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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

Ajuntemos o tipo de capital que realmente agrada a Deus


No seu rol de desafios existenciais, o homem moderno também é instigado a possuir variados tipos de capitais. Portanto, para ser bem-sucedido torna-se vital que desenvolva considerável capital intelectual (conhecimentos, habilidades e expertise) para avançar nos íngremes degraus da carreira profissional. Pela mesma razão, ele deve igualmente cultivar um sólido capital social (redes de contatos, conhecimentos e relacionamentos) sem o qual não conseguirá, por mais competência e capacidade que ostente, encontrar o necessário apoio às suas realizações nas horas mais críticas. No aspecto mais elementar, espera-se que o indivíduo consiga construir o seu patrimônio econômico-financeiro (capital material), que o protegerá no porvir das vicissitudes e percalços naturais da vida.

De modo geral, todas essas preocupações e iniciativas, entre outras tantas, são pertinentes. Se bem enfocadas, darão ao indivíduo condições para o seu sustento e progresso material. Entretanto, a nossa vida, lato senso, não se resume apenas e tão somente a elas. Afinal de contas, a encarnação é um episódio especialíssimo, uma benção, enfim, facultada pelo Criador para que construamos outros patrimônios intangíveis, mas de excepcional valor ao seu amoroso olhar. Nesse sentido, é imperioso que nos voltemos cada vez mais para o reino divino expurgando, assim, as nossas deficiências morais e aperfeiçoando a nossa conduta geral.

Assim sendo, que tipo de capital interessa mais ao Senhor da vida que desenvolvamos? Antes de aprofundarmos o raciocínio, lembremos, pois, que nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar;” (1 Timóteo, 6:7). Engana-se redondamente quem pensa o contrário, dado os depoimentos das próprias almas do além-túmulo. Posto isto, nossa fortuna, propriedades materiais, títulos, joias e coleções de valor, entre outras coisas, ficarão por aqui. Tudo isso, aliás, é insignificante perante a Espiritualidade.

Com efeito, o que realmente importa em nossa “bagagem” é o bem – a moeda espiritual universal – que praticarmos ao longo da vida, e que advogará em nosso favor. Infelizmente, a criatura humana permanece manietada a interesses de somenos valor, pouco trabalhando pela sua própria redenção aos olhos de Deus. Segue daí o pesadelo por muitos enfrentado no retorno à pátria espiritual. Dão-se dolorosamente conta que os seus esforços na vida corpórea foram baldos, já que não têm valor do lado de lá.

Como bem observa o Espírito Amélia, na obra Há Flores no Caminho (psicografia de Divaldo Pereira Franco), “Dois mil de anos de Cristianismo e uma tão parca messe de luz!”. Entretanto, como ainda pondera a mentora, neste grave momento em que vivemos a Boa Nova de Jesus é a diretriz perfeita, bem com o a solução para todos os problemas que nos afligem. Afinal de contas, a sua palavra é sempre atual e libertadora de todas as nossas mazelas.

Desse modo, Jesus nos indica o caminho à construção do nosso capital espiritual, isto é, aquele que realmente importa para o olhar divino: Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mateus, 6: 19-20).

E do que ele é constituído, afinal? O Espírito Emmanuel esclarece, no livro Palavras de Emmanuel (psicografia de Francisco Cândido Xavier), que “O capital mais precioso da vida é o da boa vontade. Ponhamo-lo em movimento e a nossa existência estará enriquecida de bençãos e alegrias, hoje e sempre onde estivermos”. Embora pareça algo um tanto abstrato, a realidade mostra o oposto.

“Boa vontade” é a essência do capital espiritual, isto é, o desejo sincero de mitigar a aflição, a dor e o sofrimento alheio, sem qualquer outra intenção, a não ser pôr em prática os recursos da fraternidade e empatia. É fundamentalmente fazer o bem pelo puro prazer de fazê-lo sem esperar nenhuma recompensa ou pagamento correspondente. Como pondera a referida entidade espiritual em outra obra lapidar (Palavras da Vida Eterna, também psicografada por Francisco Cândido Xavier):

“Todo excesso é parede mental isolando aqueles que o criam, em cárceres de orgulho e egoísmo, vaidade e mentira.

Observa, assim, o material que amontoas [capital].

Tudo o que está fora de ti representa caminho em que transitas.

Agarrar-se, pois, ao efêmero é prender-se à ilusão.”

E, por fim, lembra-nos que “... todos os bens espirituais que ajuntares em ti mesmo, como sejam virtude e educação, constituem valores inalienáveis a brilharem contigo, aqui ou alhures, sublimação para a vida eterna”. Posto isto, cumpramos, assim, com as nossas obrigações de vida, participando e colaborando sempre para a melhoria das coisas e da vida das pessoas onde quer que estivermos. Em todas as circunstâncias atuemos impregnados pela substância do bem – que inunda todo o universo graças à misericórdia divina -, e essa será realmente nossa garantia de um futuro melhor.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita