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por Wellington Balbo

 

Dai ao homem o que é do homem


Quase sempre os que não creem nas manifestações dos Espíritos trazem o seu repúdio por meio de chacotas: “Se os Espíritos existissem mesmo revelariam os números da loteria ao médium”.

Comentários deste tipo mostram a ignorância dos princípios básicos do Espiritismo.

Os Espíritos não estão aqui para facilitar esse tipo de caminho, abrindo-nos o campo da fortuna, as facilidades proporcionadas pelo ganho fácil ou as resoluções de dilemas infindáveis que apoquentam a humanidade.

Dai ao homem o que é do homem! Ou seja, que busquemos, nós, encarnados, a saída para os nossos desafios, pois será nesta busca incessante que nos encontraremos com o progresso.

Se os Espíritos nos dessem tudo de mão beijada, onde estaria nosso esforço por desvendar as intrincadas questões da natureza? Que mérito teríamos? Quanto de suor realmente empregaríamos para o avanço?

Kardec, em sua obra, trata do que os Espíritos podem fazer e fazem por nós e até onde eles têm permissão para nos ajudar. Não é possível que os Espíritos tudo façam, primeiro por questões operacionais; sendo Espíritos das mais diversas ordens faltam-lhes, não raro, condições para agir na matéria com a facilidade de um encarnado. Ademais, como já dito, como aprenderíamos se fôssemos encontrar tudo pronto, acabado, feito...

Na Revista Espírita, aliás, há um texto bem legal que aborda as razões pelas quais os Espíritos não fazem todas as revelações aos homens, deixando, a estes, o trabalho de pesquisa e julgamento.

O texto mencionado foi escrito em março de 1861, com o título de Assassinato do Sr. Poinsot.

Kardec, na ocasião, recebeu diversas cartas para a evocação do Sr. Poinsot a fim de que pudesse dar mais detalhes de seu assassinato e, quem sabe, o nome do assassino.

Kardec e seus amigos indagaram ao guia espiritual se poderiam evocar o Sr. Poinsot. Embora não quisessem fazer do Espiritismo um palco para vã curiosidade, cederam aos apelos insistentes de um dos seus correspondentes e indagaram ao guia se poderiam evocar.

O guia disse (resumo com minhas palavras): Não pode, não.

Kardec, então, tentou colher algumas informações com o guia, mas ficou tudo ali, no placar de zero a zero.

Quais as lições que extraímos deste caso?

Várias. Podemos até escolher. Quero, porém, destacar uma:

Deixai aos homens que façam o seu próprio trabalho, pois os bons Espíritos sabem exatamente a parte que lhes cabe e não faltarão quando o homem precisar de apoio.

Portanto:

Dai ao homem o que é do homem, e aos Espíritos o que é dos Espíritos.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita