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As
bênçãos espirituais da
maternidade
O Censo Demográfico de
2022 apurou, entre
outras coisas, que segue
firme a tendência de as
mulheres brasileiras
terem menos filhos,
assim como adiar a
maternidade. Neste
último levantamento, a
propósito, a taxa de
fecundidade no Brasil
atingiu o menor nível de
toda a série histórica
ao registrar apenas 1,55
filho por mulher (sendo
1,89 na região Norte e
1,60 no Nordeste), assim
como o aumento da idade
média em que as mulheres
têm filhos para 28,1
anos.
Para se ter uma ideia da
magnitude da queda, vale
recordar que, em 1960, a
chamada Taxa de
Fecundidade Total (TFT)
do país era de 6,28
filhos por mulher,
chegando a 8,56 na
região Norte e a 7,39 no
Nordeste. Não bastasse
isso, o percentual de
mulheres entre 50 a 59
anos que não tiveram
filho era de 10,0% em
2000, passando para
11,8% em 2010 e para
16,1% em 2022. Por
conseguinte, o número
médio de filhos de
mulheres nesta faixa
etária caiu de 4,2 em
2000 para 2,2 em 2022.
De modo geral, os dados
mostram claramente um
quadro demográfico
preocupante,
potencialmente gerador
de vários problemas
sociais, inclusive
previdenciários. Eis aí
posto um hercúleo
desafio a ser
equacionado pelas
autoridades públicas
contemporâneas e
futuras.
Indubitavelmente,
políticas públicas
precisarão ser
implementadas no curto e
médio prazos, a fim de
se mitigar o delicado
problema.
Enquanto isso, há também
que se considerar o
aspecto espiritual, já
que as oportunidades de
reencarnação também
serão provavelmente
afetadas de algum modo.
Nesse sentido, cabe
lembrar que a moral
cristã nos ensina que o
núcleo familiar é a base
da sociedade, isto é, a
sua célula mais
importante. Ou seja, é a
porta pela qual o
Espírito é inserido no
mundo material, a fim de
percorrer os abençoados
caminhos da reparação e
evolução espiritual. No
entanto, tal
possibilidade está
ameaçada na atualidade
devido aos hábitos e
objetivos das novas
gerações, que não
demonstram ter a
prioridade e nem
interesse de constituir
uma família. Entretanto,
quando o fazem, optam em
ter um número
reduzidíssimo de filhos
- ou até mesmo não ter
nenhum.
Assim sendo, o quadro
estabelecido enseja
algumas considerações à
luz da imortalidade do
Espírito, tendo-se em
vista que a encarnação é
vital às almas em
processo de burilamento,
ou seja, nós, de modo
geral. A espiritualidade
tem sido generosa em nos
fornecer orientações
pertinentes e seguras a
respeito. Por exemplo, o
médium Divaldo Pereira
Franco afirmou, em Divaldo
Franco Responde – Volume
2, que “A primeira
caridade, portanto, é a
que nos conduz à
saudável construção da
família”. Notem,
portanto, o enorme valor
transcendental associado
ao estabelecimento de um
agrupamento familiar.
Enfatizando
especificamente o papel
da mulher, o Espírito
Emmanuel, por sua vez,
(em Dicionário da
Alma com psicografia
de Francisco Cândido
Xavier) argumenta que “O
lar é a célula ativa do
organismo social e a
mulher, dentro dele, é a
força essencial, que
rege a própria vida”. E
ele ainda acrescenta que
“Na humanidade, a
mulher, por sua profunda
capacidade receptora,
guarda os deveres mais
sagrados diante das leis
divinas” (ênfase
minha). Assim sendo,
podemos inferir que, ao
abdicar de tão elevada
missão concernente à
maternidade, a mulher
está deliberadamente
declinando de uma
relevante tarefa.
O Espírito Emmanuel (na
obra Vida e Sexo e
psicografia de Francisco
Cândido Xavier) pondera
que ao desempenhar tão
nobre papel, a mulher
adquire substanciais
créditos na esfera
superior. Ou seja, os
seus sacrifícios são
recompensados pelo Mundo
Superior. Explica
Emmanuel ainda sobre as
fontes de alegria
advindas das tarefas de
procriação, já que os
filhos constituem
autênticas ligações de
amor, facultando-lhes,
por conseguinte, mais
extensa proteção da
espiritualidade.
Ainda na obra Dicionário
da Alma (psicografia
de Francisco Cândido
Xavier), a elevada
entidade espiritual
argumenta que “O
ministério das mães é,
indiscutivelmente, o
mais alto, na
experiência terrestre,
mesmo porque a própria
manifestação do Cristo
no mundo depende quase
que inteiramente da
colaboração da mulher
personificada, em toda a
sua nobreza e esplendor
espiritual, no coração
da Nossa Mãe
Santíssima”.
Desse modo, o papel da
maternidade tem
profundas implicações
para a manifestação
concreta do poder
celestial no mundo, de
modo que as criaturas
humanas possam avançar
espiritualmente. Em
síntese, o Espírito que
aceita tal missão não
apenas torna-se veículo
da vida em seu seio, mas
igualmente coopera com a
divindade. Ao cultivar a
paz e harmonia no
ambiente doméstico,
preparando a prole para
os desafios existenciais
do porvir, e educando-a
com sólidos elementos
morais e exemplos
edificantes para que
tenham uma bússola na
vida, a mulher se
destaca perante os olhos
do Senhor.
Como propõe ainda
Emmanuel, no livro O
Consolador (psicografia
de Francisco Cândido
Xavier), “Dentro dessa
esfera de trabalho, na
mais santificada tarefa
de renúncia pessoal, a
mulher cristã acende a
verdadeira luz para o
caminho dos filhos
através da vida”. É
importante frisar que
palavras como
sacrifício, renúncia e
devotamento, inerentes,
aliás, ao cumprimento
dessa elevada tarefa,
também constituem
caminhos inevitáveis e
naturais à ascensão da
criatura humana aos
cimos da
espiritualidade.
Cumpre recordar, por
fim, que na obra Há
Flores no Caminho, ditada
pelo Espírito Amélia
Rodrigues (psicografia
de Divaldo Pereira
Franco), há um relato
muito ilustrativo a
respeito desse tema
envolvendo Jesus e uma
mãe solteira. Em breve
resumo do diálogo
travado entre ambos, a
desesperada mulher
desabafa com o Mestre os
percalços decorrentes da
sua condição numa época
de acentuados
preconceitos. Abraçara a
maternidade sem o
desejar, vendo-se,
assim, vivendo sob
grandes dificuldades.
Jesus ouviu-a
pacientemente, como era
do seu feitio, e
aconselhou-a a seguir em
frente. Por fim, tece
uma das mais sensíveis e
tocantes recomendações
dedicada às mães de
todos os tempos,
resgatada por essa
destacada entidade
espiritual:
“A maternidade é a mais
elevada concessão de
Nosso Pai demonstrando
que o mal jamais
triunfará no mundo;
porque enquanto houver
um coração, um
sentimento maternal, na
Terra, o amor ateará o
fogo purificador e a
esperança de felicidade
jamais se fanará...”
Concluindo, por mais
difíceis que sejam as
condições ambientais e
sociais impostas para o
sagrado exercício da
maternidade, a mulher
hodierna deve ter em
mente que o seu esforço,
renúncia e sacrifício
serão sempre louvados
pelo Pai celestial com o
necessário apoio. Assim
sendo, nascer na
polaridade feminina e
ter a oportunidade de
ser mãe não é,
definitivamente, obra do
acaso.
Pensemos nisso!
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