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por Wellington Balbo

 

A casa espírita que você frequenta costuma utilizar o método da concordância dos ensinamentos dos Espíritos?

 

A concordância dos ensinamentos dos Espíritos foi um elemento muito importante para Kardec dar substância e método à doutrina que se iniciava. Não fosse a concordância dos ensinamentos dados pelos Espíritos não teríamos a doutrina dos Espíritos, mas a doutrina de apenas um Espírito, o que, certamente, não teria mais força do que a opinião pessoal.

Kardec utilizou-se deste método de concordância em toda a sua obra.

Foi na Revista Espírita, dezembro de 1864, que Kardec mostrou mais um exemplo de concordância entre o ensino dos Espíritos.

Uma médium recebeu mensagem do Espírito de Jobard que pedia a ela utilizar sua mediunidade para fins lucrativos. Deveria cobrar dos ricos e passar o dinheiro da consulta aos pobres e operários.

Kardec estranhou o teor da mensagem e resolveu perguntar a seis médiuns diferentes, sem que estes tivessem conhecimento de que seus colegas haviam sido também consultados se a mensagem era, realmente, provinda de Jobard.

Interessante que as seis comunicações dadas pelos médiuns para Kardec foram iguais no conteúdo, com o Espírito Jobard a negar ser ele o autor de tal aconselhamento para utilizar a mediunidade com fins lucrativos.

O fato em questão traz inúmeras reflexões:

1 - Espíritos mistificadores podem tentar enganar utilizando como capa a caridade. Afinal, quem considera errado proporcionar melhores condições aos desvalidos de condições mínimas de existência, como no caso em questão? Uma análise superficial da mensagem dos Espíritos pode levar-nos a diversos enganos. Kardec foi além, pois para ele os meios utilizados não justificam o final feliz. Há maneiras e maneiras de agir e o bem deve ser feito de forma ética do início ao final.

2 - Não se deve acreditar em tudo que vem dos Espíritos sem, antes, fazer uma análise da mensagem, se ela obedece a padrões de bom senso e lógica.

3 - A concordância dos ensinamentos dos Espíritos é um fator importante para constatarmos a veracidade de uma ideia passada a nós pelos Espíritos. Pedimos a alguém que está num recinto fechado para que saía e nos diga o que há na rua e a pessoa retorna e diz que há um carro vermelho. Logo depois, sem revelarmos nosso pedido feito ao primeiro informante, pedimos à segunda pessoa que saia e verifique o que há na rua, ela sai, retorna e diz que há um carro vermelho. Fazemos o mesmo pedido a uma terceira pessoa e, novamente, a constatação de que na rua há um carro vermelho, eis que a probabilidade de a mensagem ser real, de existir realmente um carro vermelho na rua é muito maior do que se nos agarrarmos apenas a informação do primeiro mensageiro.  A concordância dos Espíritos serve exatamente para nos cercarmos de mais elementos a fim de que possamos analisar com critério as comunicações dos Espíritos.

Aliás, uma pergunta:

A casa espírita que você frequenta costuma utilizar o método da concordância dos ensinamentos dos Espíritos?


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita