A verdadeira humildade
A humildade permite que a criatura se conscientize das
suas limitações e necessidades.
“(...) O orgulho disfarçado de simplicidade está longe
de ser a verdadeira humildade.” - François
C. Liran
Em página
mediúnica, Lacordaire afirma
(entre outras coisas): “(...)
a humildade é virtude muito esquecida entre vós. Bem
pouco seguidos são os exemplos que dela se vos têm
dado. Entretanto, sem humildade, podeis ser caridosos
com o vosso próximo? Oh! não, pois que este sentimento
nivela os homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que
se devem auxiliar mutuamente, e os induz ao bem. Sem a
humildade, apenas vos adornais de virtudes que não
possuís, como se trouxésseis um vestuário para ocultar
as deformidades do vosso corpo. Lembrai-vos d`Aquele que
nos salvou; lembrai-vos da Sua humildade, que tão grande
O fez, colocando-O acima de todos os profetas.
O orgulho é o terrível adversário da humildade”.
No mesmo diapasão do
nobre francês, aduz Irmã Angélica:
“(...) a humildade é, realmente, virtude que escasseia
entre as criaturas. O orgulho se disfarça de
simplicidade e a prepotência assume-lhe canhestra
aparência, de imediato se desvelando, tão logo
surja o momento de se sentirem contrariados... A sua
vivência, sem embargo, equilibra e sustenta o homem na
manutenção dos ideais superiores que abraça,
auxiliando-o a vencer-se nas más inclinações e a superar
quaisquer obstáculos que defronte pelo caminho.
Colaborando na realização de autênticas autoavaliações,
a humildade permite que a criatura se conscientize das
limitações e necessidades que lhe impedem o avanço,
emulando-a à superação. A crítica mordaz não a alcança,
o elogio vulgar não a fere, a discriminação infeliz não
a atinge, a perseguição não a desanima, a tentação não a
perturba se se impuser a condição da humildade, porque,
conselheira lúcida, ela lhe apontará o caminho seguro a
percorrer, demonstrando-lhe que essas ocorrências
constituem acidentes que se encontram presentes em todas
as áreas do processo evolutivo. Ao mesmo tempo, em
razão de dar-lhe a medida do que é e o de que realmente
se lhe faz necessário para a vitória, concita-a à
oração, através de cujo recurso se despe dos atavios
inúteis para se apresentar ao Senhor como realmente é,
colocando-se à disposição da Sua superior vontade.
Nesse clima estabelece-se a paz íntima e a confiança,
despojada da presunção, emula à insistência na ação
edificante com que cresce, emocional e espiritualmente,
tornando-se instrumento infatigável do Bem.
Não são poucos os candidatos à evolução que tombam no
caminho,
apesar de possuidores de boa vontade, que é uma
excelente qualidade para o cometimento, entretanto,
distraídos da vivência da humildade, abandonam o
compromisso, na primeira oportunidade, vitimados pelo
desalento, pela amargura, ou vencidos por intempestivo
cansaço de que se fazem fáceis presas”.
Atentemos agora neste
importante comentário de nobre Mentor Manoel Philomeno
de Miranda: “(...)
é de surpreender que muitas pessoas tomem conhecimento
da realidade, dos mecanismos libertadores da vida, e,
não obstante, optem pela escuridão da conduta,
derrapando em compromissos insanos, que as levam a
derrapar nas terríveis alucinações que se prolongam por
largo período, de forma a insculpir nos refolhos da alma
as leis de equilíbrio e de harmonia indispensáveis à
felicidade”.
Este comentário do Mentor Amigo cinge-se ao
comportamento inadequado de quantos chegam à Terra para
a divulgação das Verdades Cristãs e se perdem nas vascas
do orgulho insano, apartados da vera humildade que lhes
deveria caracterizar o procedimento de vanguardeiros da
luz.
Daí o não menos importante alerta de Lacordaire1:
“(...) despertai, meus irmãos, meus amigos. Que a voz
dos Espíritos ecoe nos vossos corações. Sede generosos e
caridosos, sem ostentação, isto é, fazei o bem com
humildade. Que cada um proceda pouco a pouco à
demolição dos altares que todos ergueram ao orgulho.
Numa palavra: sede verdadeiros cristãos e tereis o Reino
da Verdade. Não continueis a duvidar da bondade de Deus,
quando dela vos dá Ele tantas provas. Vimos preparar os
caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o
Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua
clemência, que o Enviado Celeste já vos encontre
formando uma grande família; que os vossos corações,
mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra
divina que Ele vos vem trazer; que ao eleito somente se
deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto,
volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade... Então, o
vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se
permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados
para depurar e renovar a vossa sociedade civilizada,
rica de ciências, mas, no entanto, tão pobre de bons
sentimentos, ah! então não nos restará senão chorar e
gemer pela vossa sorte”.
Razão assistia a Jesus
quando Ele segundo Mt. 20:28) enunciou: “(...)
não vim para ser servido, mas para servir”; “aquele que
quiser ser o maior, seja o servo de todos”.
-
KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o
Espiritismo. 125.ed. Rio: FEB, 2006, cap.
VII, item 11.
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