Gotas de luz
“Quando,
pois, o
pensamento se
dirige para
algum ser, na
Terra ou no
espaço, de
encarnado para
desencarnado, ou
vice-versa, uma
corrente
fluídica se
estabelece, de
um a outro,
transmitindo o
pensamento, como
o ar transmite o
som (…) É assim
que a prece é
ouvida pelos
Espíritos, onde
quer que eles se
encontrem, assim
que os Espíritos
se comunicam
entre si, que
nos transmitem
as suas
inspirações (…)
Pela prece, o
homem atrai o
concurso dos
Bons Espíritos,
que o vêm
sustentar nas
suas boas
resoluções e
inspirar-lhes
bons
pensamentos.” (Kardec, O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
Cap. XXVII: 10;
11.)
É apanágio de um
mundo de provas
e expiações,
como é o caso da
Terra, vivermos
momentos de dor,
angústia,
sofrimento,
desânimo e
incerteza,
alternados com
dias de alegria,
satisfação,
ânimo,
positividade e
esperança. Todos
passamos por
períodos mais
difíceis em que
nos sentimos
derrotados e sem
vontade de
continuar nas
lutas que a vida
nos oferece. Mas
também todos
temos algo a que
nos agarrar
nesses momentos,
onde vamos
buscar a força
de que
necessitamos
para superar e
continuarmos em
frente. Isso
acontece com
todos nós, sem
exceção.
Precisamos de
diferentes
circunstâncias,
que nos ponham à
prova, nos façam
crescer e nos
mantenham
alerta, ao mesmo
tempo que nos
permitam a
expiação do que
nos pesa na
consciência, sem
a qual não nos
sentiríamos
livres para
seguir sem os
aguilhões dos
defeitos e
imperfeições que
nos
inferiorizam.
Somos Espíritos
de uma ordem
mais ou menos
inferior,
Espíritos em
aprendizagem,
estamos todos a
caminho, embora
em diferentes
etapas da
caminhada.
Estamos lado a
lado como forma
de crescimento.
Só é possível
crescer com os
outros. Daí o
facto
incontestável de
que merecemos
viver no mundo
em que vivemos,
tal como ele é,
na atualidade,
com todas as
suas
controvérsias,
com todo o tipo
de habitantes,
sejam vítimas ou
criminosos, com
as guerras, a
dor, a doença e
tudo o que
aflige o nosso
mundo, nos dias
que correm. Não
somos melhores,
nem mais
merecedores; se
assim fosse,
estaríamos a
habitar um mundo
mais evoluído,
mais feliz.
É natural que
tudo o que
presenciamos em
nosso redor, a
acrescentar às
notícias
alarmantes que
nos chegam todos
os dias pelos
meios de
comunicação, nos
cause frustração
e desânimo. O
que não é
natural é que
isso nos tire
definitivamente
a vontade de
desistir, de nos
esforçarmos pela
construção desse
mundo melhor que
desejamos. A
felicidade, seja
pessoal ou
coletiva, é uma
conquista que se
constrói num
quotidiano de
luta contra as
imperfeições e
no cultivo da
solidariedade,
da caridade, do
amor, da
inclusão, da
equidade, e de
tantos outros
valores
imprescindíveis
a uma vida de
relação com os
outros.
O que não é
natural é
desistir da
vida. Até porque
desistir da vida
é impossível, já
que ela é
eterna. Somos
seres imortais.
Se pensarmos em
desistir, apenas
estaremos a
adiar o
inevitável e a
acarretar maior
dose de
sofrimento, para
nós e para os
outros. É claro
e compreensível
que, em certas
circunstâncias,
no ápice da dor,
nos faltem as
forças, o vazio
e a tristeza nos
invadam. Mas,
temos de ter bem
presente que não
estamos
sozinhos. Deus a
ninguém dá maior
dose do que a
que cada um,
naquele momento
específico,
consegue
aguentar. Cada
reencarnação é
cuidadosamente
planeada, sob a
supervisão de
Espíritos
especialistas
nessa área, que
nos orientam nas
escolhas daquilo
que iremos
enfrentar na
existência
terrena. Essas
Entidades
esclarecidas não
permitem que
selecionemos
provas que sabem
de antemão,
porque nos
conhecem, que
não teremos, por
enquanto,
capacidade para
suportar.
Aconselham-nos
de modo a que
nos preparemos
com ponderação e
tenhamos
hipóteses de
sair vitoriosos.
Às vezes, um
erro que
cometemos,
quando, pela sua
gravidade, exige
uma expiação
demasiado
prolongada e
dolorosa,
resulta em
subetapas a
serem saldadas
em mais de uma
existência,
deixando que a
cada uma nos
fortaleçamos e
nos preparemos
para a etapa
seguinte.
Essas Entidades
que nos
supervisionam
estão connosco,
ao longo de cada
reencarnação,
prontas a
continuar a sua
supervisão e
amparo, embora
sem desrespeitar
o nosso
livre-arbítrio,
como não poderia
deixar de ser.
Depende de nós
querermos entrar
em conexão com
eles e abrir a
janela do
coração e da
mente, para
deixar entrar as
suas emanações
amorosas, em
forma de
inspirações,
conselhos,
sugestões, que
têm o objetivo
de nos
impulsionar ao
progresso e
servir de alento
nas horas mais
difíceis. São as
Gotas de Luz,
que a todo o
instante estão
jorrando do
Alto, e que,
infelizmente,
nem sempre
sabemos
aproveitar.
E como poderemos
captar essas
Gotas de Luz?
Pela Prece.
Sempre pela
Prece. Também
pela reflexão,
hábito que
devemos manter
sempre,
nomeadamente, ao
fim de cada dia.
Pela
autoanálise, que
nos possibilita
olhar dentro de
nós mesmos e
buscar o que
temos de alterar
ou manter na
nossa forma de
ser. Pela
meditação, que
nos permite sair
de nós mesmos e
entrar em
conexão com o
Universo e
captar as suas
energias (Gotas
de Luz).
Reflexão,
Autoanálise,
Meditação,
Oração com
palavras
expressas apenas
interiormente,
Elevação do
pensamento, tudo
são formas de
Prece, através
da qual
sintonizamos com
as forças do Bem
e nos
desconectamos
dos impulsos
negativos que
nos arrastam
para o desânimo
e a tristeza e
nos levam à
depressão.
Fiquemos alerta,
recorramos à
Prece e
mantenhamos as
janelas da alma
abertas,
deixando entrar
as Gotas de Luz
que não cessam
de jorrar na
nossa direção.
Cultivemos a Paz
dentro de nós,
para que a Paz
se estenda para
fora de nós.
Gostaria, se me
permitem, de
terminar este
artigo com um
singelo soneto
de minha autoria
que reflete o
pensamento que
tentei
expressar:
No meio da
tristeza e
desalento,
Com a alma
detida em duro
pranto,
Quando a dor te
afligir e roubar
o alento,
Deixando-te
entregue ao
desencanto,
Estanca do teu
peito, por um
momento,
A aflição que
invade o sagrado
recanto
Do teu coração e
do teu
sentimento,
Ergue o olhar ao
Alto, por
instantes.
Sentirás como a
dor em ti se
reduz,
Ao elevar o
pensamento em
oração.
Verás dúlcidas
bênçãos
flamejantes
Vir dos Céus;
sublimes gotas
de luz,
Em forma de
socorro e
inspiração.
Maria de Lurdes
Duarte reside em
Arouca,
Portugal.