Poesia faz bem para a criança
Crianças são poetas por natureza. Carlos
Drummond de Andrade
A poesia é essencial para toda criança, sobretudo no
primeiro setênio, quando ela começa a desenvolver a fala
e a linguagem. Ouvindo, repetindo, repara a criança,
auxiliada pelo adulto, que há nas palavras uma camada de
jogo, de sonoridade, de níveis de entendimento, o que
faz com que o cérebro se desenvolva mais ricamente,
dando asas à imaginação…
Vou deixar aqui vários poemas para você, em um sábado ou
em um domingo, de chuva ou de sol, ler para o seu filho
pequeno, sensibilizando-o para a beleza das coisas, do
mundo, que os poetas evocam:
Ou isto ou aquilo -
de Cecília Meireles
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Surpresas-
de Roseana Murray
Este menino tem sempre
Cinquenta surpresas nos bolsos:
Uma pedrinha encardida que,
Diz ele, dá sorte na vida.
Uma bala amassada
Que para alguma emergência
Ele traz guardada.
Uma viagem de volta ao mundo
Em um segundo
E uma entrada (permanente)
Para o circo que fica montado
Dentro de seu pensamento.
Céu -
de Manuel Bandeira
A criança olha
Para o céu azul.
Levanta a mãozinha,
Quer tocar o céu.
Não sente a criança
Que o céu é ilusão:
Crê que o não alcança,
Quando o tem na mão.
Notinha
Ler poesia para os nossos filhos pequenos, mais do que
um momento que cria boa memória, é fortalecer o vínculo
emocional e estimular desde cedo a relação de interesse
e curiosidade com a linguagem literária em sua forma
mais lírica… Gostar de poesia ajuda no gosto estético,
no aprendizado da sensibilidade e, mais tarde, na vida
do adulto, na autorregulação emocional.