Star wars ou “Nosso Lar 3”
Em reportagem da revista Veja (digital,
15/08/25*), que invariavelmente é
sensacionalista, embora tenha sido durante muito
tempo uma revista comprometida com a verdade, a
manchete desperta o interesse dos internautas:
“Sabres de luz e energização: os bastidores da
saga espírita Nosso Lar 3”.
Em seguida, a reportagem em seu primeiro
parágrafo diz que no Espiritismo, fundado por
Kardec, “os humanos têm dois destinos básicos
após a morte: viver junto aos Espíritos de Luz,
numa dimensão celestial pura e livre da maldade,
ou pelejar com as almas não evoluídas nas trevas
do Umbral.”
Incautos dirão que o problema é da ficção
científica e da “arte” em torno do Espiritismo.
Uma coisa é a ficção, cultura e arte. A outra é
o que realmente diz a Doutrina Espírita sobre a
vida após a morte e aqui vemos uma oportunidade
de espaço para esclarecimentos ao público leigo.
A reportagem tem o foco na produção científica,
contudo, não faz jus ao que a Doutrina Espírita
preconiza, na nossa singela opinião.
Nossa reflexão segue na maneira como o
Espiritismo tem sido vinculado às obras de
ficção e a distância entre a ficção e o aspecto
moral adotado pelo Espiritismo e divulgado pelas
entidades do movimento espírita.
Com recursos tecnológicos mais aprimorados, o
visual está ganhando contornos cada vez mais
avançados e, quiçá, realista em relação ao
“umbral”.
Contudo, o conhecimento do Espiritismo está cada
vez mais em segundo plano. A compreensão da vida
depois da morte não se limita a “seres de luz” e
“seres umbralinos”. Isso é a reedição do “Céu e
do Inferno” adotados por religiões
convencionais.
Será que as casas espíritas e as instituições
federativas concordam com essa abordagem? Embora
cada vez mais lindo de se ver, mais distante de
se sentir o que seja realmente Espiritismo.
Naufragamos para uma reedição religiosa de erros
grotescos cometidos no passado. Ainda que a obra
ficcional tenha no enredo a tentativa de Zenóbia
resgatar sua “paixão da vida” (as expressões não
condizem com o conteúdo doutrinário, por isso a
oportunidade de se gerar informações adicionais
nas casas espíritas e federativas).
O propósito não é censura. Apoiamos toda
manifestação artística e com essa obra de ficção
não é diferente. Contudo, seria oportuno as
instituições espíritas (casas e federativas)
prepararem material de divulgação complementar
que pode, tanto auxiliar na divulgação da obra
de ficção, quanto esclarecer à população sobre o
que a Doutrina Espírita realmente diz, amparado
nos ensinamentos de Allan Kardec e com isso até
ganhar nova projeção.
Todavia, o movimento espírita está entregue a
derrotistas que, infelizmente, preferem debater
entre si, divergir entre si, do que se abrir
para o mundo. Talvez seja medo de como as
máscaras de religiosos estão caindo mundo afora,
como o caso recente de um Pastor flagrado usando
roupas femininas e em situação estranha (poderia
render outra reflexão, mas uma polêmica de cada
vez).
*Link: VEJA
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