Minutos de sabedoria:
a história por detrás
da obra
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Ele tinha um sonho: o de criar uma universidade livre
para ensinar sabedoria! Embora não tenha conseguido ver
o seu projeto realizado, o escritor |
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Carlos Torres Pastorino acabou se transformando
num dos autores mais lidos no Brasil, através de
seu livro Minutos de
sabedoria,
publicado na década de 1960, e que se
popularizou por suas breves reflexões, levando
conhecimento, inspiração e leveza para a alma dos
leitores. |
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A ideia do livro surgiu das mensagens criadas
para o programa que ele apresentava diariamente na Rádio
Copacabana, no Rio de Janeiro, onde nasceu, e hoje já
alcançou mais de 15 milhões de exemplares
vendidos,
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ocupando posição de destaque nos rankings de
vendas na categoria crescimento pessoal e
inspiração. Aliás, é muito comum encontrar suas
mensagens em postagens até mesmo de celebridades
nas redes sociais. |
Torres Pastorino dizia que o livro não tinha nada de
original e que “a sabedoria eterna é patrimônio da
humanidade, que busca elevar-se moral, intelectual e
espiritualmente”. Dizia que o livro vinha para atender
aos pedidos das pessoas que o procuravam para obter
cópias das mensagens que apresentava no rádio.
Vocação religiosa
O interesse de escritor por religião e filosofia
manifestou-se desde jovem. Com 14 anos, em 1924,
formou-se em geografia e cosmografia no Colégio D. Pedro
II, e no mesmo ano lá obteve o diploma de bacharel em
português. Viajou para Roma, onde cursou o seminário.
Formou-se em filosofia e teologia em 1932 e foi ordenado
sacerdote em 1934, mas abandonou a vida eclesiástica,
quando aguardava a promoção para diácono, decepcionado
com o fato de Mahatma Gandhi não poder ser recebido no
Vaticano em seu simples traje branco, o que romperia o
protocolo para as entrevistas com os chefes de Estado.
O escritor imaginou que, se Jesus visitasse o Vaticano,
não se entrevistaria com o papa, pois vestia-se de forma
similar a Gandhi.
Voltando ao Brasil, Pastorino dedicou-se à atividade
pedagógica, ingressando no Instituto Ítalo-Brasileiro de
Alta Cultura, como professor de latim e grego, de 1937 a
1941. Nos anos seguintes, recebeu registros como
professor em inúmeras outras áreas, como de psicologia,
lógica, história da filosofia e espanhol. Historiador,
foi autor de peças de teatro e de composições musicais,
assim como representante cultural e jornalístico da
Academia Brasileira de Belas Artes. Tinha fluência em
diversos idiomas, o que lhe possibilitou traduzir para o
português vários livros ingleses, italianos, franceses,
clássicos latinos e gregos.
Contato com a doutrina espírita
Torres Pastorino leu em apenas dois dias O livro dos
espíritos, que recebera por empréstimo de um colega
do Colégio onde estudara. Em 1950, ao terminar a
leitura, declarou-se espírita e passou a se dedicar às
atividades doutrinárias. No bairro do Grajaú, passou a
frequentar o Centro Espírita Júlio César, fundando em
1951 em sua residência o Grupo Espírita da Boa Vontade,
que mais tarde passaria a se chamar Grupo de Estudos
Spiritus. Desse grupo, na mesma década, foram criadas
instituições expressivas, com a participação de muitos
espíritas, dentre eles Jaime Rosemberg de Lima, como o
Lar Fabiano de Cristo, a CAPEMI (entidade criada para
suprir as necessidades financeiras do Lar) e o Boletim
Sei – Serviço Espírita de Informações.
Inspirado em seu sonho de promover o conhecimento,
Torres Pastorino chegou a publicar mais de 50 obras,
algumas ainda inéditas. Também fundou a editora e
revista Sabedoria, sendo também um dos fundadores
da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores
Espíritas – a ABRAJE, e da Sociedade Brasileira de
Esperanto no Rio de Janeiro.
As bases para a universidade livre
Idealista, Pastorino recebeu como doação um terreno em
Brasília, onde iniciou as instalações para a
universidade livre. Já com algumas dependências
construídas, foi residir no local para administrar a
obra, chegando a realizar vários cursos e abriu a
biblioteca, com 8.000 volumes, todos voltados para a
cultura geral e o bem-estar da humanidade, mas não
chegou a ver concretizado o seu sonho, desencarnando em
Brasília, no dia 13 de junho de 1980, aos 69 anos.
Bibliografia:
Personagens do Espiritismo, Antonio
de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy, FEESP.
Série Personagens do Espiritismo:
para acessar, clique neste LINK
Rita Cirne, jornalista, é colaboradora do
Grupo Espírita Batuíra, em São Paulo, e do jornal Valor
Econômico.
Esta matéria foi
publicada originalmente em 8
de fevereiro de 2025 pelo jornal Correio Fraterno, de
São Bernardo do Campo-SP.