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por Bruno Abreu

 

O que nos falta e onde nasce?


As pessoas, na maioria, acreditam que um dia a Terra será um planeta de paz e amor. Mesmo os ateus, ou grande parte deles, acreditam que o ser humano irá evoluir, a ponto de viver em paz e harmonia.

Ninguém sabe bem o que irá acontecer para atingirmos isso, mas o lado do oposto da moeda é a autodestruição.

Se não evoluirmos como seres humanos, iremos destruir-nos com os “brinquedos” de alta tecnologia que estamos a desenvolver. Se não for desta forma, iremos entrar em superpopulação e ultrapassar a capacidade de recursos para vivermos, o que nos levará a um caos imparável, para a tentativa de sobrevivência.

A maioria das pessoas não param para tentar perceber ou dedicar um tempo a uma ponderação séria sobre como iremos evoluir, achando que já sabem como irá acontecer.  

Nós somos o problema, ou seja, a forma como vivemos.

Passaram seres no planeta que nos deixaram a indicação, através dos ensinamentos e seus exemplos, de qual deveria ser o caminho que devemos percorrer.

Este até nos parece tão fácil de entender, que acreditamos estar a fazê-lo.

Vamos pegar nas indicações de Jesus Cristo, cujos ensinamentos podemos resumir em meia dúzia de palavras.  

Amor, paz, serenidade e felicidade, estes são os raios da estrela norteadora que nos deixou. Para chegar a esta, indulgência, resignação, perdão e humildade.

Tão simples, em termos de palavras, não apresentam dificuldade. Nós é que temos escrito enormes enciclopédias para explicar isso.

A pergunta essencial, que cada um tem que colocar a si próprio, é: Se é assim tão simples, por que não conseguimos?

Esta é a pergunta chave, que tem uma desambiguação:

Se nós procuramos a resposta no exterior, ou seja, nos outros, caímos na ilusão que nos tem prendido. Culparemos o mundo, os outros, por causa do caos. Arranjaremos todas as desculpas para nós e olharemos interpretativamente para fora, a maior causa da nossa cegueira. Olhar para fora não nos traz nada moralmente, a não ser julgamento e sentença.

Se nós olharmos para dentro, estamos a usar o método da “Vigia”, que Cristo nos aconselha. Este método leva-nos ao conhecimento do funcionamento perturbador da humanidade.

Somos a oficina fértil e de muito trabalho em relação à moralidade. Com este método, podemos perceber por que nasce o orgulho, o egoísmo e todos os outros defeitos humanos, e conhecer a raiz destes.

Existe uma enorme dificuldade em darmos este passo, porque estamos viciados num funcionamento mental que nos mantém presos a uma ilusão inquestionável para a maioria.  

O que nos prende ao funcionamento que nos cega?

Antes de continuar a ler, pare um pouco e veja o movimento de sua cabeça. Veja na prática o que o faz movimentar, mesmo quando não sai do lugar?

O que o entretém, praticamente sem pausas, é o mesmo movimento de onde nasce o orgulho, o egoísmo, a vaidade e tudo o resto, o pensamento.

Tente jogar a última afirmação abaixo, tente perceber se é possível que ela esteja errada. A maioria das pessoas chocará com ela, e se é o seu caso, tente-a desmentir.

Sei que pensará, automatizadamente: “mas o pensamento também tem uma parte boa, foi a base para tudo o que existe na Terra, de bom e de mau”.

Vou-lhe colocar outra questão. O pensamento é seu instrumento ou seu senhor?

Se achar que é seu instrumento, fique uns minutos sem o ter. Tente isso seriamente, pois poderá mudar a sua vida.

Quando tentar, perceba o que acontece. Será que ele surge independente de sua vontade? Ou seja, você quer estar em silêncio e ele surge constantemente. Sua mente fará senti-lo que foi você a causa de seu aparecimento, mas tente todas as vezes que for necessária, utilizando o método científico, o método de observação pura, para tirar a conclusão.

Se o pensamento se inicia sem qualquer vontade sua e você o segue, então ele é seu senhor.

Vamos utilizar novamente o método da negação. Desminta a afirmação anterior, negue-a. Não com palavras, isso é o que a humanidade tem feito faz milhares de anos e esta crença nos trouxe aonde estamos, à beira do abismo da terceira guerra mundial, em um planeta cheio de caos.

Negue, com a capacidade de parar o pensamento, ou seja, provar que é um instrumento seu e não seu senhor, por ser imparável e você o seguir.

Como disse Jesus, nós somos escravos, e a descoberta disto é o princípio da caminhada para a consciência que nos levará à liberdade, conforme a conhecida sentença: “Conhecereis a verdade e esta vos libertará”.

Como somos distraídos pelos hábitos, agindo automatizadamente, não nos apercebemos da realidade sobre o pensamento e seu funcionamento, tendo permitido a humanidade chegar a este ponto de subjugação.

O que acha que são as depressões e os problemas psíquicos? Acha que alguém chegou a estes problemas porque controlava o pensamento, ou será que é por não o controlar? Será que, aqueles que não estão a passar por problemas psíquicos, não sofrem de um pensamento descontrolado e automatizado?

Hoje, o mundo vive um avanço na procura de aprender a viver fora da escravização do pensamento, ou seja, em direção ao silêncio. Podemos ver isto na expansão das técnicas de meditação, mindfulness, yoga e muitas outras que nos levam a aprender a viver em silêncio.

Por que é tão importante o silêncio que se torna o caminho da evolução humana?

Controlamos as nossas más tendências, que nascem no pensamento, passamos a escolher o que queremos pensar, podemos permanecer em paz, amor e felicidade. Não lhe parece esse o caminho à evolução?

Jesus demonstra a importância desse caminho como a primeira regra da oração. Leia a primeira regra da oração e veja aonde ela o leva.

Agora, passados tantos anos, as ciências psicológicas e neurológicas, incentivam-nos a este caminho mental, porque descobriram os enormes benefícios de percorrer o mesmo caminho.

Sei que para muitos o que eu expliquei é uma ilusão, dito pelo próprio pensamento, sem ter perdido o mínimo de tempo a verificar a verdade.

Não podeis agradar a dois senhores, a Deus e a Mamon, disse-nos o Cristo. 


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita