Estimule a alimentação saudável
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas. Manoel
de Barros
Sempre me interessei por uma alimentação saudável.
Meninazinha, tive a sorte de fazer parte de uma família
que valorizava a comida feita em casa, segundo uma
vivência cotidiana das refeições e do gosto, o acesso
seguro a um cardápio rico e variado.
Arroz, feijão, couve-flor, ervilha, carne, pão, queijo,
manteiga, sopas e sobremesas domingueiras, o dia a dia
da lancheira, a atenção no mercado com todo tipo de
comida que nada acrescenta a quem precisa de energia
para crescer e se desenvolver – eis uma forma singela de
educar a criança para o alimento, na medida em que comer
não é só encher a barriga.
O cuidado nutricional, que urge ser educativo, precisa
orientar as decisões dos pais em relação ao alimento que
vai à mesa e não só para nutrir os membros da família,
mas também para servir de memória afetiva para quem
ainda estagia na infância.
Insisto com os pais: na hora de comer, é essencial
estabelecer um ambiente positivo, calmo e seguro. Além
do bom alimento, nada de cobranças, muito menos
distrações como a TV, o tablet ou o celular (que não
podem ser tolerados à mesa ou na sala nunca enquanto
estamos comendo, por gentileza!).
Nestes nossos tempos tomados pela pressa, a hora da
comida é momento de conexão, de laço, de gratidão ao que
está sendo oferecido para nos nutrir e nos assegurar
alegria, paz e saúde.
Dilema comum nas casas das pessoas: há muitos alimentos
que serão diversas vezes recusados pelos nossos filhos
pequenos antes de serem apreciados. Não para o melão?
Ofereça em outras oportunidades e, no futuro, tudo bem
se preferirmos a manga à maçã ou o pepino à cebola. Até
hoje não gosto de jiló, mas me considero uma pessoa que
aceita, e com paladar, uma grande variedade de
alimentos…
Na casa da minha infância, as refeições costumavam ter
horários fixos. Isso ajudava muito a razoabilidade do
apetite. No almoço, quando dizia que nada queria comer,
tinha minha fala respeitada, ciente de que só poderia
saciar minha fome no próximo horário, o do lanche… Às
vezes só me perdendo nas histórias dos livros para não
ficar fixa no relógio, o tempo que não passava… Lições
importantes que muito me ensinaram sobre escolhas
precipitadas e (im)paciência…
Na verdade, incentivar uma alimentação saudável na
infância é investir no futuro, pois só assim a pessoa se
torna capaz de crescer consciente do que lhe faz bem,
cultivando os bons hábitos em razão de saúde e
bem-estar. Na realidade, o que ajuda uma criança a comer
bem é a consistência, guiada por doses cotidianas de
paciência e leveza…
E você? Preocupa-se com a educação alimentar do seu
filho?
Notinha
Educação alimentar envolve hábitos e rotina. Nesse
propósito: estabeleça horários fixos para as refeições
e lanches; estimule a prática de atividades físicas ao
ar livre; evite líquidos (como sucos ou leite) muito
perto das refeições principais; ofereça alimentos
naturais e variados, evitando industrializados; fomente
o hábito da ingestão diária de água; mantenha uma
rotina tranquila antes das refeições; facilite boas
noites de sono.