
os animais na senda do amor e do progresso, segundo a vontade de
Deus.
Agora, vejamos: se determinado cão é treinado para o ataque e a
morte com requintes
de crueldade, se ele é programado para o mal, pode ocorrer que
em determinado
momento de superexcitação esse mesmo cão, treinado para atacar
os estranhos, ataque as crianças de sua própria casa ou os
próprios donos.
Aí teremos um desajuste induzido pela irresponsabilidade humana.
Ora, este
mesmo cão aspira a crescer espiritualmente para a inteligência e
o livre-arbítrio. Mas,
para isso, ele precisará experimentar o sofrimento que lhe reajuste
o campo emotivo, aprendendo pouco e pouco a Lei de Ação e
Reação. Assim,
ele provavelmente renascerá com sérias inibições congênitas. A responsabilidade
de tudo isso, no entanto, dever-se-á à maldade humana.
Do livro Lições de Sabedoria, de Marlene Rossi Severino
Nobre.
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