Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

A Doutrina dos Espíritos esclarece com muita propriedade a questão da Lei de Causa e Efeito, de Ação e Reação, que preside à organização do Universo. Ela também nos indica o livre-arbítrio como atributo fundamental da personalidade humana, pelo qual o ser humano tem a faculdade de optar livremente pelo caminho que deseja seguir, recebendo, contudo, em contrapartida, o resultado inexorável de suas decisões, boas ou más.

Assim se conclui que a plantação é livre aos seres humanos, mas a colheita lhes é obrigatória. Assim se explicam todas as provações e resgates, doenças e deformidades físicas e mentais por que passa a maioria dos homens na Terra, como sendo o seu carma ou resgate de delitos passados.

Muito bem! Também nos ensina a Doutrina Espírita que os animais não gozam da faculdade do livre-arbítrio, por não possuírem ainda o pensamento contínuo. Assim sendo, como devemos encarar a questão da existência de deformidades congênitas no seio dos animais? Por que nascem animais cegos ou deformados, se eles não têm o livre-arbítrio? 

Nossos benfeitores espirituais nos esclarecem que é preciso que todos nós consideremos que os animais diversos, a nos rodearem a existência de seres humanos em evolução no planeta Terra, são nossos irmãos menores, desenvolvendo em si mesmos o próprio princípio inteligente. Se nós, seres humanos, já alcançamos os domínios da inteligência, desenvolvendo agora as potências intuitivas, eles, os animais, estão aperfeiçoando paulatinamente seus instintos na busca da inteligência. Da mesma maneira que nós humanos aspiramos a alcançar algum dia a angelitude na Vida Maior, personificada em nosso mestre e senhor Jesus, eles, os animais, aspiram a ser no futuro distante homens e mulheres inteligentes e livres.

Assim sendo, nós podemos nos considerar como irmãos mais velhos e mais experimentados dos animais. Ora, nós já sabemos que a Lei divina institui a solidariedade entre os seres, e, por isso, podemos facilmente concluir que a nós, seres humanos, Deus outorgou a condução e a proteção de nossos irmãos mais novos, os animais.

Mas, pergunta-se, o que é que nós estamos fazendo com essa responsabilidade de proteger e guiar o reino animal? Como é que esta humanidade terrestre tem agido em relação aos animais, nos inúmeros séculos de nossa história? Porventura nós, os homens, não nos temos convertido em algozes impiedosos dos animais, ao invés de seus protetores fiéis? Quem ignora que a vaca sofre imensamente a caminho do matadouro? Quem desconhece que minutos antes do golpe fatal os bovinos derramam lágrimas de angústia? Não temos treinado determinadas raças de cães exaustivamente para o morticínio e o ataque? Que dizermos das caçadas impiedosas de aves e animais silvestres, unicamente por prazer esportivo? Que dizermos das devastações inconsequentes ao meio ambiente?

Tudo isso se resume em graves responsabilidades para os seres humanos! A angústia, o medo e o ódio que provocamos nos animais lhes alteram o equilíbrio natural de seus princípios espirituais, determinando ajustamento em posteriores existências, a se configurarem por deformidades congênitas. A responsabilidade maior recairá sempre nos desvios de nós mesmos, os seres humanos, que não soubemos guiar os animais na senda do amor e do progresso, segundo a vontade de Deus.  

Agora, vejamos: se determinado cão é treinado para o ataque e a morte com requintes de crueldade, se ele é programado para o mal, pode ocorrer que em determinado momento de superexcitação esse mesmo cão, treinado para atacar os estranhos, ataque as crianças de sua própria casa ou os próprios donos. Aí teremos um desajuste induzido pela irresponsabilidade humana. Ora, este mesmo cão aspira a crescer espiritualmente para a inteligência e o livre-arbítrio. Mas, para isso, ele precisará experimentar o sofrimento que lhe reajuste o campo emotivo, aprendendo pouco e pouco a Lei de Ação e Reação. Assim, ele provavelmente renascerá com sérias inibições congênitas. A responsabilidade de tudo isso, no entanto, dever-se-á à maldade humana. 

 

Do livro Lições de Sabedoria, de Marlene Rossi Severino Nobre.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita